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Relacionamento
Para quebrar com o ciclo de violências é preciso adotar a seguinte verdade fundamental:
quem nós fomos, somos e iremos ser, emerge e se molda em um contexto de
interdependência relacional (Lederach 2005, 35).
Nesta lógica, Lederach busca desconstruir a crença, por vezes enraizada na sociedade -
de que a mudança desejada pode ser alcançada independentemente da rede de
relacionamentos.
Enfim, a ideia aqui é "reconhecer que o bem-estar de nossos netos está diretamente
ligado ao bem-estar dos netos dos nossos inimigos" (Lederach 2005, 35).
Curiosidade paradoxal
Paradoxo significa ”contrário à crença comum”. John Paul Lederach revela que a
palavra paradoxo sugere a existência de uma verdade que vai além do inicialmente
percebido, ou a reunião de verdades aparentemente contraditórias para localizar uma
verdade maior (Lederach 2005).
Por sua vez, a palavra curiosidade em sua expressão mais construtiva, se desenvolve
como qualidade de investigação cuidadosa, que busca além do significado aceito. A
pessoa curiosa anima-se em se aprofundar no que não é imediatamente compreendido
(Lederach 2005).
Essa qualidade de curiosidade requer saber lidar com alto grau de ambiguidade, por
um lado aceitar a realidade da aparência e a maneira como as coisas parecem ser. Por
outro lado, explorar a realidade da experiência vivida, com as percepções e os
significados do que vai além do que é apresentado como aparente.
Para lidar com esta ambiguidade: “suspender o julgamento”. Lederach explica que isso
não significa abandonar a opinião, ou a capacidade de avaliar. De fato, isso seria
desafiador, para não dizer impossível para o ser humano socializado. Suspender o
julgamento é mobilizar a imaginação e posicionar os relacionamentos no centro, onde as
categorias dualísticas de julgamento artificial são secundárias.
Lederach explica que a criatividade vai além do que existe, em direção a algo novo e
inesperado, enquanto advém e conversa com o cotidiano. Este é de fato o papel do
artista, o de pressionar os limites do que se pensa ser real e possível. Por isso, junto com
a imaginação e a arte, os artistas estão à beira da sociedade, vivem nos limiares das
comunidades em que habitam.
A criatividade, neste contexto anda junto com imaginação, quando incentiva voos além
dos parâmetros estreitos do que é comumente aceito, e do que seja percebido como o
leque de escolhas estreito e rigidamente definido.
Sendo assim, para criar espaço onde se possibilita a criatividade, é preciso coragem.
Referências:
Lederach, John Paul. 2005. The moral imagination: the art and soul of building
peace. New York: Oxford University Press.