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As ilusões da consciência

OS MESTRES DA SUSPEITA

O racionalismo confiante de que há um mundo objetivo a ser


desvendado pela razão começou a sofrer abalos.

Marx, Nietzsche e Freud suspeitaram das ilusões da


consciência.

Por conseqüência, para descobrir a verdade, é preciso


proceder à interpretação do que consideramos conhecer a fim
de decifrar o sentido oculto no sentido aparente .
FREUD E O INCONSCIENTE
A principal novidade dessa teoria encontra-se na hipótese do
inconsciente e na compreensão da natureza sexual da conduta.

A vida consciente é apenas a ponta de um iceberg, cuja


montanha submersa simboliza o inconsciente .

A energia que preside os atos humanos é de natureza


pulsional, e Freud põe em relevo a energia de natureza sexual
chamada libido.
FREUD E O INCONSCIENTE
A sexualidade não deve ser identificada à genitalidade (ou aos
atos que se referem explicitamente à atividade sexual
propriamente dita);

A hipótese do inconsciente desmente as crenças racionalistas


segundo as quais a consciência humana é o centro
das decisões e do controle dos desejos.

Diante das forças conflitantes das pulsões, o indivíduo reage,


mas desconhece os determinantes de sua ação.
CONCEITO MARXISTA DE IDEOLOGIA

Você já prestou atenção na canção Ideologia, de Cazuza e


Roberto Frejat? Diante de uma vida sem sentido, um jovem
assiste a tudo "em cima do muro'' e sequer conhece bem a si
mesmo. Lamenta ter perdido o sonho de mudar o mundo e por
isso, no refrão, brada por uma ideologia: "Eu quero uma pra
viver!".

O que transparece nesse apelo é o desejo de valorizar sua vida


com significados outros que não dependam de modismos e
concepções alheias. Para tanto, ele precisa pensar por si mesmo
e adquirir autonomia de ação.
CONCEITO MARXISTA DE IDEOLOGIA
Karl Marx (1818-1883)
Elaborou sua teoria materialista, segundo a qual as idéias
devem ser compreendidas a partir do contexto histórico da
comunidade em que se vive, porque elas derivam das condições
materiais, no caso, das forças produtivas da sociedade.

Para Marx esse conhecimento que aparece de forma distorcida


é a ideologia, ou seja, um conhecimento ilusório que
tem por finalidade mascarar os conflitos sociais e garantir a
dominação de uma classe, impedindo que a classe submetida
desenvolva uma visão do mundo mais universal e lute pela
autonomia de todos .
CONCEITO MARXISTA DE IDEOLOGIA

Ideologia é o conjunto de representações e idéias, bem como


de normas de conduta, por meio das quais o indivíduo é levado
a pensar, sentir e agir da maneira que convém à classe que
detém o poder.

Essa consciência da realidade torna-se uma distorção dela


quando camufla os conflitos existentes no seio da sociedade,
ao apresentá-la una e harmônica, como se todos os indivíduos
partilhassem dos mesmos interesses e ideais.
NIETZSCHE: O CRITÉRIO DA VIDA
A transvaloração dos valores

Recuperar as forças vitais, instintivas, subjugadas pela razão


durante séculos.

Critica Sócrates por ter sido o primeiro a encaminhar a reflexão


moral em direção ao controle racional das paixões.

O cristianismo, que acelera a "domesticação" do ser humano.

Sob o domínio da moral, ser humano se enfraquece,


tornando-se doentio e culpado .
NIETZSCHE: O CRITÉRIO DA VIDA
Nietzsche relembra a Grécia homérica, do tempo das epopéias
e das tragédias.

Para ele eram os verdadeiros valores aristocráticos, quando a


virtude reside na força e na potência, como atributo do
guerreiro belo e bom, amado dos deuses.
Na crítica da moral tradicional, Nietzsche preconiza a
"transvaloração de todos os valores”

Nietzsche descobre que os instintos vitais foram submetidos e


degeneraram. Procura então ressaltar aqueles valores
comprometidos com o "querer-viver“
NIETZSCHE: O CRITÉRIO DA VIDA
Denuncia a falsa moral,"decadente", "de rebanho'', "de
escravos", cujos valores seriam a bondade, a humildade, a
piedade e o amor ao próximo. Distingue então a moral de
escravos e a moral de senhores
A moral de escravos
A moral de escravos é herdeira do pensamento socrático-
platônico - que provocou a ruptura entre o trágico e o racional-
e da tradição judaico-cristã, da qual deriva a moral decadente,
porque baseada na tentativa de subjugação dos instintos pela
razão.
A moral de escravos nega os valores vitais e resulta na
passividade, na procura da paz e do repouso.
NIETZSCHE: O CRITÉRIO DA VIDA
A conduta humana, orientada pelo ideal ascético, torna-se
vítima do ressentimento e da má consciência - o sentimento de
culpa.

O ressentimento nasce da fraqueza e é nocivo ao fraco. O


indivíduo ressentido, incapaz de esquecer, é como o dispigtico:
fica "envenenado'' pela sua inveja e impotência de vingança.
NIETZSCHE: O CRITÉRIO DA VIDA
A moral de senhores
A moral "de senhores" é a moral positiva que visa à conservação
da vida e dos seus instintos fundamentais. É positiva porque
baseada no sim à vida.
Funda-se na capacidade de criação, de invenção, cujo resultado
é a alegria, conseqüência da afirmação da potência.

Também essa expressão leva a confusões: não se trata de poder


que domina os outros, mas das forças vitais recuperadas pelo
indivíduo dentro de si "num dionisíaco dizer-sim ao mundo'' e
que se encontravam entorpecidas.
A FILOSOFIA DA EXISTÊNCIA
No século XIX
A angústia como experiência fundamental do ser livre ao se
colocar em situação de escolha.(Kierkegaard :1813-1855)

Martin Heidegger (1889-1976): um ser-no-mundo: o ser


humano não constitui uma consciência separada do mundo;
ser é "estourar", "eclodir" no mundo.

O conceito de intencionalidade. Segundo essa noção, a


consciência é sempre consciência de alguma coisa.

Em outras palavras, não há pura consciência separada do


mundo, mas toda consciência visa ao mundo.
A ÉTICA CONTEMPORÂNEA:
O DESAFIO DA LINGUAGEM
No século XX surgiu uma nova maneira de encarar as questões
éticas e morais.
A consciência, tal como era entendida na modernidade,
deixou de ser o critério último de avaliação e cedeu lugar
para a interpretação da linguagem.
A ética do discurso: Habermas
A razão comunicativa apóia no diálogo, na interação entre os
indivíduos do grupo mediada pela linguagem, pelo discurso.
Nesse sentido, no mundo da economia e da política os
acordos são pactos, negociações em que prevalecem os
interesses particulares e portanto a racionalidade
instrumental .
A ÉTICA CONTEMPORÂNEA:
O DESAFIO DA LINGUAGEM
A ação comunicativa supõe, portanto, o entendimento entre os
indivíduos que procuram, pelo uso de argumentos racionais,
convencer o outro – ou se deixar convencer - a respeito da
validade da norma, até que ela possa ser universalizável: aceita
por todos.

Afinal, seria possível alcançar a universalidade dos valores


morais, numa época marcada pela heterogeneidade de
comportamentos, por segmentos sociais tão diversos como as
mulheres, os homossexuais, os negros, os indígenas, que
defendem posições igualitárias na sociedade discriminadora?

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