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A PERCEPÇÃO COMO FORMA

DE ADQUIRIR O CONHECIMENTO
PARA A FORMAÇÃO DO INTELECTO HUMANO

Maria do Socorro Andrade Silva


RGM: 25743481
UNICID – Universidade Cidade de São Paulo

RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar um pensar sobre o conhecimento e sua


importância na formação intelectual do sujeito e sobre a elaboração do conhecimento através da
percepção onde o sujeito tem um contato com o objeto que se transforma em uma proposta.
Abordaremos um pouco sobre o pensar filosófico e alguns conceitos, sabemos ser inviável abranger
tudo que envolve o tema citado, mas buscaremos ser fiéis ao que tange a percepção como forma de se
obter o conhecimento.
Palavras-chave: Conhecimento, Filosofia, Intelecto, Sujeito, Percepção.

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De acordo com o Dicio Dicionário Online de Português, conhecimento se define como:
Entendimento sobre algo; saber: conhecimento de leis. Ação de entender por meio da
inteligência, da razão ou da experiência. [Filosofia] Ação ou capacidade que faz com que o
pensamento consiga apreender um objeto, através de meios cognitivos que se combinam
(intuição, contemplação, analogia etc.).

O termo “conhecimento” sempre foi um tema atraente para quem gosta de pensar,
aprender e crescer intelectualmente, e desde os primórdios da evolução humana, o homem o
buscou de alguma forma, na fala, na escrita, na arte, no conhecimento transmitido de geração
em geração, nas observações...; em todo caso, existem muitas formas de conhecimento, mas
todas têm o mesmo objetivo de levar o homem a um nível de intelectualidade que o ajude em
seu processo de crescimento. Entendemos que o conhecimento é necessário para conhecermos
melhor o mundo e responder às nossas questões, onde fundamentamos os nossos valores e
conceitos, porque somos como uma tábula rasa, metáfora usada por Aristóteles (384 a.C.-322
a.C.) para definir que a consciência é falta de qualquer conhecimento inato (não nascemos
sabendo), ou seja, somos como uma folha branca pronta para ser escrito. Locke, um filósofo
empirista da modernidade, defendeu a experiência externa onde as ideias são tudo o que compõe
o mundo. “Conhecimento consiste na percepção do acordo ou desacordo de duas ideias. Parece-
me, pois, que o conhecimento nada mais é do que a percepção da conexão e acordo, ou
desacordo e rejeição, de quaisquer de nossas ideais." (Locke 1978, IV, I, ii). A experiência
amplia nosso entendimento, gerando assim o conhecimento nos tornando mais hábeis ante as
questões da vida.

Conforme a filosofia, a percepção nada mais é do que uma experiência sensorial e


perceptível, onde ocorre uma identificação e a interpretação para representar a informação. O
conhecimento sensível, conhecido por empírico, procede da percepção e sensações. Descartes
(1596-1650) acreditava que o único conhecimento que era válido seria aquele que fosse inato
da alma (inatismo), ideia esta partida do pensar de Platão que acreditava que todos nasciam
dotados de razão, que consiste em conhecer e recordar a verdade já existente em cada um. O
conhecimento, pela percepção (forma intuitiva), nos traz para dentro, nos tornando participantes
desse saber. Essa experiência sensorial e perceptiva nos leva a um processo o qual nos conduz
a construção do nosso intelecto, algo que está ao nosso alcance, que compõem a tudo que faz
parte do nosso mundo.

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O sujeito tem uma relação com o objeto que finaliza em uma proposta, que por sua vez é
o resultado do que foi elaborado, a saber, crenças, valores. Cada um constrói através da
percepção seus conhecimentos.

É o mesmo mundo que contém o objeto e o sujeito que percebe. Entende-se por mundo
não apenas a soma das coisas que caem ou podem cair no campo aberto à minha
percepção, mas também local de suas necessidades. Percebemos não apenas uma
massa de fatos, mas somos impelidos a coordená-los, apesar das divergências de
testemunhos a seu respeito. (Giles, 1995, p. 61).

Na psicanálise, Sigmund Freud (1891) declara que a percepção é responsável pela


distinção entre realidade e fantasia, uma constatação precisa da disparidade e separação destes
dois fatores. Caracterizamos a percepção como uma forma de reconhecimento, trazendo a
interpretação do conteúdo que foi analisado sensorialmente.

Embora desde o texto sobre as afasias Freud anunciasse uma concepção relativamente
complexa e inovadora da relação entre percepção e representação psíquica do objeto
percebido, estes textos iniciais mostram também sua preocupação com uma
representação verdadeira da realidade. Em muitas passagens a percepção surge como
um registro passivo da realidade. (Nelson Ernesto, 1990, p.29)

Como obtemos conhecimento? Somente através da ciência? Dos veículos geradores de


informações? As formas usadas para obtenção de informações são diversas, sendo impossível
descrevê-las completamente, mas entendemos que todas nos auxiliam de alguma forma nessa
busca pelo conhecimento. Mas podemos considerar todo conhecimento verdadeiro? Aristóteles
(384 a.C.-322 a.C.) disse: “A verdade está no mundo à nossa volta”, então entendemos que
existe uma verdade para todos, que podemos encontrá-la ao nosso redor antes de conhecê-la,
todo tipo de conhecimento é uma verdade para alguém. O conhecimento é um condutor para
um futuro promissor em todos os aspectos, um sujeito falto de conhecimento é um ser
manipulável, sem perspectivas de vida, por isso devemos buscar entender o que está no mundo
para a construção do nosso saber.

Todas as formas de conhecimento, científico, filosófico, religioso, empírico, atendem a


cada um na sua percepção, o que para uns é aceitável, para outros não é. Todos nós criamos
conhecimento no âmbito de nossas necessidades individuais e, como disse no início, passamos
de geração em geração por meio da linguagem, da escrita, da arte etc.; todo este saber tem por
finalidade a formação intelectual do sujeito. “Existe apenas um bem: o conhecimento, e um
mal: a ignorância” — Sócrates.

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Referências

COELHO JÚNIOR, Nelson Ernesto, (1991) “O Inconsciente em Merleau-Ponty”. In:


KNOBLOCH, F. (Org), “O inconsciente-várias leituras, São Paulo: Editora Escuta.

CONHECIMENTO – Disponível em: <https://www.dicio.com.br/conhecimento/> Acesso em:


15/08/2023.

DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. Paulo Neves e introdução de Denis Lerrer
Rosenfield. Porto Alegre: L&PM Editores, 2010.

GILES, Thomas Ransom. Ramos fundamentais da filosofia: lógica, teoria do conhecimento,


ética política: EPU, São Paulo, 1995.

PSICOLOGIA USP / Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo. - Vol.1, n. l (1990). -


São Paulo, USP-IP, 1990.

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