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unidade 2

Conhecimento e conhecimento
filosófico

Objetivos de aprendizagem
„„ Identificar o conceito de conhecimento e de
conhecimento filosófico.
„„ Compreender diferenças e aproximações entre ciência e
Filosofia.
„„ Identificar peculiaridades do conhecimento filosófico.

„„ Conhecer a missão do filósofo.

Seções de estudo
Seção 1 O que é conhecimento

Seção 2 Ciência e Filosofia

Seção 3 Comunicar e compreender

Seção 4 A missão do filósofo

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de estudo


Nesta unidade, daremos continuidade à busca da compreensão
e entendimento do conceito e abrangência da Filosofia,
estudando-a como um caminho privilegiado de construção
e descoberta do conhecimento. Neste sentido, você estuda
o método e os objetivos da Filosofia como realização das
potencialidades humanas, sujeito e objeto de todo conhecimento.

Seção 1 – O que é conhecimento

O conhecimento em nós, transmudou-se em paixão,


que não se intimida diante de nenhum sacrifício e no
fundo nada teme; a não ser a sua própria extinção.
(NIETZSCHE, 1991, p. 139).

A sociedade em que vivemos é frequentemente caracterizada


como sociedade do conhecimento. Conhecimento é mais do que
ter informações e dados sobre determinado tema ou assunto.
Conhecimento implica saber quais informações e dados são
relevantes e em que situações usá-los. Conhecimento é sabedoria de
vida. Esta perspectiva filosófica está na base de todo esforço humano
por compreender as coisas e o mundo e atribuir-lhes sentido.

O conhecimento
Você sabe o que é conhecimento?

Conhecimento é a relação que se estabelece entre um


sujeito cognoscente e um objeto. Assim, todo conhe-
cimento pressupõe dois elementos: o sujeito que quer
conhecer e o objeto a ser conhecido. Por extensão,
dá-se também o nome de conhecimento ao saber
acumulado pelo ser humano através das gerações.

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Introdução à Filosofia

No processo de conhecimento, quem conhece acaba apropriando-se, de


certo modo, do objeto que conheceu, ou seja, transforma em conceito
esse objeto e o reconstitui em sua mente. O conceito, no entanto, não é
o objeto real, não é a realidade, mas apenas uma forma de conhecer (ou
conceber, ou conceituar) a realidade.

Deve-se ressaltar que a relação estabelecida no processo de


conhecimento pode implicar uma transformação tanto do sujeito
quanto do objeto. O sujeito transforma-se mediante o novo saber e
o objeto também pode transformar-se, pois o conhecimento lhe dá
sentido. A partir do momento em que o sujeito conhece novos fatos,
ele pode modificar sua ação, agir com mais liberdade, fazer com mais
precisão, etc. O objeto pode ser aperfeiçoado, porque o conhecimento
do sujeito permitirá desenvolvê-lo.

O conhecimento, portanto, implica uma posse da reali-


dade. Essa posse confere ao ser humano a grande vanta-
gem de se tornar mais apto para uma ação consciente. A
ignorância tolhe as possibilidades de avanço, mantém as
pessoas prisioneiras das circunstâncias. O conhecimento
libera: permite atuar para modificar em benefício as
circunstâncias. Contudo aqui cabe uma pergunta tipica-
mente filosófica: Em benefício de quem?

Conhecimento filosófico

Já o conhecimento filosófico tem por origem a capacidade de


reflexão do homem; e, por instrumento, o raciocínio. Será a
Ciência suficiente para explicar o sentido geral do universo? Os
que respondem que não, esses buscam essa explicação através
da Filosofia. Filosofando, ultrapassam-se os limites da Ciência
-- delimitados pela necessidade de comprovação concreta -- para
compreender ou interpretar a realidade em sua totalidade.

Tendo o ser humano como tema permanente de suas


considerações, o filosofar pressupõe a existência de um dado
determinado sobre o qual refletir, por isso apóia-se nas ciências.
Mas sua aspiração “ultrapassa” o dado científico, já que a essência
do conhecimento filosófico é a “busca” do saber, e não sua posse.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Tratando de compreender a realidade dos problemas


mais gerais do homem e sua presença no universo, a
Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em
problema. É, sobretudo, especulativa, no sentido de
que suas conclusões carecem de prova material da rea-
lidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça
soluções definitivas para numerosas questões formu-
ladas pela mente, ela se traduz em ideologia. E, como
tal, influi diretamente na vida concreta do ser humano,
orientando sua atividade prática e intelectual.

A Filosofia, por sua vez, propõe oferecer um tipo de


conhecimento que busca, com todo o rigor, a origem dos
problemas, relacionando-os a outros aspectos da vida humana,
numa abordagem globalizante.

Segundo Platão, o homem começa a conhecer pela forma


imperfeita de opinião (a doxa); depois passa ao grau mais
avançado da ciência (episteme);para só então ser capaz de atingir o
nível mais alto do saber filosófico.

Se a ciência tende cada vez mais para a especialização,


a filosofia, no sentido inverso, quer superar a
fragmentação do real, para que o homem seja resgatado
na sua integridade e não sucumba à alienação do saber
parcelado. Por isso a filosofia tem uma função de
interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas
formas do saber e do agir (ARANHA; MARTINS, 1996,
p. 73).

Filosofia: negação cética e dogmática

Você sabe o que é ceticismo? E dogmatismo?

Ceticismo é uma posição filosófica a qual afirma que


é impossível o conhecimento, seja como juízo de
valor ou como conclusão. O dogmatismo, ao contrá-
rio, considera certos conhecimentos como certezas e
verdades absolutas e indubitáveis.

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