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A DEFINIÇÃO DE

CONHECIMENTO DE
PLATÃO
*
Aristóteles nos informa que Platão teve dois mestres
que influenciaram seu pensamento filosófico.

a) HERÁCLITO: aprendeu que a natureza está


submetida a um movimento incessante, tudo
depende do devir.

a) SÓCRATES: herdou o método de investigação e da


busca de uma definição lógica dos problemas
investigados.
*
A seguir, verificaremos sua
epistemologia nas obras:

 Crátilo,
A República,
Mênon,
Fédon,
Teeteto.
*
No Crátilo, existe uma distinção
sobre o nome das coisas. O debate se
situa entre a nomeação como convenção
ou como acesso à essência das coisas. Do
problema linguístico, Platão alcança o
problema epistemológico.
*
“Para que conhecimento e ciência se
deem – e, a partir destes, a definição e o
nome de qualquer coisa – é preciso
excluir o eterno fluxo do devir defendido
por Heráclito e pelos seus discípulos e
postular a existência de objetos imóveis e
imutáveis: este é o postulado ontológico
ineludível da epistemologia de Platão.”
FRONTEROTTA, 2018, p. 191.
*
“Mas diz-nos o seguinte: quem conhece, conhece alguma
coisa ou nada? Responde lá tu por ele.
*- Responderei que conhece alguma coisa.
*- Que existe ou que não existe?
*- Que existe. Pois como é que havia de conhecer-se
alguma coisa que não existe?
*- Temos então este facto suficientemente seguro, ainda que
nos coloquemos noutros pontos de vista, de que o que
existe absolutamente é absolutamente cognoscível, e o que
não existe de modo algum é totalmente incognoscível?
*- Mais que suficientemente.”
(PLATÃO. 1949, p. 257.)
* Deste modo, Platão concebe três
níveis de objetos: a) O que são, o que é
imutável; b) Os que não são, o puro
nada; e c) os que são e não são, o que é
mutável. Disto, resulta uma
epistemologia ontológica. Há um debate
se Platão entende esta hierarquia em
nível ontológico ou lógico. (FRONTEROTTA,
2018, p. 191-193.)
* I - A alegoria da Caverna
*
PROPOSTA DE LEITURA:

Texto - “Alegoria da Caverna” (514a – 520a),


Livro VII, A República, de Platão.

Tema: As sensações e o conhecimento


inteligível.
* CONHECIMENTO NA REPÚBLICA
* Conhecimento no Mênon

No diálogo Mênon, Sócrates apresenta a


teoria da recordação do conhecimento: “a
procura e o aprendizado nada mais são do que
reminiscência”. A alma que já viveu noutro
mundo e conheceu as coisas e agora ela
recorda tudo que aprendeu.
*
*Quando a alma se encarna, sofre um processo
de esquecimento. O estímulo das coisas
sensíveis provoca o despertar do
conhecimento. A filosofia e a Paidéia, se
considerarmos aqui a noção da República,
completam este trabalho de reconstituição da
recordação. (FRONTEROTTA, 2018, p. 1998-1999).
* Conhecimento no Fédon

De modo similar, lemos no Fédon: “Se é


verdadeiro que tu costumas mencionar com
frequência que, para nós, a aprendizagem
(máthesis) outra coisa não é, senão recordação
(anámnesis) e de acordo com isso é necessário
que nós, num tempo anterior, tenhamos
aprendido o que agora estamos recordando”
(72e-73a).
*
Platão exemplifica quando dizemos que um
objeto é semelhante ao outro, mesmo com as
suas diferenças específicas, temos como
critério da recordação da semelhança. Nas
palavras do Fédon: “É preciso, portanto, que
tenhamos conhecido a igualdade antes do
tempo em que, vendo pela primeira vez
objetos iguais, observamos que todos eles se
esforçavam por alcançá-la, porém lhe eram
inferiores.” (74e-75a).
*
Os sentidos se esforçam para estabelecer a
igualdade: “Logo, antes de começarmos a ver,
a ouvir, e a empregar os demais sentidos, já
devemos ter adquirido em alguma parte a
ciência do que seja a igualdade em si, para
ficarmos em condições de relacionar com ela
as igualdades que os sentidos nos dão a
conhecer e afirmar que estas se esforçam por
alcançá-la, porém lhe são inferiores.” (75b).
*
O Fédon afirma a existência de conhecimento
inato. Este é o caso da noção de igualdade, de
tamanho (75c), de beleza, de justiça e de
piedade (75d). São noções das coisas em si.
* LEITURA RECOMENDADA:

Texto:
CÁ, LiliPontinta. Conhecimento no Fédon de
Platão. Em curso, São Carlos, vol. 1,
suplemento, 2014, p. 5-29.
*Conhecimento no Teeteto
No diálogo Teeteto, há três definições de
episteme que não são mantidas:

(1)a episteme como sensação (aisthesis);


(2) (2) a episteme como opinião verdadeira
(alethes doxa); e,
(3)(3) a episteme como opinião verdadeira
acompanhada da explicação racional ou logos
(alethes doxa meta logou).
*Conhecimento no Teeteto
Proposta de Análise do debate do
conhecimento no diálogo Teeteto (143 d – 151
d);

Texto para leitura: PLATÃO. “Teeteto”.


Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém:
Editora UFPA, 2001.
*
1 - “Conhecimento não é mais que
sensação” (151 e)

O ponto de partida para a discussão


sobre o conhecimento no Teeteto de
Platão é a afirmação: “Conhecimento
não é mais que sensação” (Teeteto 151
e).
*2 - “Conhecimento seja opinião
verdadeira” (187 b – 200)

Então, Teeteto formula uma segunda


definição de conhecimento: Conhecimento é
opinião verdadeira (hé alethés dóxa). Para
essa nova definição é necessário se debruçar
sobre um critério de distinção entre opinião
verdadeira e opinião falsa.
* 3 - Conhecimento é “opinião
verdadeira acompanhada da explicação
racional” (210 d)
Na seção de 201 c a 201 b, examina-se essa
definição de conhecimento. A episteme pode
ser sensação, opinião verdadeira e opinião
verdadeira explicada racionalmente. Sócrates
apresenta o que é explicação racional (206 –
210).
*
“Logo, se perguntarem a esse indivíduo o que
é conhecimento, ele responderá que é a
opinião certa aliada ao conhecimento da
diferença. Pois a adjunção da explicação
racional seria isso mesmo, de acordo com sua
explicação.” (210a). PLATÃO. Crátilo.Teeteto. Tradução de
Carlos Aberto Nunes. Belém: UFPA, 2001, p. 140.
*
* REFERÊNCIAS:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo:
Martins Fontes, 2007.
AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy.
Cambridge: Cambridge University Press, 1999.
DANCY, Jonathan; SOSA, Ernest; STEUP, Matthias. A
Companion to Epistemology. Oxford: Blackwell
Publishing, 2010, p. 476-479.
LEMOS, Noah. An Introduction to the Theory of
Knowledge. Cambridge: The Cambridge University
Press, 2007.
PLATÃO. “Teeteto”. Tradução de Carlos Alberto Nunes.
Belém: Editora UFPA, 2001.

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