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RACIONALISMO E EMPIRISMO

NA FILOSOFIA CRISTÃ

Agostinho e Tomás
I. O CONHECIMENTO EM
AGOSTINHO DE HIPONA
ILUMINAÇÃO
DIVINA

INTELIGÊNCIA /
RAZÃO
SENTIDO
INTERNO

MEMÓRIA SENTIDOS
EXTERNOS

REALIDADE
A crença na concepção de Agostinho de Hipona:

• Crer não é outra coisa senão pensar com


assentimento, crer é racional. A validade
de nossas crenças depende da autoridade
pela qual elas são sustentadas, da
evidência ou testemunho que ordena o
assentimento.
• Há diferentes testemunhos como a evidência
histórica ou as verdades da religião, é o
mesmo tipo de atividade neutral que
engajamos na crença em cada caso. Objetos
de crença são os mais diferentes. As
evidências históricas podem somente ser
cridas, não podem ser conhecimento
científico, mas as verdades da fé podem ser
um dia conhecidas, entendidas pelos crentes.
CONHECIMENT
CRENÇA COMPREENSÃO
O
• A crença verdadeira pode ser racional,
justificada e confiada, mas falta uma
justificação do conhecimento e a visão de
compreensão do campo pelo
conhecimento.
NÃO PITHANON

• A felicidade depende do empenho no


desejo da verdade. Este empenho exige a
satisfação dos objetivos da pessoa.
Agostinho rejeita a idéia de que as coisas
não podem ser conhecidas como prováveis
e não verdadeiras (pithanon). Ele critica
também a suspensão do juízo (epoché).

NÃO EPOCHÉ
A crença verdadeira pode ser racional,
justificada e confiada, mas falta uma
justificação do conhecimento e a visão de
compreensão do campo pelo
conhecimento.
• SENSAÇÕES – A evidência da percepção
sensorial não satisfaz o critério de verdade.
As proposições que satisfazem esse critério
não podem ser tomadas como falsas. As
proposições da lógica satisfazem esses
critérios. Proposições como “existo”, “vivo”,
“se me engano, existo” garantem a verdade
de nossa existência por causa da
consciência.
Ele é impresso
Conhecimento na mente a
não deriva das priori, mas com
sensações a participação
das coisas
CONHECIMENTO SOB
BASES MÉDIO-
PLATÔNICAS
A iluminação
A razão faz o
divina traz o
juízo
conhecimento
CRÍTICA AOS ACADÊMICOS

Agostinho rejeita a idéia de que as coisas


não podem ser conhecidas como prováveis
e não verdadeiras (pithanon). Ele critica
também a suspensão do juízo (epoché).
O PAPEL DAS SENSAÇÕES

 A evidência da percepção sensorial não satisfaz o


critério de verdade. As proposições que
satisfazem esse critério não podem ser tomadas
como falsas. As proposições da lógica satisfazem
esses critérios. Proposições como “existo”, “vivo”,
“se me engano, existo” garantem a verdade de
nossa existência por causa da consciência.
INFLUÊNCIA DO MÉDIO-PLATONISMO

As formas eternas são os pensamentos


de Deus. Conhecimento é um exercício
de atualizar o que está na mente pelo
processo de concentração.
A SUPERIORIDADE DA RAZÃO

• Por serem três as realidades: o ser, o viver e o


entender. É verdade que a pedra existe e o
animal vive. Contudo, ao que me parece a
pedra não vive. Nem o animal entende.
Entretanto, estou certíssimo de que o ser que
entende possui também a existência e a vida.
É porque não hesito em dizer: o ser que possui
essas três realidades é melhor do que aquele
que não possui senão uma ou duas delas.
AGOSTINHO. De Libero Arbitrio, 2, 3.
• Uma das influências que
Agostinho recebeu da tradição
filosófica foi o neoplatonismo,
mediante as obras de Plotino (As
CRENÇA COMO Enéadas). A primeira forma de
CONDIÇÃO
conhecimento que trata
PARA O
CONHECIMENTO Agostinho é o autoconhecimento
e é através da fé que o homem
desenvolve sua faculdade de
conhecer. A fé se torna condição
para o conhecimento.
• Se eu sou capaz de me
enganar, eu existo. Nas
GARANTIA
palavras de Agostinho: “não te
CONTRA O CETICISMO poderias enganar de modo
algum, se não existisses”. O
fundamento da certeza está na
consciência do indivíduo.
Na obra “O Livre-Arbítrio”, Agostinho afirma
que a superioridade do homem sobre os
outros animais se dá por causa da razão. Ela
constitui seu poder em superar a ferocidade
dos animais. A razão é a verdade mais
elevada no homem: “O que denominamos
saber não vem a ser nada mais do que se
perceber pela razão”.
 ACIMA DA RAZÃO: Está a verdade que julga e
não é julgada. Deus é o fundamento da
verdade.
 Essas verdades que se encontram no espírito
humano não provêm da experiência sensível.
 Os sentidos são intérpretes da mente para
conhecer as coisas exteriores. Ao gravar as
imagens das experiências sensíveis na
memória é que as comparamos e as juntamos,
compreendendo a realidade.
 A memória funciona como “documentos das
coisas anteriormente percebidas”, nas palavras
de Agostinho.
TEORIA DA ILUMINAÇÃO

Em contraposição ao ceticismo, Agostinho


sustenta que através da dúvida o
pensamento age e o homem se reconhece
como ser pensante e não pode negar a
própria existência e nem duvidar da verdade,
pois de qualquer forma já se encontra em
contato com a verdade.
• O homem é apenas um buscador da
verdade, sua mutabilidade e sua
imperfeição o impede de conter a verdade
em si. A verdade não pode plenamente
revelada ao homem no tempo. Deus é
quem transmite para a inteligência do
homem. Na própria consciência, ele pode
encontrar Deus.
A teoria da iluminação é a afirmação de que
o homem não possuindo por si mesmo a
verdade, ele a recebe de Deus como uma luz
que ilumina a mente e a permite aprender.
A Teoria da Iluminação Divina é apresentada por Santo Agostinho
como ação direta de Deus na mente humana, de modo que o homem
possa chegar ao verdadeiro conhecimento, sendo que é essa luz divina
que possibilita ao homem encontrar Deus e alcançar a felicidade.

Como Platão na Teoria da Reminiscência,


algumas ideias fundamentais não derivam da
realidade sensível. A fonte das ideias não é o
mundo sensível, é para Agostinho o próprio
Deus.
II. O CONHECIMENTO
EM TOMÁS DE AQUINO
O intelecto não pode conhecer o universal,
apenas o singular através da experiência
sensível. Para Tomás, o conhecimento se
constitui “no processo abstrativo em que o
intelecto agente fornece ao intelecto possível
a espécie inteligível, de caráter geral ou
universal, obtida a partir da espécie sensível
produzida pelos sentidos e retida na
imaginação” (Summa Theologiae).
A teoria sobre o conhecimento sustentada por
Tomás de Aquino segue a perspectiva
aristotélica. Na Summa Theologiae, o filósofo
afirma que os sentidos propiciam o
conhecimento. O intelecto faz juízo a partir da
matéria oferecida por eles. “Deste modo, é
necessário afirmar que nosso entendimento
conhece as realidades materiais abstraindo-as
das imagens” (Summa Theologiae, Questão 81,
artigo 1).
• A sede da ciência é o intelecto, porém, sem a
concorrência dos sentidos não há intelecção
sobre o mundo. Essa ciência trata do
conhecimento do movimento e da matéria.
O intelecto se relaciona com os sentidos,
voltando-se para as imagens formadas
(fantasmas) por eles e abstraindo-as. A
abstração não ocorre diretamente sobre as
coisas, mas sobre a imagem delas. O objeto
de conhecer das coisas é a quididade delas,
ou seja, a essência delas. Todo conhecimento
se dá por comparação das coisas sensíveis.
Há duas faculdades cognoscitivas: O sentido e
o entendimento angélico. Essa última diz
respeito ao conhecimento puro. A intelecção
é um ato da alma que é a forma do corpo.
O conhecimento na Questão 84
da Suma Teológica
O conhecimento dos objetos pela mente

Conhecimento dos corpos pelo intelecto: a)


DIONÍSIO – O intelecto não pode conhecer os
corpos. B) HERÁCLITO – o fluxo do real impede o
conhecimento. C) PLATÃO: A alma não intelige as
coisas sensíveis, só as ideias.
A alma conhece os corpos por espécies imateriais
e inteligíveis. Não há separação entre aquilo que o
intelecto conhece e o que os sentidos conhecem. A
virtude superior opera sobre a inferior. É possível
ter uma ciência imóvel das coisas móveis.
A essência do conhecimento é oposta à da
materialidade

a. AGOSTINHO: A alma conhece os corpos pelas


semelhanças. b. DIONÍSIO: As coisas inferiores
estão nas superiores de modo mais eminente que
em si mesmas. B. PLATÃO: As causas da formas
conhecidas são imateriais. C. FISIÓLOGOS: As
coisas conhecidas que são materiais deveriam
estar materialmente no cognoscente. Todo o
conhecimento seria imaterial.
Conclui-se que a essência do conhecimento é
oposta à da materialidade. Quanto mais imaterial
tiver da forma conhecida o cognoscente mais
perfeitamente vai conhecer. É próprio de Deus
conter a essência imaterial de todas as coisas.
Resposta 1ª: A alma dá algo de sua substância
para formação das imagens corpóreas. 2ª
Resposta: Para Aristóteles, a alma é
potencialmente conhecedora de tudo. 3ª
Resposta: A essência de Deus é a semelhança
perfeita de tudo.
O valor da experiência: Intellectus est sicut
tabula in qua nihil est scriptum

GREGÓRIO: O inteligir é comum a homens e a


anjos. A alma tem em si as espécies das coisas
naturais. E conhece as causas corpóreas pelas
espécies inteligíveis.
A alma cognoscitiva está em potência tanto
para as semelhanças que são os princípios do
inteligir e do sentir. A alma não possui espécies
inatas, mas é potencialmente provida em relação
à capacidade de conhecer em relação a todas as
espécies.
Não é verdade que a alma já sabe porque não
seria possível que esquecesse tudo. Exemplo, o
cego de nascença não conhece cores. Portanto,
a alma não conhece as coisas corpóreas por
espécies inatas. O intelecto humano é apenas
potencial às espécies. Species significa “vista,
aparência, aspecto”.
Crítica às ideias inatas de Platão

A alma intelectiva enquanto intelige


participa dos inteligíveis. As coisas inteligidas
em ato são formas agentes sem matéria. As
espécies inteligíveis são causadas pelos
inteligíveis fora da alma. São por substâncias
separadas que são causadas as espécies
inteligíveis. Logo, as espécies inteligíveis
procedem de substâncias separadas.
PLATÃO: As formas das coisas sensíveis são
subsistentes por si. Avicena concorda com
Platão ao dizer que as espécies inteligíveis
efluem de formas separadas; porém, não
admite as ideias como inatas.
Se fosse assim a alma não precisaria do
corpo para inteligir. As espécies inteligíveis não
efluem de formas separadas. O intelecto
possível passa da potência ao ato o conhecer e
o intelecto agente é a virtude da alma.
Conhecimento das ideias

DIONÍSIO: A alma não conhece todas as coisas


nas razões eternas. ESCRITURAS: As razões
eternas são conhecidas pelas coisas materiais.
Toda ciência deriva das ideias. Estas são as
razões eternas existentes na mente divina
(rationes aeternae). A alma intelectiva conhece
todas as verdadeiras nas razões eternas.
Platão defendia a teoria das ideias. Agostinho
ensinou que as ideias existem na mente divina –
imagem do sol. Porém, não é só por participação
das razões eternas que temos ciência.
O princípio do conhecimento é o sentido

AGOSTINHO: Não se pode derivar o conhecimento


verdadeiro dos sentidos. O corpo não opera no espírito, é
este que causa a imagem das coisas em si mesmo.
São três opiniões sobre este tema. DEMÓCRITO: As
imagens dos corpos entram em nossa alma. PLATÃO: O
conhecimento independe de órgão corpóreo. AGOSTINHO:
A alma usa os sentidos para perceber as coisas.
ARISTÓTELES: O sentir é um ato do corpo e da alma. O
intelecto agente pela abstração torna os fantasmas
inteligíveis. Phantasmata são “imagem, espectro, ser
imaginário”.
O conhecimento sensitivo não é a causa total do
conhecimento intelectual.
A participação dos fantasmas

A alma não intelige nada sem o fantasma (nihil


sine phantasmate intelligit anima, quaestio 84,
art. 7). É impossível ao nosso intelecto inteligir
sem se valer dos fantasmas. É necessário o ato
da imaginação. Se alguém tiver algum órgão
lesado estará impedido de inteligir. Os seres
particulares são apreendidos pelos sentidos.
Os seres incorpóreos são inteligido por
comparação com os corpos sensíveis.
A privação dos sentidos

O uso da razão fica impedido pela privação


dos sentidos. Exemplo, o sonho com as
coisas ilícitas. Seria impossível em juízo
perfeito durante a privação dos sentidos.
Os dados do conhecimento dependem dos
sentidos.

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