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PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS – TCC

O QUE SÃO? O conceito de pensamento automático está diretamente ligado ao


conceito de crenças centrais e crenças intermediárias, segundo o conceito de modelo
cognitivo de Aaron Beck (1967).

Para Beck, o sistema cognitivo compõe-se por três níveis:

Primeiro nível: composto pelas crenças nucleares, ou seja, é o nível mais fundamental,
uma vez que conta com crenças globais e mais rígidas. Quando uma experiência ativa
uma dessas crenças, elas conseguem ter uma força extrema sob o sujeito, que se fecha
às informações que poderiam ser contrárias a essa suposta certeza.

Segundo nível: composto por crenças intermediárias. Isto é, atitudes, suposições e


regras que definem a maneira como devemos agir, bem como proteger o sujeito de
reações negativas ligadas a possíveis crenças centrais disfuncionais. 

Terceiro nível: onde os pensamentos automáticos. Eles podem ser entendidos como
uma forma rápida e espontânea de representar as cognições breves, de forma a
proporcionar que o indivíduo perceba mais facilmente a emoção vinculada ao
pensamento, invés do conteúdo do pensamento em si. Eles podem ser tanto positivos
quanto negativos e, segundo Beck & Dozois (2011), se relacionam funcionalmente à
ativação de crenças e esquemas mais profundos do indivíduo.
TIPOS: Por meio dos vários estudos conduzidos pelos profissionais da Terapia
Cognitivo-Comportamental e baseado nos conceitos teorizados por Beck (1967), os
pensamentos automáticos podem aparecer de três formas:

1. Pensamento automático distorcido

O pensamento distorcido é um dos mais comuns na clínica. Como o próprio nome já


diz, ele se caracteriza pela distorção da realidade daquela experiência e impressão
vivida pelo sujeito. Dessa forma, o sujeito, ainda que tenha todas as informações que
comprovem algo, ele pensa justamente no oposto.
Um exemplo clássico de pensamento distorcido é quando a pessoa acredita estar
com uma doença, vai ao médico e faz todos os exames possíveis, vê os resultados
negativos para comorbidades e/ou transtornos, mas ainda pensa que tem algo de
errado com ela, alegando que os exames não foram capazes de identificar. 

2. Pensamento preciso e com conclusão distorcida

Nesse caso já existe uma pequena diferença, pois parte do raciocínio está
tecnicamente correto e alinhado com a realidade. O ponto chave desse pensamento é
que, ainda que o paciente entenda que algo está acontecendo ou aconteceu com ele, a
conclusão que ele tem diante daquilo é normalmente dramática demais, além de
provocar generalizações sem fundamentos.
Os relacionamentos abusivos são palco para esse tipo de pensamento, por
exemplo. Uma pessoa que é traída e entende isso, sofre pelo fato que aconteceu com
ela. Contudo, a partir dessa experiência, é comum ela generalizar, acreditando que
todos os futuros relacionamentos que ela tiver ao longo da vida também provocará
sofrimento em virtude de uma traição.

3. Pensamento preciso e disfuncional

O pensamento preciso e disfuncional causa sofrimento mental por seguir um


raciocínio semelhante, porém tratando-se do outro extremo. É importante entender
que ele segue uma linha de raciocínio particular, que não foge exatamente da
realidade, porém a encara de uma forma intensa demais.
Uma pessoa que está diante da demanda de elaboração de um trabalho de
conclusão de curso, por exemplo, pode apresentar um pensamento preciso e
disfuncional. Para escrever a sua dissertação de cerca de 20 páginas, ela precisará ler
dezenas de artigos.
Diante desse desafio, a pessoa irá refletir sobre o quão complexo é escrever uma
monografia, na quantidade de páginas que tem como objetivo, na quantidade de
artigos que terá que ler, na necessidade de elaboração de resumos e esquemas para
lembrar dos tópicos lidos e dezenas de outros pontos que podem fazê-lo postergar
para iniciar e até mesmo paralisar diante essa atividade.

COMO IDENTIFICÁ-LOS?
Procura-se identificar pensamentos automáticos que são disfuncionais – isto é,
aqueles que distorcem a realidade; estão associados a uma reação emocional e/ou
fisiológica inútil; originam um comportamento inútil; e/ou interferem no sentimento
de bem-estar do cliente e na habilidade de dar os passos para atingir seus objetivos.A
terapia é fundamental para ajudar o paciente a começar a identificar os pensamentos
automáticos que estão presentes na vida, sejam positivos ou disfuncionais. Um
caminho comum para essa identificação é a análise das crenças centrais e crenças
intermediárias, que normalmente estão conectadas a dezenas de pensamentos
automáticos de todos os tipos.
O terapeuta irá conduzir o paciente a refletir sobre as crenças centrais,
desmembrando-as a fim de elucidar as intermediárias e, por fim, perceber quais são os
pensamentos mais comuns que estão ajudando a nutrí-las
Esses pensamentos podem ser ilustrados por comportamentos, apresentados em
discursos emitidos pelo sujeito durante experiências e/ou nas sessões. Cabe, então, ao
terapeuta, estar ali para o paciente, atento para ouvir a captar as nuances desses
pensamentos através das falas emitidas. 
O próprio paciente consegue, com o tempo, identificar sozinho quais são os
pensamentos automáticos presentes no seu sistema cognitivo e repertório
comportamental. O autoconhecimento é fundamental nesse contexto, para que ele
consiga observar os impactos positivos e negativos que são a carcaça desses
pensamentos. 
Os comportamentos também são fundamentais para a percepção dos pensamentos
automáticos, pois são a resposta mais imediata a eles. Dessa forma, a identificação e
posterior análise dos padrões comportamentais do paciente são forma
comprovadamente assertiva para identificação e reestruturação dos pensamentos
automáticos.
DIFICULDADES NA IDENTIFICAÇÃO DOS PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
Algumas vezes, o cliente simplesmente não sabe a resposta para “O que está
passando pela sua mente?”. Você pode usar várias técnicas para ajudá-lo quando ele
tiver dificuldades (1) para identificar seus pensamentos automáticos de uma situação
passada; (2) para prever seus pensamentos automáticos em uma situação futura; ou
(3) para identificar pensamentos que surgem na própria sessão. Então experimente
uma ou mais das técnicas a seguir:

Intensifique a resposta do cliente. Faça com que o cliente visualize a situação


estressante. Se a situação envolver outra pessoa, sugira que o cliente a recrie em uma
dramatização com você. Investigue as imagens. Ofereça pensamentos que você
acredita que provavelmente são opostos aos pensamentos do cliente. Pergunte sobre
o significado da situação. Essas técnicas são ilustradas a seguir.

Intensificando Respostas Emocionais e Fisiológicas

Para ajudar os clientes a obterem maior acesso aos seus pensamentos, tente
aumentar sua excitação emocional e fisiológica.

JUDITH: Abe, quando chegar a hora de ir tomar o café da manhã com seus amigos
no domingo, o que você acha que estará passando pela sua mente?
ABE: Não tenho certeza. JUDITH: Como acha que estará se sentindo?
ABE: Provavelmente ansioso. JUDITH: Onde acha que sentirá a ansiedade? ABE:
Aqui (colocando a mão sobre o abdome), no estômago.
JUDITH: Você consegue ter a mesma sensação agora? ABE: (Concorda com a
cabeça.)
JUDITH: (falando no tempo presente) Então você está em casa, está pensando em
sair... Está se sentindo ansioso; você pode sentir isso em seu estômago... O que está
passando pela sua mente?
ABE: E se eles na verdade não quiserem ir até lá? E se eles na verdade não quiserem
me ver?
A TCC utiliza diversas técnicas para trabalhar os pensamentos distorcidos, em
conjunto, elas propiciam melhoras como benefício da tolerância aos riscos, às
incertezas e à ansiedade. Na terapia cognitivo comportamental, conforme Beck (2022),
a intervenção para o tratamento dos pacientes e a melhora deles, é realizada numa
relação por meio do terapeuta e a colaboração ativa do paciente. Isto é, o indivíduo
aprende e identifica suas próprias questões até que receba alta e se torne seu próprio
terapeuta. Algumas das técnicas utilizadas pela TCC são: identificação de pensamentos
imprecisos, exame das evidências a favor e contra pensamentos automáticos, desafio e
mudança de pensamentos desadaptativos, alteração de comportamentos
problemáticos e relacionamento mais adaptável com outras pessoas (ARRIGONI et al.,
2021). Uma das técnicas da TCC é o exame das evidências a favor e contra
pensamentos automáticos, no qual o indivíduo levanta evidências a favor ou contra
determinado pensamento que possui, identificando se tal pensamento é realmente
verdadeiro ou se é apenas uma distorção. Outra técnica é a reestruturação cognitiva,
uma integrante da terapia cognitivo comportamental, na qual auxilia o paciente a
reconhecer e modificar seus pensamentos (ARRIGONI et al., 2021).
IDENTIFICAÇÃO DE PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS

• Métodos para identificar pensamentos automáticos

Reconhecimento das mudanças de humor

Psicoeducação

Descoberta guiada

Registro de pensamentos

Exercícios de imagens mentais

Exercícios de role-play

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