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1 INTRODUÇÃO
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Lara Bittencourt Galdina do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:
laragaldina@hotmail.com. Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação
em Psicologia da Unisul. 2022. Orientador(a): Prof. Maria Paula Matos de Almeida, Msc.
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Em função dos prejuízos com relação à ansiedade, que será relatada por estes estudantes
frente ao TCC, esses prejuízos podem influenciar não só a vida acadêmica, como outras áreas
importantes da vida desses sujeitos, como a pessoal e a emocional, sendo relevante que se
investigue melhor este fenômeno.
O objetivo deste trabalho é investigar os pensamentos automáticos mais recorrentes em
estudantes universitários que relatam ansiedade frente ao TCC. Além disso, este estudo tem o
intuito de descrever os sintomas de ansiedade relatados pelos acadêmicos, classificar os
pensamentos automáticos e as distorções cognitivas mais comuns conforme a proposta de
Aaron Beck e relatar as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos alunos frente à ansiedade
emocional e comportamental.
Desta forma, a partir dos resultados obtidos, pretende-se dar subsídio a novos estudos e
intervenções para a prevenção e minimização de futuros prejuízos relacionados à ansiedade aos
estudantes universitários.
2 MARCO TEÓRICO
2.2 ANSIEDADE
luta-e-fuga, cujo objetivo não é prejudicar o indivíduo, mas, sim, protegê-lo, retirando-o de
situações perigosas ou desagradáveis (LÚCIO et al., 2019; PAULINO, 2019).
A ansiedade é classificada em dois conceitos distintos: a Ansiedade Traço e Ansiedade
Estado. A ansiedade traço refere-se a uma disposição pessoal, aparentemente estável, a
responder com ansiedade a situações estressantes e uma tendência a perceber mais situações
como ameaçadoras; a ansiedade estado, corresponde a um estado emocional transitório,
passageiro, por sentimentos subjetivos de tensão, podendo variar em intensidade no decorrer
do tempo (ALVES et al., 2017; LIMA et al., 2017; PAULINO, 2019).
Algumas situações ameaçadoras do cotidiano tornam-se fatores ansiogênicos que
podem ter influências negativas sobre alguns fatores cognitivos, como o processo de
aprendizagem, a diminuição da atenção e concentração, reduzindo o desenvolvimento de
habilidades e aprendizado. Uma população que merece atenção, são os estudantes universitários
da área da saúde, visto que seus níveis de ansiedade se destacam ao serem comparados com
outras áreas de ensino. Além disso, esses níveis de ansiedade possuem uma tendência de
aumentar conforme o desenvolver do curso, refletindo negativamente sobre a qualidade de vida
destes estudantes, impedindo um bom desempenho durante e após a graduação (ALVES et al.,
2017; LIMA et al., 2017; PAULINO, 2019).
Segundo dados da Worlf Health Organization (2017), estimou-se que, em 2015, 264
milhões (3,6%) de pessoas em todo o mundo apresentaria algum transtorno de ansiedade, com
frequência mais comum entre as mulheres. No Brasil, é considerado o transtorno de maior
prevalência, e estima-se que cerca de 9,3% da população é afetada por este transtorno. Nas
pesquisas de Paulino (2019) e Silva, Panosso e Donadon (2018), os autores encontraram maior
incidência de transtornos ansiosos em indivíduos jovens, com idades entre 25 e 44 anos, em sua
maioria mulheres solteiras com filhos e de menor grau escolar, apresentando, também,
particularmente em estudantes universitários, vulneráveis a esses transtornos ansiosos.
Os sintomas psicológicos da ansiedade dentre os estudantes, abrangem sentimentos de
nervosismo antes de algumas aulas, esquecimento do conteúdo estudado na hora da realização
de provas, pânico, impossibilidade de realizar trabalhos, e o desinteresse nas matérias que
considera difícil. Esses sintomas podem apresentar níveis normais de ansiedade, visto que
possuem relação com o fenômeno fisiológico responsável por essa adaptação do organismo, no
entanto, quando fogem desta normalidade pode ser patológico, de forma que interfere na
cognição dos estudantes, atrapalhando seu desenvolvimento acadêmico, além de atingir outras
áreas da vida, como o social (LÚCIO et al., 2019).
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A terapia cognitiva, inúmeras vezes utilizada como sinônimo para a terapia cognitivo
comportamental, foi desenvolvida entre 1960 a 1970 por Aaron Beck, como uma forma de
psicoterapia. A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) constitui uma integração de
conceitos e técnicas cognitivo-comportamentais, que se diferem conforme o enfoque
predominante, cognitivo ou comportamental. Essa terapia é considerada por muitos como a
principal abordagem cognitiva da atualidade, além de ser muito efetiva na redução de sintomas
e taxas de recorrência, em uma abrangente diversidade de transtornos psiquiátricos, como
mostram as pesquisas e a prática clínica (BECK, 2022; REYES; FERMANN, 2017).
A terapia cognitivo comportamental parte do pressuposto de que são as interpretações
sobre os fatos/eventos que fazem as pessoas se sentirem ou reagirem de determinada forma, e
não o fato em si que provocam essas alterações. As cognições (tanto as adaptativas quanto as
mal-adaptativas), possuem três níveis: os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias,
e as crenças centrais. O modelo cognitivo afirma que ao modificar essas cognições, haverá
influências nas emoções e comportamentos, modificando-os. Desta forma, compreende-se que
detectar e transformar essas crenças disfuncionais significa, possibilitar, também, a alteração
das reações comportamentais e emocionais do indivíduo em decorrência da ativação de tais
crenças (ALVES et al., 2017; BECK, 2022; REYES; FERMANN, 2017).
Os pensamentos automáticos são interpretações imediatas e, no nível mais superficial,
ligadas aos eventos, as crenças intermediárias, como os pressupostos subjacentes, são regras,
atitudes e suposições do sujeito, e as crenças centrais ou crenças nucleares, em um nível mais
profundo, são entendimentos enraizados desenvolvidos pelas pessoas ao longo da vida, sobre
si mesmas, sobre os outros e o sobre o mundo, formando nas crenças centrais a chamada tríade
cognitiva (BECK, 2022; REYES; FERMANN, 2017).
Nas crenças nucleares disfuncionais/negativas, encontram-se três categorias (quadro 1),
a categoria de desamparo, no qual se sentem inadequados, incapazes de realizarem as coisas, a
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“Sou alguém impossível de ser amado, desagradável, indesejável, pouco atraente, chato, sem importância e
dispensável.”
“[Não vou ser aceito ou amado pelas outras pessoas porque] sou diferente, um nerd, mau, defeituoso, não sou
suficientemente bom, não tenho nada a oferecer e tem alguma coisa errada comigo.”
“Certamente serei rejeitado, abandonado e ficarei sozinho.”
cognitivas são comuns de acontecer e podem ocorrer com qualquer pessoa (ROSA; LOPES,
2013; ROUBUSTE; LÜDTKE, 2015).
Esta conceituação é denominada como forma de categorizar os erros típicos desses
pensamentos (quadro 2) que podem dar origem a crenças e comportamentos desadaptados. As
distorções fazem parte dos componentes do funcionamento psíquico do sujeito, como base de
conteúdo a serem avaliados para a formulação da conceituação cognitiva e elaboração do
planejamento terapêutico (ROSA; LOPES, 2013; ROUBUSTE; LÜDTKE, 2015).
3 MÉTODO
Esta pesquisa diz respeito aos pensamentos automáticos de estudantes universitários que
relatam ansiedade frente ao TCC. Trata-se de um estudo qualitativo, de pesquisa de campo,
com o propósito de obter informações referentes a um problema, hipótese ou para descobrir a
relação entre eles, procurando, desta forma, uma resposta para os mesmos. Essa pesquisa de
campo foi do tipo exploratória, que busca o conhecimento para elaboração de questões ou
problemas, e possuiu como intuito apresentar hipóteses, alterar e clarificar os conceitos
(MARCONI; LAKATOS, 2003).
3.1 PARTICIPANTES
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Foram selecionados para a pesquisa 1(um) aluno do nono semestre e 9 (nove) estudantes
do décimo semestre, 10 pessoas escolhidas com uma característica em comum ao relato de
ansiedade frente ao TCC, com idades entre 22 a 35 anos. Todos os entrevistados não possuem
filhos, dois são casados, e os demais, solteiros e moram com os pais, fechando uma amostra de
10 participantes.
Foram excluídos da pesquisa os indivíduos que negaram experienciar ansiedade,
portanto, antes, havia uma amostra de 11 alunos. Uma dentre estes, atendeu ao critério de
exclusão, não atendendo aos critérios de ansiedade.
A amostra caracteriza-se por intencional, quando se investiga somente uma parcela da
população, desse modo, foi realizada a pesquisa com apenas uma porção de participantes
(MARCONI; LAKATOS, 2003).
No primeiro passo, foi realizada uma filtragem para saber quais alunos experienciavam
ansiedade frente ao TCC. Para essa busca de participantes para a entrevista, foi disponibilizado
um recado convidativo nos grupos de WhatsApp, explicando sobre a pesquisa, por um
formulário no Google Forms. O preenchimento do formulário consistia em dados pessoais e
disponibilidade para a entrevista. Posteriormente, a pesquisadora entrou em contato com estes
estudantes e explicou melhor e mais profundamente sobre a pesquisa e o funcionamento da
entrevista. Por fim, foi combinada a data e o horário da entrevista com o participante.
Para a coleta de dados foi realizada uma entrevista semiestruturada, para analisar e
classificar os pensamentos automáticos dos universitários. A entrevista, o encontro de duas
pessoas para obtenção de dados de um determinado tema ou assunto específico, foi realizada
em uma clínica escola, por ser um ambiente tranquilo e sem interrupções, com horário marcado
e um por vez. O instrumento da coleta de dados continha perguntas para atender a proposta
deste estudo, a partir de respostas como os sintomas e os pensamentos automáticos. Outras
informações necessárias, como idade, sexo, profissão (com ou sem vínculo empregatício) foram
avaliadas com as demais respostas (MARCONI; LAKATOS, 2003).
Os aspectos éticos que conduziram esta pesquisa foram submetidas às exigências do
Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, conforme previsto na resolução CSN/466/12
e 510/16. Todos os participantes receberam o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE), de forma que todos estavam com suas identidades preservadas, em anonimato. Os
participantes da pesquisa ficaram livres para desistirem de participar. Caso o participante não
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as doze distorções cognitivas propostas por Beck (2022), as que aparecem na
pesquisa são: declaração do tipo tenho que ou deveria, catastrofização, pensamento do tipo tudo
ou nada, leitura mental, generalização excessiva e rotulação. Entre os principais pensamentos
que ocorrem para os alunos quando se referem ao TCC, são pensamentos do tipo “tenho que ou
deveria” e “catastrofização”, vistos com sete e cinco resultados, respectivamente.
O pensamento do tipo “tenho que ou deveria”, é considerado também como imperativo,
neste caso o indivíduo possui uma ideia fixa precisa de como ele ou os outros precisam agir, e
superestima o quanto vai ser ruim se essas expectativas não forem atingidas, e a
“catastrofização”, também conhecida como advinhação, ocorre quando o indivíduo prevê o
futuro de forma negativa sem considerar outras opções de desfechos prováveis (BECK, 2022).
A pesquisa de Román e Savoia (2003), desenvolvida com atletas de alto desempenho,
buscando identificar os pensamentos automáticos, apontam de forma semelhante aos resultados
obtidos nesta pesquisa, com algumas distorções cognitivas em comum, tais como:
catastrofização, pensamento do tipo tudo ou nada e generalização. Logo, correlaciona-se o alto
desempenho dos atletas com o desempenho dos universitários, visto que possuem uma grande
demanda de si mesmos para obterem rendimento e produzirem os projetos.
Assim, tais aspectos supracitados, concordam com o modelo cognitivo de Beck (2022),
nas quais as cognições possuem influência na emoção e no comportamento do indivíduo, ou
seja, a interpretação distorcida que ambos fazem das situações em si, gera ansiedade e sintomas,
simultaneamente, em que outros atletas e estudantes possuem pensamentos funcionais e,
consequentemente, ficam tranquilos com a situação ou possuem comportamentos mais
adaptativos.
Os pensamentos funcionais, conforme Beck (2022), são aqueles que apresentam uma
flexibilidade cognitiva, onde encontram outras formas de pensar e geram um comportamento
mais adaptativo. Nesta pesquisa, além dos pensamentos distorcidos, foram encontradas
respostas funcionais, como os pensamentos: “Vai dar tempo (-P8) ”; “Tenho tempo para fazer,
eu consigo (-P3)”, relacionados a entrega do TCC. “Vai dar certo (-P2)”; “Vai ser bom, a
professora vai me ajudar (-P7)”.
A TCC utiliza diversas técnicas para trabalhar os pensamentos distorcidos, em conjunto,
elas propiciam melhoras como benefício da tolerância aos riscos, às incertezas e à ansiedade.
Na terapia cognitivo comportamental, conforme Beck (2022), a intervenção para o tratamento
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dos pacientes e a melhora deles, é realizada numa relação por meio do terapeuta e a colaboração
ativa do paciente. Isto é, o indivíduo aprende e identifica suas próprias questões até que receba
alta e se torne seu próprio terapeuta.
Algumas das técnicas utilizadas pela TCC são: identificação de pensamentos
imprecisos, exame das evidências a favor e contra pensamentos automáticos, desafio e mudança
de pensamentos desadaptativos, alteração de comportamentos problemáticos e relacionamento
mais adaptável com outras pessoas (ARRIGONI et al., 2021).
Uma das técnicas da TCC é o exame das evidências a favor e contra pensamentos
automáticos, no qual o indivíduo levanta evidências a favor ou contra determinado pensamento
que possui, identificando se tal pensamento é realmente verdadeiro ou se é apenas uma
distorção. Outra técnica é a reestruturação cognitiva, uma integrante da terapia cognitivo
comportamental, na qual auxilia o paciente a reconhecer e modificar seus pensamentos
(ARRIGONI et al., 2021). Com isso, os estudantes podem identificar seus pensamentos,
compreenderem a presença de padrões de comportamento, se se repetem em outros momentos
ou não, e, modificá-los de forma que irá refletir em como se sentem, reagem e se comportam,
possuindo formas mais adaptativas de enfrentar o TCC.
Diante disso, conforme a proposta deste trabalho, foi possível observar diversas
situações relacionadas ao TCC enfrentados pelos estudantes, para identificar se há variações
nos sintomas quando se diferem os momentos. Desta forma, apresenta-se abaixo, tabelas
referentes às 4 perguntas: 1) Você possui algum desses sintomas quando lembra do prazo de
entrega do TCC?; 2) Você possui algum desses sintomas quando pensa em ter que apresentar o
TCC em público?; 3) Você sente algum desses sintomas quando está frente ao supervisor?; 4)
Sente algum sintoma ao pensar em TCC?
Tabela 3 - Sintomas relatados quando pensam em ter que apresentar o TCC em público.
Sintomas Frequência Participantes
Taquicardia 6 P2, P3, P5, P7,P8, P9
Tensão Muscular 4 P2, P5, P7, P9
Nenhum 3 P1, P4, P10
Boca seca 3 P2, P6, P7
Suor 3 P2, P5, P8
Falta de ar 2 P5, P6
Dificuldade de se concentrar 2 P2, P9
Dificuldade para dormir 1 P2
Gagueira 1 P9
Dor de barriga 1 P5
Vontade de urinar 1 P5
Vermelhidão 1 P9
Tremor 1 P8
Fonte: Elaboração da autora, 2022.
Os sintomas apresentados pelos estudantes quando pensam em ter que apresentar o TCC
em público, foram: taquicardia, tensão muscular, falta de ar, boca seca, suor, dificuldade de se
concentrar, dificuldade para dormir, gagueira, dor de barriga, vontade de urinar, vermelhidão e
tremor. Posto os sintomas relatados, taquicardia obteve maior resultado, possuindo 6
participantes, seguido por tensão muscular, com 4 participantes, e 3 participantes que
responderam não sentir nenhum sintoma quando pensam em ter que apresentar o TCC em
público.
A tabela 5, referente aos sintomas relatados pelos estudantes quando pensam no TCC
foi a que obteve maiores índices de respostas. Os sintomas descritos foram: taquicardia,
irritabilidade, dificuldade de se concentrar, tensão muscular, suor, falta de ar, boca seca,
dificuldades para dormir, tristeza, angústia e frio na barriga. Apenas a participante P2
selecionou apenas um sintoma, dificuldade para dormir, e os demais sentem de dois para mais
sintomas.
Os sintomas de maiores destaques entre os estudantes são do tipo somáticos, aparecendo
em todos os momentos e com maior frequência, a taquicardia, por exemplo, mostra-se em alta,
já os sintomas cognitivos aparecem mais quando os acadêmicos lembram do prazo de entrega
e do TCC. Por meio dos sintomas apresentados nesta pesquisa, pode-se deferir que se
enquadram nos sintomas de ansiedade, e corroboram com os estudos de Paulino (2019),
afirmando que tensão, desconfortos e sintomas como taquicardia, boca seca, são decorrentes
desse estado de emoção: a ansiedade.
Desse modo, conforme Lúcio et al. (2019), mediante à antecipação de perigo de algo
desconhecido ou incomum, o indivíduo não sabe o que vai acontecer, no entanto, sente medo e
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As classes encontradas pelos estudantes para lidar com a ansiedade foram: esquiva,
relaxamento, resolução de problemas e autolesivos. Observou-se que cada participante ficou
em apenas uma classe, com exceção do participante P2 que possui duas: estratégias de esquiva
e relaxamento.
As estratégias de enfrentamento encontradas, podem se diferenciar entre adaptativas e
desadaptativas, ou seja, ajudam o indivíduo a lidar com a ansiedade ou atrapalham, favorecendo
ainda mais a mesma. Com isso, a única classe favorável é a de resolução de problemas, na qual
os indivíduos param e resolvem seus problemas, encaram o TCC, enfrentam realmente, de
forma que conseguem adiantar, terminar ou dar um andamento no projeto, aliviando sua
ansiedade.
Já no caso das outras classes, o indivíduo apenas encontra estratégias para lidar com a
ansiedade naquele momento, de maneira passageira, isto é, o problema não é resolvido, apenas
deixado de lado. Neste caso, surge a procrastinação, apresentado pelos participantes desta
pesquisa, nos quais adiam muito suas atividades, deixando para outra hora.
Essas estratégias de enfrentamento adotadas pelos estudantes fazem parte do estado de
emoção que é a ansiedade, corroborando com o estudo de Lúcio et al. (2019), em que se
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos esperados com esta pesquisa foram obtidos, visto que, apresentaram os
pensamentos automáticos mais recorrentes de estudantes universitários que relataram ansiedade
frente ao TCC, pois apareceram tanto pensamentos funcionais quanto disfuncionais, sendo o
último os pensamentos e as distorções classificadas na pesquisa. As interpretações feitas pelos
estudantes com relação ao TCC geraram pensamentos, produzindo sintomas, que ao serem
avaliados se confirmaram e encaixaram com os mesmos apresentados pelo estado de emoção,
sendo a ansiedade. Com isso, compreende-se que não é o TCC em si que gera temor e sim a
interpretação que os estudantes fazem deste evento.
No que se refere aos pensamentos funcionais, os indivíduos também possuem
ansiedade, no entanto, ela possui um viés mais motivador (benéfico) que ajuda o indivíduo e o
impulsiona a realizar seus afazeres. É necessário transformar o pensamento disfuncional dos
estudantes em funcional para um melhor desempenho no projeto, visto que, ao modificar estes
pensamentos, alteram-se, também, as reações fisiológicas e comportamentais. Os estudantes
dependem de si mesmos para realizarem seus projetos, deste modo, este artigo é de grande
importância, pois há maneiras para aprender a identificar esses pensamentos e prevenir a
ansiedade, além de servir como um alerta e possibilitar maior atenção em si próprios.
Foi possível identificar de forma clara os sintomas relatados pelos estudantes e concluir
que não possuem apenas uma situação ansiogênica, e sim, um conjunto de situações que
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envolvem o TCC. Todas as situações apresentaram sintomas, com menor frequência a situação
de estar em frente ao supervisor, no entanto, enquadra-se como ansiogênica devido aos
resultados obtidos e ao contexto.
Em relação ao objetivo de relatar as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos alunos
perante a ansiedade emocional e comportamental, os resultados demonstram que a ansiedade
realmente atrapalha os indivíduos, pois possuem dificuldades para se concentrar, e outros
sintomas. E, a partir das estratégias de enfrentamento desadaptativas realizadas, atrapalham
ainda mais os indivíduos, favorecendo a ansiedade e seus sintomas. No entanto, também foram
encontradas estratégias de enfrentamento adaptativas, nas quais o indivíduo encara o problema
e resolve, auxiliando o indivíduo a diminuir a ansiedade e seus sintomas, logo, foram duas
formas que os estudantes encontraram para enfrentar as situações e a ansiedade.
Por fim, a pesquisa possibilita o subsídio a novos estudos, como por exemplo o motivo
de alguns participantes não sentirem nenhum sintoma quando pensavam em ter que apresentar
o TCC em público e quando estavam frente ao supervisor, posto que há muito a ser estudado,
pesquisado e aprofundado. Além disso, com a informação passada pelos professores e
orientadores a respeito da existência deste projeto, para os estudantes, este trabalho poderá
proporcionar aos universitários formas de intervenção e atenção com os próprios sintomas e
situações.
REFERÊNCIAS
BECK, Judith S. Terapia cognitivo comportamental: teoria e prática. 3. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2022.
OLIVEIRA, J. S.; SILVA, F. A. B. da; MELO, E. C. de. Mudanças na qualidade de vida dos
estudantes universitários perante o trabalho de conclusão de curso. Temas em Saúde, João
Pessoa, v. 21, n. 1, p. 149-171, ago. 2021. Disponível em: https://temasemsaude.com/wp-
content/uploads/2021/02/21108.pdf. Acesso em: 18 abr. 2022.