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CURSO DE PSICOLOGIA
Niterói
2021
EMILLY COSTA FERREIRA
Niterói
2021
EMILLY COSTA FERREIRA
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________________________________
Profª. Ms. Carla Maria Portella Dias Bezerra – Orientadora
Faculdades Integradas Maria Thereza - FAMATH
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Profª. Ms. Bárbara Penteado Cabral
Faculdades Integradas Maria Thereza - FAMATH
____________________________________________________________________
Profª. Dra. Leda Lucia Garcia Rosa Rebello
Faculdades Integradas Maria Thereza - FAMATH
A todos que estiveram comigo
nessa jornada heroica.
AGRADECIMENTOS
Anne Cuthbert.
FERREIRA, Emilly C. O Transtorno de Pânico na Perspectiva Junguiana. Monografia,
Curso de Graduação em Psicologia. Faculdades Integradas Maria Thereza, Niterói,
2021.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................
REFERÊNCIAS..........................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
pânico eram provindos do Deus Pã1, existente na mitologia Grega. Pessotti (1995)
relata que o sofrimento psíquico era um castigo dos deuses irritados com a hybris
(arrogância) dos homens.
Nardi (2013) aponta que os possíveis sintomas atrelados ao medo excessivo
que compõem aos quadros de ansiedade, também podiam ser interpretados
mediante o distanciamento das pessoas com Deus, segundo a bíblia na visão cristã:
categoria diagnóstica. Apesar de rudimentar, o manual serviu para motivar uma série
de revisões sobre questões relacionadas às doenças mentais.
Em 1968 os transtornos de ansiedades são colocados no DSM-II; em 1980
ocorre a publicação da terceira edição do DSM e o mesmo foi revisado em 1987
para DSM-III (DSM-III-R). Havia uma crença de que as questões hereditárias e
biológicas poderiam influenciar nas emoções que compõem assim os transtornos de
ansiedade, Vianna, Campos e Fernandes (2010) para elucidarem essas questões,
relatam o caso do pequeno Hans, um paciente de Sigmund Freud, que tinha 5 anos
e possuía um quadro de neurose fóbica. Houve-se assim um interesse dos médicos
da época em se debruçarem nos estudos desses casos clínicos frente à
compreensão dos mesmos. Outro fator importante a se mencionar que gerou um
grande interesse dos médicos da época, em especial do Spilberger (1973), foi em
relação ao alto índice das crianças órfãs devido à segunda Guerra Mundial e uma
possível ligação com o quadro sintomático das mesmas.
Vianna, Campos e Fernandez (2010) relatam que por um longo período as
categorias nosológicas (a parte da medicina que estuda a descrição e classificação
das doenças) relacionadas à ansiedade estavam descritas conceitualmente em
manuais como o DSM ou a CID circunscritas à idade adulta. Essa noção difundida
até então era a de que os medos e as preocupações durante a infância eram de
curso transitório. Ainda de acordo com os autores, em 1975, a CID-9 incluiu a
descrição de uma categoria mais ampla, nomeada de distúrbios das emoções, com
início específico na infância, que incluía dois distúrbios ansiosos: o distúrbio de
ansiedade excessiva e o distúrbio da sensibilidade, timidez e retração social. O
DSM-III em 1980, seguindo a mesma tendência, apresentou uma nova seção
destinada aos transtornos mentais diagnosticáveis pela primeira vez na infância.
Por volta de 1994 foi lançada a quarta edição do DSM. Em 2000 houve a
publicação do DSM revisado, chamando-o assim de DSM- IV (DSM-IV-TR). Pode-se
perceber no que concerne ao primeiro DSM e os transtornos de ansiedade uma
ligação com os transtornos psicogenéticos, ou seja, sua origem se dava sem uma
explicação ou uma causa estabelecida, sendo assim assinalados como transtornos
psiconeuróticos, originando desta forma o termo utilizado atualmente. Segundo
Nardi (2013) foram classificados da seguinte forma:
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a unidade perdida, ajudando então a fortalecer lhes a psique, para que ela pudesse
resistir a qualquer futuro desmembramento.
Segundo Grinberg (2017), o ego é o centro da consciência, logo, as imagens,
emoções, sentimentos e ideias só podem ser conscientes se estiverem associados
ao ego. Não é possível haver consciência sem o ego. O ego representa o indivíduo e
todas suas tentativas de adaptação na vida e realização por meio de suas vontades.
Ele possui um papel muito importante dentro da economia psíquica, sendo aquele
que organiza, avalia, raciocina e organizar os conteúdos da vida do sujeito.
De acordo com Grinberg (2017), o ego possui certa quantidade de energia, e
mediante a concentração da mesma, o indivíduo pode escolher alguns conteúdos e
se livrar de determinados conteúdos. Canalizando assim essa energia para mudar
processos reflexos ou instintivos, ou seja, a vontade. Além da vontade a memória
também se inclui na parte psíquica do ego, ela é responsável pela relação com a
aprendizagem e a capacidade da conscientização de situações que se atrelam na
vida do indivíduo.
Conforme Grinberg (2017), é através da memória que pode adquirir-se um
sentido contínuo e histórico de identidade pessoal. Logo, só pode-se estar
consciente de si mesmo se o sujeito puder lembrar-se do que fez e puder também
planejar as atividades futuras. Por esse motivo, para dar um sentido à existência é
fundamental estar consciente dela. É através do ego que cada indivíduo tem a
consciência de sua existência e o sentimento de ser igual a si mesmo. No entanto,
essa identidade do ego consigo mesmo, é fundamentada na consciência das
percepções do próprio corpo. Grande parte dessas percepções são subliminares,
inconscientes, sendo assim indispensável o empenho e a vontade conscientes para
conhecê-las.
Segundo Grinberg (2017) todos os conteúdos que o indivíduo não sabe, não
se encontram ligados ao seu ego, ou seja, ao centro do campo de consciência, logo,
esses conteúdos são inconscientes e fazem parte do inconsciente pessoal. E esses
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É possível que essas vivências tenham sido muito dolorosas para a pessoa,
carregando assim um intenso potencial afetivo que difere da atitude consciente.
Segundo Silveira (1981), o inconsciente pessoal contém também as
características que não agradam o sujeito por alguma razão, isto é, os atributos de
sua personalidade que ele nega de si próprio, compondo assim o lado sombrio. Por
mais que esses componentes não estejam integrados ao ego, eles não deixam de
atuar e devem-se influenciar os processos conscientes. Sendo capazes de gerarem
distúrbios de natureza psíquica e somática.
Já o inconsciente coletivo segundo Hall e Nordby (1980) é a parte da psique
que se distingue do inconsciente pessoal, pois, os conteúdos do inconsciente
pessoal já foram de certo modo conscientes, enquanto os conteúdos do inconsciente
coletivo jamais foram vivenciados na vida desse sujeito. Sendo assim, o
inconsciente coletivo é um reservatório de imagens latentes denominadas de
“imagens primordiais” por Jung. Primordial porque elas representam e significam o
que é de “primeiro” ou “original”, ou seja, essa imagem primordial diz respeito ao
desenvolvimento mais primitivo da psique.
De acordo com Hall e Nordby (1980) o homem herda tais imagens do
passado ancestral, incluindo todos os antecessores humanos, como os pré-
humanos ou animais. Estas imagens étnicas não são herdadas no sentido de o
sujeito lembrar-se de forma consciente, ou ter visões como as dos antepassados,
elas são predisposições ou potencialidades no experimentar e na forma com que a
pessoa responde ao mundo tal como os antepassados.
Silveira (1981) relata, que os arquétipos são matrizes arcaicas, onde suas
configurações, análogas ou semelhantes, tomam forma. Grinberg (2017) descreve
que o inconsciente coletivo é a camada mais profunda do inconsciente e
corresponde a imagem do mundo que levou eras e eras para se formar, ou seja,
nessa imagem cristalizou-se os arquétipos de acordo com as leis, princípios
dominantes e correspondentes, eventos que aconteceram no clico de experiências
da alma humana. Não se pode ver o inconsciente coletivo, pode-se apenas perceber
sua existência a partir de várias imagens e símbolos que independem de raça ou
cultura, os quais surgem através dos mitos, nos contos de fadas, nos sonhos e no
folclore de todas épocas e lugares.
Silveira (1981) desenvolve esse conceito:
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A projeção é um processo inconsciente automático, através do qual um conteúdo inconsciente para
o sujeito é transferido para um objeto, fazendo com que este conteúdo pareça pertencer ao objeto.
(Jung, 2000)
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para entender o motivo. Ele embasou-se na física para contextualizar esse conceito.
Ao que concerne esse campo energético não é possível afirmar suas características
ou suas virtudes em sua genealogia, somente é possível compreende-lo em sua
expressão final. Pode-se observar a quantidade de energia que foi envolvida no
fenômeno devido a sua intensidade.
Ainda de acordo com Moraes (2011), Jung entendeu que para ter uma
compreensão adequada da psique num modelo teórico deveria considerar um
sistema energético relativamente fechado. A energia nesse sistema seria
teoricamente a mesma, o que mudaria seria a distribuição da energia entre o
inconsciente e a consciência. Logo, a vida psíquica pode ser entendida como a
fluidez da energia entre o sistema psíquico constituído pelo inconsciente e a
consciência. No momento em que ocorre um desiquilíbrio, uma distribuição
inapropriada ou ocorre um bloqueio da distribuição dessa energia psíquica, acontece
o que se pode compreender como o adoecimento psíquico. A energia psíquica é
conjuntamente o “psiquismo” e o “combustível” que traz o movimento ao psiquismo.
As ações e os processos psíquicos necessitam de energia disponível ou da
transformação da energia de um nível para outro. Moraes (2011) descreve, a
concepção de progressão e regressão que é essencial nesse processo da seguinte
forma:
inicial que acontece na vida da pessoa marca seu percurso, isto é, o sujeito buscará
algo impossível de se achar ou que quase nada sabe. Dar conselhos para essa
pessoa do que deveria ou não fazer em nada auxilia, pois, só há uma atitude que
pode alcançar um resultado, a pessoa voltar-se para esses conteúdos sombrios que
se aproximam, sem nenhum pudor, preconceitos e com toda simplicidade tentar
descobrir qual o objetivo oculto e o que mesmo vem solicitar do sujeito. Conforme
relata a Franz:
Para Franz (2016), a finalidade oculta desses aspectos sombrios não são
vulgares, ao contrário, são muito especiais e surpreendentes. Aparecem através dos
sonhos e das fantasias que surgem através do inconsciente. Se o analista focar sua
atenção ao inconsciente sem ideias apressadas e reprovações emocionais,
perceberá um curso de imagens simbólicas muito proveitosas. Porém não é sempre
que isso acontece, em algumas situações o que surgem são certificações dolorosas
de que existe algo “errado” no sujeito e em suas atitudes conscientes.
Silveira (1981) relata, que toda pessoa se destina a realizar o que já existe em
si, a crescer, a completar-se. O desenvolvimento dessas forças potentes reside no
inconsciente. Quando o sujeito consegue criar um elo entre seu consciente e seu
inconsciente, eles se unem então numa síntese. O processo de individuação não é
linear, é um movimento de circunvolução, ou seja, é realizado em círculo e leva o
indivíduo à um novo centro psíquico. Silveira (1981) diz, que existem duas
confusões que permeiam o conceito de individuação e que necessitam ser
esclarecidas, são elas:
das duas partes, esta é a função transcendente, que se manifesta como uma virtude
de opostos conjugados. Nesse processo podem surgir muitas sincronicidades como
explicita Stein (2020):
entre eles. No entanto eles se afinam de forma mútua como expressão da natureza
evolutiva e a habilidade de autorregulação da Psique.
4.1.1 O Deus Pã
Ainda de acordo com Magalhães (2019), a situação mais grave das crises de
angústia foi nomeada de pânico, transtorno de pânico. A palavra “pânico” provém do
deus grego da natureza, o deus Pã, ao qual já propagava terror pelos bosques da
Arcádia, há mais dez séculos antes de Cristo. Segundo a mitologia grega, Pã é filho
do deus Hermes com a princesa Dríope, sua fisionomia pavorosa causou um temor
em seu nascimento. Pã é metade humano e metade bode da cintura pra baixo,
quando sua mãe o viu fugiu apavorada. Logo ele surge no mundo realizando seu
propósito de vida, trazendo o pânico nos humanos.
Magalhães (2019) relata que no Olimpo Pã foi muito bem recebido, com alegria
e festa pelos os outros deuses, no entanto essa receptividade não se deu com os
humanos. Pã cresceu com o corpo peludo, pernas, cascos, chifres e barbicha de
bode. Sua imagem brutal e selvagem era destacada pela feição bestial e perversa,
devido às aparições inesperadas em locais ermos e que ocorriam com frequência no
meio da noite. As vítimas de Pã (as Ninfas) eram tomadas de pavor diante de sua
feição brutal e o ataque inesperado, eram pegas num instante de distração nos
bosques. Magalhães (2019) conta, que Pã e as Ninfas fazem parte da mesma
psique, como pode-se ver abaixo:
Ulson (1984) relata, que desde o início da nossa era e no decorrer de toda a
Idade Média a imagem de Pã estava associada ao demônio, perdendo assim todo
seu lado positivo. Contrera (2002) conta que, Pã era precisamente um autêntico
representante desse mundo, um deus grotesco, que significa “da gruta”, isto é, um
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deus que vive no interior das cavernas, das grutas, no útero da Mãe Terra. Sua
aparência híbrida, metade homem, metade bode, significa a aproximação com o
mundo animal, com um mundo vívido e pulsante dos campos e das plantações.
De acordo com Ulson (1984), conforme nossa cultura foi se tornando cada
vez mais racionalista, mais Pã foi visto como o próprio mal.
Ulson (1984) diz, que os gregos eram muito conscientes de seus lados
positivos e negativos. Observavam neles uma ameaça de dissociação e
fragmentação, no entanto, havia também seu aspecto de unificação e que
proporcionava a vivência total do sujeito. Portanto, quando a morte de Pã foi
anunciada no primeiro século depois de Cristo, houve-se uma grande repressão
para o inconsciente da dinâmica desse grande deus. Na psicologia analítica
entende-se os Deuses como arquétipos do inconsciente coletivo, e que atuam na
psique humana mesmo que sejam suprimidos da consciência. Prosseguem em suas
ações e fazendo-se presentes com outros nomes. Os deuses tornaram-se doenças.
Não procuramos mais os Deuses no Olimpo, nem nos antigos cultos, templos ou
estátuas do passado, nem mesmo em seus dramas e narrativas míticas. Em vez
disso, os Deuses aparecem em nossas desordens (HILLMAN, 1993).
Ainda segundo Magalhães (2019), nas crises de ansiedade a consciência
perde-se, encontra-se imatura. O indivíduo está debilitado em relação ao
desenraizamento do inconsciente, sente-se em um cerco, tomado por uma presença
ameaçadora de forças as quais ele não possui nenhum controle e fica atemorizado.
Magalhães (2019) explica, que o horror ao grande Pã se tornou a Síndrome do
Pânico, como pode-se ver abaixo:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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NARDI, A. E., Transtorno de pânico: teoria e clínica. Porto Alegre: Artmed Editora.
2013.