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FACULDADE DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS

HUMANAS - FATECH
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E
INSTITUCIONAL

Avaliação, Diagnóstico e Intervenção em Psicopedagogia


Clínica e Institucional

Prof. M.e Rodrigo Trindade


À Guisa de Definição ...
A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem
humana.
Como se preocupa com o problema da
aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente
dos processos de aprendizagem.
E se preocupa como se aprende, como esta
aprendizagem varia evolutivamente e está
condicionada por vários fatores, como se
produzem as alterações na aprendizagem,
como reconhecê-las, tratá-las e preveni-las.
O Diagnóstico Psicopedagógico
O diagnóstico Psicopedagógico possui especificidade
própria que permite, diante de uma “queixa motivo” de
dificuldades de aprendizagem, fazer uma leitura dinâmica de
forma global, envolvendo o sujeito, a família e o processo
de escolarização, como resultado de um conjunto de
interrelações complexas.
 Para tanto faz-se necessária a escolha de referências teóricas
que dêem respaldo aos instrumentos usados na avaliação e
aos resultados obtidos na mesma;
 Devido a complexidade de seu objeto de estudo, são
importantes à psicopedagogia conhecimentos específicos de
diversas outras teorias, as quais incidem sobre os
conhecimentos específicos de diversas outras teorias.
Diálogos Epistemológicos
A Psicanálise encarrega-se do mundo
inconsciente, das representações profundas,
operantes através da dinâmica psíquica que
se expressa por sintomas e símbolos,
permitindo-nos levar em conta a face
desejada do homem;
A Psicologia Social encarrega-se da
constituição dos sujeitos, que responde a
relações familiares, grupais e institucionais,
em condições socioculturais e econômicas
específicas e que contextualizam toda a
aprendizagem;
Diálogos Epistemológicos
A Epistemologia e a Psicologia Genética se encarregam
de analisar e descrever o processo construtivo do sujeito
em interações com outros e com objetivos;
 A Linguística traz a compreensão da linguagem: a língua
enquanto código disponível a todos os membros da
sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e
historiado de acesso a toda estrutura simbólica;
 A Pedagogia contribui com as diversas abordagens do
processo ensino-aprendizagem, analisando-o do ponto de
vista de quem ensina;
 Os fundamentos na Neuropsicologia possibilitando a
compreensão dos mecanismos cerebrais que subjazem ao
aprimoramento das atividades mentais.
O que e como se aprende??!!
Alguns caminhos diagnósticos
1. E.F.E.S.
2. Entrevista de Anamnese
3. Sessões lúdicas centradas na aprendizagem
4. Complementação com provas e testes
5. Síntese diagnóstica - Prognóstico
6. Entrevista de devolução e encaminhamento

(Maria Lúcia Weiss)


Alguns caminhos diagnósticos
1. Anamnese (história de caso)
2. Testagem de provas pedagógicas
3. Laudo (síntese das conclusões e
prognóstico)
4. Devolução (verbalização do laudo) ao
paciente e/ou aos pais (Transtorno da clínica
psicológica

(Modelo Biomédico)
Alguns caminhos diagnósticos
1. E.O.C.A. (levantamento do 1º sistema de
hipóteses, definições das linhas de investigação,
escolha de instrumentos)
2. Testes (levantamento do 2º sistema de
hipótese e investigação)
3. (Anamnese – verificação e decantação do 2º
sistema de hipóteses, formulação do 3º sistema
de hipóteses)
4. Elaboração do informe Psicopedagógico.

(Jorge Visca)
Alguns caminhos diagnósticos
 1.Entrevista com a Família: 1.1 Contatos anteriores
a consulta 1.2 Escuta do motivo da consulta 1.3
História vital ou anamnese
 2 Entrevista com o sujeito: 2.1 Escuta do motivo da
consulta 2.2 Instrumentos escolhidos pelo
psicopedagogo com base nas necessidades 2.3
Devolutiva ao sujeito
 3 Contato com a escola (Prévio ao finalizar)
 4 Contato com outros técnicos
 5 Devolutiva e encaminhamento (Edith
Rubstein)
O diagnóstico do aprendizado
O diagnóstico do aprendizado ou
psicopedagógico se diferencia dos
psicodiagnósticos em geral e ao da
criança em particular, a partir das
particularidades do objeto de estudo e se
conjuga na matriz do pensamento e
processos diagnósticos.
Matriz do Pensamento Diagnóstico
Instrumento conceitual, que embasa a ação
e apresenta os estados do objeto sem que
o mesmo perca a unicidade apresentada
pela epistemologia convergente apóia-se
em princípios interacionistas,
construtivistas e estruturalistas.
A matriz está organizada em três partes:
diagnóstico propriamente dito,
prognóstico e indicações
Epistemologia Convergente de Jorge
Visca
Momento Diagnóstico para Visca:
refere-se a caracterização do sujeito e
do meio onde se manifesta o sintoma
no momento do diagnóstico, fundado
no pressuposto que o sintoma é o
emergente da interação do
subsistema, personalidade com o
sistema social e seus mediadores;
Momento Diagnóstico e suas variantes
Análise do contexto em que se desenvolve
o processo de aprendizagem; leitura de
sintomas que emergem na interação social
voltada para o sujeito que aprende;
explicação de causas que coexistem
temporalmente com o sistema; explicação
da origem desta causa; análise do
distanciamento do fenômeno em relação
aos parâmetros considerados aceitáveis.
Momento Diagnóstico e suas variantes
Podem ser observados aspectos como: as
características da instituição educacional
(aprendizagem sistemática), comunidade
(aprendizagem assistemática), como as
condutas exigidas que ajudam na manifestação
ou não das dificuldades em um outro campo.
Dentro da caracterização interessa: sexo, idade,
meio cultural..., que permitem a compreensão
de se a conduta é ou não sintomática.
Momento Prognóstico para Visca
Definição: Levantamento de hipóteses
sobre a configuração futura do fenômeno
atual, na presença e na ausência dos
processos corretores;
Terapia no campo do aprendizado
sistemático (alexia, dislexia, TDAH...), e
assistemático (sem nomenclatura) podem
ou não ser acompanhados de sintomas,
expectativas.
As Causas Internas e os Sintomas
São de extrema relevância para a
orientação, também, das indicações e
recomendações;
As causas que podem provocar o
aparecimento de sintomas são três: 1. A
afetividade (predomina os oponentes
energéticos da aprendizagem) 2. As
funcionais 3. O estágio de pensamento
(cognitivo).
ROTEIRO DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
PSICOPEDAGÓGICA POR JORGE VISCA
1° Momento (Escuta da Queixa): que ao
longo da avaliação pode ou não ser
corroborada;
– Com os Pais/Representantes da Família: observar
a significação do sintoma na família ou, com maior
precisão, articulação funcional do problema de
aprendizagem;
 - Com a Escola (professor orientador) observar a
significação do sintoma na escola; e para o
professor, reações dos membros da escola ao
assumirem o problema.
1° Momento (Escuta da Queixa):
COM O SUJEITO observar a visão do sintoma
para o sujeito;
Significação do problema para o sujeito -
Sentido do que o sujeito espera de sua
intervenção - Observar as modalidades de
comunicação do sujeito.
Antes do E.O.C.A. (ENTREVISTA
OPERATIVA CENTRADA NA
APRENDIZAGEM).
Modelo de Entrevista Inicial
(queixa)
Nome:
Data de nascimento:
Idade: Série: Período:
Escola Atual:
Nome do Professor:
O que disseram que você vinha fazer aqui? Por que
você acha que veio aqui?
Você acha que tem alguma dificuldade? Em que?
Gostaria de fazer um trabalho comigo para
verificarmos onde posso lhe ajudar?
2° Momento (E.O.C.A)
Objetivo é de estudar as manifestações
cognitivo-afetivas da conduta do entrevistado
em situação de aprendizagem.
Permite ainda se obter uma visão conjugada
e uma hipótese diretriz do interjogo dos
aspectos cognitivos e afetivos da
aprendizagem, bem como os pontos de alerta
que deve ser verificada para constatação ou
não das hipóteses levantadas.
2° Momento (E.O.C.A)
Este instrumento consiste em uma entrevista
estruturada que põe em evidência o aprendizado
e conta como reativos quaisquer material,
dependendo da idade do educando e da queixa.
Na idade escolar podem ser: folhas pautadas,
lápis de escrever, borracha, lápis colorido, giz de
cera, papéis variados, revistas, tesoura, cola,
livros de acordo com a idade do entrevistado,
apontador, canetas, canetas hidrocor, folhas
sulfite, régua, etc
2° Momento (E.O.C.A)
Os objetos são deixados sobre uma
mesa, organizados de tal forma que o
entrevistado precise abrir as caixas de
lápis, o estojo, apontar o lápis preto
sem ponta, procurar o que deseja
observar todo material para decidir o
que vai utilizar.
Os passos do E.O.C.A
1. CONSIGNAS E INTERVENÇÕES As
consignas e intervenções possibilitam
observar: - a possibilidade de mudança de
conduta; - a desorganização ou
reorganização do sujeito; - as
justificativas verbais ou pré-verbais; - a
aceitação ou a recusa do outro
(assimilação, acomodação, introjeção,
projeção).
Tipos de Consignas e Intervenções
 De abertura: “Gostaria que você me mostrasse o que
sabe fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu.
Esse material é para que você utilize como desejar, pode
escolher e usar o que quiser”.
 Para mudança de atividade:
 Consigna aberta: “Gostaria que você me mostrasse o
que quisesse com esses materiais”.
 Consigna Fechada: “Gostaria que você me mostrasse
outra coisa que não seja...”, ou “Gostaria que você me
mostrasse algo diferente do que já me mostrou”.
Tipos de Consignas e Intervenções
Consigna Direta: “Gostaria que me
mostrasse algo de... (matemática, escrita,
leitura)”.
- Consigna Múltipla: “Você pode ler,
escrever, pintar, recortar, desenhar, etc?”.
- Consignas para Pesquisa: “Para que
serve isto, o que você fez, que horas são,
que cor você está utilizando?”.
Avaliação dos Dados do
E.O.C.A
Qualquer uma das respostas já são dados
significativos para a avaliação. Quando o
entrevistado apresenta alguma produção, é
aconselhável que se incida sobre ela,
perguntando, argumentando, investigando,
apresentando um problema, pedindo que
relate o que leu, escreveu ou desenhou.
Observa-se o grau de mobilidade e de
modificabilidade do entrevistado.
Fatores de Observação durante a
EOCA
Através da observação do tema, da
dinâmica e do produto, pode se observar o
sintoma e as causas históricas coexistentes
(ansiedade, defesa, funções, nível de
pensamento utilizado, grau de exigência,
aquisições automáticas, aspectos da
lateralidade, organização, ritmo de
trabalho, interesses, etc).
Fatores de Observação durante a
EOCA
 Estes três níveis de observação são indicadores do 1º
sistema de hipóteses:
 a. Temática - Consiste em tudo que o sujeito diz, o que terá,
como toda conduta humana, um aspecto manifesto e outro
latente;
 b. Dinâmica - consiste em tudo que o sujeito faz e não é
estritamente verbal: gestos, tom de voz, postura corporal,
etc. a forma de sentar ou de pegar o lápis podem ser mais
reveladoras que os comentários e até mesmo que o produto.
 c. Produto - é o que o sujeito deixa gravado no papel, na
dobradura, na colagem, etc. incluindo a sequência em que
foram feitos.
Elementos Importantes no Produto
 Dimensão afetiva - Alguns indicadores: Alterações no
campo geográfico e o de consciência (distração,
inadequação da postura, fugas, etc). Aparecimento de
condutas defensivas (medos, resistência à tarefas, à
mudanças, à ordens, etc). Ordem e escolha dos
materiais. Aparecimento de condutas reativas (choro,
ansiedade, etc).
 Dimensão cognitiva - Alguns indicadores: Leitura dos
objetos e situação Utilização adequada dos objetos
Estratégias utilizadas na produção de tarefas
Organização Planejamento da atividade (antecipação)
Nível de pensamento utilizado.
POSTURA DO EXAMINADOR
Deve ser um mero observador da conduta do
avaliado;
Participando com intervenções somente quando
achar necessário;
Utilizar-se de vários tipos de consignas para
maior riqueza das observações.
Colocar limites quando achar necessário.
Quando o avaliado apresenta dificuldades para
entrar na tarefa, deverá utilizar consigna
múltipla para facilitar a decisão do avaliado.
POSTURA DO EXAMINADOR
Caso o avaliado permaneça sem
iniciativa, devemos lembrar também que
esta também é uma postura a ser
analisada, é uma forma de agir frente a
situações novas, deve ser avaliada em
seus vários fatores;
Se necessário, podem ser feitas mais de
uma entrevista de EOCA.
A FORMA DE REGISTRO
Papel pautado dividido em duas colunas,
sendo a da esquerda maior, pois servirá
para as anotações do que ocorrerá na
entrevista e a coluna da direita para
anotações das hipóteses levantadas;
Deve-se anotar tudo que ocorrer, postura,
ações, palavras, frases, etc.
LEVANTAMENTO DAS
HIPÓTESES
As hipóteses serão levantadas de acordo com as
observações feitas durante a entrevista.
Levando-se em conta as três linhas de pesquisa
que serão realizadas: cognitiva, afetiva e
orgânico-funcionais.
Quando as hipóteses nos levarem a uma área
específica (ex: psicologia, fonoaudiologia,
neurologia, etc), deve-se pedir a avaliação de
um profissional competente, sempre que
possível.
PRINCIPAIS OBSTÁCULOS DAS
DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
1. Obstáculos Funcionais - Assimilação -
Lentidão - Domínio espacial - Motor -
Elaboração mental - Etc
2. Obstáculos Epistemofílicos (emocionais) -
Estado confusional - Perseveração - Exigência -
Conduta evitativa - Mecanismos defensivos - Etc
3. Obstáculos Epistêmicos (Cognitivos) -
Desempenho - Antecipação - Insensibilidade –
não percebe determinados conflitos - Não possui
mecanismo de integração.
(MODELO DE REGISTRO) Entrevista
Operativa Centrada na Aprendizagem –
EOCA
Nome:
 Idade: Data:
/ / Horário:
Observador:
Anotações (deixar pelo menos 20 linhas)
Hipóteses (deixar mais 15 linhas)
Observações (deixar 30 linhas)
3° Momento – Observação Lúdica
(Testes)
A observação lúdica é uma técnica de
compilação de dados que auxilia a
investigar os aspectos mais significativos
para a formulação das hipóteses.
Trata-se de uma observação espontânea
na qual a motivação por brincar deve ser a
sua maior preocupação, do que o fato de
se sentir observada.
3° Momento – Observação Lúdica
(Testes)
2. OBJETIVOS - Auxiliar no diagnóstico de
crianças que não respondem a outras formas de
avaliação. - Auxiliar na investigação das
dificuldades apresentadas nas áreas diversas de
desenvolvimento, possibilitando o levantamento
de hipóteses.
3. ESTRATÉGIAS - Brinquedos diversos de
acordo com a faixa etária, o interesse e o que se
quer investigar. - Os brinquedos são expostos
para que a criança interaja com eles.
. PONTOS A SEREM
OBSERVADOS
A interação da criança frente ao brinquedo.;
O repertório cognitivo, afetivo, motor,
funcional, social;
O nível e o tipo de linguagem;
A conduta: O uso do brinquedo enquanto função
real, a proposta de brincadeiras, a centralização
de brinquedos regressivos ou superiores a idade
da criança;
O levantamento de hipóteses.
A observação lúdica é também
indicada no diagnóstico de:
- Crianças portadoras de necessidades
especiais em idade pré- escolar ou escolar
quando não tem repertório de linguagem
verbal e não respondem a outras formas de
investigação;
- Crianças com suspeita de hiperatividade ou
distúrbios de comportamento como autismo,
psicose, esquizofrenia, etc. e que não
respondem a outras formas de investigação.
DIAGNÓSTICO OPERATÓRIO -
Características Gerais Jean Piaget
 As provas do diagnóstico operatório que determinam o
grau de aquisição de algumas noções chaves do
desenvolvimento cognitivo, tais como: noção de tempo,
espaço, conservação, causalidade, número, etc.
 Por meio das provas operatórias é possível detectar o
nível da estrutura cognitiva com que o sujeito opera
diante da situação apresentada, ou seja, o nível de
pensamento alcançado pelo sujeito.
 As idades cronológicas apresentadas para os diversos
níveis de desenvolvimento estão relacionadas às
condições sócio-culturais, sendo portanto, uma idade
aproximada.
TÉCNICAS PROJETIVAS
PSICOPEDAGÓGICAS
As técnicas projetivas psicopedagógicas têm
o objetivo de investigar a rede de vínculos
que o sujeito possui em três domínios: o
escolar, o familiar e consigo mesmo;
Em cada um destes domínios, guardando as
diferenças individuais, é possível reconhecer
três níveis em relação ao grau de consciência
dos distintos aspectos que constituem o
vínculo da aprendizagem
TÉCNICAS PROJETIVAS
PSICOPEDAGÓGICAS
O desenho em episódios: Por exemplo -O dia de
meu aniversário ou Desenho de minhas férias,
avalia-se:
 A delimitação da permanência da identidade
psíquica em função dos afetos; A representação
que se tem de si e do contexto físico
sociodinâmico à partir das escolhas.
Fonte: Visca, Jorge – Técnicas Projetivas
Psicopedagógicas – 1994 – Buenos Aires,
Argentina
Site para Baixar Documentos e
Portarias
http://www.abpp.com.br/index.html
ClassificaçãoBrasileira de Ocupações (CBO) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a
Psicopedagogia foi inserida na Família
Ocupacional 2394-25
Carimbo deve conter: Nome do Profissional,
CBO (2394-25), Número de Registro do Curso
no MEC PORTARIA N° 008, de 15 de
dezembro de 2015...Portanto e-mec: 008/15

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