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A escola moderna, desde a Revolução Industrial na Europa Ocidental, com sua dinâmica parecida a
uma fábrica ― com tarefas e horários preestabelecidos―, serviria para treinar o futuro trabalhador na
docilidade e na obediência para ser útil ao modo capitalista de produção.
A crença de uma formação universal e humanista pretendida por esta escola burguesa (com ares
Iluministas) transformaria o indivíduo em um consumidor e não em cidadão.
Este, se educado desde tenra idade para permanecer num local fechado e cheio de regras (a escola) ―
encaminhando o indivíduo para ser um futuro trabalhador ― seria moldado para fazer a máquina
capitalista continuar funcionando. Além de moldar indivíduos, a escola cumpriria a função de
transmitir e perpetuar uma cultura homogênea, comum a todos os cidadãos de um determinado país ou
região.
No entanto, apesar de haver um movimento mundial de difusão do modo de vida capitalista, o mesmo
tem enfrentado resistência por parte de grupos que se veem ameaçados por sua aura globalizante
INTRODUÇÃO
Contexto de surgimento da Psicologia da Educação
O advento da escola moderna no mundo ocidental, por volta do século XVIII, pode estar ligado à
própria construção da infância como uma época de cuidados e de socialização, em que várias
instituições (família, Estado e igreja) deveriam orientar as futuras gerações para o convívio social.
A educação (e aqui é importante não confundi-la com escolarização) cumpriria um papel fundamental,
ligada muitas vezes à aprendizagem de um ofício, que até então era feita, sobretudo, em ambiente
doméstico.
A escola, com o aparecimento do capitalismo, passa a ser o local por excelência de transmissão de
valores morais e culturais, tirando o protagonismo da família.
Ao criar uma escola de massas, o Estado busca o controle e a regulação da população infantil e adulta
através de estatísticas censitárias, da disciplina e do planejamento educacional a partir de diretrizes
econômicas. Era importante prever cada passo dado dentro do ambiente escolar para que o trabalho de
educar fosse eficaz e com os menores custos possíveis (CORAZZA, 2011).
INTRODUÇÃO
Ser professor exige dedicação e capacidades diversas por parte de quem é, dada a
complexidade em lidar com tantas outras pessoas, crianças e adolescentes em sua maioria, e
ainda sim ter a responsabilidade de ensinar de forma clara, de ser uma referência.
A atuação do professor é, por natureza, multidisciplinar, e assim deve ser sua formação em
todos os sentidos.
O modelo psicométrico
É no contexto europeu posterior a consolidada Revolução Industrial, com o desenvolvimento
das teorias liberais de meritocracia e igualdade de direitos e oportunidades, que surgem os
primeiros traços de uma Psicologia Escolar.
A burguesia, pautada na ideia de que as classes sociais dividiam-se como dividiam-se por
conta de diferenças de capacidade entre as pessoas, alimentou e foi alimentada pelos
instrumentos de medição e análise de inteligência criados por Francis Galton, no início do
século XIX. (Eugenia).
Até esse momento, os primeiros vestígios da Psicologia Escolar no Brasil baseavam-se na
segregação e categorização das crianças, segundo um método analítico que pouco visava o
desenvolvimento pleno dessas pessoas como cidadãs críticas.
INTRODUÇÃO
O modelo clínico
A concepção de Binet perde força com o desenvolvimento de ciências como a Medicina e a Psicologia, principalmente
com o surgimento dos estudos sobre o inconsciente tutelados por Sigmund Freud, e psicanálise
A ideia nesse período era a de que o indivíduo, influenciado pelo meio em que vive, teria suas capacidades cognitivas
mais ou menos afetas e/ou desenvolvidas, de forma que a novidade ficaria por parte das classificações.
As crianças que antes eram apontadas como anormais por Binet e seus seguidores, agora seriam apontadas como
crianças com problemas de desenvolvimento cognitivo, e os fatores provocadores desses problemas seriam então
frutos de elementos que não se baseavam somente nas ideias inatistas.
O modelo preventivo
Em um contexto em que estudos eram praticados somente com o fim de observar e diagnosticar transtornos de
aprendizagem, nasce terreno fértil para a prática psicoterapêutica, no entanto, sob os moldes políticos e clínicos de
prevenção do período.
A ideia, baseada na ideologia do recém formado Movimento Higienista, ao lado da ideologia autoritária do Estado
Novo (1937-1946), era a de prevenir o surgimento de pessoas não qualificadas para o mercado de trabalho, visto que
o Brasil passava por sua industrialização tardia.
Higienizar a população era sinônimo de manter o bem-estar social, escondendo qualquer elemento passível de
modificar os interesses do governo da época – que mantinha o desenvolvimento da indústria como principal
preocupação.
O papel do Psicólogo torna-se o de auxiliar médicos e outros profissionais a atribuírem diagnósticos de acordo com o
modelo de doenças e transtornos do período.
INTRODUÇÃO
O modelo compensatório
A teoria da carência cultural postula que o fracasso escolar ocorre devido à deficiência ou privação
cultural do aluno em decorrência das suas precárias condições de vida
A ideia base era a de que as diferentes condições de estudos entre crianças de diferentes classes
sociais e com diferentes poderes aquisitivos, tinham impacto na maneira com que cada uma
poderia vir a aprender e a se desenvolver social e educacionalmente falando.
Esse teria sido um grande passo dado pela Psicologia Escolar ao levar as dimensões sociais em
conta no processo de aprendizagem.
O modelo crítico
Foi somente a partir da década de 1980 do século XX que se iniciou um movimento de análise
crítica da atuação do psicólogo escolar, a fim de que fosse possível a consideração dos processos
desenvolvidos na instituição escolar.
Os “problemas de aprendizagem” passaram a ser vistos como um fenômeno complexo, constituído
socialmente, cuja análise deveria abarcar os aspectos históricos, econômicos, políticos e sociais dos
indivíduos (Lima, 2005).
Nesse período, as teorias de Paulo Freyre e Karl Marx passam a ser incorporadas aos processos de
formação, estudo e prática de diversas ciências, algo que aconteceria também a Psicologia Escola.
INTRODUÇÃO
Em um breve retrospecto histórico, a Psicologia emerge enquanto um campo do conhecimento, a partir do conhecimento
advindo da filosofia.
Com o desenvolvimento do conhecimento científico, de base e tendência positivista, desvincula-se do corpo da filosofia
para se tornar um corpo de conhecimento autônomo, adquirindo status de ciência e contendo objetos de estudo próprios,
recebendo tal denominação durante o século XX.
A Psicologia da Educação se torna uma das bases de fundamentação da educação, no Brasil, durante os anos 1920 com a
ascensão do movimento escolanovista. A partir da difusão do ideário da Escola Nova, as questões de ordem biológica
passam a ser supervalorizadas, como postos por Saviani (2003).
Isto reflete na ideia de que o indivíduo é o responsável pelo seu próprio desenvolvimento, cujo enfoque era nas questões
biológicas e psicológicas dos alunos.
A apropriação de técnicas psicológicas de forma indiscriminada, como a análise de resultados de testes e a
responsabilização da criança e seu lugar de origem, serviu para justificar diversos equívocos e preconceitos não sendo
dispensada a devida atenção ao fato de o processo educacional ter caráter multifacetado e multideterminado da educação
além dos fatores de ordem social e econômica.
A disciplina Psicologia da Educação junto a outras disciplinas pedagógicas se tornam integrantes obrigatórios nos
currículos dos cursos de licenciatura no Brasil durante os anos de 1960 com a expectativa de aproximar os futuros
professores do conhecimento acerca do desenvolvimento humano, incluindo as questões físicas e psicológicas.
COMO SE CONSTITUIU A PSICOLOGIA DA
EDUCAÇÃO?
Possui tanto um viés CIENTÍFICO como ACADÊMICO.
VIÉS CIENTÍFICO:
A disciplina intenta subsidiar a compreensão dos aspectos interiores do ser humano a fim de explicar os
processos de aprendizagem e de desenvolvimento humano (LEVANDOVSKY, 2008).
VIÉS ACADÊMICO:
Enquanto disciplina acadêmica, ministrada, sobretudo, em cursos de formação docente, tem por objetivo
capacitar os profissionais para que compreendam os processos de desenvolvimento humano, como
também compreendam e aperfeiçoem o processo de aprendizagem, em prol da qualidade do processo
escolar.
A disciplina acadêmica é “um campo de pesquisa científica, com profundas relações com a prática
escolar” que contribui para a construção de princípios, teorias, procedimentos e métodos de ensino e de
avaliação educacional dinamizadores do conhecimento científico na área (BZUNECK, 1999, p. 42)
A Psicologia, presente de diversas formas e em diversos níveis na Educação, tem sido discutida a partir
das várias possibilidades de sua inserção, seja como área de aplicação, como disciplina nos currículos,
como disciplina que se constitui autonomamente ou, ainda, como conteúdo de algumas disciplinas.
A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO NOS CURSOS DE
LICENCIATURA NO BRASIL
Surge como disciplina obrigatória nas grades curriculares dos cursos de licenciatura do Brasil na
década de 1960 (PEDRO, 2016).
OBJETIVO:
a) fornecer aos futuros docentes acesso ao conhecimento produzido pela ciência psicológica
acerca do desenvolvimento humano e processos de ensino e aprendizagem;
b)contribuir para a diminuição das dificuldades vivenciadas na escola.
c)"preparar os professores para atuarem diante da diversidade cultural, social, econômica e,
portanto, de personalidades, potencialidades e comportamentos diferenciados dos alunos e,
sobretudo, para desenvolver o relacionamento interpessoal entre docentes e alunos" (LUCION;
FROTA, 2009, p. 35).
A) Falta de atualização dos docentes, que atuam na disciplina, quanto aos conhecimentos
acerca da produção científica da área,;
B) Promoção de um ensino abstrato e fragmentado sem relação com o contexto escolar, nem
dialoga com o contexto vivido, nem com a seara da didática (PEDRO, 2016)
C) Uma Psicologia da Educação focada apenas nos conhecimentos acerca do desenvolvimento
e da aprendizagem humanos a partir de uma literatura antiga, desconsiderando questões de
grande relevância como as relações pessoais, sociais, afetivas e pedagógicas que estão
presentes na sala de aula.
D) Contribuições insuficientes à formação docente em função de ementas descontextualizadas
da prática docente, falta de vinculação com as outras disciplinas pedagógicas, dificuldade dos
docentes para articular a disciplina no seu fazer profissional de sala de aula.
METODOLOGIA
A) PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: Ensino de Psicologia na formação docente no Brasil, processo de
ensino-aprendizagem e prática profissional do docente.
B) QUESTIONÁRIO (perguntas fechadas e abertas).
Ex.: Em que medida considera adequado o conteúdo ministrado na disciplina de Psicologia do
Desenvolvimento/Aprendizagem à prática docente?; Ex.: Em que medida é adequada a relação entre
as teorias abordadas na disciplina de Psicologia e prática docente?
Para responder à tais questões o participante deveria utilizar uma escala que variava de 1 =
Completamente inadequada à 7 = Completamente adequada
O questionário também era composto por questões ABERTAS (Ex: O que você espera aprender na
disciplina de Psicologia do Desenvolvimento?; Na sua opinião, o conteúdo ministrado na disciplina de
Psicologia da Aprendizagem pode ser relacionado à realidade educacional? Por quê?
C) PARTICIPANTES DA PESQUISA: 62 estudantes de diferentes períodos e cursos (letras,
matemática, geografia e pedagogia) de uma universidade pública do estado de Pernambuco.
A)ANÁLISE DOS DADOS:
QUESTÕES FECHADAS: análises estatísticas descritivas;
QUESTÕES ABERTAS: análise de conteúdo temática (BARDIN, 1977)
ANÁLISE E DISCUSSÃO
1. ADEQUAÇÃO DA FORMAÇÃO DE CUNHO PSICOLÓGICO NA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR (DE MANEIRA GERAL):
“RAZOAVELMENTE ADEQUADA”
2. QUESTÕES ISOLADAS:
2.1 ADEQUAÇÃO DO CONTEÚDO MINISTRADO NAS DISCIPILNAS DE PSICOLOGIA
DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM À PRÁTICA DO PROFESSOR:
“POUCO ADEQUADO”
2.2 ADEQUAÇÃO DA RELAÇÃO ESTABELECIDA ENTRE AS TEORIAS ABORDADAS E
A PRÁTICA DOCENTE:
“INADEQUADA”
Há uma considerável distância entre qualquer teoria e a situação real de qualquer sala de
aula, em função dos inúmeros componentes que tornam essa situação muito complexa e
imprevisível, em que os eventos se sucedem rapidamente, às vezes, ao mesmo tempo.
Est.13 "É uma disciplina muito importante pra formação do professor. Saber sobre o
desenvolvimento, a aprendizagem, sobre o ser humano é fundamental pro professor. Mas, não é que
isso seja ruim, mas tem deixado a desejar sobre outras coisas, como colocar isso tudo em prática".
Est.54 "Acho assim, é muito importante uma disciplina como a de Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem porque a gente aprende como o ser humano é capaz de aprender e o que influencia
seu desenvolvimento. Mas acho que em geral fica muito distante da sala de aula. Principalmente
porque a gente fala sobre coisas que são difíceis de associar a sala de aula. São conteúdos distantes
das outras disciplinas pedagógicas".
ANÁLISE E DISCUSSÃO: dificuldade de articular os
conteúdos ministrados com a realidade educacional
De acordo com Bzuneck (1996), para que essa relação entre teoria e prática seja
percebida pelos alunos é fundamental que nas aulas de Psicologia Educacional estes
aprendam as condições em que se aplicam os conhecimentos, que sejam expostos a
situações que propiciem o uso da criatividade para solucionar situações a partir destes
conhecimentos, lhes sendo possibilitado enxergar as implicações do que estão
aprendendo.
ANÁLISE E DISCUSSÃO: expectativas
quanto à disciplina em questão
Est.32 "A professora falou de um monte de teorias que nem se sustentam hoje, passamos o
semestre falando de desenvolvimento e aprendizagem, mas era muito complicado de
visualizar como isso acontece com o aluno. Eu achava que a gente ia ver como resolver
situações de sala de aula, como melhorar o relacionamento com os alunos, como melhorar
as dificuldades de aprendizagem. Mas a gente só falou de Piaget, Freud e etc.
ANÁLISE E DISCUSSÃO: expectativas
quanto à disciplina em questão
A fala do estudante mostra o quanto o ensino de Psicologia na formação docente pode estar
preocupada com a clareza de conceitos e concepções teóricas que ainda prende inúmeros professores,
conforme sinaliza Levandovsky (2008).
Est.25. "Acho que é preciso atualizar o material e os conteúdos que são dados em sala de
aula. A maioria deles é ultrapassada e fala de coisas que nem vemos mais hoje em dia. Isso
não ajuda na nossa formação".
Est.08 "Acho que os professores tem que trazer mais pra realidade o que eles ensinam.
Falar de teoria é fácil, difícil é na prática, no dia a dia da sala de aula.
Est. 21. "Penso que deveria ser trabalhado mais questões que influenciam na sala de aula,
nas relações dos professores com os alunos, em como a gente pode ser melhor professor.
Coisas que ajudem a gente a pensar na prática de sala de aula, a refletir sobre nossa
prática".
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, que
está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e
sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para
fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas
vidas, a professora Gruwell aposta em métodos diferentes de ensino. Aos poucos,
os alunos vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o
conhecimento e reconhecendo valores.
ATIVIDADE
Trecho do filme “Escritores da Liberdade”.
Quais possíveis contribuições da Psicologia do
Desenvolvimento e da Aprendizagem podem ter
influenciado a prática da professora?
Quais as relações entre o texto da aula e o trecho do filme
“Escritores da Liberdade”?
Sistematizar a síntese do texto e o trecho do filme em
linguagem poética: cordel, poema, música, paródia, entre
outros. Postar no insta em vídeo ou texto escrito.
ESCOLA NOVA
A PSICOLOGIA
A PSICOLOGIA ENQUANTO CIÊNCIA