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SAÚDE MENTAL
A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL: CAMINHOS, AVANÇOS E DESAFIOS.
"Que dizer da loucura? (...) Não há espécies,
não há raças de loucos; há loucos só.
Há os que deliram; há os que se concentram
num mutismo absoluto.
Há também os que a moléstia mental faz
perder a fala ou quase isso"
Leprosos
Loucos
Doença e exclusão
Na antiguidade as pessoas podiam transitar pelas ruas, a loucura fazia parte do cenário social.
Na Idade Média, período da inquisição, os loucos passaram a ser vistos pela Igreja como
possuídos pelo demônio; estando a loucura ligada à bruxaria e heresia; e, com tribunais
dirigidos pela igreja Católica, passados a ser punidos e perseguidos.
Doença e exclusão
Com o renascimento, uma nova representação acerca da loucura surge, na metade do século XV,
quando um novo objeto fez seu “aparecimento na paisagem imaginária da Renascença”;
ocupando um lugar privilegiado: um barco com o nome de: “Nau dos Loucos”.
Nesses barcos, eram embarcados especialmente os insanos, para serem levados a cidades
distantes, sendo escorraçados também pelos moradores da localidade de destino.
O Hospital
Na Idade Média o Hospital aparece como uma instituição de caridade, com o objetivo de “oferecer
abrigo, alimentação e assistência religiosa aos pobres, miseráveis, mendigos, desabrigados e doentes”.
A origem da palavra “hospital”, em latim tem o significado de “hospedagem, hospedaria,
hospitalidade”.
Não sendo o hospital, em sua origem, uma instituição médica,
para o hospital ser transformado em instituição médica, ocorreu um longo processo.
Paradigma Psiquiátrico
Fotos do 1ª Hospital
Psiquiátrico do Brasil –
Hospício de Pedro II
Isolar para conhecer!
medicamentosa
No Brasil - Com a abertura democrática, as propostas políticas dos movimentos de reforma sanitária e reforma
psiquiátrica iam sendo integradas ao aparelho do estado.
DÉCADA de 80
1980 – mobilização dos usuários, familiares e trabalhadores de saúde visando a mudar a realidade dos manicômios
1986 – 8ª Conferência Nacional de Saúde, que aprovou um relatório, cujas bases constituíram o projeto de Reforma
Sanitária Brasileira.
1987 - I Conferência Nacional de Saúde Mental.
1988 – A Assembleia Nacional Constituinte aprovou a nova Constituição Brasileira, incluindo pela primeira vez uma sessão
sobre a saúde, artigo 196. “A saúde é direito de todos e dever do Estado”.
O Sistema Nacional de Saúde – SUS, é criado e aprovado pela Constituição Federal, que reconhece o direito de acesso universal para
toda a população.
1989 – Aprovação, pela Câmara Federal, Projeto de Lei do Dep. Paulo Delgado. (Originou a Lei Federal 10216/2001).
A Reforma Psiquiátrica no Brasil e a Luta Antimanicomial
DÉCADA de 90
Implantação do SUS;
Declaração de Caracas (OMS/OPAS - 1990); NA FRENTE
Portaria Ministério da Saúde 224/92 regulamenta as ações e equipamentos de
saúde mental;
II Conferência Nacional de Saúde Mental (1992);
Surgiram Leis Estaduais ( CE, DF, ES, MG, PE, RN, e RS).
Declaração de Caracas (1990)
1. Que a reestruturação da assistência psiquiátrica ligada ao Atendimento Primário da Saúde, no quadro dos Sistemas
Locais de Saúde, permite a promoção de modelos alternativos, centrados na comunidade e dentro de suas redes
sociais;
2. Que a reestruturação da assistência psiquiátrica na região implica em revisão crítica do papel hegemônico e
centralizador do hospital psiquiátrico na prestação de serviços;
3. Que os recursos, cuidados e tratamentos dados devem: a) salvaguardar, invariavelmente, a dignidade pessoal e os
direitos humanos e civis; b) estar baseados em critérios racionais e tecnicamente adequados; c) propiciar a
permanência do enfermo em seu meio comunitário;
4. Que as legislações dos países devem ajustar-se de modo que: a) assegurem o respeito aos direitos humanos e civis
dos doentes mentais; b) promovam a organização de serviços comunitários de saúde mental que garantam seu
cumprimento;
5. Que a capacitação dos recursos humanos em Saúde Mental e Psiquiatria deve fazer-se apontando para um modelo,
cujo eixo passa pelo serviço de saúde comunitária e propicia a internação psiquiátrica nos hospitais gerais, de acordo
com os princípios que regem e fundamentam essa reestruturação;
6. Que as organizações, associações e demais participantes desta Conferência se comprometam solidariamente a
advogar e desenvolver, em seus países, programas que promovam a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica e a
vigilância e defesa dos direitos humanos dos doentes mentais, de acordo com as legislações nacionais e respectivos
compromissos internacionais.
A Reforma Psiquiátrica no Brasil e a Luta
Antimanicomial
INÍCIO do SÉCULO XXI
2000 – Portaria nº 106/00 - SRTs;
2001- Dia Mundial da Saúde – “Cuidar sim, excluir, não”;
2001- Aprovação da Lei nº 10.216/01 (Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
3- Dimensão jurídico-político:
Revisão das legislações sanitária, civil e penal no que diz respeito aos conceitos de 'doença
mental', 'psicopatia' e 'loucos de todo o gênero', e construção de novas possibilidades de
cidadania, trabalho e ingresso social.
Conhecimento do arcabouço legal e de todas as dimensões para a reconstrução e mudança de
conceitos.
4- Dimensão sociocultural:
Como consequência, e também simultaneamente, de todas as demais ações listadas
anteriormente, (...) e a partir de ações no campo sociocultural, busca-se uma transformação do
imaginário social relacionado com a loucura, a doença mental, a anormalidade e assim por
diante. Um ser que “SOFRE”!
Inclusão nos espaços sociais, através de relações de trocas e afetos.
Mudanças dos Processos de Trabalho em Saúde Mental
Exemplos:
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) – quando os profissionais atuam como uma
equipe de referência em saúde mental em direção a comunidade, no território de vida
das pessoas, através de Projeto Terapêutico Singular dos usuários;
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) – ao conhecer e desenvolver ações para
a mudança de modelo em saúde mental, na sua prática com as equipes, construindo
PTS;
Profissionais atuando na Rede em outros pontos de atenção, tais como: Hospital
Geral, UBS, UPA, etc. De outros atores como: Social - CRAS, CREAS, Educação,
Esporte, etc...;
Oficinas Terapêuticas para chegar a Oficinas de Geração de Renda;
Mudanças dos Processos de Trabalho em
Saúde Mental
Exemplos:
Articulação dos Profissionais de saúde mental para o trabalho em Rede;
Matriciamento em saúde mental para potencializar as ações junto aos profissionais,
usuários e familiares;
Estratificação de Risco em Saúde Mental, através das Unidades Básicas de Saúde para
o encaminhamento implicado;
Discussão das Portarias e ações em conjunto;
Economia Solidária: trabalho não formal que poderá ser realizado através de
participação em feiras, associações de bairros ligados a Cooperativas sociais, etc.
Referências:
AMARANTE, Paulo D. C. (Org.). Psiquiatria social e reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994.
______. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz,
1995.
______. O homem e a serpente: outras histórias para loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 1996.
______. Reforma psiquiátrica e epistemologia. Cad. Bras. Saúde Mental, vol. 1, n.1, jan-abr. 2009.
AMARANTE, Paulo D. C; NICÁCIO F.; BARROS D. DORNELES. P. DORNELES, P. Archivos de saúde
mental e atenção psicossocial, 2 coordenação. Rio de Janeiro: Nau, 2005. (Archivos; v.2).