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CURSO DE PSICOLOGIA

UNIFENAS -ALFENAS

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNOSTICO


PSICOPATOLOGICO

Profª Cláudia U. B. Andrade


PROCESSO DIAGNÓSTICO
QUAL O VALOR DO DIAGNÓSTICO
Há no processo diagnóstico, uma relação
dialética permanente entre o particular,
individual e o geral, universal....
1. Aspectos e fenômenos encontrados em todos
os seres humanos

De modo geral, em todos os indivíduos a privação das horas de


sono causa sonolência, e a restrição alimentar fome, ou seja, são
fenômenos triviais que não despertam grande interesse à
psicopatologia.
2. Aspectos e fenômenos encontrados em algumas
pessoas, mas não em todas

Sinais, sintomas e a maioria dos transtornos


mentais

Classificação diagnóstica em psicopatologia


3. Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um
ser humano em particular

Embora de interesse para a compreensão do ser


humano, são restritos, e de difícil classificação e
agrupamento, tendo maior interesse os aspectos
antropológicos.
ASPECTOS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS NO
PROCESSO DIAGNÓSTICO...

1. O diagnostico psiquiátrico é quase sempre baseado


preponderantemente nos dados clínicos;

2. O diagnóstico, não é , de modo geral, baseado em possível


mecanismos etiológicos supostos pelo entrevistador (linha
diagnóstica, baseado na descrição evolutiva e atual dos
sintomas, e uma linha etiológica, que busca na totalidade de
dados biológicos, psicológicos, uma formulação hipotética
plausível sobre os possíveis fatores etiológicos envolvidos no
caso;
3. De modo geral não existem sinais ou sintomas psicopatológicos
totalmente específicos de determinado transtorno mental;

4. O diagnóstico é, em inúmeros casos, apenas possível com a


observação do curso da doença ( o diagnóstico deve indicar o
prognóstico - reformular o diagnóstico);

5. O diagnóstico deve ser pluridimensional;

6. Confiabilidade (reprodutível) e validade (o mais próximo


possível da verdade diagnóstica) do diagnóstico em psiquiatria;
ENTREVISTA

DIAGNÓSTICO
CLÍNICO
INTERVENÇÃO TERAPEUTICA
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DOS
TRANSTORNOS MENTAIS
DSM-I
 Criado em 1952, contendo 132 páginas e 106 categorias diagnósticas.

 Das 106 categorias que compunham o Manual, 44 continham o termo


‘reação”, ou seja, mais de 40% das categorias.

“ato ou efeito de reagir; resposta a uma ação por meio de outra que tende a
anulá-la; modo de agir em face de ameaça; resistência, oposição”

A doença mental como “uma reação aos problemas da vida e as


dificuldades situacionais impingidas aos indivíduos”.

Enquanto uma reação, a doença mental não existia desde sempre na vida
do indivíduo diagnosticado, não era algo biológico, mas algo que surgiu
durante a sua vida e que poderia ter um caráter passageiro.

PSICANÁLISE
DSM-II
 Publicado em 1968 o DSM-II, contendo 182 transtornos mentais em
134 páginas.

 Aumento de 76 categorias diagnósticas, o que representa um


aumento de 70% na quantidade de categorias diagnósticas

O termo reação, foi praticamente abandonado, aparecendo apenas nas


categorias dos distúrbios transitórios ou situacionais e dos distúrbios de
comportamento da infância e da adolescência.

A doença mental passou a ser considerada como expressão visível de


uma realidade psicológica oculta que deveria ser interpretada durante o
curso do diagnóstico ou do tratamento.

PSICANÁLISE
DSM-III

 Publicado em 1980 , contendo 265 transtornos mentais em 494 páginas.

 Aproximadamente 30% no número de categorias diagnósticas.

Primeira nosologia psiquiátrica padronizada, desvinculada de qualquer


abordagem teórica, baseando-se apenas nos fenômenos observáveis
(“evidências”) .

complementar o diagnóstico
Em 1989 foi publicado o DSM-III-R, contendo 292 transtornos mentais em
597 páginas.
DSM-IV

 Em 1994 foi publicado o DSM-IV, contendo 374 transtornos


mentais em 886 páginas.
 Surgiram 82 novas categorias de desordens mentais.
 Em 1994 foi publicado o DSM-IV-TR (DSM-IV – Texto
Revisado) que sofreu poucas modificações em relação a sua
versão anterior

Avanço do diagnóstico dos transtornos mentais e


facilitação de pesquisas empíricas.
DSM-5

Oficialmente publicado em 18 de maio de 2013, é a


mais nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica
Americana, avanço do diagnóstico dos transtornos
mentais e facilitação de pesquisas empíricas.
DSM-5

 A partir de 1999, a APA começou a realizar diversas pesquisas


sobre o que poderia estar falho na descrição e conceitualização de
certos transtornos mentais.

 A Divisão de Saúde Mental da OMS (Organização Mundial da


Saúde), a World Psyquiatric Association (Associação Mundial
Psiquiátrica) e o National Institute of Mental Health (Instituto
Nacional de Saúde Mental) participaram destas pesquisas e
elaboraram um plano para que o DSM-IV tivesse uma profunda
revisão, isto já em 2002.
DSM-5

 Entre os anos de 2003 e 2008 foram realizadas 13 Conferências


internacionais, com 400 participantes de 39 países para fazer um
profundo levantamento das produções acadêmicas e teóricas sobre
os transtornos mentais. Tais Conferências foram a base para o
começo da elaboração do DSM-5.

 Com relação ao seu predecessor, o DSM-5 apresenta 18 grandes


mudanças significativas na definição e no limite dos transtornos
mentais.
DSM 5 – ORGANIZAÇÃO ESTRUTUTRAL
Seção II - Critérios Diagnósticos e Códigos

Transtornos do Neurodesenvolvimento
Espectro da Esquizofrenia e outros Transtornos Psicóticos
Transtorno Bipolar e Transtornos Relacionados
Transtornos Depressivos
Transtornos de Ansiedade
Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Relacionados
Transtornos Relacionados a Trauma e Estressores
Transtornos Dissociativos
Transtornos de Sintomas Somáticos e Transtornos Relacionados
Transtornos Alimentares
Transtornos da Eliminação
Transtornos do Sono-Vigília
Disfunções sexuais
Disforia de Gênero
Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta
Transtornos Relacionados a Substâncias e Transtornos Aditivos
Transtornos Neurocognitivos
Transtornos da Personalidade
Transtornos Parafílicos
Outros Transtornos mentais
Transtornos do movimento induzidos por medicamento e outros efeitos
adversos de medicamentos
Outras condições que podem ser foco da Atenção Clínica
 Classificação categorial  dividindo os transtornos em tipos com base
nos conjuntos de critérios com características que os definem  não
a pretensão de separar as categorias em limites absolutos e tão
pouco de supor que todos os indivíduos com o mesmo transtorno são
semelhantes em grau importante.

 Assim incluí conjuntos de critérios múltiplos  paciente precisa


apresentar apenas um subconjunto de itens extraído de um longa
lista.

 Necessário julgamento clínico e treinamento  inserir indivíduo


mesmo que este não tenha todas as categorias diagnósticos mas
apresente sintomas persistentes e severos.
Especificadores de gravidade e curso:

Leve: poucos sintomas leve prejuízo do funcionamento


social ou ocupacional.

Moderado: sintomas e prejuízo entre leve e moderado.

Severo: muitos sintomas e vários particularmente graves e


o prejuízo acentuado do funcionamento social ou
ocupacional.

Em remissão parcial: todos os critérios para o transtorno


anterior foram satisfeitos, mas atualmente alguns dos
sintomas ou sinais do transtorno permanecem presentes.
 Em remissão completa: não há mais quaisquer
sintomas ou sinais do transtorno, mas observação clínica
ainda é importante ex. Transtorno Bipolar – livre de
sintomas mas fazendo uso de lítio nos últimos três anos.
Após período de remissão completa pode-se considerar
recuperado (ausência de sintomas residuais e medicação
para manutenção da remissão).

• História prévia: anotar história de preenchimento de


critérios para um transtorno mesmo que o indivíduo seja
considerado recuperado ex: Transtorno de Ansiedade de
Separação – história prévia e atualmente Transtorno do
pânico.
 Categoria sem outra especificação:

1) fortes indícios de um transtorno mas o quadro não


satisfaz os critérios diagnósticos;
2) apresentação de um padrão de sintomas não incluído
no DSM;
3) incerteza quanto a etiologia (condição médica, induzido
por substância ou primário) e
4) quando o tempo é insuficiente para coleta de dados ou
as informações são contraditórias ou inconsistentes.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE (189)

Número da página
CID-9-MC CID-10-MC

309.21 (F 93.0) Transtorno de Ansiedade de Separação (190)

300.29 (__.__) Fobia Específica

Não se aplica aos códigos CID-9 ou da CID-10


DSM-5-TR

A APA publicou em
março de 2022 a
atualização de seu
manual diagnóstico:
Diagnostic and Statistical
Manual of Mental
Disorders, 5ª edição
revisada (DSM-5-TR).
DIANGÓSTICO É APENAS O PRIMEIRO PASSO DE UMA
AVALIAÇÃO – PARA FORMULAR PLANO DE TRATAMENTO SÃO
NECESSÁRIAS INFORMAÇÕES ACERCA DA PESSOA, QUE VÃO
ALÉM DAS EXIGIDAS PARA UM DIAGNÓSTICO.

Código diagnóstico – usar da CID aceito em


convênios e sistema de saúde pública
SINAIS

SINTOMAS

SÍNDROME
A definição das síndromes psicopatológicas segue,
tradicionalmente, um raciocínio clínico sintético dos sintomas e
vivências psicopatológicas, segundo duas perspectivas
fundamentais:

 Transfundos das vivências psicopatológicas: espécie de


palco, de contexto mais geral, em que emergem os
sintomas;

 Sintomas emergentes: sintomas específicos vivenciados que


se destacam dos transfundos (alteração do pensamento).
Tipos de Transfundos:

• Estáveis: pouco mutáveis, são a personalidade e a


inteligência;
Pacientes passivos sintomas mais passivos;
Pacientes inteligentes delírios ricos e complexos.

• Mutáveis: nível de consciência, humor e estados afetivos.


Componentes da Etiologia das Síndromes
Psicopatológicas
Ocorrem nos
primeiros 3 a 5 anos
FATORES PREDISPONENTES

FATORES
HISTÓRIA DE VIDA TRANSTORNOS MENTAIS PRECIPITANTES

Eventos inespecíficos:
VULNERABILIDADE morte,separação,
CONSTITUCIONAL
desemprego...
A EVOLUÇÃO TEMPORAL
DOS TRANSTORNOS MENTAIS

CONCEITO DE PROCESSO,
DESENVOLVIMENTO,SURTO, FASE,
REAÇÃO, CRISE E EPISÓDIO
PROCESSO: transformação lenta e insidiosa da
personalidade, decorrente de alterações psicologicamente
incompreensíveis, de natureza endógena. O processo
irreversível rompe a continuidade do sentido normal do
desenvolvimento biográfico de uma pessoa.

Esquizofrenia de evolução insidiosa,


que lenta e radicalmente transforma
a personalidade do indivíduo
Desenvolvimento: evolução psicologicamente compreensível
de uma personalidade. Esta evolução pode ser normal ou
anormal, determinando os transtornos de personalidade e as
neuroses. Há uma trajetória compreensível ao longo da vida
do sujeito

Dese
nvolv
imen
to hipoc
ondrí
a co
Crise ou ataque: surgimento e términos abruptos, durando
segundos ou minutos, raramente horas.
Crises epiléticas
Crises ou ataques de pânico
Crises histéricas
Crises de agitação psicomotoras
Episódio: geralmente tem a duração de dias ou semanas, o
termo nada especifica sobre a natureza do fenômeno.

Episódio depressivo
Reação vivencial anormal: é psicologicamente compreensível,
desencadeado por eventos vitais significativos para o indivíduo
que o experimenta.
É anormal pela intensidade muito marcante e duração
prolongada dos sintomas.
Pode durar semanas ou meses, eventualmente alguns anos.
Passada a reação vivencial, o indivíduo retorna ao que era
antes.

Após a perda do emprego, o indivíduo


reage apresentando um conjunto de
sintomas depressivos ou a ansiosos,
fóbicos ou mesmo paranoides.
Fase: refere-se particularmente aos períodos de depressão e
de mania dos transtornos afetivos. Passada a fase, o individuo
retorna ao que era antes dela, sem alteração duradoura na
personalidade.
Uma fase pode durar semanas ou meses, menos
frequentemente, anos.

Fase depressiva, fase maníaca e


período interfásico
assintomático.
Surto: é uma ocorrência aguda, que se instala de forma
repentina, fazendo eclodir uma doença de base endógena, não
compreensível psicologicamente.
Produz sequelas irreversíveis, danos à personalidade e/ou à
esfera cognitiva do indivíduo.

Estado residual da doença: paciente apresenta


apenas sinais e sintomas que são sequelas da
doença, sintomas predominantemente negativos.
“Déficit pós-esquizofrênico”
Psicologicamente Psicologicamente
compreensível não compreensível
(conexão de sentido)

Crônico Desenvolvimento Processo

Reação vivencial Fase (não deixa sequela)


Agudo
Surto (deixa sequela)
Termos Utilizados em Relação ao Curso dos Transtornos
Mentais:

Remissão: é o retorno ao estado normal tão logo acaba o episódio


agudo. Remissão espontânea: quando o paciente se recupera sem
auxílio de intervenção terapêutica.

Recuperação: é o retorno e manutenção do estado normal, já


tendo passado um bom período de tempo sem que o paciente
apresente recaída do quadro.

Recaída: é o retorno aos sintomas logo após haver ocorrido uma


melhora parcial do quadro clínico(menos de 1 ano).

Recorrência: é o surgimento de um novo episódio, tendo o


indivíduo estado assintomático pelo menos por cerca de 1 ano.
REFFERÊNCIAS

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais.


Porto Alegre: Artmed, 2008.

CHENIAUX, E JR. Manual de Psicopatologia. 4 ed. ed. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2010.

DSM-5. Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais. 5 ed. Porto


Alegre: Artes Médicas, 2014.

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