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FENOMENOLOGIA E

EXISTENCIALISMO NA
CLÍNICA
Profa. Miyako
Takano 5º Período
Semestre 2023/1
CALENDÁRIO ACADÊMICO:

MARÇO 01 - Abertura do sistema para as Avaliações online (AOLs) -


até 21/03 - prazo para a resolução do primeiro questionário (AOL1).
06 a 10 - Período para Eleição dos Líderes de Turma.
ABRIL – 05 - Prazo final para a resolução do questionário - Unidade
2 da DOL (AOL2).
Avaliação parcial: data a ser definida (1,0 ponto)
12 a 18 - 1ª Avaliação do Semestre.
24 a 28 - Oficinas Profissionalizantes
JUNHO 01 a 07 - 2ª Avaliação do Semestre.
EMENTA
• Fenomenologia e Existencialismo na Clínica Psicológica
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
• UNIDADE I:
O QUE É CLÍNICA?
O QUE É NORMALIDADE?
O QUE É SAÚDE?
O QUE É DOENÇA?
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
• UNIDADE II:
O QUE É DIAGNÓSTICO?
O QUE É O “FAZER CLÍNICO”?
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
• UNIDADE III:
A CLÍNICA E O CUIDAR
A SITUAÇÃO EXISTENCIAL
O TEMPO E O ESPAÇO
O OUTRO E A FALA
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
• UNIDADE IV:
ENCONTRO HEIDEGGERIANO COM A CLÍNICA ENCONTROS
E DESENCONTROS DO FAZER CLÍNICO COM O
PENSAMENTO HEIDDEGERIANO
HEIDEGGER, UM CAMINHO POSSÍVEL
AULA NOTÁVEL MESTRE
• É um conteúdo exclusivo que poderá ser acessado no ambiente virtual pelos
alunos da UniNorte. A criação do projeto foi pensada para garantir uma
nova visão de ensino, ativa e agregadora aos alunos da Instituição,
integrando tecnologia ao método de ensino inovador. Uma ou duas vezes
por mês teremos aula com uma referência na área.
METODOLOGIA Estudo de Texto
Estudos de Caso
Mapa Mental e Conceitual
Análise de vídeo
PROCESSOS E PROCEDIMENTOS DE
AVALIAÇÃO.
• AV1 = • AV2 =
• PARCIAL = (2,0)+ • PROVA INSTITUCIONAL =
PROVA=(8,0) 10,0 10,0
PROCESSOS E PROCEDIMENTOS.
• AULAS ONLINE COM • AULAS PRESENCIAIS.
NOTÁVEL MESTRE
EM
DATAS FIXAS..
BIBLIOGRAFIA
• ESPÍNDULA, Joelma A. G. Psicologia fenomenológica e saúde: teoria e
pesquisa. Boa Vista: Editora da UFRR, 2019.
• MORATO, Henriette T. P. – Fundamentos de Psicologia: aconselhamento
psicológico numa perspectiva fenomenológica existencial. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2009.
• PAYÁ, Roberta. Intercâmbio das Psicoterapias: como cada abordagem
terapêutica compreende os transtornos psiquiátricos. Rio de Janeiro: Roca, 2017.
• SAPIENZA, Bilê T. Conversa sobre terapia. São Paulo: EDUC; Paulus, 2004.
Oração « Eu sou eu , ·v oe € é v oc.ê. .Eu faço as
minhas coisas!I você :faz .a s sua : .. Não
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F REDERI CK PERLS (189)-1970),


Oração da Ges .t a l t
RE-VISITANDO CONCEITOS
FENOMENOLOGIA
• Verbete fenômeno, do grego phainómenon que quer dizer tudo aquilo que
é passível de ser posto à luz, tudo aquilo que resplandece, iluminando-se
(Campos, 2007).
• Fenômeno é o que aparece à percepção. No entanto, o termo fenômeno
serve a muitas ciências: fenômeno físico, fenômeno biológico, fenômeno
social, fenômeno psicológico, e assim por diante.
FENOMENOLOGIA
• A definição de fenômeno que se aplica à fenomenologia, isto é, ao
discurso, à descrição e à interpretação, é de movimento, fluxo, passagem,
que vai constituir o tempo da experiência para a consciência.
• A fenomenologia se refere à subjetividade, que é o sujeito cognoscente,
com o objetivo de saber como o sujeito exerce a capacitação para o
conhecimento.
FENOMENOLOGIA
• Há muito tempo atrás, o filósofo francês Paul Janet (1823-1899), distinguiu
fenômeno de fato de uma maneira muito instrutiva:
• “Fato é de algum modo um fenômeno parado, preciso, determinado, com
contornos que se podem apreender e desenhar: implica uma espécie de
fixidez e de estabilidade relativas. O fenômeno é o fato em movimento, é a
passagem de um fato a outro, é o fato que se transforma em instante a
instante”. (Janet, 1865, p. 56, tradução livre)
MÉTODO FENOMENOLÓGICO
• O método fenomenológico (Husserl, 1901/2007) aplica-se à relação entre
consciência e experiência.
• A consciência é definida como uma estrutura apta para tomar
conhecimento do que se apresenta na experiência.
• O conhecimento decorre desse movimento da consciência para
a experiência.
• Na experiência está o mundo com a vivacidade dos seus muitos objetos,
pois sem experiência não há consciência.
MÉTODO FENOMENOLÓGICO
• A consciência, por sua vez, é permeada por uma história de vida, por
crenças e convicções remotas e atuais, e por projetos de maior ou menor
clareza sobre o futuro.
• Essa rica estrutura, constituída pela correlação intencional entre
consciência e experiência, uma correlação que define a experiência
consciente e a subjetividade (sujeito cognoscente), será prejudicada na
ausência de reflexão.
MÉTODO FENOMENOLÓGICO
• O papel da reflexão é clarificar a experiência para a consciência, e a
consciência para ela mesma.
• A possibilidade dessa clarificação está no método fenomenológico por meio
de suas reduções.
• Por isso, o método fenomenológico é a arte sistemática da reflexão.
• O objetivo das reduções é encontrar a abertura para o novo que está
escondido na diversidade da experiência e nas sombras da consciência.
MÉTODO FENOMENOLÓGICO
• As reduções são os passos operacionais da análise que inicia e segue com os
exercícios já muito conhecidos da epoché fenomenológica.
• Vencida a primeira redução, vai-se adiante para dar início à redução
transcendental que confronta as bases do sujeito cognoscente, penetrando
nas entranhas da subjetividade de onde se originam os valores
desenvolvidos pelas exposições externas e idiossincrasias internas.
EXISTENCIALISMO
• A mudança do foco fenomenológico da relação entre consciência e
experiência, para a relação do ser humano consigo mesmo, essa entidade
que será chamada de Ser-aí, coloca como a questão para que somos nós
mesmos.
• Se, para Husserl (1901/2007), a experiência com a sua mundaneidade
constitui a consciência, pois a consciência é sempre consciência de algo,
para Heidegger (1927/1989) essa experiência aparecerá engrandecida
como a existência que se coloca ao Ser-aí.
EXISTENCIALISMO
• A nova análise fenomenológica deve partir da existência humana, do Ser-aí,
tal como se dá imediatamente à consciência.
• Para Kockelmans (1967), Heidegger parte de uma posição comum a Husserl,
de que cada tipo de Ser se dá e se manifesta ao seu próprio modo.
• No entanto, Heidegger (1927/1989), embora utilize a descrição
fenomenológica e o retorno às profundezas da subjetividade, não aceita as
reduções husserlianas.
EXISTENCIALISMO
• Para Heidegger, as sucessivas reduções de Husserl levam a um idealismo no
qual o sujeito se separa do mundo, quando sujeito e mundo são inseparáveis.
• Essa inseparabilidade caracterizará o Ser e a sua concretude existencial,
isto é, um ser em situação no espaço, no tempo (contemporaneidade de
passado, presente e futuro) e nas relações interpessoais.
• As reduções são substituídas por outro recurso metodológico, a
hermenêutica, para compreender os humanos em situalidade.
EXISTENCIALISMO
• Em Ser e Tempo, Heidegger (1927/1989) apresenta uma análise
fenomenológica da existência na qual descreve a vida cotidiana do
homem, considerada inautêntica, em três movimentos: a facticidade, a
existencialidade e a ruína.
• A facticidade é existência na imersão involuntária no mundo, desde que as
pessoas chegam ao mundo independente de escolha.
EXISTENCIALISMO
• A existencialidade é o apoderamento crítico dos modos de sua relação com o
mundo, tentando superar seus limites, buscando ser o que não é.
• A ruína seria o afastamento de si em favor das preocupações cotidianas,
levando a um esfriamento em relação a si mesmo.
• As relações dessa descrição do que se passa nas sessões psicoterapêuticas
são óbvias e a associação entre a inautenticidade e as aflições mentais é
consideravelmente forte.
EXISTENCIALISMO
• Em sua breve e esclarecedora história do existencialismo, Huisman
(1997/2001) define existência como uma crise não resolvida e
aparentemente sem solução entre a apreensão dos propósitos e dos
questionamentos que se assume diante da vida.
• A questão é o que fazer diante desse vazio inconfortável e perturbador.
HUMANISMO
• A fenomenologia foi incorporada ao humanismo, ficando o termo associado
à experiência subjetiva.
• O movimento humanista do meado do século XX tomou o existencialismo
como tema central e a fenomenologia como método.
HUMANISMO

• Abordagens terapêuticas preocupadas com as questões da existência foram


denominadas de fenomenológico-existenciais, sendo seus terapeutas
simpáticos ao método fenomenológico.
PSICOLOGIA HUMANISTA

• Embora cada rótulo e a teoria associada exibam um conteúdo um pouco


diferente, coletivamente as várias teorias incorporam alguns elementos
comuns que justificam tratá-las juntas. Estes elementos comuns são as
suposições que definem esta abordagem.
DUAS SUPOSIÇÕES SÃO BÁSICAS NA
ABORDAGEM HUMANISTA
1. A experiência subjetiva do individuo – parte do pressuposto que você
deve entender a pessoa que está produzindo o comportamento, incluindo
a maneira com a pessoa enxerga o mundo (ênfase nas percepções e
sensações de um indivíduo como definidoras do significado de seu
comportamento);
2. O comportamento não é restrito à sua experiência passada ou a
circunstâncias atuais – o elemento fundamental, na visão dos humanistas,
é que os indivíduos são capazes de responder baseados em sua avaliação
subjetiva de uma situação; ou seja, eles podem fazer escolhas (livre-
arbítrio);
DUAS SUPOSIÇÕES SÃO BÁSICAS NA
ABORDAGEM HUMANISTA
• Uma terceira característica da abordagem humanista que emerge das duas
suposições é a ênfase no significado – o propósito ou o valor que uma
pessoa adiciona às suas ações e à sua experiência;
• Na abordagem humanista os significados pessoais são fundamentais para o
entendimento do comportamento – e o comportamento é apenas um
aspecto do todo da pessoa;
A Clínica e a Psicopatologia
UNIDADE I
INTRODUÇÃO
• A clínica psicológica é historicamente associada à psicoterapia.
• A palavra psicoterapia tem origem nas palavras gregas Psykê (mente) e
Therapeuein (curar), e desde o final do século XIX, vem sendo utilizada
como uma forma de tratamento (‘cura pela fala’).
A HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA
• A sociedade explicou e tratou o comportamento anormal de diferentes
maneiras em diferentes momentos. A maneira como uma sociedade
particular reage à anormalidade depende dos seus valores e suposições
sobre a vida e o comportamento humanos (Holmes, p.26);
• O que é comportamento anormal? Qual o significado de anormalidade?
A HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA
• Fases na História do Comportamento Anormal: demonologia, introdução
de explicações fisiológicas, retorno a demonologia, introdução do cuidado
humanitário, introdução das explicações psicológicas e interesse renovado
nas explicações fisiológicas;
A HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA
• Entre 1880-82, o médico austríaco Josef Breuer (1842-1925) descobre que
instabilidades emocionais, acompanhadas de impedimentos físicos,
poderiam ser tratadas por indução hipnótica.
• Ele observou que a evocação de cenas patogênicas da infância estava
relacionada à remissão dos sintomas
A HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA
• Dez anos depois, ele volta ao tema em colaboração com o então jovem
médico Sigmund Freud (1856-1939) e juntos publicam os estudos sobre a
histeria (Breuer & Freud, 1895/1987).
• Tem-se, então, o modelo metodológico empírico clássico, no qual, um
caso (Anna O) é associado a um resultado (remissão dos sintomas), por
resposta a uma provável regra (indução hipnótica e conversação).
• Freud - teoria para explicar a etiologia e prática para aliviar os sintomas
psicológicos;
CONCEITOS/DEFINIÇÕES
• Psicoterapia pode ser definida como a arte e a ciência que se dedica ao alívio
do sofrimento humano, decorrente de conflitos e desordens emocionais.
• É arte por implicar no desempenho de procedimentos técnicos mediados por
competências tácitas.
• É ciência por sustentar-se na evidência dos própriosresultados, conforme
alertado por Freud (1938- 40/1998).
CONCEITOS/DEFINIÇÕES
• A psicoterapia é um processo comunicacional no qual uma pessoa (o
profissional) compreende e intervém em outra pessoa (paciente/cliente)
que busca ser ouvida ou tratada.
• Por clínica fenomenológica define-se a influência do método de Husserl
nos tratamentos psicológicos; nessa via, tem-se a conjunção de uma
filosofia e de um método para o estudo da relação entre experiência e
consciência, entendida como fluxo de vivências pré-reflexivas.
CONCEITOS/DEFINIÇÕES
• O termo clínica fenomenológica será utilizado para caracterizar uma
terceira via de compreensão e atendimento psicoterápico que se tornou
conhecido por fenomenologia-existencial, com ramificações para uma
grande variedade de teorias psicológicas humanistas.
• Fenomenologia: entrevista aberta com pergunta disparadora;
• Existencialismo: o ser humano é primeiro “existência”, para depois ser
“essência”. Tem como pressuposto que o ser humano é livre para fazer
escolhas;
PSICOTERAPIA
• A clínica fenomenológica é o termo utilizado para se referir à descrição
cuidadosa e exaustiva de sintomas.
• O termo clínica fenomenológica abrange várias modalidades de
diagnóstico e descrições concernentes à severidade dos sintomas, aos
impedimentos funcionais, à qualidade de vida, ao decurso da doença, às
respostas diferenciais ao tratamento, e aos concomitantes genéticos.
PSICOTERAPIA
• A atuação numa perspectiva fenomenológica existencial tem como
premissa levar o profissional da Psicologia a atuar de uma forma
investigativa e não perder a capacidade empática de entender o sofrimento
dentro de uma atuação descritiva, haja vista o processo de consciência
intencional e a delimitação do que é de responsabilidade do sujeito na
relação estabelecida com o objeto.
PSICOTERAPIA
• A psicoterapia investiga a história de vida de um paciente, como em qualquer
outro método terapêutico.
• Contudo, não busca explicar a história de vida e suas idiossincrasias
patológicas.
• Ao contrário, compreende esta história de vida como modificações da
estrutura total do ser-no-mundo dos pacientes.
PSICOTERAPIA
• Essa modalidade de terapia não mostra apenas onde, quando e até que
ponto o paciente falhou em realizar a totalidade de sua humanidade, mas
tenta fazê- lo experienciar isso o mais radicalmente possível.
• O objetivo será alcançado quanto mais rápido o terapeuta explorar as
estruturas espaciais do mundo de significação de um paciente.
• O lugar do terapeuta no setting é o plano de uma existência em comum,
sendo o paciente um parceiro existencial. A psicoterapia será um encontro,
um ser-com.
PSICOTERAPIA
• Para Moss (1989), o processo temporal terapêutico, orientado por princípios
fenomenológicos e experienciais, caracteriza-se por três fases.
• Na fase de abertura, o terapeuta tem o desafio de sintonizar, de se unir e de
acompanhar o fluxo de experiência do paciente.
• Na fase intermediária, terapeuta e paciente seguem unidos para um desafio
duplo, qual seja aceitar a vida e o mundo de cada um enquanto se
apresentam e se aprofundam na relação.
PSICOTERAPIA
• Nesse momento, importa o entendimento da realidade alheia como o
produto das escolhas de cada um, mais do que todos os fatos
contingenciais e acidentais.
• Na ultima fase da temporalidade terapêutica, paciente e terapeuta enfrentam
as limitações do tempo e da situação existencial.
• Ao aceitar tais limitações, atribui-se ao tempo terapêutico grande
seriedade e valor, impulsionando a criatividade dos parceiros terapêuticos
para lidar com as contingências existenciais
SARAU FENOMENOLÓGICO
• Sarau é um evento cultural
em que as pessoas se
encontram para se
manifestar
artisticamente.
• Em geral, o evento envolve
dança, poesia, leitura de
poemas, histórias, música,
teatro e artes plásticas.
SARAU FENOMENOLÓGICO
• Sarau é um evento que promove
momentos prazerosos e de
aprendizados, pois os participantes
podem apresentar obras, ideias e
pensamentos de própria autoria ou não,
enquanto elabora repertório artístico-
cultural.
SARAU FENOMENOLÓGICO
• Tema: Fenomenologia em movimento?
• Sarau literários? Poesia? Relação com a fenomenologia existêncial.
• Sarau musical? Qual música? Relação musica e experiencias emocionais como
base de analise fenomenologica existencial.
• Filmes? Trechos? Relação com a fenomenologia existencial.
O que é normalidade?
• O normal é aquele que supera os conflitos, criando-se dentro de sua
liberdade, atendendo igualmente às coações da realidade.
• Numa visão existencial a vida procede na ordem e desordem" enquanto
processos contínuos no desenvolver do homem e do mundo;
• Nesse caso, a saúde do indivíduo será avaliada em sua habilidade para não
só manter o equilíbrio, mas também superar a crise do ambiente,
utilizando então sua capacidade criadora para transformar esse meio
inadequado em mundo satisfatório.
O que é normalidade?
• Vê-se que essa definição da saúde como processo de criação constante do
mundo e de si integra também o conceito de doença: saúde e doença não
representam opostos são etapas de um mesmo processo
• O diagnóstico procurará dizer em que ponto de sua existência o indivíduo se
encontrava e que feixe de significados ele constrói em si e no mundo.
• Desta maneira, para citar mais uma vez Goldstein, "cada homem será a
medida de sua própria normalidade" (Augras, 2002, p. 12).
O que é saúde?
• Para que haja um desenvolvimento saudável e uma constituição da
individualidade é preciso que aconteça uma progressiva superação dessa
primazia do outro, tarefa esta que implica um longo processo de
autoconsciência e questionamento de si mesmo e do mundo em que se
encontra inserido (Romero, 1977).
• Desse modo, o aspecto relacional da existência humana assume um papel
determinante na constituição de um desenvolvimento saudável ou
patológico.
O que é saúde?
• Com os avanços em estudos, houve uma reformulação conceitual,
passando- se a entender a saúde como a capacidade de lidar de forma
satisfatória com as adversidades do dia a dia das pessoas. Dessa forma, ela
pode causar prejuízos de acordo com as possíveis reações a situações e até
mesmo restabelecer bem-estar físico e mental.

• Material do hibrido
O que é doença?
• A pessoa doente é antes de tudo uma pessoa que sofre, que precisa em primeiro
lugar ser compreendida a partir de seus sentimentos, sensações, emoções, enfim,
de tudo que por ela é vivenciado.
• A psicopatologia vai se manifestar por meio de uma vivência de sofrimento onde a
pessoa se sente vítima e presa a um destino sombrio e a uma existência destituída
de realizações gratificantes e prazerosas.
• Sem liberdade de escolha, a pessoa vive a sensação de estar encurralada pelas
circunstâncias da vida, sentindo-se impotente para modifica-las, submetendo-se a
elas, num sacrifício alienante e inevitável.
• Dentro da fenomenologia, o conceito de doença está diretamente ligado ao fato de
o ser humano ser visto pelos papéis que exerce na sociedade, a qual é criadora de
padrões. Quem foge a esses padrões se apresenta como um ser anormal e, com
isso, não é possível distinguir o normal do patológico, uma vez que a estrutura de
saúde está relacionada aos dois conceitos.
• Nesse sentido, a doença mental deve ser entendida como um produto da interação
entre as condições de vida social, a trajetória específica do indivíduo e sua
estrutura psíquica. Ela pode ser justificada de duas formas: por meio de um
processo orgânico; ou consequência de processo psicofuncional.
• Material do hibrido
• Atenta-se ainda à concepção sobre a corporeidade, especificamente
humana, que designa o corpo vívido ou existencial, sendo uma noção
criada por alguns teóricos da Psicologia. Também descrita como conflito
existencial, quando se compreende a ideia de corporeidade, pode-se
perceber a enfermidade como uma ruptura da unidade do corpo, que, para
a fenomenologia, não pertence ao ser humano.
• Material do hibrido
• De acordo com Augras (1986) grande parte da psicopatologia deveria ser
reconstituída a partir de um estudo a respeito da maneira como o indivíduo
se situa em relação à vivência do tempo e do espaço.
• Patológico é o momento em que o indivíduo permanece preso à mesma
estrutura, sem mudança e sem criação. Nessa perspectiva, estabelecer o
diagnóstico é identificar em que ponto desse processo se encontra o
indivíduo, destacar as eventuais áreas de parada ou de desordem, e avaliar
as suas possibilidade de expansão e de criação [...].
• Nesse processo de sofrimento, a pessoa perde o contato com as
possibilidades existentes no campo organismo/meio, percebendo a si
mesma e ao outro de forma distorcida. Com relação a este aspecto,
Romero (1977, p.
34) comenta:
Na depressão, o sentimento de falta de possibilidades é muito acentuado. Na
ansiedade o que emerge são possibilidades negativas ou conflitantes. O
possível e o impossível perdem seus limites na psicose e quando ingressamos
no plano do imaginário.
• A problemática do sofrimento psíquico está no fato de que ele pode se tornar patológico.
Isso ocorre pois ele pode levar a uma adaptação do indivíduo com relação a uma
determinada situação, impedindo o desenvolvimento de sua potencialidade de maneira
positiva e o estabelecimento de relações interpessoais de forma assertiva.
• Perante o sofrimento de uma pessoa que procura ajuda, existe uma perspectiva de que isso
ocorre devido a um desequilíbrio. Os sintomas apresentados estão, assim, diretamente
associados à maneira como o indivíduo mantém sua existência, aspecto que está em
desequilíbrio e pode levar a um desajustamento. Nesse sentido, o ajustamento é
necessário para que a centralidade seja mantida.
• Material do hibrido
• A psicopatologia também pode manifestar-se como uma desorganização da
cronologia existencial.
• Para o melancólico, o tempo afigura-se parado, imóvel, sem nenhuma
perspectiva. As idéias de ruína, de culpabilidade surgem como tentativas
de justificar a modificação profunda da estrutura da vivência temporal.
• Neste sentido, a perturbação dentro do tempo do melancólico deixa de ser
sintoma, para ser causa. (Augras, 1986).
• Na psicose, a vivência do horizonte temporal desaparece.
• A esquizofrenia, em muitos aspectos, pode ser descrita como perturbação
essencial do espaço tempo.
• Uma doente declara: “Nada mais acontece, tudo parou nem eu mais vivo.
Sinto que o meu coração não bate. Ele parou como meus braços que são
de vidro. Não sei se hoje é ontem” (Augras, 1986).
• Os bloqueios neuróticos e até a desestruturação psicótica surgem, pelo
menos em parte, porque outras pessoas (figuras parentais, principalmente)
não foram capazes de entender, considerar e valorizar a experiência da
criança.
• Em conseqüência, ela não pode sentir-se confirmada e, portanto, não é
capaz de apreciar e valorizar sua própria experiência, tem de rejeitá-la,
alienando uma parte de si mesma, que vai tornar-se inconsciente (Hycner,
1995).
• Como a criança, por sua própria condição de imaturidade, dependência e
impotência com relação ao mundo adulto, possui uma estrutura de ego
frágil e vulnerável, é fundamental, para seu desenvolvimento saudável,
que esse mundo seja experienciado como sendo suficientemente confiável
e acolhedor, caso contrário, ela terá que lidar com uma realidade
insuportável e inevitável.
O diagnóstico e o fazer clínico
UNIDADE II
O diagnóstico na perspectiva fenomenológico-
Existencial
• O que é o diagnóstico psicológico?
• Etapas do diagnóstico psicológico
• O olhar do psicólogo existencialista na compreensão do diagnóstico
Introdução
• O diagnóstico é um dos principais passos para estabelecer o plano
terapêutico para uma pessoa submetida a processo de avaliação física ou
mental.
• Entender o diagnóstico auxilia na compreensão da enfermidade, da etiologia
e de quais os fatores inseridos no contexto individual.
• Nesse sentido, muito mais do que apenas classificar uma doença,
diagnosticar é um auxílio à própria atuação profissional.
• O diagnóstico psicológico aborda uma questão presente no campo da
psicologia, procurando, por meio de uma série de ferramentas, direcionar o
melhor caminho para uma questão, como uma doença que pode ter causa
mental ou emocional.
• Um primeiro ponto relaciona o fato do diagnóstico psicológico se pautar
por uma série de técnicas específicas, de modo a garantir uma avaliação
fidedigna e válida, no tocante ao que é apresentado, para melhor
interpretar as questões relacionadas ao diagnóstico de algo que se denota
como patologia.
• Entender o conceito e sua função são passos importantes, pois eles se
relacionam, ou seja, diagnosticar é identificar o estado em que um
indivíduo se encontra e descrever os principais sintomas apresentados.
• Outra questão que merece destaque é o delineamento do que é definido
como quadro clínico do sujeito para, de acordo com a percepção e
observação do terapeuta, abordar de forma mais realista e útil dentro da
intervenção.
• A grande diferença para os outros métodos, posto que o método
fenomenológico propõe outros pontos de vista para a compreensão da
questão exposta, está no principal objetivo da fenomenologia, que consiste
em olhar para o processo de saúde para além de uma mera classificação
que conceitua uma doença.
O que é diagnóstico?
• Psicodiagnóstico ou diagnóstico psicológico tem por objetivo colocar à
disposição da Psicologia Aplicada uma série de instrumentos capazes de:
registrar as características psicologicamente relevantes de determinados
"portadores de características" e suas mudanças e de integrar tais dados em
um quadro diagnóstico com o fim de oferecer uma base suficientemente
sólida para a previsão do desenvolvimento futuro de tais características,
servindo assim de auxílio na tomada de decisões e na avaliação destas;
• Diagnosticar é identificar o estado em que um indivíduo se encontra e
descrever os principais sintomas apresentados. Material do hibrido
• Delimitar os pressupostos de um diagnóstico não é uma tarefa tão simples, pois
requer domínio de técnicas e habilidades específicas, de modo a garantir uma visão
realista das condições de alteração física e mental.
• Numa abordagem fenomenológica que estuda a manifestação e a essência das
coisas tais como elas aparecem, em se tratando do diagnóstico, é necessário ter
atenção ao que o paciente manifesta, analisando e interpretando a forma como esse
ser enxerga os diversos fenômenos que aparecem e influenciam sua existência.
• Material do hibrido
• A avaliação de uma condição de fragilidade vai além da compreensão de
algo objetivo, pois entender a subjetividade e a construção de uma
experiência traz explicações sobre o comportamento das pessoas e como
elas constroem suas realidades, que, às vezes, podem se apresentar
distorcidas.
• Vários autores contribuem para a perspectiva de que a fenomenologia
explica a essência e a manifestação de determinados fenômenos, porém,
tal manifestação nem sempre se relaciona à interpretação que a pessoa tem
da realidade, uma vez que o significado da existência humana se dá pela
interpretação pura e única da própria experiência.
Intervenções Clínicas
• A psicoterapia e a prática fenomenológica
• A relação entre psicoterapeuta e o cliente
• Resultados da atuação fenomenológica-existencial
O processo diagnóstico
• O processo de diagnóstico pode estar ligado a eventos situacionais vivenciados pelas
pessoas em certas fases de sua vida.
• Por isso, avaliar significa olhar para o ciclo vital e compreender o que é esperado para cada
momento.
• O método de investigação fenomenológico identifica quais os pressupostos do contexto, na
tentativa de estabelecer um parecer realista e útil para traçar uma intervenção.
• Todavia, é importante uma análise numa perspectiva existencialista sobre qual o nível de
sofrimento em que a pessoa se encontra e até que ponto isso influencia, de maneira
negativa, a forma como ele enxerga a realidade a sua volta, promovendo uma visão
realista do evento.
• Fixar uma diferença entre quadro clínico e diagnóstico é vital numa intervenção
clínica eficaz e útil para a realidade do paciente, pois o quadro clínico nem sempre
reflete o diagnóstico, que abrange questões mais amplas.
• Ou seja, a queixa nem sempre reflete o que acontece de fato ou está relacionada à
questão existencial, pois é nesse aspecto que a fenomenologia existencial se
fundamenta.
• O diagnóstico psicológico também tem como premissa deliberar as diferenças
entre sintomas físicos e psicológicos presentes num quadro de adoecimento.
• Um dos pressupostos da existência humana consiste em se deparar com o dilema
de ser sujeito e objeto ao mesmo tempo. Isso se nota pela observação dos
pacientes nas vivências, com alguns se transformando em pacientes
psiquiátricos.
• Contudo, dentro dos termos de um diagnóstico, existe um organismo em situação
de desajustamento e há uma busca desse organismo para tentar se organizar em
maior ou menor extensão.
• Por isso, se faz necessário exercer a empatia na relação com o paciente,
independente do diagnóstico.
• Nessa perspectiva, é possível identificar a forma como o indivíduo
convive com essa doença e qual a relação estabelecida, isto é, a relação de
ganho nessa situação.
• Quando um paciente chega ao consultório em busca de um olhar para a
questão patológica que interfere na sua existência, causa um certo
desajustamento diante de uma situação muito particular, que tem como
conceito direto o modo de comportamento no mundo.
• O diagnóstico também é uma possibilidade de oportunizar o paciente a se conciliar
com a sua existência, resolvendo conflitos que não se tinha ideia da existência.
• O diagnóstico psicológico, na perspectiva fenomenológica, exige a compreensão
de que “ser doente” se está falando, além do sentido de sua existência.
• Um exemplo dessa questão é o entendimento de que o diagnóstico pode levar o
indivíduo ao autoconhecimento e ao desenvolvimento de formas de lidar com sua
situação de uma maneira mais positiva, trazendo uma melhoria no relacionamento
consigo e com os outros.
• No concernente ao diagnóstico na perspectiva fenomenológica
existencial, o método fenomenológico se baseia na descrição da
realidade como ela se apresenta.
• Antes de descrever como essa investigação acontece, no entanto, é
preciso compreender o que se define como “atitude
fenomenológica”. Logo, a etapa seguinte ao diagnóstico traça a
melhor abordagem para uma intervenção clínica adequada a cada
necessidade.
• Quando se investiga o fenômeno a partir da compreensão da atitude
fenomenológica, se tem como prerrogativa trazer respostas a situações de
inquietação.
• Nesse sentido, a atitude fenomenológica pode ser traduzida como aquilo
que se acumula como experiência até o presente momento e que causa, por
conta de algum evento, influências na maneira como um indivíduo avalia
suas ações e seu futuro.
• O processo de diagnóstico psicopatológico fenomenológico, calcado
na interpessoalidade, contempla cinco etapas:
• relato do sujeito e descrição psicopatológica;
• ressonância afetiva;
• terceiridade dual;
• intuição eidética e redução fenomenológica; e
• compreensão transcendental da estrutura;
O que é o “fazer clínico”?
• Nas primeiras consultas, o psicólogo ajuda a esclarecer o que preocupa e, a
partir daí, começa o trabalho para juntos chegarem a uma solução para as
dificuldades.
• Serão verificadas novas formas de pensar e de trabalhar sentimentos,
utilizando, inclusive, técnicas na realização de algumas tarefas do
cotidiano e adquirindo novas habilidades.
• Os resultados desses exercícios e diálogos serão avaliados para verificar se
estão sendo eficazes ou se necessitam de reformulação.
• Compreender a relação entre terapeuta e cliente é uma das premissas do
método fenomenológico, bem como os componentes da história do
terapeuta, aspectos presentes na sua existência e que servem de exemplo
do que o cliente produz com outras pessoas, embora esses aspectos sejam
considerados na relação de modo a não gerar atitudes equivocadas.
• Material do hibrido
• A intervenção clínica na Psicologia consiste em tratar o sofrimento e a dor presente
nos quadros de adoecimento. O sofrimento decorrente de quadros de desordens
psicológicas ou psiquiátricas necessita de uma intervenção psicológica e, dessa
forma, um trabalho terapêutico tem como princípio básico diminuir o sofrimento
de uma pessoa que busca mudança frente a uma situação.
• A intervenção clínica requer a capacidade de exercer a empatia, de forma
subjetiva, mesmo que a pessoa traga algo que foge de uma realidade concebida.
Não cabe ao terapeuta julgar o sofrimento ou a realidade apresentada, pois seu
papel é livre, uma vez que o diálogo com o outro acontece o tempo todo.
• Material do hibrido
• A escuta na abordagem fenomenológica existencial tem um papel primordial ao auxiliar o
terapeuta na compreensão da expressão do sofrimento humano, sendo a mais importante
ferramenta do terapeuta, que precisa desenvolver uma habilidade específica para facilitar
essa questão, o que exige treino e tempo para aprimorar essa habilidade.
• Tal atitude garante o alcance de bons resultados dentro de um processo terapêutico, tendo
em vista que ouvir é o primeiro ponto de intervenção e escutar vai além de avaliar
somente o que é dito. Quem fala, elabora o seu conteúdo por meio de uma linguagem
desorganizada, mas que traz conteúdos que se organizam de maneira muito singular.
• Material do hibrido
• A fenomenologia traz essas compreensões dentro de uma visão humanista, dando
sentido ao que o paciente expõe como realidade, olhando para essa pessoa e
entendendo qual seu sofrimento diante de uma situação. Desse modo, a abordagem
fenomenológica existencial afirma que se deve olhar para o ser humano e sua
natureza de homem dentro de uma visão ontológica.
• A ontologia se refere ao processo de reflexão de uma forma abrangente do ser,
numa perspectiva em que ele pode ter outras existências, não sendo algo limitado
e se opondo a uma questão física que limita a existência humana. Um dos
precursores desse termo dentro da filosofia foi o filósofo alemão Martin
Heidegger.
• Material do hibrido
• Essa visão também é importante para compreender a responsabilidade do
cliente no processo terapêutico, uma vez que o estabelecimento de uma
relação terapêutica saudável se dá por meio de uma atitude primordial do
indivíduo, dando margem à importância de identificar sua postura frente ao
processo interventivo.
• A fenomenologia existencial não descarta questões relacionadas ao processo
de resistência que é apresentado por um indivíduo.
• Material do hibrido
• A primeira questão levantada na intervenção está em compreender o que motiva a
pessoa, descrita como paciente ou cliente, na busca por um profissional que possa
direcioná-lo para um caminho de descobertas rumo à mudança esperada.
• A segunda questão diz respeito ao conhecimento do método que o profissional tem
como premissa, já que as expectativas da linha de abordagem são diferenciais,
assim como o profissional, que deve ter domínio da linha de atuação, a fim de que
o paciente se dê conta de que estar ali representa um encontro existencial entre
terapeuta e cliente.
• Material do hibrido
• A relação entre terapeuta e paciente, descrita como encontro, se estabelece
antes da ida ao consultório, logo, o encontro existe antes da sua
concretização, dada a expectativa que permeia todo o processo.
• O estudo dessa relação na abordagem fenomenológica existencial compõe
a busca por uma ajuda, descrita como um evento que causa, a princípio,
uma certa curiosidade em compreender a presença da pessoa, algo que
pode ter um significado muito particular.
• Material do hibrido
• Essa relação é o resultado de uma troca de saberes entre o profissional e
quem traz uma história carregada de emoção e, em muitos casos, uma
carga de sofrimento que interfere no modo de vida.
• Em muitos casos, a situação trazida na psicoterapia reflete um conflito
existencial que leva o indivíduo a um desajustamento e desorganização
diante da vida que o impede de agir com naturalidade e equilíbrio.
• Pensar em um método terapêutico é pensar no cuidado, e o cuidar, nesse sentido,
representa uma atitude de olhar para o outro, o que envolve impressões e ideias
acerca de um fenômeno.
• A atuação numa perspectiva fenomenológica existencial tem como premissa levar
o profissional da Psicologia a atuar de uma forma investigativa e não perder a
capacidade empática de entender o sofrimento dentro de uma atuação descritiva,
haja vista o processo de consciência intencional e a delimitação do que é de
responsabilidade do sujeito na relação estabelecida com o objeto.
• Material do hibrido
• O método fenomenológico descrito por Martin Heidegger traça a questão
Hermenêutica, que se refere à compreensão do ser no mundo, em que o ser
se relaciona à existência do que se é e das escolhas que se faz, porém, é
importante lembrar que a abertura para uma vivência só é possível
mediante um sentido estabelecido em dado momento.
• Pensar em um método terapêutico é pensar no cuidado, e o cuidar, nesse
sentido, representa uma atitude de olhar para o outro, o que envolve
impressões e ideias acerca de um fenômeno.
Finalizando...
• BOA PROVA !!!!!
Heidegger e as possibilidades
clínicas em psicologia
Introdução
• As características da Fenomenologia Existencial estão ligadas à retomada
de questões relacionadas à consciência, campo que necessita de um
método de abordagem muito peculiar.
• Trazer à consciência os fenômenos obriga o “ser” a avaliar sua percepção
diante de um fenômeno, fazendo com que o método dê conta de questões
importantes e que necessitam de uma intervenção mais humanista da
situação apresentada.
• A questão principal é compreender quem é essa pessoa, muito mais do que
compreender o que é a pessoa. Nesse sentido, quando mudada a pergunta,
muda-se também o objetivo, que não é entender a origem da pessoa e, sim,
quem é essa pessoa na realidade compreendida por ela e diante da forma
como ela interpreta sua realidade.
• A prática clínica suscita considerações importantes sobre o cuidado, com
maior destaque para a escuta clínica, que tem como objetivo compreender
o sofrimento psicológico. O método fenomenológico, desenvolvido por
Heidegger, é o que mais se adequa na investigação da subjetividade
humana.
A SITUAÇÃO EXISTENCIAL
• O conflito existencial
• A visão dimensional do ser
• A abordagem existencial tem como premissa básica se ocupar do ser
humano, evidenciando suas experiências permeadas por fenômenos que
trazem sentido para a vida e que caracterizam sua existência.
• A experiência cotidiana requer uma análise minuciosa, na qual se
compreende que o ser apresenta aspectos individuais ou mesmo
intencionais que compõem a raça humana.
• Heidegger é um dos precursores em trazer a ideia de existência, que
precisa ser compreendida dentro de um espaço e de uma temporalidade,
aspectos descritos como contexto e desenvolvimento.
• De acordo com Heidegger (1998), o indivíduo não pode ser determinado
somente por um aspecto, questão presente nessa concepção, uma vez que a
existência é algo indefinido, pois há uma independência na forma de
atuação na relação com o objeto.
• Dentro da sua existência, o homem também é concebido como um ser
privilegiado, uma vez que possui o dom da existência. Nessa perspectiva,
se destaca que o ser possui traços característicos de ser-no-mundo.
• A partir disso, se define que o ser humano possui afetos e interesses que o
determinam como ser humano e, por isso, a ideia de privilégio. Ou seja, o
ser estabelece uma relação com o outro e esse fator, por si só, justifica a
existência.
• Os paradoxos humanos fazem com que o ser desenvolva conflitos
existenciais, portanto, compreender o conflito ajuda o profissional a
entender como surge a relação estabelecida com o outro.
• Essa questão é muito bem definida quando as dificuldades vivenciadas por
uma pessoa passam de experiências a conflitos e, após isso, o ser sadio
alcança as possibilidades de aceitar e enfrentar tais paradoxos e restrições
impostas pela existência.
• A fenomenologia existencial amplia o olhar para o cuidado clínico, no
qual o sofrimento requer que o profissional tenha uma atuação
diferenciada. Com isso, é importante entender que o psicólogo tem pela
frente um grande desafio, pois precisa ter a compreensão de que o
paciente apresenta um conflito existencial, que traz um sofrimento em
sua vivência como ser.
As três dimens,ões da nat ur ez,a do ser humano, de a,cordo com Heidegger
1

Os nív,eis de experiência
(,consci,ência
de motivaçõ,es existir)
paira

O ,esta do, d,e cuidado do (pre 0,cupa 1 ção ou angústia ieom o que lev, a o,
Ser nada 1

ser à transc,endência dais condi ,ç,ões que limitam a ,existência ),


O TEMPO E O ESPAÇO
• O contexto de desenvolvimento
• A existência humana e o seu tempo

• O tempo é deliberado pela temporalidade e pela transitoriedade, porém, há
uma necessidade de definição de valores para compreender o tema da
transitoriedade e temporalidade como condições existenciais para a
configuração de sentido, relacionando as categorias de valores à realização
de sentido nas principais dimensões da experiência humana, além de
refletir sobre a possibilidade de constituir sentido nas situações limites da
existência.
• Esse tempo reflete muito do que o indivíduo vive, pois o momento atual
tem uma representação significativa dentro da existência, se interligando
ao contexto histórico e aos fatores que o compõem.
• O tempo não para e, com isso, é fundamental ter uma noção de como o ser
humano acompanha tal mudança, tendo em vista o que há de permanente
nos seres humanos, independente do ciclo vital.
• O espaço é outro aspecto que permeia o campo da psicologia, tendo uma
representação muito importante dentro da existência humana e sendo
também interligado ao tempo, pois é preciso analisar o lugar em que a
pessoa se insere e cuja influência é primordial na formação humana.
• Em síntese, as transformações causadas pelas mudanças no tempo e no
espaço se tornam presentes nessa visão de mundo.
O OUTRO E A FALA
• A escuta sem julgamento
• O dilema em ser o outro
• Dentro da perspectiva fenomenológica, a procura por ajuda está ligada a
uma necessidade. A fala vem acompanhada de uma perspectiva de um
lugar de escuta, que está ali para trazer sentido à fala das pessoas que
buscam pela escuta.
• Nesse contexto, a fala é importante, pois faz com que o indivíduo elabore
tal conteúdo. Uma questão importante também se refere ao entendimento
de que, por trás da fala do outro, existe algo, muitas vezes encoberto, que
influencia o comportamento.
• A escuta é uma das estratégias que trazem resultado na atuação clínica,
posto que quem procura ajuda busca o acolhimento necessário para o
enfrentamento do seu sofrimento.
• Nesse sentido, o acolhimento dentro da clínica faz com que o indivíduo
entenda o seu lugar no mundo e a sua principal tarefa dentro disso.
Portanto, o autoconhecimento é uma das premissas do processo
terapêutico.
• A escuta clínica se modifica à medida que o campo de atuação também
sofre mudanças. No caso da abordagem fenomenológica existencial, a
escuta se torna essencial dentro do tempo e espaço em que o ser humano se
insere.
• O desenvolvimento dessa escuta é discutido por vários autores, mas,
mesmo assim, a habilidade profissional faz toda a diferença, visto que
observar o outro é uma possibilidade de enxergar a pessoa para além das
aparências.
• A psicologia fenomenológica existencial dentro da clínica compreende que
todo processo de escuta apurada requer alguém do outro lado, que o faça
sem qualquer julgamento do que é dito.
• O julgamento aqui é descrito como algo que interfere na perspectiva de
quem é o outro, visto que a pessoa julgada pode resistir em falar. Logo, o
julgamento não faz parte desse processo, pois a pessoa busca
compreensão, e não julgamento e, além do mais, tal fator não contribui
para o processo de melhora.
• A escuta qualificada provê ao profissional informações sobre o ser que
quer ser ouvido, permitindo descobrir até que ponto o adoecimento
impacta a vida de uma pessoa que procura auxílio.
• A escuta também proporciona a elaboração do conteúdo por parte da
pessoa escutada, uma vez que o conteúdo causa sofrimento a essas
pessoas. A partir dessa realidade, é traçado um plano terapêutico realista e
que atinge resultados positivos.
• Uma das questões mais estudadas pela fenomenologia existencial se refere
ao dilema humano que é marcado por uma concepção diferente do que se
é e de onde se pretende chegar.
• Para a maioria dos teóricos, a psicologia, como ciência humana que se
propõe a enxergar a realidade dessas pessoas, deve pensar sobre isso,
lembrando que uma pessoa que se vê diante de um dilema é um ser em
sofrimento por conta de algum tipo de sensação desagradável.
A CLÍNICA E O CUIDAR
• Questões norteadoras:
1. O que é o cuidar dentro da prática fenomenológica-existencial
2. Quais as principais características da clínica fenomenológica-existencial
• A clínica é um espaço de cuidado, definido há muito tempo dentro do
campo da psicologia. Nesse sentido, se faz necessário compreender sua
importância, pois o ser humano, quando procura esse lugar, vem
acompanhado de um momento diferente, permeado por influências em sua
vida.
• O cuidar é um ato de atenção dedicado a um indivíduo em situação de
fragilidade ou necessidade específica. Logo, é preciso abordar a
perspectiva de olhar sob a premissa de que o cuidado está ligado ao fato de
escutar o sofrimento de uma pessoa que busca desse cuidado.
• A atuação fenomenológica existencial exige um contato com a realidade
do outro, no que se denomina consciência, mas que, dentro do método
fenomenológico, pressupõe uma substituição pela palavra percepção, uma
vez que a interpretação de um fenômeno parte da percepção.
• Pensar em um método terapêutico é pensar no cuidado, portanto, o que é
cuidar, nesse sentido, representa uma atitude de olhar para o outro, o que
envolve impressões e ideias acerca de um determinado fenômeno.
ENCONTRO HEIDEGGERIANO COM A
CLÍNICA
• O aconselhamento psicológico é uma das disciplinas consideradas
fundamentais na formação do psicólogo, e a sua prática encontra-se
regulamentada no Brasil.
• A prática do aconselhamento tem sido tradicionalmente associada a várias
opções de ação, como fornecer informações, feedback positivo, orientação,
incentivo e interpretação.
• Essa diversidade fica evidente na forma como os profissionais da área são
conhecidos: psicólogos, terapeutas, conselheiros, profissionais de saúde,
entre outros (SCHMIDT, 2012).
• Existem várias maneiras de definir o aconselhamento psicológico, desde a
adoção de referências generalistas que se concentram na explicação do
processo de aconselhamento, sem mencionar diretamente as abordagens
psicológicas, até as posições que se desviam apenas de um determinado
enfoque teórico para explicar o que se entende por aconselhamento
psicológico.
• No geral, é uma experiência projetada para ajudar as pessoas a planejar,
tomar decisões, lidar com as pressões diárias e crescer para obter uma
autoestima positiva. Pode ser vista como uma relação de ajuda, que
envolve alguém em busca de auxílio, alguém disposto a ajudar e capaz de
cumprir a tarefa, em uma situação que permite que o apoio seja dado e
recebido.
• O aconselhamento é o processo pelo qual os clientes têm a oportunidade
de explorar suas preocupações pessoais, aumentando, assim, a consciência
e a escolha.
• Apesar das definições mais relacionadas a abordagens psicológicas
específicas, a tarefa de aconselhamento pode ser compreendida como o
processo, com formulários, orientações e procedimentos para mostrar ou
criar condições para que as pessoas possam julgar as alternativas por si
mesmas e formular suas opções.
Espaço clin1ico

Tem,
p o limitado

(
1

Esdarecimento dos significados Compreensão dos so rimentos


Ressign·ficação de si

Papel de acolher
Profissional Cliente Proporcionar escuta ativa
Fornecer um ambiente para conhecer a subjetividade
HEIDEGGER, UM CAMINHO POSSÍVEL

• Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aconselhamento baseia-se


na criação de relações e condições favoráveis para que as pessoas possam
avaliar seus problemas e tomar decisões.
• Para o Ministério da Saúde, é uma escuta ativa, individualizada e
centrada no cliente, que pressupõe a capacidade de construir relações de
confiança entre interlocutores, cujo objetivo é poupar os recursos internos
do cliente para que ele próprio tenha a oportunidade de se reconhecer
como sujeito da sua própria saúde e transformação.
• Um estudo recente, de Pupo e Ayres (2013), descreve o aconselhamento
psicológico na saúde como ferramenta e prática, que oferece ajuda
estruturada, além de ser personalizada para enfrentar situações difíceis e
que requerem ajustes e adaptações ao respectivo problema e ao seu
enfrentamento.
• Assim, é uma prática que se constitui entre o modelo médico e a
formação, que dá voz ao cliente nas suas dificuldades e sofrimentos, como
também promove um espaço de escuta que permite à pessoa alcançar a
autonomia e a procura do bem-estar.
• O plantão psicológico é baseado no modelo de aconselhamento
psicológico proposto por Carl Rogers, o qual estava inicialmente
relacionado ao exame da personalidade por meio de testes psicológicos.
• No entanto, Rogers começou a questionar esse modelo de aconselhamento
a partir de sua prática, e sugeriu uma mudança de perspectiva passando a
dar importância ao cliente e não ao problema, à relação e não ao
instrumento de avaliação, ao processo e não ao resultado.
Essa aceitação in co,ndicional por parte do t er a, p eut faz com o cliente perceba
1
1
a
ess a d i s.ponibiUd ade e se sinta compre,endido e resp que
, er i ado ,corno pessoa. Desta forma,
sentimentos que não foram expr ess, o s ant eit
1

em ermaior compreensão de suas dificuldades, problemas or en e, permitindo ao cli,ente


, uma
gem1 m1
e mundo interno.

A emp.atia é um termo terapêutico es, senci a, l e tornou-se a chave para mudar o


processo t er a, p êu t ico
,. A natureza da ter ap ia.rogeriana seria baseada na e m pat ia não
1

diretiva ,expressa na atitude do terapeuta. Por m1 elo da c, om preens .ão empática, a visão
incondicionalmente positiva no contexto de congruência é transferida para o Cliente.

Autenticidade é sinônimo de congruência, harmonia, coerência e· nt re o que o indivíduo pensa, o q ue


1
• O plantão psicológico emerge da necessidade de atendimento psicológico
a uma parcela da população que, na maioria das vezes, no momento de
urgência, não é atendida devido à escassez de recursos públicos para o
atendimento à saúde, o que acaba favorecendo os casos "mais graves",
resultando em uma especialização das solicitações.
• O atendimento psicológico na oferta de plantão pressupõe a necessidade
de disponibilizar o profissional de psicologia (ou plantonista ou estagiário
sob supervisão de um profissional) a determinada comunidade ou
instituição por períodos determinados ou ininterruptos. Esse atendimento
pode ser em uma única reunião ou distribuído a outras pessoas,
dependendo da necessidade de quem busca ajuda.
• O que define a mudança é a não delimitação ou sistematização dessa oferta
de ajuda, de forma que o profissional esteja disponível para “atender o
outro em uma emergência”, oferecendo suporte emocional, espaço para
expressão de sentimentos, bem como a possibilidade de reorganização
psíquica.
-

PSICOTERAPIA 1
PLANTÃO
ENCONTROS E DESENCONTROS DO
FAZER CLÍNICO COM O PENSAMENTO
HEIDDEGERIANO

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