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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE PARANAÍBA


Psicologia Jurídica
Profa. Me. Sílvia Leiko Nomizo

ROTEIRO DE AULA

1 - PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA E PROFISSÃO

1.1 - Conceito de Psicologia: pode ser dado por sua origem grega: Ψυχολογία =
Psyche + logia. Psyche quer dizer alma, mente ou espírito e também era o nome da Deusa
Psiquê, a qual, na mitologia grega, era esposa de Eros. Logia vem de logos, que quer dizer
razão, lógica, estudo, discurso, conhecimento ou ciência.
Dentro do conceito de psicologia, podem ser verificadas duas abordagens principais: a
abordagem biológica e a psicodinâmica.

1.2 – Objeto de estudo da Psicologia e os fenômenos psicológicos: a partir do


conceito de Psicologia, pode-se verificar que o seu objeto e estudos é o Homem, em sua
integralidade/humanidade.
* O homem é visto a partir dos fenômenos psicológicos: fenômenos psicológicos
orgânicos (neuropsicológicos) e fenômenos psicológicos sociais ou ambientais.

1.3 - A Psicologia como profissão: a prática psicológica decorre da doença, das


dificuldades, nos desequilíbrios e dos desajustes dos fenômenos psicológicos, de modo que a
atuação do psicólogo se volte para uma possível e desejável cura.
* O psicólogo é o profissional com condições de ajudar aos outros na busca pelo que
é desconhecido e denominado de felicidade, equilíbrio ou algo parecido, capaz de
acompanhar os destinos dos outros, convertendo suas percepções e consciências, estruturando
e transformando sua personalidade.
* Lei n. 4.119/1962
* Lei n. 5.766/1971
* Áreas de atuação do psicólogo: clínicas, nas escolas, universidades, organizações,
hospitais, conselhos tutelares, no Judiciário e nas políticas públicas.

1.4 - Origem e evolução: a Psicologia como ciência: a evolução da Psicologia como


ciência pode ser didaticamente dividida em duas fases: a pré-científica e a moderna.
* Fortes influências de outras áreas de conhecimento, como: Filosofia,
Fisiologia/Medicina, na busca pela compreensão do binômio mente e corpo.
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1.2.1 Influências filosóficas: Idade Antiga (Período Cosmológico: Tales de Mileto e


Período Antropocêntrico: Sócrates, Platão, Aristóteles) Idade Média (Teocentrismo: Santo
Agostinho e Santo Tomás de Aquino), Idade Moderna (Antropocentrismo: Descartes,
Auguste Comte, Jonh Locke e Kant).
- Tales de Mileto: buscava explicar o cosmo, preocupação com a transformação da
natureza.
- Sócrates: acreditava na existência de uma verdade única e imutável, alcançada
através do autoconhecimento. “Conhece-te a ti mesmo”.
- Platão: defende a existência de um plano de ideias, que é perfeito e imutável, ao qual
os homens têm acesso antes de encarnarem e buscam durante toda a vida.
- Aristóteles: defendia que nossos atos são controlados pela razão e nela reside o
raciocínio com base nos dados dos sentidos e que a alma é a essência do ser humano, de modo
que a função do homem é a atividade da sua alma.
- Santo Agostinho: pregava a cisão entre alma e corpo com base nas ideias de Platão,
diferenciando-se pelo fato de sustentar que a alma não era apenas a morada da razão, mas
também um lugar habitado por Deus.
- Santo Tomás de Aquino: a sua teologia tinha base nos pensamentos de Aristóteles,
sendo que existe distinção entre essência e existência, pois o homem buscava a perfeição da
essência, durante a sua existência, ou seja, a busca de um encontro com Deus, que representa
a plenitude.
- Descartes: método cartesiano – “penso, logo existo. Tentou resolver o problema
mente-corpo, que perdurava desde o tempo de Platão.
- Auguste Comte: defensor do Positivismo, para o qual, o conhecimento se afirma em
uma verdade comprovada, a partir do método experimental, tornando-se inquestionável.
- John Locke: pensamento empirista, pelo qual a mente seria uma espécie de quadro
em branco (“tábula rasa”), sobre o qual é gravado o conhecimento, cuja base é a sensação.
* Tanto o positivismo como o empirismo são os alicerces filosóficos de uma nova
Psicologia, como ciência, para a qual os fenômenos psicológicos eram constituídos de provas
factuais, observacionais e quantitativas.
- Kant: criador do “imperativo categórico”, para ele o conhecimento era resultado da
sensibilidade e do entendimento, de modo que, o homem deve agir de tal forma que seu agir
pode ser tornar uma lei universal.
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1.2.2 - Influências fisiológicas: Hipócrates, Wilhelm Maximilian Wundt (médico,


filósofo e psicólogo alemão), Titchner e Willian James.
A Fisiologia propõe um estudo do homem como ser organizado e semelhante a outros
seres que se organizam química e botanicamente rejeitando, o estudo da alma, apostando no
estudo do cérebro, em que se localizar as propriedades e as funções da alma.
- Hipócrates: considerado o “pai da medicina”, ainda na Idade Antiga, tinha profundo
interesse pela fisiologia e fez importante observações sobre a forma como o cérebro controla
diversos órgãos do corpo, abrindo caminho para a perspectiva biológica na psicologia.
- Wundt e o introspeccionismo: Wilhelm Wundt, em 1879, em Lipzig, na Alemanha,
criou o primeiro laboratório psicológico, com foco nos processos mais elementares de
percepção e a velocidade dos processos mais elementares. Desenvolveu a concepção de
paralelismo psicofísico, pelo qual os fenômenos mentais correspondem aos fenômenos
orgânicos, culminando com a criação do instrospeccionismo, método através do qual o
experimentador perguntava ao sujeito altamente treinado para a auto-observação os caminhos
que o estímulo sensorial perfazia no seu corpo.
- Edward Titchner e o estruturalismo: dividiu a consciência em três elementos básicos
– sensações físicas, sentimentos e imagem, de modo que o papel da Psicologia consistia em
investigar esses elementos e mostrar o modo como eles podem ser integrados e combinados,
definindo a Psicologia como ciência da consciência ou da mente, que seria a soma dos
processos mentais.
- Willian James e o funcionalismo: sustentou que as associações mentais permitem
que nos beneficiemos de nossas experiências anteriores, pois somos guiados pelo hábito,
baseado na aprendizagem por repetição.

1.5 - Teorias da Psicologia: pode-se destacar sete perspectivas teórico-práticas da


Psicologia na contemporaneidade – a psicanálise, o behaviorismo (comportamentalismo), o
humanismo, o cognitismo, a Psicologia cognitivo-comportamental, o gestaltismo e o social
pelo viés da matriz sócio-histórica.
1.5.1 – Freud e a psicanálise: Livro “Interpretação dos Sonhos”, publicada em 1990,
Sigmund Freud (neurologista austríaco), criou a psicanálise, com base em suas experiências
clínicas como pacientes histéricas.
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- Inconsciente: “uma dinâmica viva de impulsos sexuais, desejos reprimidos, medos e


vontades inomináveis e memórias traumáticas, primordialmente oriundos da infância”.
1.5.2 – Watson, Skinner e o behaviorismo ou comportamentalismo: início de 1920,
liderada por Jonh B. Watson, essa teoria refutava a abordagem da psicanálise e defendia que a
Psicologia era o estudo de comportamentos observáveis.
- Watson afirmou “Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas e meu
próprio mundo especializado para que eu as eduque, e eu garanto que escolherei qualquer uma
delas aleatoriamente, treinando-a para que se torne qualquer tipo de especialista que eu
escolha – médico, advogado, artista, e, claro, até mesmo mendigo e ladrão,
independentemente de seus talentos, preferências, tendências, capacidades, vocações e raça”.
- Skinner: defendia que o psicólogo deve se ater ao estudo do comportamento
observável e mensurável, de modo que, as reações humanas devem ser entendidas como
comportamento aprendido, que pode ser alterado por meio do condicionamento.
*Reforço positivo: quando é dada uma recompensa em consequência da realização de
um comportamento desejável e legítimo.
*Reforço negativo: quanto algo insuportável para o agente é removido devido ao
exercício de um comportamento social e juridicamente aceitável.
1.5.3 – Humanismo ou Psicologia humanista: teve sua origem nos anos 1950, com
grande relevância nas décadas de 1960 e 1970, tendo com principais teóricos Carl Rogers e
Abraham Maslow, tratou-se de um ramo da psicoterapia.
* Pirâmide de Maslow: conceito de motivação atrelado ao modelo de hierarquia de
necessidades.

AUTORREALIZAÇÃO

STATUS - ESTIMA

SOCIAIS

SEGURANÇA

FISIOLÓGICAS

Pirâmide de Maslow

Em outras palavras, primeiro buscamos satisfazer:


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A Necessidades fisiológicas — como fome e sono;

B Segurança — emprego, família, saúde;

C Amizade, relacionamentos amorosos;

D Necessidades de estima;

E Realização pessoal.

* Carl Rogers: criador da terapia centrada na pessoa, tendo sua visão humanista
decorrente do tratamento de pessoas emocionalmente perturbadas, defendendo a ideia de
autoconceito com o um padrão organizado e consciente das características de cada um desde a
infância, sendo que os conceitos podem ser substituídos e reforçados com as novas
experiencias que surgem.
1.5.4 - Cognitivismo: na década de 60, ocorreu a denominada “revolução cognitiva”,
fazendo com que o behaviorismo perdesse espaço, dando lugar a pesquisas sobre percepção,
personalidade, desenvolvimento infantil, relações interpessoais e outros tópicos.
*Psicologia cognitiva: estudo dos processos mentais no sentido mais amplo, incluindo
o pensar, sentir, aprender, recordar, tomar decisões e fazer julgamentos, com a preocupação
de compreender como as pessoas processam as informações.
1.5.5 – Psicologia cognitivo-comportamental: fundada em 1960, por Aaron Beck
(neurologista e psiquiatra norte americano), é a combinação de conceitos do
comportamentalismo com as teorias cognitivas, buscando aprender a forma como o ser
humano interpreta os acontecimentos e como aquilo o afeta, ou seja, estuda como cada pessoa
vê, sente e pensa sobre algo que lhe causa uma sensação negativa.
1.5.6 – Gestaltismo ou Psicologia da Gestalt: criada por Max Wertheimer, Kurt Kafka
e Wolfgang Koeler, na primeira década do século XX, que tinha como objeto de estudo a
percepção e acreditavam que as experiências perceptivas dependiam dos padrões formados
pelos estímulos e da organização da experiencia.
* Gestalt: significa forma ou configuração.
* Análise do todo para depois estudar as partes, para esta teoria as informações do
meio externo são processadas em dois níveis: a sensação e a percepção.
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1.5.7 - Social pelo viés da matriz sócio-histórica: essa teoria considera o homem um
ser social, histórico e ativo, imerso em um processo de interações sociais e relações com
marcas culturais.

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