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Texto base para discussão: EFRON, A. M., FAINBERG, E., KLEINER, Y.

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SIGAL, A. M. e WOSCOBOINK. A hora de jogo diagnóstica. In: OCAMPO,
M.L.S.; ARZENO, M.E.G & PICCOLO, E.G. O processo psicodiagnóstico e as
técnicas projetivas. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1990. p. 169-191.

A Hora do Jogo Diagnóstica: é um recurso que o psicólogo pode utilizar


com crianças em uma entrevista diagnóstica. O objetivo é conhecer a criança a
partir do seu brincar, é uma forma de expressão de seus conflitos, desejos,
fantasias, etc. É um meio que facilita a comunicação com elas e está presente em
todas as culturas.
Tem um começo, meio e fim e é precedida por entrevistas com os pais,
essa atividade (lúdica) é para a criança um meio de comunicação semelhante à
expressão verbal nos adultos.
É importante dar instruções de forma breve e compreensível, nosso papel é
de observador passivo, mas também é ativo como terapeuta, e se for necessário
estabelecer limites quando for o caso. Cuidado com a sala, não muito pequena e
ter pisos e paredes laváveis de preferência. Os brinquedos devem estar
acessíveis e deve-se evitar brinquedos/objetos perigosos.
Os brinquedos não devem ser escolhidos aleatoriamente, mas em função
das respostas específicas que provocam.
Não há padrões definidos para análise da hora do jogo, mas existem
indicadores com fins de orientação, um é a escolha de brinquedos e o uso da
linguagem, observar a forma como age em relação aos brinquedos, se é
impulsiva, dúvida, de forma lenta ou rápida, se espera por orientações ou se é
ativa. Quando utilizar jogos, reparar na faixa etária, se corresponde ao estágio de
desenvolvimento, a sugestão é seguir os critérios de Piaget. Outro indicador é a
capacidade de assumir e atribuir papéis durante a atividade lúdica
(personificação), o que possibilita elaborar situações traumáticas, aprender papeis
sociais e compreender o papel do outro, ajustando sua própria conduta, o que é
importante para um processo social e individual, e caso a criança peça para
assumir um papel, aproveite para que lhe explique quis são as características
desse papel.
Não podemos esquecer de olhar a motricidade, criatividade, capacidade
simbólica, tolerância a frustração e adequação à realidade.
Não podemos esquecer que a criança pode se retrair nos contatos inicias
com o psicólogo e pode não se adequar a realidade proposta, necessitando de um
tempo para que se adapte.
Os norteadores a serem observados no brincar.
1- Escolha de brinquedos e de brincadeiras – Olhar o tipo de brinquedo
escolhido, se o jogo escolhido tem começo, meio e fim e se corresponde ao
estágio de desenvolvimento cognitivo em que a criança se encontra.
2- Modalidade das brincadeiras - a criança organiza sua maneira de brincar
de acordo com a forma que escolher para manifestar aquilo que está querendo
demonstrar. Destaca-se entre as modalidades de brincadeiras a plasticidade,
rigidez e estereotipia e perseverança.
3- Personificação - capacidade que a criança tem de assumir e atribuir
papeis dos outros. Essa capacidade deve ser analisada levando em consideração
a forma própria de cada estágio do desenvolvimento cognitivo, lembrando que a
passagem de um período para o outro não se realiza de forma linear nem brusca,
mas com sucessivas progressões e regressões.
4- Motricidade - observa-se a adequação motora da criança na etapa de
evolução que atravessa focando nos indicadores de deslocamento geográfico,
possibilidade de encaixe, preensão e manejo, alternância de membros,
lateralidade, movimentos voluntários e involuntários, movimentos bizarros, ritmo
de movimento, hipersinesia, hipocinesia e ductibilidade.
5- Criatividade - Observar a capacidade de unir ou relacionar elementos em
um novo e diferente.
6- Tolerância à frustração - Como a criança reage em tolerar ou se frustrar
em determinados momentos.
7- Capacidade simbólica - podemos avaliar a riqueza expressiva, a
capacidade intelectual e a qualidade do conflito.
8- Adequação a realidade - devemos observar como a criança age ao ter
que se desprender da mãe. Se age de acordo com sua idade, como compreende
e aceita as instruções. Deve-se observar a aceitação ou não do enquadramento
espaço-temporal e a possibilidade de se colocar em seu papel e aceitar o papel do
outro.

PSICODIAGNÓSTICO – SUPERVISÃO
Dias 14 (noturno) e 15 (matutino) de abril.
Texto base para discussão: EFRON, A. M., FAINBERG, E., KLEINER, Y., SIGAL, A.
M. e WOSCOBOINK. A hora de jogo diagnóstica. In: OCAMPO, M.L.S.; ARZENO,
M.E.G & PICCOLO, E.G. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. 6ª
ed. São Paulo: Martins Fontes, 1990. p. 169-191.

Atividade: Discutir o texto básico, destacando a importância do brincar


espontâneo para a criança: Deve-se proporcionar condições para que a criança
brinque da forma mais espontânea possível. O objetivo é observar,
compreendendo e cooperando com a criança, conhecer a criança a partir do seu
brincar, pois o brincar é uma forma de expressão de seus conflitos, desejos,
fantasias, etc.

A Hora de Jogo Diagnóstica como técnica, tem começo, desenvolvimento


e fim em si mesmo, objetivando conhecer o problema e suas possíveis causas.  

O uso da caixa lúdica, vai permitir que a criança expresse seus sentimentos e
emoções através do brincar que é semelhante à expressão verbal nos adultos e o
objetivo é observar, compreendendo e cooperando com a criança.

Articular o texto e os pontos discutidos com o filme Sete Minutos Depois


da Meia-noite: as 4 histórias contadas na interação da árvore e do menino, os
desenhos:
O Connor está com muita raiva pelo que está passando, porque sabia que
a mãe estava morrendo e seu pai não pode ficar com ele...ele se sente
abandonado.
Ele projeta nos desenhos, que são recorrentes, uma árvore, que podemos
supor, que viu os desenhos da mãe, como mostra no início do filme, seus conflitos
e dilemas com os quais não sabe lidar e nem expressar...Podemos perceber sua
luta interior entre aceitar a morte da mãe e ao mesmo tempo tentar salvá-
la....mostra como ele tem necessidade de se sentir parte do meio que vive, tanto
com sua família como com seus colegas na escola.... Através de seus desenhos
podemos propor a hipótese de que não está conseguindo lidar com a realidade,
com o conflito em que vive, com seus lutos.
Até parece que são apenas histórias, no entanto, o trabalho do
monstro/árvore é ajudar Connor a enfrentar as suas próprias dificuldades, os seus
medos, os monstros que vivem dentro dele.

A primeira história é sobre um rei que perdeu seus 3 filhos, restou apenas um
neto. Diante das perdas a rainha também morre. O rei se casa novamente com
outra mulher, com fama de ser uma bruxa. Um dia ele morre e sua esposa se
torna a rainha, já que o neto do rei ainda é muito jovem, para reinar.
A forma como a árvore narra, dá a impressão que a rainha envenenou o rei. Conta
que o príncipe se envolve com a filha de um fazendeiro, mas a rainha tenta
seduzi-lo, pois como ela não é sua avó, se casar com ele poderia ser vantajoso,
porém o príncipe a recusa e foge com a sua amada. De noite, param debaixo de
uma árvore e no dia seguinte a moça estava morta e ensanguentada. No reino,
como todos sabiam que a rainha queria se casar com o príncipe, supuseram que
ela havia assassinado a mulher. Nesse momento, a árvore salva a rainha e a
esconde dos habitantes, e em seguida o príncipe assume o trono. O garoto
questiona o porquê de a árvore ter salvo a rainha, e ela lhe explica que na
verdade, apesar da rainha ser realmente uma bruxa malvada, ela não matou
ninguém. Já a filha do fazendeiro foi morta pelo próprio príncipe, com o intuito de
revoltar os moradores do reino e perseguirem a rainha. Apesar o que fez, o
príncipe governou bem o reino. Conclusão: não existem pessoas totalmente boas
ou ruins, a maioria delas caminha em um meio-termo e a verdade costuma ser
fragmentada, podendo ser vista sobre várias perspectivas. A bruxa pode ser
interpretada como a avó do menino, apesar de seu jeito rígido e ríspido, no fundo
ela se preocupa em cuidar de Connor e de sua mãe. Portanto, apesar de sua
personalidade mais dura, ela tenta ajuda-los.

A segunda história se trata da rivalidade entre um boticário, que se recusava a


aceitar o progresso da industrialização da cidade e, portanto, vivia no bosque, e
um pastor que pregava a favor do avanço da ciência e do desenvolvimento
tecnológico. No decorrer do tempo, o pastor denegriu o boticário, afirmando que
seus métodos eram arcaicos. Com a imagem prejudicada, o boticário se isolou na
floresta e permaneceu por lá. O pastor teve duas filhas e era um pai dedicado. Um
dia elas adoeceram e nenhum tratamento surtia efeito algum nas meninas.
Sem opções, o pastor foi pedir ajuda ao boticário, que lhe negou o auxílio.
Desesperado, o religioso implorou pela ajuda, disse que falaria bem do boticário
aos moradores da cidade e que se preciso fosse, abdicaria de toda a sua fé.
Mesmo assim, o boticário não o amparou e disse para ele que se o pastor era
capaz de largar suas crenças, então ele não tinha nada. No dia seguinte, suas
filhas faleceram. Logo depois, a árvore decide destruir a casa do pastor com a
ajuda de Connor. O adolescente, em seguida cai em si e percebe que destruiu
toda a sala de estar da casa de sua avó, em uma mistura de surto e
sonambulismo. Apesar dela ficar chocada com o vandalismo, não o pune. Nessa
história, a árvore lhe passa a lição da importância de acreditar (ter fé) na cura dos
problemas, ainda mais com tudo que Connor tem passado. A destruição da sala
revela a sua desorganização e confusão de sentimentos perante tantas
turbulências.
A terceira história é onde sua mãe revela para o garoto que o tratamento não
funcionou e não há mais nada a ser feito. Desesperado, Connor procura a árvore
monstruosa e se queixa para ela, pois esperava que fosse salva. Porém, seu
mundo desmorona, enquanto tudo é tragado pelo chão.
Nesse momento, a árvore obriga o garoto a falar sobre uma quarta história, o que
ele estava realmente sentindo. Apesar da confissão arrancada a fórceps, Connor
percebeu o seu conflito. Ao mesmo tempo em que desejava a sobrevivência de
sua mãe, por outro lado, queria vê-la partir e assim dar um fim ao seu sofrimento.
Finalmente a sua verdade havia sido revelada. O garoto se sentiu culpado pela
morte da mãe, como se o seu desejo proibido pudesse causar tamanho estrago.
Mas a sua árvore “analista” lhe conforta com a ideia de que esse desejo é
extremamente humano, porque não há vontade real de matar a mãe, mas
simplesmente de matar a dor. Depois da declaração de Connor, a árvore o
parabeniza pela coragem em admitir o conflito.

(No fundo, a árvore representa uma parte do eu do protagonista, um recurso


psíquico para ajudá-lo a suportar as dificuldades.)

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