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06/11/2020

Entrevista Forense
Aplicada ao
Depoimento Especial

Prof. Dr. Lucas Guimarães


Doutorado em Avaliação Psicológica (USF)
Perito Psicólogo e Analista judiciário – Psicólogo (TJ-MA)
Membro do American College of Forensic Psychology (ACFP)
Pesquisador Visitante da Università di Torino (Turim, Itália)
Neuropsicólogo (CFP), Prof. Adjunto de Psicodiagnóstico (UESPI)

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O que vocês acharam desta sala?

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3 Entrevista Forense
• A entrevista forense tem caráter investigativo, retrospectivo e
descritivo
• Neste sentido, toda entrevista forense é investigativa!
• A EI tem como objetivo elucidar fatos, que possam ter ocorrido e
que sejam de interesse da justiça ou da fase investigativa!

Rovinski & Stein (2009)


Milne & Bull (2006)

4 Entrevista Forense

• Variáveis que determinam a qualidade da entrevista:


• O intervalo de tempo até a realização da entrevista
• O estágio de desenvolvimento cognitivo e de linguagem do
entrevistado!
• A forma como se questiona a criança
• A qualidade do vínculo entre entrevistador-entrevistado!
• O ambiente físico da entrevista
• O número de entrevistas realizadas
• .... Welter, & Feix (2010, p. 160)

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Entrevista Forense
• Requer treinamento continuado, autoavaliação e avaliação por
pares da qualidade do processo de entrevista
• Domínio teórico em noções teóricas sobre o desenvolvimento
humano típico e atípico, aspectos culturais e outros
• Profissional poderá escolher o protocolo de entrevista forense
que ele tenha melhor domínio e que mais seja adequado para o
público que irá atender!
(APRI, 2003; APSAC, 2002; Bourg, 1999; Fontes, 2005;
State of Michigan, 2005; Sorenson, Bottoms & Perona, 1997; Poole & Lamb,
1998; Wattam, 1992; Yuille, 1991).

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Entrevista Forense

• Os protocolos de entrevista forense funcionam melhor com


crianças e entrevistados prontos para revelar e a com pessoas a
partir de idade escolar
• Necessário algumas adaptações para crianças em idade pré-
escolar ou para aquelas pessoas que se mostram resistentes em
razão da experiência traumática
(APRI, 2003; APSAC, 2002; Bourg, 1999; Fontes, 2005;
State of Michigan, 2005; Sorenson, Bottoms & Perona, 1997; Poole & Lamb,
1998; Wattam, 1992; Yuille, 1991).

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7 Preparação para o
Depoimento Especial
• A preparação já se inicia desde o agendamento do DE.
• O recomendado é que as salas onde ocorrerão o Depoimento Especial e a
que ocorrerá a Audiência estejam geograficamente bem distantes, para
evitar o contato da criança ou adolescente com o acusado e/ou seus
familiares.
• Recomenda-se no máximo 2 DE por turno!

8 Preparação para o
Depoimento Especial
• Ao agendar a data do DE, é primordial entrar em contato anteriormente com a
criança e seu responsável para definir o melhor dia e horário!
• Deve-se desorganizar o mínimo possível a rotina da criança ou do
adolescente!
• Avaliar o local de moradia, tempo de deslocamento, condições de acesso e
transporte ao local da audiência
• Escolher sempre o horário mais flexível para as partes! (Lei 13.431/2017, Art.
5º, IX)
• Agendar para a chegada ao local 20 ou 30 minutos antes do DE!

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9 Preparação para o
Depoimento Especial
• No Rio Grande do Sul, o oficial de justiça ao levar a intimação já leva junto ao
ofício uma cartilha ilustrativa orientando a família e a criança sobre como irá
ocorrer o DE
• É fundamental que haja ampla abertura e diálogo entre entrevistador e
magistrado!
• A indicação técnica é de que o acusado não esteja na sala de audiência! (Lei
13.431/2017, Art. 5º, X), mas que lá conste o seu advogado lhe representando
(Código de Processo Penal, em seu Artigo 217)
• “a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à
testemunha ou ao ofendido” (BRASIL, 1941).

No dia do
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Depoimento Especial
• Antecipadamente, o entrevistador deverá certificar-se de que a sala da
entrevista está em condições adequadas e os equipamentos necessários
para o DE estão funcionando (câmera, microfone, fone de ouvido, celular,
tablet ou telefone)
• Garantir previamente que todo o equipamento de gravação está
funcionando!
• Imprescindível a leitura antecipada dos autos de inquérito ou processuais!
Isso irá orientar o entrevistador sobre que técnicas e adaptações ele
poderá fazer em sua entrevista!

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11 No dia do
Depoimento Especial
• Informações como:
• As idades da vítima à época do ocorrido e à época do DE
• O contexto em que a violência aconteceu
• Como esta foi revelada e por quem foi praticada
• A situação da criança após a notificação (se está segura)
• Atendimentos na rede socioassistencial

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Acolhimento

1) Ao chegar no local da entrevista, a criança ou o adolescente


deverá ser acolhido pelo entrevistador forense responsável pelo
Depoimento Especial, o qual deverá estar atento para que não
ocorra qualquer contato, mesmo que visual, da vítima\testemunha
com acusado ou ainda com outra pessoa que possa representar
ameaça, coação ou constrangimento;

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Sala de Acolhimento
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Acolhimento

2) O entrevistador deverá receber a criança ou o adolescente com


antecedência de pelo menos 20 a 30 minutos para, na companhia
de seu familiar ou responsável legal
 Direcioná-los primeiro à sala de Depoimento Especial e, se for o caso,
só depois à sala de acolhimento, até que se inicie o DE.
 Já na sala, o entrevistador deverá explicar sobre o local onde ocorrerá a
entrevista, como ocorrerá a coleta do Depoimento Especial, assim como
sobre os seus direitos.

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Acolhimento

2) Recomenda-se que o entrevistador apresente tanto a sala de


audiência, onde ficarão os operadores do direito (juiz, promotor,
advogado de defesa e eventuais profissionais), como a sala onde
ocorrerá o depoimento especial e será realizada a entrevista forense
• Sempre mostrar para a criança onde o seu responsável ficará esperando ela
terminar a entrevista!
• Ajuda a diminuir a ansiedade e o medo de abandono da criança!
• Favorece uma atmosfera de segurança e confiança!

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16 Acolhimento
Etapa Pré-Entrevista Forense
• 3) É recomendando que esta explicação de como ocorrerá o
Depoimento Especial ocorra mediante uma Cartilha de
Orientações e Ilustrações sobre o Depoimento Especial, que
favoreça a compreensão da criança ou do adolescente sobre
todo o processo.
• A exemplo, sugerimos a cartilha elaborada pelo próprio Tribunal de
Justiça do Maranhão (TJ-MA)

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17 Acolhimento
Etapa Pré-Entrevista Forense

• 4) Enquanto não houver chegado todos os integrantes para


audiência (ex. juiz, promotor, advogado de defesa, acusado e
outros), o Depoimento Especial não iniciará e a sessão de
entrevista poderá sofrer atrasos!
 O que deverá ser evitado com absoluta diligência e zelo!

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18 Acolhimento
Etapa Pré-Entrevista Forense
5) Enquanto não se inicia o Depoimento Especial, a criança será
informada que irá ficar em uma sala de acolhimento, separada da
sala onde ocorrerá a entrevista forense,
 Se não houver esta sala de acolhimento em sua Comarca, a
criança irá ficar na sala de DE, entretida com atividades de
desenho e pintura, leitura de revista em quadrinho ou ainda
massinha de modelar.

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19 Acolhimento
Etapa Pré-Entrevista Forense
6) Atenção! O entrevistador forense, ao ser informado que o
Depoimento Especial irá iniciar, deverá recolher todos os recursos
lúdicos (papel lápis, coleções de cores, revista em quadrinhos, massa
de modelar e outros) para que não fiquem mais à vista e ao alcance da
criança!
 Caso o entrevistador não recolha estes recursos e não os afaste da vista da
criança ou do adolescente, estes poderão ser fortes estímulos distratores
durante a realização do Depoimento Especial!

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20 Acolhimento
Etapa Pré-Entrevista Forense
7) Atenção! O entrevistador forense sabendo do potencial de
constrangimento da presença do acusado na sala de audiência
poderá antecipadamente solicitar ao magistrado que o acusado
não esteja na sala de audiência durante todo o DE.
 Isto porque a criança deverá saber de todos que estarão lá e ela tomando
conhecimento os riscos de se sentir inibida, ameaçada e constrangida são muito altos!
 Previsto como direito da criança na Lei 13.431/2017 (Art. 12. VI, § 3º)

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Sala de Depoimento Especial

 Recomendações para a sala de DE:


1) Sala com chave na fechadura
2) Banheiro no interior da sala, ou ao lado desta!
3) Ambientação o mais leve e com mínimo de estímulos distratores
4) Posição das cadeiras (“10 para 2 horas”)
5) Disponibilidade de lenços, água para beber e 1 ou 2 almofadas

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Sala de Audiência
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Sala de Depoimento Especial


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Sala de Depoimento Especial


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TJ-PA
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Sala de Depoimento Especial


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TJ-RJ
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Sala de Depoimento Especial


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TJ-RS
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Sala de Depoimento Especial


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TJ-PE
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Protocolo Brasileiro
de Entrevista Forense (PBEF)
• Adaptação do Protocolo NCAC, Alabama, Estados Unidos, para a
realidade brasileira com aplicação destinada ao Depoimento
Especial
• É consequência da Lei 13.431/2017 e foi instituído como referência
metodológica nacional para o depoimento especial por meio da
Resolução n° 299/2019 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
• A iniciativa governamental começou em 2009 e os estudos e
testagem deste protocolo iniciaram em 2012, em alguns tribunais
brasileiros

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Protocolo Brasileiro
de Entrevista Forense (PBEF)
• A construção do PBEF é uma iniciativa da Childhood Brasil
corresponsavelmente assumida pelo Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF).
• O protocolo de entrevista se desenvolve em dois estágios:
• 1º Estágio - Construção do vínculo
• 2º Estágio - Parte Substantiva

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Protocolo Brasileiro
de Entrevista Forense (PBEF)

“Trata-se de um método de entrevista semiestruturado, flexível e


adaptável ao desenvolvimento das crianças e adolescentes, cujo
objetivo é facilitar a escuta protegida sobre alegações de
violência contra eles praticada para fins de investigação e
judicialização das ocorrências”

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Protocolo Brasileiro
de Entrevista Forense (PBEF)
• Deve ser conduzido por profissionais treinados
especificamente para a busca de evidências de situações de
violências (com vítimas ou testemunhas)
• São empregadas técnicas derivadas do conhecimento teórico e
empírico sobre o funcionamento da memória e a dinâmica da
violência.

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Protocolo Brasileiro
de Entrevista Forense (PBEF)
• A prática de qualquer entrevistador(a) forense que se utiliza do
PBEF deve ter o suporte recorrente de pesquisas científico-
acadêmicas
• E uma busca constante de autoavaliação e avaliação por pares
e outros profissionais com expertise em avaliação de práticas
de entrevistas

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Introdução

Construção da empatia
Regras básicas/
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1° Estágio diretrizes

Prática narrativa

Diálogo sobre a família

PBEF Perguntas de
transição

Descrição narrativa

Seguimento e
2° Estágio detalhamento

Sala de audiência/
Quesitos

Fechamento

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35 Adaptação ao
Desenvolvimento Infanto-juvenil
• A entrevista deverá ser conduzida priorizando a adequação das
técnicas aos aspectos cognitivos e emocionais do
desenvolvimento infantil
• Importante considerar os diferentes estágios de
desenvolvimento e as potencialidades, assim como os desafios
para condução da entrevista

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Memória Declarativa
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Memória Episódica Memória Semântica

Memória de Livre Memória de


Evocação Reconhecimento
Perguntas de múltipla
Técnica de Entrevista

Narrativa livre escolha

Perguntas de sim-não
Narrativa focalizada
Perguntas com informações
da alegação
Detalhamento
(O quê? Onde? Como? Quando?
Quem?
Perguntas sugestivas

PBEF (2020)

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Diretrizes para Entrevista
Memória Perguntas Pré-escolar Escolar Adolescentes
Narrativa livre Moderar Enfatizar Enfatizar
Narrativa
Memória Enfatizar Enfatizar Enfatizar
Evocativa
focalizada
Detalhamento Enfatizar Enfatizar Enfatizar
(O quê? Como?...)

Múltipla escolha Evitar Moderar Moderar


Sim-Não Enfatizar Moderar Moderar

Alves Junior (2020)


Memória de Questionamento a
Reconhecimento partir da alegação Evitar Moderar Moderar

Perguntas Contra- Contra- Contra-


sugestivas indicado indicado indicado

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Anderson e cols. (2010)

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PBEF (2020)

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Anderson e cols. (2010)

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1º Estágio – Construção do vínculo
1) Introdução: Gravação já se inicia neste momento! Isto porque a
criança poderá revelar a situação desde o começo do PBEF e
tudo deverá estar preparado!
 Objetivo é possibilitar a apresentação do(a) entrevistador(a) e de
seu papel, informar sobre a gravação da entrevista, propiciar
espaço para responder às perguntas e preocupações da criança
e avaliar/aferir o nível de estresse dela.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
1) Introdução: O(a) entrevistador(a) deve se apresentar e fazer uma
explanação breve e neutra a respeito de seu papel, usando linguagem e
termos adequados ao nível de desenvolvimento e de cultura da criança ou
adolescente
• Neste momento, o entrevistador deverá informar à criança/adolescente sobre seus
direitos (Lei 13.431/2017, Art. 12º, I):
a. Direito ao silêncio (Lei 13.431/2017, Art. 5º, VI)
b. Direito a ser assistida juridicamente e psicossocialmente (Lei 13.431/2017, Art. 5º, VII)
c. Direito a perguntar tudo o que ela desejar e expressar sua opinão (Lei 13.431/2017, Art. 5º, VI)
d. Direito à confidencialidade das informações prestadas, ficando disponível apenas aos envolvidos
naquela sessão de DE (Lei 13.431/2017, Art. 5º, XIV)

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
1) Introdução: Deve estar atento(a) e sensível aos sinais
verbais e não verbais da criança ou adolescente que possam
indicar ansiedade, vergonha, raiva ou medo, assim como
afetar a habilidade ou a vontade dela(e) de participar da
entrevista.
 É importante avaliar o nível de estresse inicial da criança ou
adolescente para dosar a duração dessa fase introdutória.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
• “O meu trabalho é conversar com crianças sobre o que pode ter
acontecido com elas. Eu sempre converso com muitas crianças,
assim elas podem me dizer sobre as coisas que acontecem na vida
delas.”
• “Enquanto nós estamos conversando, vamos gravar o que nós
estamos falando. Isso vai me ajudar a lembrar de tudo o que nós
conversamos.”
• Recomenda-se também que sejam mostrados os equipamentos de
áudio e vídeo.
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
• Muitas crianças e adolescentes ficam curiosas para saber se a
conversa será transmitida nos canais abertos de televisão.
• Por essa razão é sempre bom esclarecer que a conversa é
sigilosa e restrita para poucas pessoas que têm o papel de
proteger crianças e adolescentes.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

2) Construção da empatia: também conhecida como


rapport ou engajamento inicial
 O objetivo desta etapa é o estabelecimento da empatia
com a criança ou o adolescente, componente essencial
da entrevista forense

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
2) Construção da empatia: deve envolver a criança ou o
adolescente em uma conversa sobre assuntos neutros ou positivos,
tais como amigos, animais de estimação, escola ou atividades
favoritas, da maneira mais aberta possível.
 Cuidado para não virar um “ping-pong” de perguntas e respostas!
 Abordagem sempre com perguntas abertas, com muita paciência e
disponibilizar tempo para criança responder
 Não ficar interferindo na fala da criança!

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

2) Construção da empatia:
- “Agora eu quero te conhecer melhor. Me conte mais
sobre você.” [escuta ativa]
- “Me conte sobre as coisas que você gosta de fazer ou o
que você gosta de brincar.” [escuta ativa].

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

2) Construção da empatia:
 Deve demonstrar interesse genuíno e abertura para
escuta, incentivando a expressão verbal
- “Me fale mais sobre [tópico de interesse da criança]”.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

2) Construção da empatia:
 No caso de crianças em idade pré-escolar, o(a)
entrevistador(a) pode envolvê-las em uma atividade
apropriada para sua idade, tal como desenho,
manuseio de massa de modelar ou jogo de quebra-
cabeça simples.
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

2) Construção da empatia:
 Uso de recursos materiais permite que a criança e o(a)
entrevistador (a) se envolvam inicialmente em uma
conversa sobre assuntos do ambiente em que eles se
encontram.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

3) Regras básicas/diretrizes: O objetivo desta etapa é


mostrar que as expectativas que norteiam uma entrevista
forense diferem das regras implícitas de muitas
conversas entre adultos e crianças ou adolescentes.
• Pode ampliar a compreensão da criança ou do adolescente
sobre os requisitos de participação em entrevistas forenses

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

3) Regras básicas/diretrizes:
 Podem ser informadas e exercitadas com a criança ou o
adolescente imediatamente após a introdução ou o período de
construção da empatia e avaliação da linguagem
 Crianças mais jovens ou mais colaborativas podem se
beneficiar da oportunidade de praticar as regras

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

3) Regras básicas/diretrizes:
 O(a) entrevistador(a) deve dizer para a criança ou o
adolescente que, no tipo de conversa que eles vão ter, tudo
que ela tiver para contar é muito importante, mesmo os
pequenos detalhes
 “Me diga todas, mesmo as pequenas coisas que podem parecer
sem importância”
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo

3) Regras básicas/diretrizes:
 Não existe um conjunto predeterminado de regras básicas ou
de diretrizes, nem número ou ordem preestabelecida para a
introdução delas.
 Elas podem ser relembradas na etapa de esclarecimento, no
Estágio 2.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
3) Regras básicas/diretrizes:
• Verdade/realidade: “é muito importante você me dizer apenas
coisas que aconteceram com você, ok?... Tudo bem
conversarmos assim?”
• Corrija-me: “Você sabe mais do que eu sobre as coisas que nós
vamos conversar hoje. É importante que eu entenda tudo o que
você tem pra me dizer. Se eu disser que eu entendi que você
gosta (uma coisa que o entrevistado não falou), o que você vai
me dizer?”
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
3) Regras básicas/diretrizes: estabelecer regras mínimas que irão orientar
a conversa forense
• Não chute/ não invente: “Se eu fizer uma pergunta e você não souber
uma resposta não chute e não tente adivinhar, me diga apenas o que
você sabe, ok?!”
• Não entendi!: Se eu fizer uma pergunta e você não souber o que eu
estou perguntando, você pode dizer eu não entendi! E eu vou
perguntar de um jeito diferente... Se eu perguntar qual a sua cor
oculésica? ... Qual a cor do seu olho?”

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
• Treino em duplas:
1) 20 minutos para treinarem a 3 fases do estágio 1
2) Não irão fingir nenhuma situação! Falem sobre vocês
mesmos!
3) Cada membro da dupla irá ser entrevistado e entrevistador
4) Logo após, algumas duplas irão realizar a simulação aos
demais!
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: Convite para que a criança ou adolescente fale
livremente e tudo sobre determinado fato neutro!
 É uma sessão de treinamento para conversa forense!
 Cuidado para não virar um “ping-pong” de perguntas fechadas e respostas
fechadas!
 Abordagem sempre com perguntas abertas, com muita paciência e
disponibilizar tempo para criança/adolescente responder
 Não ficar interferindo na fala da criança!

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: Importante porque permite:
 Avaliar a disponibilidade da criança para colaborar com a entrevista!
 Ao entrevistador “aprender” como a criança ou adolescente
estabelece comunicação!
 Avaliar brevemente o nível de desenvolvimento para relatar um fato e
responder às perguntas do entrevistador!
 Familiarizar com a linguagem e estilo narrativo do entrevistado, assim
como “testar a eficácia e limitações” de abordagens de perguntas
específicas!
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: Importante porque permite:
 A criança entender o que é uma conversa forense!
 Criar a base para a entrevista forense na parte substantiva!

 Pesquisas demonstram que a inclusão desse tipo abordagem


associada à construção da empatia aumenta a quantidade e a
qualidade da informação partilhada pela criança ou
adolescente durante a parte central ou substantiva da entrevista

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa Técnica do Funil
 Explorar uma fato sobre algo Técnica de Convite à Narrativa
já falado pela
Técnica de Narrativa Focalizada
criança/adolescente na fase
Técnica de Detalhamentos
da construção da empatia (O que? Onde? Quem? Como?
Quando)
(rapport), levando ela a falar Técnica de SIM-NÃO!
TUDO e com DETALHES Técnica de Múltipla Escolha!
sobre um FATO relacionado Técnica de Perguntas Sugestivas!
(NUNCA)
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: estimular narrativa livre sobre fato neutro,
completo e recente!
• Técnica de Convite à narrativa: Incentivando memória livre-
evocativa...
• ”Me conte TUDO o que você fez hoje (breve pausa), da hora que acordou
até chegar aqui?!”
• “Você disse que gosta de [atividade]. Quando foi a última vez que você…
(breve pausa)? Comece pelo início, e me conte TUDO sobre a última vez
em que você…”.
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: estimular narrativa livre sobre fato neutro,
completo e recente!
 Ouça sem interrupção, empregando respostas facilitadoras
(utilizando-se de paráfrases ou encorajadores mínimos tais
como “Uhum”, “Certo”, “Ok”, “Entendi”).
 Prossiga com perguntas que estimulem uma descrição forense
mais ampla e detalhada possível.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: estimular narrativa livre sobre fato neutro,
completo e recente!
 A habilidade de a criança ou o jovem em fazer uma descrição
narrativa a partir da memória de livre evocação deve ser
encorajada e avaliada!

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: Incentivando memória livre-evocativa...
• Técnica da Narrativa focalizada:
• “Você disse que..., me fale tudo do começo ao fim..., eu realmente
quero entender... Me fale TUDO sobre”
• “Eu realmente quero entender. Antes você falou sobre… Me fale
tudo sobre…”.

PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: Incentivando memória livre-evocativa...
• Técnica de Detalhamentos:
• “Quem estava com você nessa hora?”
• “O quê aconteceu nesse momento?”
• Onde aconteceu isso, me conta TUDO?
• “Como aconteceu isso, me conta TUDO?”
• “Quando aconteceu? me conta TUDO”
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: Em último caso incentivar a memória de
reconhecimento!
• Técnica de Sim-Não:
• “Você gosta de brincar na escola?”
• “Você gostou de brincar com seus amigos?”
• Técnica de Múltipla escolha:
• “Você gosta de brincar mais com sua família ou com seus amigos? Me conta
TUDO...”
• “Você gosta mais de assistir televisão ou brincar com os amigos? Me conta
TUDO...”
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
4) Prática narrativa: Cuidados a serem tomados!
• É importante que o(a) entrevistador(a) esteja atento(a), facilite a
fluência sobre o que a criança ou o adolescente queira falar e não
conduza o diálogo para o que deseja saber.
• Deve-se adotar a posição de escuta e evitar entrar de imediato nas
perguntas específicas sobre o tema do evento ocorrido!!!
• Se a criança ou o adolescente resistir a verbalizar ou a se engajar na
prática narrativa, é aconselhável que o(a) entrevistador(a) vá mais
devagar neste estágio da entrevista
PBEF (2020)

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1º Estágio – Construção do vínculo
5) Diálogos sobre a família: O objetivo desta etapa é obter uma
compreensão geral sobre a capacidade descritiva relacionada às
pessoas do seu cotidiano, particularmente membros da família com
quem interage e a eventos da sua vida pessoal.
 Conhecer os membros da família, com quem mora e o que
costuma acontecer no dia a dia da família...

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1º Estágio – Construção do vínculo
5) Diálogos sobre a família:
 Muito útil quando se está entrevistando uma criança ou um
adolescente cuja alegação de violência pode estar relacionada a
membros da família ou amigos.
 “Vamos falar da sua família, me fale o que você gosta de fazer
com sua família? Com quem você mora?”

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1º Estágio – Construção do vínculo
5) Diálogos sobre a família:
 Caso os pais sejam separados, as perguntas são feitas sobre
cada um individualmente: “Me fale mais sobre seu pai…”.
 O foco inicial das perguntas é saber sobre os cuidadores
principais.
 Importante saber o nome das pessoas que convive diretamente... “Quem
é o Marcelo? Existe outro na família?”

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1º Estágio – Construção do vínculo
5) Diálogos sobre a família:
 Esta conversa pode revelar preocupações que precisam ser
investigadas em entrevista!
 O diálogo pode indicar o grau de conforto ou desconforto da criança
ou adolescente para falar sobre pessoas e eventos domésticos.
 Indicações de relutância por parte da criança ou adolescente podem
ser sinal de que ela(e) ainda não está pronta(o) para fazer a transição
para assuntos mais difíceis!

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1º Estágio – Construção do vínculo
• Treino em duplas e posterior apresentação para o grupo!
1) 30 minutos para treinarem a 5 fases do Estágio 1!
2) Não irão fingir nenhuma situação! Falem sobre vocês
mesmos!
3) Cada membro da dupla irá ser entrevistado e entrevistador
4) Logo após, algumas duplas irão realizar a simulação aos
demais!
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lucasdag@yahoo.com.br

@lucasdag

Lucas Guimarães

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