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Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense (PBEF) – Estágio 1 (Construção do Vínculo)

Criança / Adolescente: Idade: (anos)

Identificação do Processo (Natureza, No, Vara, Tribunal):

Introdução
 Apresentação do(a) entrevistador(a) e de seu papel: “O meu trabalho é conversar com crianças sobre o que
pode ter acontecido com elas. Eu sempre converso com muitas crianças, assim elas podem me dizer sobre as
coisas que acontecem na vida delas.”
Notas:

 Informar procedimentos: ““Há ___ [No] pessoas na sala de audiência, o(a) juiz(a) [_________ _], o(a)
promotor(a) [____ ___], os(as) defensor (es/as) [_______ _]. Essas pessoas podem me ajudar a
fazer todas as perguntas que eu devo fazer.”/ “Enquanto conversamos, vamos gravar o que falamos. Isso vai me
ajudar a lembrar de tudo o que conversamos.”
Notas:

Construção da Empatia
 Objetivos: possibilitar que a criança ou o adolescente fique mais à vontade; diminuir a formalidade da situação e
envolvê-la(o) em uma breve conversa sobre assuntos que sejam interessantes para ela(e): “Agora eu quero te
conhecer melhor. Me conte mais sobre você.” [escuta ativa] “Me conte sobre as coisas que você gosta de fazer.”
[escuta ativa].
Notas:

Regras Básicas / Diretrizes


Objetivo: estabelecer as regras mínimas essenciais que orientarão a entrevista:
 Verdade / Realidade: “É muito importante você me dizer apenas coisas que realmente aconteceram com você”

 Corrija-me: “Você sabe mais do que eu sobre as coisas que nós vamos conversar hoje. É importante que eu
entenda tudo o que você tem para me dizer”. Prática: “Se eu disser que entendi que você não gosta de [atividade
positiva declarada no rapport], o que você me diria?” [aguardar resposta e corrigir].

 Não chute / não invente: “Se eu fizer uma pergunta e você não souber a resposta, não vale ‘chutar’, apenas
diga ‘Não sei’. É muito importante que você me diga apenas o que você sabe.” [Teste entendimento se
necessário].

 Não entendo: “Se eu fizer uma pergunta e você não souber o que eu quero dizer, você pode dizer ‘Eu não
entendo o que você quer dizer’ e eu vou perguntar novamente de maneira diferente.” [Teste entendimento se
necessário]

“Meu trabalho é fazer uma conversa protegida com crianças e adolescentes”

Prática Narrativa
Objetivos: estimular a narrativa livre da criança ou adolescente sobre temáticas positivas ou neutras, manter foco
em narrativas sobre fatos específicos:
 Convites à narrativa: “Me conte tudo o que você fez hoje [ou tópico episódico do rapport], desde a hora em que
você acordou esta manhã [atividade mencionada] até quando você chegou aqui [atividade mencionada]” / “Me fale
mais sobre isso” [escuta ativa] “E o que aconteceu depois?” [escuta ativa]

 Convites a narrativas focalizadas: “Você disse que [atividade mencionada]. Comece pelo início, e me conte
tudo sobre a última vez em que você [atividade mencionada].” [escuta ativa] “Eu realmente quero entender. Antes
você falou sobre… Me fale tudo sobre [atividade mencionada]”

 Detalhamentos: “Quem estava com você em [atividade mencionada]?” “Onde é que [atividade mencionada]?” /
“Quando [se apropriado ao desenvolvimento] foi que [atividade mencionada]”

Diálogos sobre a Família


Objetivos: conhecer os membros da família com quem a criança ou adolescente interage; obter o nome dos
familiares; utilizar desenho simples se parecer adequado ao desenvolvimento da entrevista: “Vamos falar sobre
sua família. Me conte com quem você vive/mora.”
Notas:

Versão Esquemática-Operativa Julho / 2020


Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense (PBEF) – Estágio 2 (Parte Substantiva)

Suposto(a) autor (a): Vínculo com a vítima:

Transição para as alegações


Objetivo: preparar a criança ou o adolescente para fazer espontaneamente a transição para a revelação ou “deixar
a porta aberta”. Em caso de relutância em narrar os fatos ocorridos utilizar a técnica do “afunilamento” [transição
aberta – fechada – informação externa]

 Transição aberta: ““Você está aqui para falar sobre o quê?” [pausa 5’’/10’’, se revelar próxima etapa, se não...]
“Quem te contou que você estava vindo para cá?” [Idem] “O que as pessoas te disseram sobre vir para cá?” [Idem]
Explorar as informações: “Me conte mais sobre [informação fornecida] “E depois o que aconteceu?” [Idem]

 Transição fechada: “Alguém está preocupado(a) com você?” [pausa 5’’/10’’, se revelar próxima etapa, se não...]
“Você está preocupado(a) com alguma coisa?” [idem, reforço de regra] “Aconteceu alguma coisa com você?”
[idem] “Tem acontecido algum problema na sua vida?” [idem, reforço de regra] “Você está com medo de alguém?”
[idem] “Você está com medo de falar, com vergonha de falar ou outro sentimento?” [idem, reforço de regra].
Explorar a cada respostas positivas: “Me conte mais sobre isso” “E depois, o que aconteceu?”. Diante de
relutância persistente:
 Reforce as regras e os objetivos da entrevista entre uma outra transição fechada
 Ofereça apoio emocional não indutivo: “Eu imagino que não é fácil estar aqui, o que eu posso fazer para
ajudar na nossa conversa?”

 Transição com informação externa: “Eu sei que você conversou com [pessoa para quem houve a revelação]
sobre o que aconteceu. Conte para mim o que você disse para a ela.”

[na ausência de revelação, abertura para Sala de Audiência]

Descrição Narrativa
Objetivos: promover o relato livre da criança a respeito da situação da suposta violência sem interrupção, utilizar
facilitadores para manter a criança falando “um-hum” ou reflexões da fala.
 Convites à narrativa: “Comece do início e me conte tudo o que aconteceu.” [escuta ativa] “Me conte tudo o que
aconteceu desde quando tudo começou até quando tudo terminou.” [escuta ativa] “Me conte tudo sobre isso.”
Registre os temas / palavras-chave:

Seguimento e Detalhamento
Objetivos: complementar e detalhar a narrativa da criança ou adolescente, preenchendo eventuais lacunas
importantes para a caracterização da violência denunciada.
 Solicitações de narrativas focalizadas: [“Você me disse sobre tema / palavra-chave. Me fale tudo sobre esse
momento tema / palavra-chave”] – Usar para cada registro de tema / palavras-chave:

 Detalhamentos: “Você me disse sobre [tema]”. “Para eu entender mais me fale sobre”: [possíveis
testemunhas] “Quem estava com você em [ tema / palavra-chave ]?” – [possíveis locais de ocorrência] – “Onde é
que [detalhe de local do tema / palavra-chave ] ?” - [possíveis circunstâncias agravantes de ameaças e violências
associadas] – “Como(*) foi que [detalhe da dinâmica dos agravantes ou violência] chegou a acontecer? Me ajude a
entender melhor essa parte” – [possíveis detalhes de tempo, se apropriadas ao desenvolvimento] – Idealmente,
para vítimas de 10 anos ou mais: “pense no que mais estava acontecendo na sua vida Quando(*) [palavras da
criança sobre possível episódio de violação de direitos] aconteceu?” ou “O que acontecia na sua vida antes de
[episódio de violação] + “o que acontecia na sua vida depois de [episódio de violação]

 Possíveis detalhes de Frequência, se apropriadas ao desenvolvimento: “Você me contou [episódio de violação],


isso aconteceu uma vez ou mais de uma vez? [se múltiplos eventos] – “Me conte tudo sobre: [primeira vez, última
vez, outra vez em que houve algo diferente do que você já disse]”

[após esgotamento dos temas / palavras-chaves, abertura para Sala de Audiência]

(*) Consultar Anexo III do PBEF sobre idades apropriadas para perguntas abstratas

Versão Esquemática-Operativa Julho / 2020


Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense (PBEF) – Estágio 2 (Parte Substantiva)

Interação com a Sala de Audiência ou Sala de Observação


Objetivo: garantir a interação entre o(a) entrevistador(a) e os(as) demais profissionais interessados(as) de crianças
ou adolescentes em situação de violação de direitos – “Agora vamos aguardar para ver se há mais perguntas a
serem feitas pelas pessoas que estão na outra sala nos acompanhando”.

 Transforme questionamentos fechados em abertos: [Retomar o relato + “eu preciso entender


detalhadamente essa parte + me ajude a entender mais sobre [tema / palavra-chave relacionada à pergunta
da sala de audiência]”

Registre os questionamentos solicitados sobre:

Atos de violência [não houve revelação]:


 [retomar o relato] “Eu soube que você falou em [local da revelação] sobre alguém ter tocado no seu corpo. Me
conte o que você contou lá.”

Atos de violência [não houve revelação]:


 [retomar o relato e introduzir situações mais próximas ao suposto ato, por exemplo, configurações de dormir na
casa, ou local em que pode ter ocorrido a violência] - “Você tinha me falado que você dormia no mesmo quarto que
o [nome do suposto autor da violência] [localizar em espaço de tempo]. Me fale um pouco mais sobre isso.” – “me
fale mais sobre as visitas que você fazia em [local da possível violência]

Toques nas partes íntimas / detalhes sobre roupas:


 [retomar o relato] “Me conte mais sobre esse momento em que [x] [ato abusivo] em você…” - “Quando isso
aconteceu, como estavam as suas roupas?” - “Como estava a roupa de [x]?” - “Qual parte do corpo de [x] tocou em
seu corpo?” “Em qual parte do seu corpo isso aconteceu?” Se não revelar, tente múltipla escolha: “Esse toque foi
por cima, por baixo da roupa ou de outra forma? + “me fale mais sobre isso”

Violências associadas:
 [retomar o relato] “Quando isso aconteceu, você ficou com alguma marca ou machucado no seu corpo?” / [x]
disse algo para você?” “[x] disse que alguma coisa de ruim ou de mal ia acontecer com você ou com alguém que
você gosta?” / havia algum objeto?” [que objeto / para que serve]?” + “me conte mais sobre isso”

Frequência:
 [retomar o relato] “Me conte sobre a primeira vez em que isso aconteceu” [última – outra vez]. E sobre outra vez
que você não tenha me contado?” + “me conte mais sobre isso”

Roupas:
 [retomar o relato] “Me conte tudo o que você consegue se lembrar sobre [x] no momento em que [evento] - “Qual
foi o momento em que você conseguiu vê-lo melhor?” [esperar a resposta] “Me descreva essa pessoa da cabeça
aos pés.”

Introdução de partes do corpo:


(crianças pequenas podem não ter a compreensão anatômica sobre as partes internas de seu corpo):
 [contextualiza o toque] “Me explique um pouco melhor como isso aconteceu.” - [caso gesticule, retomar a
resposta da criança] “Assim como?” - “Eu queria entender bem direitinho o que aconteceu com a mão/dedo dele no
momento em que [citar atitude abusiva descrita pela criança]” - “O que você sentiu no seu corpo quando [palavras
da criança sobre o abuso]?”

[Certificar-se da existência de mais perguntas]

Fechamento
Objetivo: preparar a criança ou o adolescente para o encerramento da entrevista.
 Certifique de que o entrevistado narrou tudo o que tinha para dizer

 Retorne a temas neutros ou do rapport

 Responda às perguntas ou questionamentos

 Agradeça pelo tempo e esforço

 Ofereça a possibilidade do entrevistado contatar o(a) entrevistador(a)

Versão Esquemática-Operativa
Entrevistador: Julho / 2020
Data:
Anexo III do PBEF

Versão Esquemática-Operativa Julho / 2020

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