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DIFERENÇAS ENTRE TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO

TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO-LITERÁRIO

⮚ Ênfase na expressão; ⮚ Ênfase no conteúdo;

⮚ Linguagem conotativa; ⮚ Linguagem denotativa;

⮚ Linguagem mais pessoal e emotiva; ⮚ Linguagem mais impessoal;

⮚ Recriação da realidade; ⮚ Realidade apenas traduzida;

⮚ Ambiguidade – recurso criativo. ⮚ Normalmente sem ambiguidade ou duplas


interpretações

Observe abaixo os termos (ou expressões) destacados e diga se esses estão empregados no
sentido conotativo ou denotativo:

a)
[...]
“ É de laço e de nó
De jibeira, o jiló
Dessa vida
Cumprida a sol” [...]
(Renato Teixeira, Romaria, set.1992)

b)

“Protegendo os inocentes
é que Deus sábio demais,
põe cenários diferentes
nas impressões digitais”
(Maria N.S. Carvalho. Evangelho da trova)

c)

“O dicionário-padrão da língua e os dicionários unilíngues são os tipos mais comuns de


dicionários. Em nossos dias, eles se tornam um objeto de consumo obrigatório para as nações
civilizadas e desenvolvidas”.
(Maria T Camargo Biderman. O dicionário-padrão de língua. Alfa(28), 2743, 1974. Spl.)
AS FUNÇÕES DA LITERATURA

Engana-se quem pensa que a literatura serve apenas para nos fazer “viajar” para outros
universos. Obviamente, textos literários podem ter essa função de aguçar nossa imaginação e
nos levar “além da realidade”, mas a literatura não se resume apenas a isso.
Aristóteles foi o primeiro pensador que discutiu sobre as funções da literatura em sua obra
“Poética”, definindo que os textos literários possuem três funções: a cognitiva, a estética e a
catártica.
Contudo, no contexto atual, estudos diversos incorporam outras funções da literatura, que você
irá conhecer em detalhes logo abaixo.
1- Função político-social: realizar críticas sociais e políticas

A obra literária pode ter como função a apresentação de um retrato da realidade de modo a descrever,
criticar, ironizar ou satirizar problemas da nossa sociedade. Quando isso ocorre, dizemos que a
literatura é engajada.
As questões sociopolíticas retratadas podem ser diversas, como o racismo, a seca, a corrupção, a
pobreza, o autoritarismo político etc.
Diversas escolas literárias ao longo da nossa história tiveram esse objetivo mais presente nas suas
produções, como os seguintes exemplos:

 O Cortiço – Aluísio Azevedo: Naturalismo

2 - Função catártica: liberar emoções e sentimentos

Uma obra tem função catártica quando ela é capaz de provocar no leitor uma espécie de “explosão” de
sentimento, fazendo aflorar do nosso interior sensações que podem ser de qualquer tipo, como tristeza,
alegria, raiva, realização.

Nesse caso, o texto literário consegue de fato “mexer” profundamente com seu leitor, gerando choro,
sorrisos, ansiedade, calafrios etc.

3 - Função estética – gerar admiração pelo belo

Quando um texto literário tem essa função como predominante, o que se percebe é que seu principal
objetivo é gerar admiração do leitor devido à sua perfeição artística, ou seja, perceber e valorizar a
beleza da obra.
Esse aspecto do “belo” na literatura pode estar ligado ao jogo de palavras e imagens criado pelo autor,
pela perfeição da escrita, pela capacidade criativa única etc.
Entre os principais exemplos que ilustram textos com função predominantemente estética podemos
citar:

 Olavo Bilac – Parnasianismo: devido à habilidade de compor poemas com rima, ritmo e métrica
perfeitos.
4 - Função cognitiva – transmitir conhecimento

Uma função primordial de todo tipo de produção escrita é, sem dúvidas, a capacidade de transmitir
informações, e com a literatura não seria diferente.
Nos textos literários que têm função cognitiva, o objetivo é também transmitir conhecimentos ao leitor,
por exemplo, períodos da história, sentimentos variados, situações humanas diversas, características
culturais etc.
Exemplo claro disso são os textos do Quinhentismo no Brasil, que tratam de traçar uma descrição da
terra e dos povos recém “descobertos”.

 Carta de Pero Vaz de Caminha – Quinhentismo

5 - Função lúdica – entreter, relaxar, envolver

A literatura pode ter também a função de simplesmente entreter o leitor, ou seja, divertir e proporcionar
algum tipo de prazer, como relaxamento e diversão.
Essa é a função mais básica da literatura, pois, na realidade, o leitor sempre está em busca de textos
literários que possam envolvê-lo, ou seja, “prendê-lo”.
Crônica: A Foto (Luís Fernando Veríssimo)

Foi numa festa de família, dessas de fim de ano. Já que o bisavô estava morre não
morre, decidiram tirar uma fotografia de toda a família reunida, talvez pela última vez. A
bisa e o bisa sentados, filhos, filhas, noras, genros e netos em volta, bisnetos na frente,
esparramados pelo chão. Castelo, o dono da câmara, comandou a pose, depois tirou o olho
do visor e ofereceu a câmara a quem ia tirar a fotografia. Mas quem ia tirar a fotografia?

– Tira você mesmo, ué.

– Ah, é? E eu não saiu na foto?

O Castelo era o genro mais velho. O primeiro genro. O que sustentava os velhos.
Tinha que estar na fotografia.

– Tiro eu – disse o marido da Bitinha.

– Você fica aqui – comandou a Bitinha.

Havia uma certa resistência ao marido da Bitinha na família. A Bitinha, orgulhosa,


insistia para que o marido reagisse. “Não deixa eles te humilharem, Mário Cesar”, dizia
sempre. O Mário Cesar ficou firme onde estava, do lado da mulher. A própria Bitinha fez a
sugestão maldosa:

– Acho que quem deve tirar é o Dudu…

O Dudu era o filho mais novo de Andradina, uma das noras, casada com o Luiz Olavo.
Havia a suspeita, nunca claramente anunciada, de que não fosse o filho do Luiz Olavo.

O Dudu se prontificou a tirar a fotografia, mas Andradina segurou o filho.

– Só faltava essa, o Dudu não sair.

E agora?

– Pô, Castelo. Você disse que essa câmara só faltava falar. E não tem nem timer!

O Castelo impávido. Tinham ciúmes dele. Porque ele tinha um Santana do ano.
Porque comprara a câmara num duty free da Europa. Aliás, o apelido dele entre os outros
era “Dutifri”, mas ele não sabia.

– Revezamento – sugeriu alguém – Cada genro bate uma foto em que ele não aparece,
e…

A ideia foi sepultada em protestos. Tinha que ser toda a família reunida em volta da
bisa. Foi quando o próprio bisa se ergueu, caminhou decididamente até o Castelo e
arrancou a câmara da sua mão.
– Dá aqui.

– Mas seu Domício…

– Vai pra lá e fica quieto.

– Papai, o senhor tem que sair na foto. Senão não tem sentido!

– Eu fico implícito – disse o velho, já com o olho no visor. E antes que houvesse mais
protestos, acionou a câmara, tirou a foto e foi dormir.

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