• A pergunta o que é literatura é histórica, e remonta por muitos séculos.
Aristóteles foi o primeiro teórico, e curioso, a se aventurar nesta descoberta de nos responder. • Há muitas visões sobre que seria literatura, porém, como precisamos ser didáticos e objetivos, nos deteremos a algumas acepções. • A princípio, é importante que você saiba que a literatura está em tudo, e principalmente onde menos você pode imaginar. • Você já deve ter ouvido falar de poemas, contos, romances, crônicas, e outras coisas mais. • Já que há muitos conceitos de acordo com o século e a época literária, falaremos que a literatura é uma espécie de arte da palavra, um modo de se expressar por meio delas, mas também de expressar a realidade a qual o poeta está inserido. Ou seja, a literatura não se resumo somente à sublimação das coisas, mas também como empenho e criticidade quanto aos problemas sociais, por exemplo. • A literatura nos abra um leque de conhecimentos que não se restringem; perpassamos as ciências humanas e também, e por que não, as exatas, as tecnológicas e as biológicas? • Como é algo pertencente a nossa cultura, a literatura traz à tona também o que somos enquanto brasileiros. • A arte literária já passou por inúmeras maneiras de se expressar, e nós estudaremos isso com o processo da periodização literária e mais especificamente sobre as escolas e as suas características no decorrer do tempo. Ou seja, digamos que a literatura tem seu momento e sua produção de acordo com os acontecimentos e também pensamentos de cada época. Daí, sua interdisciplinaridade. • Na Grécia Antiga e também na Idade Média a literatura se fazia de forma oral e não escrita, como conhecemos hoje em dia. De outro modo, na literatura contemporânea, podemos ver outras formas de uso da palavra que não somente a escrita. Um recital de poesia, ou um repente nordestino, é um exemplo de literatura oralizada. Com a tecnologia em alta, podemos conhecer um pouco também da literatura midiática, na qual se utiliza a internet como meio de produção e divulgação cultural. • Com o tempo, isto foi se modificando ao que conhecemos hoje em dia, como ainda a palavra escrita pelos meios digitais, mais atualmente. HAVERIA UMA “ORIGEM DA POESIA”? • Muito se fala sobre uma definitiva origem da poesia, mas será que podemos conceituá-la certamente? Vamos lá?! • A origem da poesia se confunde com a própria origem da nossa linguagem, no sentido primário não de se comunicar, mas sim de se expressar diante dos sentimentos; • A poesia, outrora, não é estritamente a escrita. Pelo contrário, nós podemos “apresentar” ao público, como no caso da poesia performance, por exemplo. A literatura escrita, por sua vez, representa algo, alguém ou um meio social, trazendo à tona temas essenciais comuns ao que somos e sentimos. Este é o poder da obra poética, seja ela uma performática, escrita ou mesmo fotografada. Isso mesmo. Há fotografias poéticas, que nos prendem e nos tocam; • Apresento a poesia como aquilo que não se restringe à literatura, mas sim a outras artes, na perspectiva de criar ou não significado sobre as coisas. Você já ouviu uma música, viu um filme ou leu algo que o emocionou? Provavelmente já, e nisto consiste o espírito da poesia; • Não basta materializá-la, com estudos acerca da rima e de sua estrutura de modo geral; a poesia serve para sermos afetados, seja pela conscientização do mundo em que vivemos, seja para a fuga dele, como o ápice de um poema belo, ou de uma fotografia que toca. Ou seja, aquilo que nos tira do mundo por instante e nos pensar nossas ações e quem realmente somos; • Veja, por exemplo, as seguintes fotografias: • O fotógrafo norte-americano Gregg Segal acredita que a fotografia tem o poder de estimular reflexões acerca de nosso cotidiano problemático acerca da produção de lixos; • Gregg pediu a amigos e vizinhos que guardassem todo o lixo produzido em suas casas durante uma semana, e depois os convidou a posar para retratos em que, em vez de ser esquecido ou ignorado, o lixo se transformasse em personagem de destaque; • O fotógrafo destacou que a ideia era guardar o lixo reciclável também, pois nem tudo que é destinado a esse fim acaba sendo de fato reciclado, sem falar nos custos energéticos e ambientais do processo. Para ele, é preciso lembrar que a reciclagem não substitui a reflexão sobre consumo excessivo. • O que proponho para vocês é o pensamento de que a poesia é uma forma de expressão muito maior do que podemos pensar. Embora estejamos falando de literatura, que é a arte das palavras, e a poesia também se faça nela, a arte poética também se estabelece em outras instâncias artísticas, seja para nos mostrar o belo, ou o que nos causa hostilidade ou indignação. • Veja o seguinte quadro chamado “Criança morta”, de 1944, do escritor moderno Candido Portinari, no qual podemos perceber uma indignação diante da pobreza vivenciada no Brasil do século XX:
• O quadro de Portinari é rico em detalhes e nos marca os olhos pela fantástica
forma como o pintor aborda a pobreza dos retirantes nordestinos fugindo da seca e de sua terra natal, a fim de buscar uma vida mais digna em São Paulo, uma grande metrópole brasileira que prometia melhores condições de vida; • “Criança morta” é uma poesia pintada. Sim, pois nos afeta, ou seja, nos toca, faz- nos ter empatia pela família que perde uma criança; • A pintura nos faz refletir sobre o tamanho da miséria que existiu e ainda existe em nosso país; quantas crianças morreram ou ainda morrem, todos os dias, devido a sua situação de miséria extrema? • Veja, por exemplo, uma poesia não muito convencional, chamada poesia concreta. O seguinte poema é do cantor e poeta Arnaldo Antunes, que cantou na banda de rock brasileira Titãs:
• Os poemas são um tanto diferentes dos poemas convencionais escritos, não é
mesmo? É a chamada poesia concreta, estudada somente no modernismo, no terceiro ano. Mas trouxe os textos para que possamos quebrar a ideia de poesia sempre escrita. Ela pode mais visualizada. • “Tira a asa e voa” é um poema que nos remete à liberdade. Aquilo que podemos ser como pessoas. Libertar-se de todo o peso, sem medo. Tirar a asa chega a ser um certo paradoxo, já que precisamos de asa para voar, não é mesmo? Mas tirar a asa é também crescer sem medo, caminhar na vida sem peso e sempre acreditando em nós mesmos. O imperativo “tira”, como se fosse uma ordem, é uma intimação a “ser feliz”, sendo quem somos. • O segundo poema “Perder liberta” é também um paradoxo, já que vivemos em um mundo em que sempre ter mais é ter sucesso. De outro modo, ganhar nem sempre é somatório. Perder liberta, porque não precisamos somar tudo em nossa vida em busca de ter somente sucesso. Perder liberta, porque nos faz refletir sobre nossas perdas, sejam elas materiais ou pessoais, afinal, somos seres humanos.