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GUIA DA
DISCIPLINA
2019
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
1. O QUE É LITERATURA?
No tempo dos gregos, as coisas não eram como nós as conhecemos hoje: Não
existia o livro impresso e as manifestações literárias se davam oralmente. As narrativas e
as músicas eram declamadas por homens conhecidos como aedos ou rapsodos, cuja
função era a de fazer circular oralmente – por meio de declamações públicas – essas
composições entre o maior número possível de pessoas. Homero suposto autor da Ilíada e
da Odisseia era um aedo cego. O registro que temos dos textos daquela época é bastante
posterior ao momento em que eles foram compostos e depois de passar por séculos de
tradição oral.
Como nossa cultura é herança recebida dos gregos antigos, boa parte das ideias de
Platão e Aristóteles ainda valem e nos fornecem as bases para responder a essa pergunta.
O que é literatura?
Diante dessa amplitude, não basta um conceito de Literatura. Muito mais coerente
é falar em conceitos de literatura, no plural, porque assim podemos pensar em toda a
diversidade da produção artística que se utiliza da linguagem verbal, sem deixar nada de
fora.
1
Antônio Augusto Soares Amora, foi um pioneiro, educador, professor do curso de Letras da Universidade
de São Paulo, poeta, escritor e ex-presidente da Academia Paulista de Letras.( *1917 – 1999)
Na Era Moderna, ou seja, a partir dos românticos do século XVIII, a literatura passa
a ser compreendida, de maneira mais ampla, como o conjunto da produção escrita. Isso se
deve, principalmente, a invenção da imprensa.
2 A linguagem é a capacidade que os seres humanos têm para produzir, desenvolver e compreender a língua e outras manifestações,
como a pintura, a música e a dança. Já a língua é um conjunto organizado de elementos (sons e gestos) que possibilitam a comunicação.
https://novaescola.org.br/conteudo/257/qual-a-diferenca-entre-lingua-e-linguagem 2/5/19
Podemos então dizer que a literatura existe em relação à época em que foi produzida
e também em relação ao país em que apareceu.
A definição de Literatura a partir de suas funções indica tanto a função social como
individual, ou seja, pública ou privada. Aristóteles falava de katharsis (catarse), ou de
purgação, ou de purificação de emoções como o temor e a piedade. É uma noção difícil de
determinar, mas ela diz respeito a uma experiência especial das paixões (dores,
sofrimentos) ligada à arte poética. Além disso, ele colocava o prazer de aprender na origem
da arte poética: instruir ou agradar, ou ainda instruir agradando, serão as duas finalidades
Horácio4 dizia que a literatura tinha uma função bem nobre: deleitar ensinando-nos
a ser melhores, mais sábios mais cultos. Antônio Cândido 5 retorna a Horácio ao
sintetizar que é educativa a função da literatura.
4
Quinto Horácio Flaco, foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É um dos maiores poetas da
Roma Antiga. (de 65 a.C., Roma- 8 a.C.)
5
Antonio Candido de Mello e Souza foi um sociólogo, crítico literário e prof essor da USP Estudioso da
l i t e r a t u r a b r a s i l e i r a e e s t r a n g e i r a , é a u t o r d e u m a o b r a c r í t i c a e xt e n s a , r e s p e i t a d a n a s p r i n c i p a i s
universidades do Brasil ( 1918 – 2017).
competência. A escola, portanto precisa usar estratégias para formação de leitores e para
tanto se vale de obras de pouca complexidade, simplificadas, resumos e de leitura
facilitada. Na escola, há sempre o objetivo de avaliação, o que torna a literatura uma causa
de sofrimento, fracasso, burla e algo bem distante do deleite e do prazer de se ler.
Experimente o estado de alma proposto por Gilberto Gil para você ler Literatura. O
recolhimento, concentração, a solidão habitada por pensamentos ajuda a conversar
conosco e com algo muito além de nós mesmos.
Aproveite para vivenciar Literatura além da razão e sim por uma experiência
emocional. Ouça o silêncio e aprofunde cada um dos versos ... E aproveite para
chorar diante a Beleza que é a descoberta da VIDA. Chorar pelo Belo é valioso!
Tenho que ficar a sós Tenho que aceitar a dor Tenho que me aventurar
Tenho que apagar a luz Tenho que comer o pão Tenho que subir aos
céus
Tenho que calar a voz Que o diabo amassou
Sem cordas pra segurar
Tenho que encontrar a Tenho que virar um cão
paz Tenho que dizer adeus
Tenho que lamber o chão
Tenho que folgar os Dar as costas, caminhar
Dos palácios, dos
nós
castelos Decidido, pela estrada
Dos sapatos, da gravata
Suntuosos do meu Que ao findar vai dar
Dos desejos, dos sonho em nada
receios
Tenho que me ver Nada, nada, nada, nada
Tenho que esquecer a tristonho
Nada, nada, nada, nada
data
Tenho que me achar
Nada, nada, nada, nada
Tenho que perder a medonho
conta Do que eu pensava
E apesar de um mal
encontrar
Tenho que ter mãos tamanho
vazias
Alegrar meu coração
Ter a alma e o corpo
nus
Maravilhoso vídeo para a primeira semana, celebre o fato de você estar estudando.
Teoria é uma palavra de origem grega, “theoria”, que tinha o significado, nessa
língua, de contemplar, olhar, especular ou examinar. Ou seja, observar sistematicamente
um fenômeno natural e/ ou humano para encontrar e descrever a especificidade so objeto
de estudo.
6
O Senso Com um é a soma dos sabe res do cotidi an o e é form ado a pa rti r de hábitos, crenç as,
preconceitos e tradições. Na filosofia, o termo é utilizado para explicar as interpretações feitas pelos
indivíduos à realidade que os cercam sem estudos prévios ou provas científicas. É apenas um pensamento
sem a força da comprovação.
das vezes, decorrentes do senso comum ou da mídia. O acadêmico, por sua vez, costuma
fazer uma leitura mais complexa, dedicando-se aos pormenores da crítica especializada de
sua área tendo assim fundamentos comprováveis para exercer a docência de Literatura.
Espera-se que o docente da Educação Básica conheça os princípios que regem a prática
de ler e escrever, pois a escola precisa desenvolver o senso crítico das novas gerações e
garantir-lhes a competência de Leitura e de compreensão da linguagem verbal, inclusive a
literária.
(es.co.po)
1. Alvo, ponto que se pretende atingir: Nosso escopo era a ilha a ser tomada.
2. Finalidade, objetivo; PROPÓSITO; INTUITO: O escopo da operação era acabar com os madeireiros.
3. O espaço, a abrangência da mobilidade e efetividade de algo, de um sistema, de uma atividade, de uma ideia etc.
8
Literariedade é o «conjunto de características específicas (linguísticas, semióticas, sociológicas) que permitem considerar um texto
como literário». A palavra vem de «literário + -dade».
Quando nos interessamos por pensar e criar teorias, estamos, de várias formas,
combatendo preconceitos, pois passaremos a criar conceitos novos, sobre os quais
teremos pensado bastante.
Para os críticos acadêmicos, a teoria literária pode ser considerada como o ponto de
partida para compreender os pormenores da área a qual se dedicam, tais como correntes
de pensamento etc. Nesse aspecto, ela opera uma distinção entre o crítico e o leitor comum.
A arte não é apenas entretenimento, nem fuga da realidade como quando se adota
uma postura escapista. Ela também provoca reflexão e transformação. No caso da
literatura, ela favorece a aquisição de um repertório linguístico mais complexo, sem o qual
não é possível haver conhecimento, uma vez que todo o conhecimento humano passa pela
linguagem; ou como proferiu Wittgenstein9: “As fronteiras da minha linguagem são as
fronteiras do meu universo”.
9
Ludwig Joseph Johann W ittgenstein foi um filósofo austríaco, naturalizado britânico. Foi um dos
p r i n c i p a i s a u t o r e s d a v i r a d a l i n g u í s t i c a n a f i l o s o f i a d o s é c u l o X X. S u a s p r i n c i p a i s c o n t r i b u i ç õ e s f o r a m f e i t a s
nos campos da lógica, filosofia da linguagem, fil osofia da matemática, e filosofia da mente. ( 1899 – 1951)
W ikipédia
Sem a arte não há espírito humano. A arte é a expressão máxima de técnica aliada
a sentimento, racionalidade aliada à experiência, idealismo aliado a empirismo, tradição
aliada à ruptura. A arte define e revela quem somos, que mitos cultivamos, em que ideais
estéticos nos espelhamos, quais sentimentos escondemos e quais repudiamos. Como
disse Lacan: “o artista precede o psicanalista”.
nós já nos perguntamos um dia: Machado de Assis seria umautor tão importante na história da
literatura?
Quem disse que ele é importante? De certa forma, foi a Crítica Literária.É claro que não
disse sozinha: outras instituições importantes participaram desse julgamento – a escola de
Ensino Fundamental e Médio e as Universidades, a mídia.
O papel do crítico literário, segundo Machado de Assis (1999, p. 40), no seu famoso
ensaio “O ideal do crítico”, a ciência e a consciência são as duas condições principais
para se exercer a crítica. Ainda mais: a crítica útil e verdadeira será aquela que, em vez de
modelar as suas sentenças por um interesse, quer seja o interesse do ódio, quer o da
adulação ou da simpatia, procure reproduzir unicamente os juízos da sua consciência. Não
lhe é dado defender nem os seus interesses pessoais, nem os alheios, mas somente a sua
convicção, e a sua convicção deve formar-se tão pura e tão alta que não sofra a ação das
circunstâncias externas. [...] Com tais princípios, eu compreendo que é difícil viver; mas a
crítica não é uma profissão de rosas, e se o é, é-o somente no que respeita à satisfação
íntima de dizer a verdade. (MACHADO DE ASSIS, p. 40-41)
Para Antonio Candido, outro crítico literário importante, o papel do crítico pode ser
compreendido da seguinte forma: toda crítica viva – isto é, que empenha a personalidade
do crítico e intervém na sensibilidade do leitor – parte de uma impressão para chegar a um
juízo. [...] Entre impressão e juízo, o trabalho paciente da elaboração, como uma espécie
de moinho, tritura a impressão, subdividindo, filiando, analisando, comparando, a fim de
que o arbítrio se reduza em benefício da objetividade, e o juízo resulte aceitável pelos
leitores. (CANDIDO, 2000, p. 31)
Além disso, Candido também considera que o crítico deve ser um “árbitro objetivo”
capaz de julgar o valor da obra artística por meio de dois mecanismos básicos – a
impressão e o juízo. Enquanto Machado de Assis fala em ciência, Antônio Candido fala
em impressão, mas precisamos entender que a impressão adequada sobre determinada
obra necessita do conhecimento – ou seja, da ciência.
Temos então que o papel do crítico literário é julgar – por meio dos conhecimentos
que a teoria literária estabelece – o valor da obra de literatura.
Esta concepção faz surgir uma séria indagação: “ou a literatura está viva no tempo
presente, ou simplesmente não está viva”. Ou seja: a obra literária só teria valor estético na
época em que foi produzida (tempo histórico), ou seria algo que está situado para além da
história, aquilo que vive apesar do tempo? Neste último caso, já não caberia falar de um
leitor contextualizado pelo tempo, mas sim de um leitor proficiente,12 conhecedor das
ferramentas interpretativas capazes de desnudar a verdadeira essência atemporal do fato
literário.
10
BRASIL. Orientações curriculares para o Ensino Médio: linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília:
Ministério da Educação, 2006.
11
Antônio Candido de Mello e Souza foi um sociólogo, crítico literário e professor universitário brasileiro.
E s t u d i o s o d a l i t e r a t u r a b r a s i l e i r a e e s t r a n g e i r a , é a u t o r d e u m a o b r a c r í t i c a e xt e n s a , r e s p e i t a d a n a s
principais universidades do B rasil. (1918 – 2017).
12
1 . D i z - s e d a p e s s o a e xt r e m a m e n t e c a p a z e e f i c i e n t e ; C O M P E T E N T E ; P E R I T O
Isso explica artistas poetas e escritores ignorados por seus contemporâneos e pela
crítica de seu tempo, mas que se tornaram imortais com o passar do tempo. Exemplo:
Fernando Pessoa que foi celebrado pela crítica brasileira inicialmente, um século depois de
sua morte. São eles os escritores criadores que viveram a frente de seu tempo. Van Gogh
é um outro exemplo.
A partir das Orientações Curriculares para o Ensino Médio, documento oficial que
busca “contribuir para o diálogo entre professor e escola sobre a prática docente” nota-se
a preocupação dos autores em privilegiar a necessidade de um contato efetivo com o texto
e reduzir a excessiva à figura do autor e ao contexto de produção das obras.
13
Um mesmo escritor pode reler-se, utilizando-se de textos que ele mesmo escreveu, o que resulta numa espécie de intratextualidade.
Ocorre quando o autor é capaz de criar elos de aproximação entre todos os motivos, temas ou símbolos de um texto de retomar a unidade
em sua obra.
O ensino da literatura, para cumprir seu objetivo, portanto, “não deve sobrecarregar
o aluno com informações sobre épocas, estilos, características de escolas literárias etc. [...]
Trata- se, prioritariamente, de formar o leitor literário” (BRASIL, 2006, p. 54). A formação do
leitor literário passa - não pelo conhecimento dos fatos que “condicionam” a obra -, mas
sim pela “sensação de estranhamento que a elaboração peculiar do texto literário, pelo
uso incomum de linguagem, ” (BRASIL, 2006, p. 55). O termo “estranhamento”, cabe
assinalar, constitui uma espécie de constante nos textos dos formalistas russos, que não
cansavam de insistir na singularidade da linguagem literária.
Criou-se o impasse: de que modo trabalhar o contexto histórico em sala de aula sem
comprometer a primazia do objeto literário e sem reintroduzir a figura autoral como ponto
de chegada interpretativo? Ou, paralelamente, como adentrar a realização final do escritor
sem ignorar os fatores que, até certo ponto, condicionam historicamente a sua atividade
criativa? Para compreender melhor a dimensão do impasse, torna-se necessário
atravessar, neste instante, o segundo ponto que movimenta esta investigação. Quem é o
leitor? Como se dá a leitura (A RECEPÇÂO) do texto pelo leitor?
1- http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf
acesso em 09/09/2019
2- https://blogjardimdababilonia.wordpress.com/2013/09/22/raul-castagnino-
pergunta-o-que-e-literatura-e-alabama-shakes/Raul Castagnino pergunta: O que
é literatura? E Alabama Shakes.
A LDBEN nº 9.394/96 como se pode ver nos objetivos a serem alcançados pelo
ensino médio (Art. 35) a clareza com o compromisso da formação integral. Vejamos:
Para não nos deixar levar pelo senso comum14, é bom refletir sobre Literatura a partir
da contribuição do saudoso professor Antonio Cândido, um dos melhores pensadores
brasileiros do Século XX.
Entendo aqui por humanização [...] o processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do
saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a
capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da
complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve
em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos
e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (CÂNDIDO, 1995).
É evidente que para que se atinja tais objetivos, não se deve acumular a disciplina
com informações sobre épocas, estilos, características de escolas literárias etc., como até
hoje tem ocorrido. Há três décadas, o MEC, as pesquisas acadêmicas, a formação de
professores e as publicações da área orientam para o caráter secundário de tais conteúdos.
Mas o que vem a ser letramento literário? O termo “letramento” foi tomado da
Linguística, mas já é de uso bastante corrente entre os que se ocupam da educação.
Principalmente entre nossos colegas alfabetizadores. Magda Soares nos ajuda a entender
o termo que faz a distinção entre alfabetizado e letrado que são conceitos de amplitude
distinta a ponto de permitir nas provas internacionais de avaliação identificar analfabetos
funcionais presentes em todas séries do Ensino Básico e até no Universitário. Vejamos o
que nos ajuda a professora e pesquisadora mineira.
14
A melhor forma de evitarmos a sedução do senso comum (dizer o que todos dizem sem saber o porquê)
é consultar fontes científicas com valor notório e que tenham sido citadas e abonadas por inúmeras
publicações.
À medida que o analfabetismo vai sendo superado, que um número cada vez maior
de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que, concomitantemente, a sociedade
vai se tornando cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um
novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a escrever. As pessoas
se alfabetizam, mas não necessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita,
não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para
envolver-se com as práticas sociais da escrita: não leem livros, jornais, revistas, não
sabem redigir um ofício, um requerimento, uma declaração, não sabem preencher um
formulário... (SOARES, 2004,). (grifos nossos) 15
Estamos entendendo por experiência literária o contato efetivo com o texto. Só assim
será possível experimentar a sensação de estranhamento que a elaboração peculiar do
texto literário, que pelo uso incomum da linguagem, consegue produzir no leitor, o prazer
estético, o qual fica estimulado a contribuir com sua própria visão de mundo para a fruição
estética. 16
15
letramento: estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”
(SOARES, 2004)
16
Ação de aproveitar ou usufruir de alguma oportunidade. Utilização prazerosa de algo; gozo.
horizontes, com capacidade até de tocar nossa sensibilidade e nos causar horror, tristeza
e medo
Por ser a literatura, arte em palavras, nem tudo que é escrito pode ser considerado
literatura. Essa questão, entretanto, não é tão simples assim, visto que a linha que divide
os campos do literário e do não literário é bastante tênue, confundindo-se muitas vezes.
B-
Água (fórmula: H2O) é uma substância química cujas
moléculas são formadas por dois átomos de hidrogênio e um de
oxigênio. É abundante no Universo, inclusive na Terra, onde cobre
grande parte de sua superfície e é o maior constituinte dos fluidos dos
seres vivos. As temperaturas do planeta permitem a ocorrência da
água em seus três estados físicos principais. A água líquida, que em
pequenas quantidades parece incolor, mas manifesta sua coloração
azulada em grandes volumes, constitui os oceanos, rios e lagos que
cobrem quase três quartos da superfície do planeta. Nas regiões
polares, concentram-se as massas de gelo e vapor constitui parte da
atmosfera terrestre. Mais especificamente, a água líquida tem duas
fases líquida com grandes diferenças de estrutura e densidade.[1]
A água possui uma série de características peculiares, como
sua dilatação anômala, o alto calor específico e a capacidade de
dissolver um grande número de substâncias. De fato, estas
peculiaridades foram favoráveis para o surgimento da vida nos
oceanos primitivos da Terra, bem como propiciaram sua evolução.
Atualmente, todos os seres vivos existentes precisam da água para
sua sobrevivência.
Embora os oceanos cubram a maior parte da superfície
terrestre, sua água é inadequada para o consumo humano por conta
de sua salinidade. Somente uma pequena fração disponível sobre a
superfície dos continentes que contém poucos sais dissolvidos, a
água doce, está disponível para consumo direto. Wikipédia
ATENÇÃO! A aula não acabou, oriento para que faça um exercício intelectual de
vivenciar o conceito de estranhamento.
O que você não esperava encontrar no poema de Antônio Gedeão? Uma
imagem apenas.
Pesquise para descobrir quem é. E de onde ela veio. (GOOGLE)
Compare a cena lembrada com os dozeversos anteriores. Qual é a sua
hipótese para a mistura de temas? Para você vivenciar o conceito de
literariedade, procure as diferenças de linguagem entre o poema e o texto da
Wikipédia. Pense sobre isso várias vezes e constate que seus achados irão se
ampliando.
Houve o tempo em que a arte da palavra era explicada pela presença valorizada do
autor/ poeta. Melhor dizendo, a arte nascia de uma determinada intenção do autor ou dos
sentimentos do autor. Em um aspecto mais amplo, originava-se da relação da obra com a
sociedade a partir da cosmovisão de uma cultura, sobre o poeta.
17
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na criação
de um novo texto. Os textos já existentes e reconhecidos são chamados de textos fontes
Alerto que não existem respostas prontas para se fazer uma opção “ acertada” mas
o recomendável é discutir no Conselho de Escola, com o coletivo escolar a abordagem
didática a ser oferecida para que faça, desde a motivação para que jovens leiam, até
promover o desempenho desejado de um leitor proficiente de literatura e que será
submetido a provas variadas para continuidade de estudos e/ ou busca de profissão.
Portanto, as duas opções devem ser avaliadas para que se evite subestimar alunos
desprotegidos culturalmente e vítimas de preconceito, por achar que eles não entenderiam
os clássicos, excluindo da literatura clássica os alunos economicamente fragilizados “que
não gostam de ler literatura”. E nem retirando da avaliação literária produções de cultura de
massas, por serem valorizadas pelo marketing nem sempre criterioso e serem mantidas
como produto do mercado. Essa discussão é muito apropriada para as reuniões de
Avaliação e Planejamento, desde que subsidiadas por leituras prévias de documento
oficiais PCN e Diretrizes do MEC e outras publicações e revistas dedicadas ao tema. Não
basta discutir a partir apenas do senso comum ou de experiências do curso de ensino médio
de décadas atrás, em que eram diferentes os critérios de “boa leitura”. Apenas a atualização
das obras literárias não basta, precisa haver atualização teórica e metodológica.
Convido você a ouvir de novo o samba e reler o soneto de Bilac, o primeiro de século
XXI e o outro do século XIX- XX. A canção vinda da cultura popular e o soneto dos meios
culturais acadêmicos/ políticos do século XX. Um é da estética tradicional do samba e outro
da estética parnasiana.
Paulo Cesar Pinheiro afirma que a criação poética não é escolha pessoal, e nem
consequência de algo exterior que interfira nesse fenômeno. Não é resultado, nem mesmo
das emoções e nem da busca isolada da inspiração. Então, onde ela nasce? Nos dez
versos seguintes ele vai ensaiando explicações com imagens belas, rápidas e fugazes pois
nenhuma delas é o bastante para explicar, mas conseguem tocar a razão e a emoção. A
explicação se amplia e chega à dimensão imaterial: força maior que nos guia Que está
no ar. É a força misteriosa presente em todos os fenômenos epifânicos e em todas
cosmogonias , que procuram explicar o inexplicável e que por milênios, angustiam a
humanidade para descobrir como foi a criação do Universo, da Terra, da Natureza , do
Para Paulo, o samba alimenta, faz o povo cantar e sambar, multiplicando a alegria
entre todos. A arte chega a todos e os beneficia.
Para Bilac a perfeição das formas artísticas inspira a presença de valores morais
para um jovem país nascido sob o manto da filosofia Positivista. A BELEZA e a VERDADE
ou em outras palavras: o BOM e o BELO precisam ser difundidos pela arte.
18
[Filosofia] Processo de mudanças efetivas pelas quais todo ser passa. Movimento permanente que at ua
como regra, sendo capaz de criar, transformar e modificar tudo o que existe; essa própria mudança.
Trataremos aqui de nos aproximar cada vez mais desses conceitos que não são
excludentes, mas que se somam a fim de subsidiar a leitura crítica de um texto de arte,
clássico, erudito ou não.
19 P a p e S a t à n Al e p p e - C r ô n i c a s d e U m a S o c i e d a d e L í q u i d a
O último livro escrito por Umberto Eco. Crises ideológicas, econômicas e políticas, individualismo
desenfreado e uma relação simbiótica com nossos celulares são alguns dos elementos que compõem
o ambiente em que vivemos: o de uma sociedade líquida, onde nada parece fazer sentido ou ter
sequer algum significado. Neste que é seu derradeiro livro, a fim de tornar mais fácil a compreensão
de nossa sociedade desnorteada..
Sempre haverá dúvidas nos julgamentos de um texto em casos limítrofes entre ser
arte ou não. Mas é possível discernir um texto literário de um exclusivamente de consumo,
pois nestes é possível identificar clichês, estereótipos, o senso comum e ausência total de
algo novo, tanto na linguagem, na forma ou nas ideias. Resumindo: nem os critérios da
História da Literatura, os Estilos de Época Literária nem o gosto particular do leitor
sustentam o critério de um texto ser ou não literatura, pois há necessidade de se ter em
mente que _ mesmo sendo arte, a fruição da leitura requer certa proficiência que só advém
com leitura e estudo. Daí a importância da crítica literária como norteadora dos leitores.
Somente o deleite, não basta para o letramento literário, pois dessa forma, o prazer
estético proporcionado pela fruição pode ser confundido com divertimento, com atividade
lúdica simplesmente, talvez por isso se aconselha tal desfrute animado entre jovens seja
algo reservado para fora da sala de aula Caso contrário, abre-se espaço para a falsa
hipótese de que o texto literário é apenas aquele como leitura facilmente deglutível.
Não podemos confundir prazer estético com palatabilidade. Também não se quer,
com isso, afirmar que os textos que proporcionam prazer estético sejam obrigatoriamente
densos, difíceis de serem compreendidos, maçantes.
É bem verdade que é difícil conceituar o prazer estético, até porque o conceito tem
uma história que vem da Antiguidade.
20
Mimese, mímesis ou mimesis, é um termo crítico e filosófico que abarca uma variedade de significados,
i n c l u i n d o a i m i t a ç ã o , r e p r e s e n t a ç ã o , m í m i c a , o a t o d e s e a s s em e l h a r , o a t o d e e x p r e s s ã o e a a p r e s e n t a ç ã o
do eu.
É importante oferecer esta opção que vai requerer uma atitude de leitor contumaz,
ao longo da própria vida. Mas ao término da Educação Básica, quando os alunos se
preparam para as provas seletivas com conteúdos tão variados, o professor de Literatura
21
Paixão - Emoção ou sentimento muito forte (amor, ódio, desejo etc.), capaz de alterar o
comportamento, o raciocínio, a lucidez: Deixar -se levar pelas paixões. O que causa padecimento.
22
Theodor W. Adorno ( 1903 – 1969) foi filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. Adorno valoriza a linguagem
artística, a qual consegue expressar as irracionalidades, contradições e estranhamentos dos sujeitos, sem violentá-las por meio
de conceitos. Ao erigir os seus próprios significados, cada obra de arte cria o seu mundo interno (ser-para-si), sem necessidade
de se espelhar em objetos externos e incorrer em violência cognitiva
deve ter a prudência na hora de fazer a indicação de leituras, pois se exagerar, será grande
o risco de insucesso.
Nas discussões sobre o caráter plural da leitura, uma pergunta deve ser feita: a leitura
do texto literário possibilita a irrefreável disseminação de sentidos, tantos quantos forem os
leitores que o fertilizem com seu olhar? Umberto Eco, em seu famoso livro Obra aberta,
coloca definitivamente em cena a relação fruitiva dos receptores, quando ainda eram as
obras estudadas como um cristal, ou seja: como estruturas fechadas em suas relações
internas. Eco, motivado pela polêmica gerada pelo seu conceito de obra aberta, questiona:
“[...] é possível fazer tão decididamente a abstração de nossa situação de intérpretes,
situados historicamente, para ver a obra como um cristal?”24 (ECO, 1969). Ver a obra de
literatura como obra aberta indicava as novas formas de arte contemporâneas, tendo como
eixo a relação obra–leitor.
Vinte anos depois de escrito o primeiro ensaio que resultaria em Obra aberta (1969),
Umberto Eco, em Lector in fabula (1986), dialoga com seu livro que primeiro colocou a
questão da “abertura” da obra de arte, tentando mostrar como a solicitação da cooperação
do leitor já era estratégia do texto colocada pelo autor. Posteriormente, em Interpretação e
superinterpretação (1993), o autor retoma mais uma vez, na tentativa de desfazer equívocos,
seu conceito de obra aberta:
a) Toda obra de arte é aberta porque não comporta apenas uma interpretação;
b) A "obra aberta" não é uma categoria crítica, mas um modelo teórico para
tentar explicar a arte contemporânea;
23
a polifonia textual apresentada por Mikhail Bakhtin, é uma característica dos textos em que estão presentes diversas vozes. O termo
polifonia é formado pelos vocábulos “poli” (muitos) e “fonia” (relativo ao som, voz). A polifonia aponta a presença de obras ou referências
que aparecem dentro de outra. È a presença da intertextualidade.
24
Cristal, metáfora para uma obra bela e translúcida, mas de dureza que resiste o manuseio, impenetrável.
Eco defende que as obras podem e devem ser penetra das por múltiplas leituras.
8. TEXTO 8
“O texto literário resulta de uma vontade de comunicação. Mas
aquilo que o define é, mais do que a vontade de comunicação, a
sua capacidade de significar. É esta característica que o
distingue de qualquer texto normal, puramente utilitário.”
Yvette Centeno, Docente da Universidade de Lisboa
Tanto no Formalismo Russo como no New Criticism, “a função poética é a que volta
a atenção sobre a própria “mensagem”” (TODOROV, 1978).
25
T.S.Eliot recusou a ideia de poesia como expressão da personalidade do poeta,
concebendo-a como resultado consciente do trabalho do espírito, que organiza as
experiências da personalidade. Em vez de entender o poema como consequência de
sentimentos pessoais, ele passou a encará-lo como uma forma de apropriação pessoal da
tradição literária, em que a visão individual das coisas deve, essencialmente, se transformar
em sabedoria técnica. Resumindo: não se admite, portanto, nenhum outro tipo de
informação para além do que o que está contido no próprio texto.
John Crowe Ramsom, responsável pelo nome do movimento, propõe a ideia de que
todo poema deve ser abordado como se fosse um pequeno drama, uma história em que se
destacam um falante, uma estória e sua transmissão a um suposto ouvinte. Tais
componentes integram a situação ficcional de qualquer poema. Essa noção é importante,
pois, segundo ela, o poema seja lírico, satírico, épico ou dramático comporta sempre uma
pequena ficção, e como tal deve ser lido. Em especial, os poemas líricos limitam-se a
explorar o estado de espírito do falante momentos depois de ele passar por uma crise
amorosa ou existencial, como se pode observar no seguinte soneto de Camões:
A crítica tradicional só consegue ler esse soneto como registro emotivo de um dado
biográfico: partindo para o exílio na Índia, Camões despede-se de sua prima e amante, D.
Isabel, esses críticos entendem o soneto apenas como um testemunho do amor do poeta,
baseado na vida real. Como se o simples fato de se tratar de um discurso não alterasse
essencialmente sua suposta condição de registro fiel da realidade.
o terreno e que a intensidade do sofrimento, por comparação, tornara tênue o tormento das
almas condenadas ao inferno. Este é um exagero da expressão. A nova crítica examina a
tensão metafórica e paradoxal entre os vocábulos, assim presta atenção à personificação
da madrugada, caracterizada por intenso cromatismo, em sua viva participação no
sofrimento dos amantes.
Com tais traços formais, percebe-se a chamada textura do poema, responsável pelo
significado estético do enunciado. A personificação da madrugada explica-se, enfim, como
um correlato objetivo do estado febril do falante, que, por sua vez, se deve interpretar
como a ficcionalização de uma possível experiência do poeta inicialmente emocional e que
pela linguagem tornou- se intelectual.
9. A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO
Antonio Cândido não minimiza o papel de nenhum dos elementos, pois trata-se de
“um jogo permanente de relações entre os três, que forma uma tríade indissolúvel” Afinal,
de acordo com a Teoria da Estética da Recepção proposta por Hans Robert Jauss 26(1979)
o leitor é um ser dinâmico e não passivo.
Já Wolfgang Iser27 apresenta o leitor como “jogador”. Para esse autor alemão, o
texto é um tabuleiro do jogo em que o autor propõe as regras ao criá-lo, apresentando no
texto um mundo não palpável e formando um acordo com o leitor, o mundo apresentado no
texto, não como realidade, mas como se fosse realidade. Assim sendo, podemos pensar
26
Hans Robert Jauss foi um escritor e crítico literário alemão. Junto com seu colega W olfgang Iser Jauss é
um dos maiores expoentes da estética da recepção, que fundamenta suas bases na própria crítica literária
alemã. Wikipédia. Acesso em 18 de 06 de 2019
27
W olfgang Iser foi professor de Inglês e Literatura Comparada na Universidade de Constance na Alemanha.
Junto com seu colega Hans Robert Jauss, Iser é o maior expoente da Teoria da recepção, que fundamenta
suas bases na própria crítica literária alemã. W ikipédia Acesso em 18 de 06 de 2019
que o leitor ao aceitar esse diálogo/ desafio, torna-se jogador e se propõe a imaginar as
formas daquela realidade e atribui significado a essas formas, interpretando-as.
Wolfgang Iser, teorizando sobre a recepção da literatura pelo leitor, afirma que este,
diante dos vazios do texto, isto é, espaços abertos para a plurissiginificação29, deverá
preenchê-los com a sua própria imaginação e seu repertório cultural. Isto porque o texto
28
Ferdinand de Saussure foi um linguista e filósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o
d e s e n v o l v i m e n t o d a l i n g u í s t i c a e n q u a n t o c i ê n c i a a u t ô n o m a . S e u p e n s a m e n t o e xe r c e u g r a n d e i n f l u ê n c i a
sobre o campo da teoria da literatura e dos estudos culturais. Wikipédia
29
As palavras não apresentam um sentido único. Dependend o da forma como são utilizadas ou da situação
e m q u e s ã o e m p r e g a d a s , p o d e m a s s u m i r s e n t i d o s d i f e r e n t e s . E m p r e g a d a s e m d e t e r m i n a d o s c o n t e xt o s , e l a s
ganham sentidos novos, figurados, carregados de valores afetivos ou sociais. Quando a palavra é utilizada
no seu sentido comum, o que aparece no dicionário, dizemos que foi empregada denotativamente. Quando,
porém, é utilizada com sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada
conotativamente.
literário não é constituído somente de linhas, mas também das entrelinhas, dos interditos,
das suas lacunas e, sobretudo, do ato de ler.
“O leitor, em seu importante papel, imagina hipóteses, decifra, analisa, cria vínculos
entre uma obra e outra (...) o autor dá pista ao leitor para participe ao lado dele, como um
elemento a mais do romance, descobrindo novas perspectivas e recriando a história que
lhe foi apresentada. Esta liberdade criadora que se oferece ao leitor, tarefa de decifração e
integração, dá-lhe a sensação de não se afogar passivamente no mundo da literatura e sim
permanecer lúcido de si e de sua capacidade de interpretar.
resolvido. Isto, porque esperar por um “leitor ideal” seria igualar todos os leitores de
uma sociedade ao mesmo “gosto” e a mesma “cultura literária”, o que constitui
uma concepção elitista da arte a ser repudiada.