Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Olavo Bilac
O Parnaso (1509-1511), do pintor renascentista Rafael.
O afresco representa o monte Parnaso, que, na
mitologia grega, é a morada de Apolo, o deus da
música e da poesia, e das nove musas. A cultura
clássica greco-latina, amplamente cultivada durante o
Renascimento, foi retomada pelo Parnasianismo.
FOCO N
Você vai ler, a seguir, dois textos de Olavo Bilac: o poema “Rio abaixo”, da série “Sarças de fogo”, e o
poema XXXI, da série “Via láctea”.
TEXTO I
Cruz e Sousa
O poeta Cruz e Sousa, chamado de “Dante negro”, foi admirado durante sua vida por um grupo
reduzido de amigos. Sua obra foi conquistando reconhecimento ao longo do século passado e,
atualmente, ele é considerado um dos maiores poetas brasileiros.
Como você viu no capítulo anterior, os aspectos formais da obra de Cruz e Sousa se caracterizam,
principalmente, pela exploração da melodia das palavras, pelo emprego de sinestesias e pela presença de
imagens criadas a partir de elementos brancos, translúcidos e brilhantes. Esses recursos sensoriais
produzem uma poesia sugestiva, que evoca a transcendência espiritual, a integração cósmica, o
misticismo, a espiritualidade, o mistério, a morte, a melancolia, os níveis mais profundos da mente e a
sublimação sexual.
O poeta viveu em um período de tomada de consciência em relação ao preconceito e à
discriminação racial e, ao contrário do que julgaram determinados críticos, ele não se manteve alheio aos
dramas vivenciados pelos negros. Cruz e Sousa atuou na campanha abolicionista, participando de
conferências e publicando artigos contra a escravidão, e manifestou sua insatisfação a respeito da
situação do negro em textos literários como “Pandemonium”, “Litania dos pobres”, “Dor negra”,
“Consciência tranquila” e os poemas “Emparedado”, em prosa, e “Crianças negras”, em versos.
Cruz e Sousa
Filho de escravos, João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Desterro, atual Florianópolis, em Santa
Catarina. Os pais foram alforriados e, tutelado pelos ex-senhores, recebeu uma
educação primorosa até o momento em que seu protetor morreu, quando teve de
deixar os estudos. Começou a trabalhar ainda muito jovem, na imprensa
catarinense, na qual colaborou com textos em que se manifestava contra a
escravidão e o preconceito racial, de que foi vítima em mais de uma ocasião.Em
1890, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde entrou em contato com as obras de
Verlaine e de Baudelaire e liderou o primeiro grupo de simbolistas brasileiros.
Colaborou de maneira irregular em jornais e revistas cariocas e viveu quase na
penúria.
Morreu, aos 36 anos, de tuberculose, doença que também vitimou seus quatro filhos e a mulher.
Além de Missal e Broquéis, destacam-se na produção do escritor as obras Evocações (1898), Faróis (1900) e
Últimos sonetos (1905), publicadas postumamente.