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Exercícios de Literatura Os teus olhos gentis, encantadores,

Tua loira madeixa delicada,


Arcadismo Tua boca por Vênus invejada,
Onde habitam mil cândidos amores:
1) (Fatec-1995) "Voltaram à baila os deuses esquecidos, as
ninfas esquivas, as náiades, as oréadas e os pastores Os teus braços, prisão dos amadores,
enamorados, as pastoras insensíveis e os rebanhos Os teus globos de neve congelada,
numerosos das bucólicas de Teócrito e Virgílio." Serão tornados breve a cinza!… a nada!…
(Ronald de Carvalho, PEQUENA HISTÓRIA DE LITERATURA Aos teus amantes causarão horrores!…
BRASILEIRA)
Céus! e hei-de eu amar uma beleza,
O trecho acima refere-se ao seguinte movimento literário: Que à cinza reduzida brevemente
a) Romantismo. Há-de servir de horror à Natureza!…
b) Barroco.
c) Arcadismo. Ah! mandai-me uma luz resplandecente,
d) Parnasianismo. Que minha alma ilumine, e com pureza
e) Naturalismo. Só ame um Deus, que vive eternamente.
(José da Natividade Saldanha. Poemas oferecidos aos
amantes do Brasil. 1822.)
2) (Faap-1997) AS POMBAS
Soneto
Vai-se a primeira pomba despertada... Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra.
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas Em seus lábios que os meus lábios osculam
De pombas vão-se dos pombais, apenas Micro-organismos fúnebres pululam
Raia sangüínea e fresca a madrugada Numa fermentação gorda de cidra.

E à tarde, quando a rígida nortada Duras leis as que os homens e a hórrida hidra
Sopra, aos pombais, de novo, elas, serenas A uma só lei biológica vinculam,
Ruflando as asas, sacudindo as penas, E a marcha das moléculas regulam,
Voltam todas em bando e em revoada... Com a invariabilidade da clepsidra!…

Também dos corações onde abotoam, Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos
Os sonhos, um por um, céleres voam Roída toda de bichos, como os queijos
Como voam as pombas dos pombais; Sobre a mesa de orgíacos festins!…

No azul da adolescência as asas soltam, Amo meu Pai na atômica desordem


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam Entre as bocas necrófagas que o mordem
E eles aos corações não voltam mais... E a terra infecta que lhe cobre os rins!
(Raimundo Correia) (Augusto dos Anjos. Eu. 1935.)

José da Natividade Saldanha é considerado um poeta de


Nunca poderia ter lido o poema "AS POMBAS", este transição, por apresentar em sua obra a mescla de traços
mesmo que você acaba de ler: do Neoclassicismo e do Romantismo. Releia seu poema e,
em seguida,
a) Machado de Assis a) indique uma característica do Neoclassicismo nas duas
b) Aluísio Azevedo primeiras estrofes do soneto;
c) Tomás Antônio Gonzaga b) identifique, no conteúdo dos dois tercetos, uma atitude
d) Olavo Bilac do eu-poemático típica do Romantismo.
e) Euclides da Cunha

4) (Vunesp-2001) INSTRUÇÃO: A questão a seguir toma por


3) (Vunesp-2005) INSTRUÇÃO: A questão a seguir toma por base um fragmento do poema Em Defesa da Língua, do
base dois sonetos, um do neoclássico brasileiro José da poeta neoclássico português Filinto Elísio (1734-1819),
Natividade Saldanha (1795-1830), e outro do simbolista uma passagem de um texto em prosa do poeta simbolista
brasileiro Augusto dos Anjos (1884-1914). brasileiro Cruz e Sousa (1861-1898) e uma passagem de

Soneto
um texto em prosa do poeta modernista brasileiro Tasso In: CRUZ E SOUSA. Obra completa. Outras evocações. Rio
da Silveira (1895-1968). de Janeiro: Aguilar, 1961, p. 677-8.

Em Defesa da Língua Técnicas


Lede, que é tempo, os clássicos honrados; A técnica artística, incluindo a literatura, se constitui, de
Herdai seus bens, herdai essas conquistas, começo, de um conjunto de normas objetivas, extraídas da
Que em reinos dos romanos e dos gregos longa experiência, do trato milenário com os materiais
Com indefesso estudo conseguiram. mais diversos. Depois que se integra na consciência e no
Vereis então que garbo, que facúndia instinto, na inteligência e nos nervos do artista, sofre
Orna o verso gentil, quanto sem eles profunda transfiguração. O artista “assimilou-a”
É delambido e peco o pobre verso. totalmente, o que significa que a transformou, a essa
....................................................... técnica, em si mesmo. Quase se poderia dizer que
Abra-se a antiga, veneranda fonte substituiu essa técnica por outra que, tendo nascido
Dos genuínos clássicos e soltem-se embora da primeira, é a técnica personalíssima, seu
As correntes da antiga, sã linguagem. instrumento de comunicação e de transfiguração da
Rompam-se as minas gregas e latinas matéria.Só aí adquiriu seu gesto criador a autonomia
(Não cesso de o dizer, porque é urgente); necessária, a força imperativa com que ele se assenhoreia
Cavemos a facúndia, que abasteça do mistério da beleza para transfundi-lo em formas no
Nossa prosa eloqüente e culto verso. mármore, na linha, no colorido, na linguagem.
Sacudamos das falas, dos escritos A técnica de cada artista fica sendo, desta maneira, não
Toda a frase estrangeira e frandulagem um “processo”, um elemento exterior, mas a substância
Dessa tinha, que comichona afeia mesma de sua originalidade. Inútil lembrar que tal
O gesto airoso do idioma luso. personalíssima técnica se gera do encontro da luta do
Quero dar, que em francês hajam formosas artista com o material que trabalha.
Expressões, curtas frases elegantes; In: SILVEIRA, Tasso da. Diálogo com as raízes (jornal de fim
Mas índoles dif’rentes têm as línguas; de caminhada). Salvador: Edições GRD-INL, 1971, p. 23.
Nem toda a frase em toda a língua ajusta.
Ponde um belo nariz, alvo de neve, Os três fragmentos dados, embora escritos por três poetas
Numa formosa cara trigueirinha de períodos diferentes e abordando temas distintos,
(Trigueiras há, que às louras se avantajam): revelam bastante afinidade. Com base nesta observação,
O nariz alvo, no moreno rosto, releia-os e, a seguir,
Tanto não é beleza, que é defeito. a) indique uma identidade entre os três textos, no que diz
Nunca nariz francês na lusa cara, respeito à temática abordada;
Que é filha da latina, e só latinas b) sintetize o principal conselho dado por Filinto Elísio, em
Feições lhe quadram. São feições parentas. consonância com a poética do Neoclassicismo, para que
In: ELÍSIO, Filinto. Poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa- um poeta consiga escrever bem.
Editora, 1941, p. 44 e 51.
5) (Mack-2004) Já sobre o coche de ébano estrelado
O Estilo Deu meio giro a noite escura e feia;
O estilo é o sol da escrita. Dá-lhe eterna palpitação, eterna Que profundo silêncio me rodeia
vida. Cada palavra é como que um tecido do organismo do Neste deserto bosque, à luz vedado!
período. No estilo há todas as gradações da luz, toda a Jaz entre as folhas Zéfiro abafado,
escala dos sons. O Tejo adormeceu na lisa areia;
O escritor é psicólogo, é miniaturista, é pintor - gradua a Nem o mavioso rouxinol gorjeia,
luz, tonaliza, esbate e esfuminha os longes da paisagem. Nem pia o mocho, às trevas costumado:
O princípio fundamental da Arte vem da Natureza, porque Só eu velo, só eu, pedindo à sorte
um artista faz-se da Natureza. Toda a força e toda a Que o fio, com que está minha alma presa
profundidade do estilo está em saber apertar a frase no À vil matéria lânguida me corte:
pulso, domá-la, não a deixar disparar pelos meandros da Consola-me este horror, esta tristeza;
escrita. Porque a meus olhos se afigura a morte
O vocábulo pode ser música ou pode ser trovão, conforme No silêncio total da natureza.
o caso. A palavra tem a sua anatomia; e é preciso uma rara Bocage
percepção estética, uma nitidez visual, olfativa, palatal e
acústica, apuradíssima, para a exatidão da cor, da forma e Vocabulário:
para a sensação do som e do sabor da palavra. coche de ébano: carruagem de madeira escura
jaz: está ou parece morto
mocho: coruja d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois
lânguida: doentia o tempo passa rapidamente.
e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante
dos centros urbanos.
Nesse poema, a referência à cultura mitológica (Zéfiro)
revela influência da estética 8) (Unifesp-2002) Texto I:
a) romântica. Ao longo do sereno
b) simbolista. Tejo, suave e brando,
c) trovadoresca. Num vale de altas árvores sombrio,
d) árcade. Estava o triste Almeno
e) parnasiana. Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
6) (FEI-1995) Leia com atenção: (Luís de Camões, Ao longo do sereno.)
"A poesia desta época, localizada em fins do século XVIII e
início do XIX, caracteriza-se pelo lirismo. Fiéis ao espírito Texto II:
bucólico e pastoril, os poetas adotavam pseudônimos e, Bailemos nós ia todas tres, ay irmanas,
em seus textos, falavam e agiam como pastores, tratando so aqueste ramo destas auelanas
de pastoras suas amadas. O mundo greco-romano vem e quen for louçana, como nós, louçanas,
completar o quadro lírico das composições da época". se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
Assinalar a alternativa que contém o período literário a uerrá baylar.
que se refere o trecho acima: (Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.)
a) Romantismo
b) Simbolismo Texto III:
c) Parnasianismo Tão cedo passa tudo quanto passa!
d) Arcadismo morre tão jovem ante os deuses quanto
e) Barroco. Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
7) (UFSCar-2002) Texto 1 Circunda-te de rosas, ama, bebe
(Zé Rodrix e Tavito) E cala. O mais é nada.
Eu quero uma casa no campo (Fernando Pessoa, Obra poética.)
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê Texto IV:
Onde eu possa plantar meus amigos Os privilégios que os Reis
meus discos Não podem dar, pode Amor,
meus livros Que faz qualquer amador
e nada mais Livre das humanas leis.
mortes e guerras cruéis,
Texto 2 Ferro, frio, fogo e neve,
(Cláudio Manuel da Costa) Tudo sofre quem o serve.
Se o bem desta choupana pode tanto, (Luís de Camões, Obra completa.)
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto; Texto V:
Aqui descanse a louca fantasia; As minhas grandes saudades
E o que té agora se tornava em pranto, São do que nunca enlacei.
Se converta em afetos de alegria. Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os (Mário de Sá Carneiro, Poesias.)
textos aproximam-se, pois o ideal que defendem é
a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta O motivo do carpe diem (“aproveita o dia”, em latim)
retira do homem seus melhores sentimentos. expressa, em geral, o gosto de viver plenamente a vida, de
b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as usufruir os dons da beleza e a energia da juventude,
riquezas naturais. enquanto o tempo permitir. Esse motivo aparece nos
c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte textos
de inspiração dos poetas. a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV. a) no texto I.
d) IV e V. b) no texto II.
e) I e V. c) no texto III.
d) nos textos I e II.
9) (Unifesp-2002) Texto I: e) nos textos II e III.
“O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados
pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as 10) (Mack-2004)
plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia Já sobre o coche de ébano estrelado
suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem Deu meio giro a noite escura e feia;
sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de Que profundo silêncio me rodeia
disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não Neste deserto bosque, à luz vedado!
parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o Jaz entre as folhas Zéfiro abafado,
repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado O Tejo adormeceu na lisa areia;
de amor e benevolência. (...) Imagina-se por aqui o Éden Nem o mavioso rouxinol gorjeia,
que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com Nem pia o mocho, às trevas costumado:
a virgindade do seu coração. Só eu velo, só eu, pedindo à sorte
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha Que o fio, com que está minha alma presa
que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura À vil matéria lânguida me corte:
do mais belo viço e variedade. (...) Consola-me este horror, esta tristeza;
Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um Porque a meus olhos se afigura a morte
claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação No silêncio total da natureza.
antiga, mas não dilapidada - (...) A janela é larga e baixa; Bocage
parece mais ornada e também mais antiga que o resto do
edifício, que todavia mal se vê...” Vocabulário:
(Almeida Garrett, Viagens na minha terra.) coche de ébano: carruagem de madeira escura
jaz: está ou parece morto
Texto II: mocho: coruja
“Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende lânguida: doentia
sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza
formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as
cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegetação Está presente no texto o seguinte traço característico da
nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; poesia de Bocage:
florestas virgens se estendiam ao longo das margens do a) temática religiosa.
rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos b) idealização do “locus amoenus”.
capitéis formados pelos leques das palmeiras. c) quebra dos padrões formais clássicos.
Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, d) supremacia dos efeitos sonoros em detrimento da idéia.
sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos e) linguagem emotivo-confessional.
dos elementos, em que o homem é apenas um simples
comparsa. (...) Entretanto, via-se à margem direita do rio
uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma 11) (UNIFESP-2007) Leia o poema de Bocage
eminência e protegida de todos os lados por uma muralha
de rocha cortada a pique.” Olha, Marília, as flautas dos pastores
(José de Alencar, O guarani.) Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes
Texto III: Os Zéfiros brincar por entre flores?
“Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço Vê como ali, beijando-se, os Amores
De estar a ela um dia reclinado: Incitam nossos ósculos ardentes!
Ali em vale um monte está mudado: Ei-las de planta em planta as inocentes,
Quanto pode dos anos o progresso! As vagas borboletas de mil cores.
Árvores aqui vi tão florescentes, Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Que faziam perpétua a primavera: Ora nas folhas a abelhinha pára,
Nem troncos vejo agora decadentes.” Ora nos ares, sussurrando, gira:
(Cláudio Manuel da Costa, Sonetos-VII.) Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Podem ser encontradas características predominantes do Mais tristeza que a morte me causara.
estilo neoclássico ou arcádico apenas
O soneto de Bocage é uma obra do Arcadismo português, fala Salomão de qualquer amor, senão do amor forte?
que apresenta, dentre suas características, o bucolismo e a Fortis est ut mors dilectio: e o amor forte, o amor intenso,
valorização da cultura greco-romana, que estão o amor excessivo, produz efeitos contrários. É união, e
exemplificados, respectivamente, em produz apartamentos. Sabe-se o amor atar, e sabe-se
a) Tudo o que vês, se eu te não vira/Olha, Marília, as desatar como Sansão: afetuoso, deixa-se atar; forte,
flautas dos pastores. rompe as ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas
b) Ei-las de planta em planta as inocentes/Naquele arbusto vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte.
o rouxinol suspira. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta os extremos mais
c) Que bem que soam, como estão cadentes!/Os Zéfiros distantes: enquanto amoroso e forte, divide os extremos
brincar por entre flores? mais unidos.
d) Mais tristeza que a morte me causara./Olha o Tejo a (ANTONIO VIEIRA. Sermão do Mandato. Brasília: Editora
sorrir- se! Olha, não sentes. Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do
e) Que alegre campo! Que manhã tão clara!/Vê como ali, Estado, 2000, p. 165-166.)
beijando-se, os Amores.
Feliza
Chamam-te gosto, Amor, chamam-te amigo
12) (UNIFESP-2005) Leia os versos do poeta português Da Natureza, que por ti se inflama;
Bocage. Dizem que és dos mortais suave abrigo;
Que enjoa, e pesa a vida a quem não ama:
Vem, oh Marília, vem lograr comigo Mas com dura exp’riência eu contradigo
Destes alegres campos a beleza, A falsa opinião, que um bem te chama:
Destas copadas árvores o abrigo. Tu não és gosto, Amor, tu és tormento.
Deixa louvar da corte a vã grandeza; Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.
Quanto me agrada mais estar contigo,
Notando as perfeições da Natureza! Feliza de Sileu! Quem tal pensara
Daquela, entre as pastoras mais formosa
Nestes versos, Que a vermelha papoila entre a seara,
a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa da Que entre as boninas a corada rosa!
fugacidade do tempo. Feliza por Sileu me desampara!
b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia Oh céus! Um monstro seus carinhos goza;
características pré-românticas do autor. Ansia cruel me esfalfa o sofrimento.
c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.
aproveitar o tempo presente.
d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, Ingrata, que prestígio te alucina?
inacessíveis a ele. Que mágica ilusão te está cegando?
e) o poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o Que fado inevitável te domina,
presente de forma simples junto à natureza. Teu luminoso espírito apagando?
O vil Sileu não põe na sanfonina
Jeitosa mão, nem pinta em verso brando
13) (Vunesp-2002) Sermão do Mandato Ondadas tranças, que bafeja o vento.
Começando pelo amor. O amor essencialmente é união, e Une teus sons, ó lira, ao meu lamento.
naturalmente a busca: para ali pesa, para ali caminha, e só (BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Obras de Bocage.
ali pára.Tudo são palavras de Platão, e de Santo Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 685-686.)
Agostinho.Pois se a natureza do amor é unir, como pode
ser efeito do amor o apartar? Assim é, quando o amor não Os trechos transcritos do sermão de Vieira e do poema de
é extremado e excessivo. As causas excessivamente Bocage apresentam traços peculiares de seus respectivos
intensas produzem efeitos contrários. A dor faz gritar; mas estilos de época, o barroco e o neoclássico. Verifique,
se é excessiva, faz emudecer: a luz faz ver; mas se é numa leitura atenta, esses traços e, a seguir,
excessiva, cega: a alegria alenta e vivifica; mas se é a) mencione e explique uma característica do estilo
excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une; mas se barroco que Vieira explora com insistência no seguinte
é excessivo, divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz trecho: “O amor é união de almas; a morte é separação da
Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábio? Como alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da morte é
a vida, dissera eu. O amor é união de almas; a morte é separar, como pode ser o amor semelhante à morte?”;
separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o b) aponte um aspecto da segunda estrofe do poema de
efeito da morte é separar, como pode ser o amor Bocage típico da poética neoclássica.
semelhante à morte? O mesmo Salomão se explicou. Não
14) (Vunesp-Ilha Solteira-2001) Texto 1 literários representados pelos poemas de Gregório de
Gregório de Matos Matos e Basílio da Gama.

Goza, goza da flor da mocidade, a) Transcreva, de cada um dos poemas, um verso em que a
que o tempo trata a toda ligeireza idéia do carpe diem esteja explicitamente apresentada.
e imprime em toda flor a sua pisada. b) Que metáfora é comum aos dois poemas?

Ó não aguardes, que a madura idade 16) (UFMG-1998) Leia o soneto que se segue, de Cláudio
te converta essa flor, essa beleza, Manuel da Costa.
em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
Pastores, que levais ao monte o gado,
Texto 2 Vede lá como andais por essa serra;
Basílio da Gama Que para dar contágio a toda a terra,
Basta ver-se o meu rosto magoado:
Pois se sabes que a tua formosura
Por força há de sofrer da idade os danos, Eu ando (vós me vedes) tão pesado;
Por que me negas hoje esta ventura? E a pastora infiel, que me fez guerra,
É a mesma, que em seu semblante encerra
Guarda para seu tempo os desenganos, A causa de um martírio tão cansado.
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos. Se a quereis conhecer, vinde comigo,
Vereis a formosura, que eu adoro;
Os poemas de Gregório de Matos e de Basílio da Gama são Mas não; tanto não sou vosso inimigo:
da Era Clássica da literatura, embora pertençam a
diferentes escolas literárias. Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro;
Que se seguir quiserdes, o que eu sigo,
a) Indique a que movimentos literários se filiaram, Chorareis, ó pastores, o que eu choro.
respectivamente, os autores.
b) Explique a semelhança entre os textos no que diz Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre
respeito à temática abordada. esse soneto, exceto:
a) O poema opõe um estilo de vida simples a um estilo de
15) (Vunesp-Ilha Solteira-2001) Texto 1 vida dissimulado.
Gregório de Matos b) A palavra "guerra" enfatiza a recusa da pastora a
corresponder aos afetos do poeta.
Goza, goza da flor da mocidade, c) O sentido da visão é o predominante em todas as
que o tempo trata a toda ligeireza estrofes do poema.
e imprime em toda flor a sua pisada. d) A expressão "para dar contágio a toda a terra" revela a
intensidade do sofrimento do pastor.
Ó não aguardes, que a madura idade
te converta essa flor, essa beleza, 17) (UFSCar-2002) Texto 1
em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. (Zé Rodrix e Tavito)
Eu quero uma casa no campo
Texto 2 do tamanho ideal
Basílio da Gama pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Pois se sabes que a tua formosura meus discos
Por força há de sofrer da idade os danos, meus livros
Por que me negas hoje esta ventura? e nada mais

Guarda para seu tempo os desenganos, Texto 2


Gozemo-nos agora, enquanto dura, (Cláudio Manuel da Costa)
Já que dura tão pouco a flor dos anos. Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
A expressão latina carpe diem, que significa “aproveite o Que da cidade o lisonjeiro encanto;
dia (presente)”, foi uma constante nos dois períodos Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria. Ao entardecer no mato, a casa entre
bananeiras, pés de manjericão e cravo santo,
Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os aparece dourada. Dentro dela, agachados,
textos aproximam-se, pois o ideal que defendem é o uso na porta da rua, sentados no fogão, ou aí mesmo,
da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do rápidos como se fossem ao Êxodo, comem
homem seus melhores sentimentos. feijão com arroz, taioba, ora-pro-nobis,
b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as muitas vezes abóbora.
riquezas naturais. Depois, café na canequinha e pito.
c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte O que um homem precisa pra falar,
de inspiração dos poetas. entre enxada e sono: Louvado seja Deus!
d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois (PRADO, Adélia. Poesia Reunida. 2ª- ed. São Paulo:
o tempo passa rapidamente. Siciliano, 1992, p. 42.)
e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante
dos centros urbanos. Texto 3
Cidadezinha qualquer
18) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à Casas entre bananeiras
alternativa que preenche corretamente as lacunas do Mulheres entre laranjeiras
trecho apresentado. Pomar amor cantar
Simplificando a linguagem lírica de Cláudio Manuel da Um homem vai devagar.
Costa, mas evitando igualmente a diluição dos valores Um cachorro vai devagar.
poéticos no sentimentalismo, as ............... mais densas, Um burro vai devagar.
dedicadas a ............., fizeram de ............... uma figura Devagar... as janelas olham.
central do nosso Arcadismo. Eta vida besta, meu Deus.
a) crônicas - Marília - Dirceu. (ANDRADE, Carlos Drummond. Obra Completa. Rio de
b) crônicas - Gonzaga - Dirceu. Janeiro: José Aguilar Editora, 1967, p. 67.)
c) sátiras - Dirceu - Gonzaga.
d) liras - Gonzaga - Dirceu. Assinale a alternativa referente aos respectivos momentos
e) liras - Marília - Gonzaga. literários a que correspondem os três textos:
a) Romântico, contemporâneo, modernista.
19) (ITA-2002) Leia os seguintes textos, observando que b) Barroco, romântico, modernista.
eles descrevem o ambiente natural de acordo com a época c) Romântico, modernista, contemporâneo.
a que correspondem, fazendo predominar os aspectos d) Árcade, contemporâneo, modernista.
bucólico, cotidiano e irônico, respectivamente: e) Árcade, romântico, contemporâneo.

Texto 1 20) (UFPB-2006) No Romanceiro da Inconfidência, Cecília


Marília de Dirceu Meireles recria poeticamente os acontecimentos históricos
Enquanto pasta, alegre, o manso gado, de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta
minha bela Marília, nos sentemos mesma época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas,
À sombra deste cedro levantado. atribuídas a Tomás Antônio Gonzaga.
Um pouco meditemos
Na regular beleza, O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que Critilo
Que em tudo quanto vive nos descobre (Gonzaga), dirigindo-se ao seu amigo Doroteu (Cláudio
A sábia Natureza. Manuel da Costa), narra o comportamento do Fanfarrão
Atende como aquela vaca preta Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador de Minas).
O novilhinho seu dos mais separa,
E o lambe, enquanto chupa a lisa teta. Aquele, Doroteu, que não é Santo
Atende mais, ó cara, Mas quer fingir-se Santo aos outros homens,
Como a ruiva cadela Pratica muito mais, do que pratica,
Suporta que lhe morda o filho o corpo, Quem segue os sãos caminhos da verdade.
E salte em cima dela. Mal se põe nas Igrejas, de joelhos,
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. In: Proença Abre os braços em cruz, a terra beija,
Filho, Domício. Org. A poesia dos inconfidentes. Rio de Entorta o seu pescoço, fecha os olhos,
Janeiro, Nova Aguilar, 1996, p. 605.) Faz que chora, suspira, fere o peito;
E executa outras muitas macaquices,
Texto 2 Estando em parte, onde o mundo as veja.
Bucólica nostálgica
(GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São Paulo: Tomás Antônio Gonzaga
Companhia das Letras, 1995, p. 68-69).
Quanto ao estilo, os versos
a) revelam a presença não só de formas mais exageradas
de inversão sintática - hipérbatos -, como também de
Considerando as informações apresentadas e esse comparações excessivas, resíduos do estilo cultista.
fragmento poético, é correto afirmar: b) comprovam a predileção pelo verso branco e pela
ordem direta da frase, característicos da naturalidade
a) O autor descreve as atitudes do governador de Minas desejada pelos poetas do Arcadismo.
sem fazer uso de um tom irônico. c) denotam - pela singeleza do vocabulário, pela sintaxe
b) O autor critica algumas atitudes do governador de quase prosaica - a vontade de alcançar a simplicidade da
Minas, julgando-as dissimuladas. linguagem, em oposição à artificialidade do Barroco.
c) O autor descreve, com humor, o comportamento do d) organizam-se em torno de antíteses, na busca de
governador de Minas, sem apresentar um posicionamento caracterizar, em atitude pré-romântica, o amor ideal e a
crítico. pureza do lavor da terra.
d) O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é e) constroem-se pelo desdobramento contínuo de
observado nesse fragmento, pois, aqui, há apenas a imagens, compondo um quadro em que a emoção é
descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio. tratada de modo abstrato, de acordo com a convenção
e) O autor chama a atenção para o fato de que o árcade.
governador de Minas age com fervor, longe dos olhos dos
fiéis.
23) (UFF-1998) Texto I

21) (Mack-2004) Ornemos nossas testas com as flores, OS TUMULTOS DA PAZ


e façamos de feno um brando leito;
prendamo-nos, Marília, em laço estreito, O amor ao próximo está longe de representar um
gozemos do prazer de sãos amores (...) devaneio beato e piedoso, conto da carochinha para
(...) aproveite-se o tempo, antes que faça enganar crianças, desavisados e inquilinos de sacristia.
o estrago de roubar ao corpo as forças Trata-se de uma essencial exigência pessoal e política, sem
e ao semblante a graça. cujo atendimento não nos poremos a serviço, nem de nós
Tomás Antônio Gonzaga mesmos, nem de ninguém. Amar ao Próximo como a si
Nos versos acima, mesmo é, por excelência, a regra de ouro, cânon fundador
a) o eu-lírico, ao lamentar as transformações notadas em da única prática pela qual poderemos chegar a um pleno
seu corpo e alma pela passagem do tempo, revela-se amor por nós próprios. Sou o primeiro e mais íntimo
amoroso homem de meia-idade. Próximo de mim, e esta relação de mim para comigo
b) que retomam tema e estrutura de uma “canção de passa, inevitavelmente, pela existência do Outro. Este é o
amigo”, está expresso o estado de alma de quem sente a termo terceiro, a referência transcendente por cuja
ausência do ser amado. mediação passo a construir a minha auto-estima.
c) nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu-lírico, Eis aí o modelo da paz.
a mulher a quem se poderiam fazer convites amorosos
mais ousados. (PELLEGRINO, Hélio. A burrice do demônio. Rio de Janeiro:
d) em que se notam diálogo e estrutura paralelística, o Rocco, 1989. p. 94)
ponto de vista dominante é o do amante que vê seus
sentimentos antagônicos refletidos na natureza. Texto II
e) a natureza é o espaço onde o amado se sente à vontade
para expressar diretamente à amada suas inclinações PENSAMENTO DE AMOR
sensuais.
Quero viver de esperança
Quero tremer e sentir!
22) (Mack-2004) Ornemos nossas testas com as flores, Na tua trança cheirosa
e façamos de feno um brando leito; Quero sonhar e dormir.
prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
gozemos do prazer de sãos amores (...) Álvares de Azevedo
(...) aproveite-se o tempo, antes que faça ..........................................................................
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça. Todo o amor que em meu peito repousava,
Como o orvalho das noites ao relento,
A teu seio elevou-se, como as névoas, O AMOR E O TEMPO
Que se perdem no azul do firmamento.
Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta,
Aqui...além...mais longe, em toda a parte, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de
Meu pensamento segue o passo teu. mármore, quanto mais a corações de cera ! São as afeições
Tu és a minha luz, - sou tua sombra, como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de
Eu sou teu lago, - se tu és meu céu. durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas,
.................................................................. que partem do centro para a circunferência, que quanto
mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos
À tarde, quando chegas à janela, sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor
A trança solta, onde suspira o vento, tão robusto que chegue a ser velho. De todos os
Minha alma te contempla de joelhos... instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o
A teus pés vai gemer meu pensamento. tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-
.................................................................. lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com
que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que
Oh! diz' me, diz' me, que ainda posso um dia voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é
De teus lábios beber o mel dos céus; porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os
Que eu te direi, mulher dos meus amores: defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas
- Amar-te ainda é melhor do que ser Deus! para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso,
quanto mais o amor ?! O mesmo amar é causa de não
Bahia, 1865. amar e o ter amado muito, de amar menos.

(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, (VIEIRA, Antônio. Apud: PROENÇA FILHO, Domício.
1976. p. 415-6) Português. Rio de Janeiro: Liceu, 1972. V5. p.43)

Texto III Quando os Risos e os Amores


Aparecem nos teus olhos,
RONDÓ PRA VOCÊ Até d'ásperos abrolhos
Vejo flores rebentar.
De você, Rosa, eu não queria
Receber somente esse abraço Mas se deixas este prado,
Tão devagar que você me dá, Ai de mim ! Cruéis pesares !
Nem gozar somente esse beijo Sinto escuro o céu e os ares
Tão molhado que você me dá... E enlutado o bosque e o mar.
Eu não queria só porque
Por tudo quanto você me fala (ALVARENGA, Silva. Glaura. São Paulo: Companhia das
Já reparei que no seu peito Letras, 1996. p.120 -121)
Soluça o coração bem feito
De você. O fragmento acima é retirado de um rondó escrito pelo
poeta árcade Silva Alvarenga, no século XVIII.
Pois então eu imaginei Comparando este fragmento com o texto III, pode-se
Que junto com esse corpo magro afirmar que:
Moreninho que você me dá,
Com a boniteza a faceirice a) Existe uma preocupação dos dois escritores de manter
A risada que você me dá o mesmo número de sílabas métricas.
E me enrabicham como o que, b) Existe uma diferença de gênero literário entre os dois
Bem que eu podia possuir também textos, já que apenas o texto III é um rondó.
O que mora atrás do seu rosto, Rosa, c) Há um coloquialismo acentuado no texto III, marca
O pensamento a alma o desgosto registrada da linguagem modernista, mas não da
De você. neoclássica.
d) Há uma semelhança marcante entre os dois textos, já
(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo / Belo que ambos pertencem ao gênero épico ou narrativo.
Horizonte: Martins / Itatiaia, 1980. V. 1. p. 121 ) e) Há uma aproximação temática entre os dois textos,
quanto à ausência de sentimentos do eu lírico.
Texto IV

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