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LISTA DE EXERCÍCIOS

INTERTEXTUALIDADE - AVANÇADO 1

Questão 1/5
O “Adeus” de Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...
E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”
Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”


Passaram tempos... séc’los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”
Ela, chorando mais que uma criança,
Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”
Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...
E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”
(CASTRO ALVES, Antonio Frederico. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 51.)

Considerando os recursos de composição utilizados no poema, assinale a alternativa correta.

A As reticências acentuam a emotividade do par amoroso e assinalam suspensões temporais.


B O uso do verso decassílabo reproduz o ritmo da valsa que embala o casal durante todo o poema.
C A alternância do comportamento de Teresa entre amor e ódio é marcada pelo refrão.
D As inversões sintáticas são utilizadas para intensificar o sofrimento de Teresa.
E O uso da comparação na primeira estrofe revela o caráter firme de Teresa.

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LISTA DE EXERCÍCIOS
INTERTEXTUALIDADE - AVANÇADO 1

Questão 2/5
“Onde estás”
1 É meia-noite... e rugindo
2 Passa triste a ventania,
3 Como um verbo de desgraça,
4 Como um grito de agonia.
5 E eu digo ao vento, que passa
6 Por meus cabelos fugaz:
7 “Vento frio do deserto,
8 Onde ela está? Longe ou perto?”
9 Mas, como um hálito incerto,
10 Responde-me o eco ao longe:
11 “Oh! minh’amante, onde estás?...”
12 Vem! É tarde! Por que tardas?
13 São horas de brando sono,
14 Vem reclinar-te em meu peito
15 Com teu lânguido abandono!...
16 ’Stá vazio nosso leito...
17 ’Stá vazio o mundo inteiro;
18 E tu não queres qu’eu fique
19 Solitário nesta vida...
20 Mas por que tardas, querida?...
21 Já tenho esperado assaz...
22 Vem depressa, que eu deliro
23 Oh! minh’amante, onde estás?...
24 Estrela – na tempestade,
25 Rosa – nos ermos da vida,
26 Íris – do náufrago errante,
27 Ilusão – d’alma descrida!
28 Tu foste, mulher formosa!
29 Tu foste, ó filha do céu!...
30 ... E hoje que o meu passado
31 Para sempre morto jaz...
32 Vendo finda a minha sorte,
33 Pergunto aos ventos do Norte...
34 “Oh! minh’amante, onde estás?”
(CASTRO ALVES, A. F. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 84-85.)

Sobre a relação entre o poema e a obra Espumas flutuantes, considere as afirmativas a seguir.
I. Idealização da mulher amada e demonstração emotiva são modos de expressão típicos do poeta, inscrito no
Romantismo brasileiro.
II. É um poema à parte de Espumas flutuantes, pois a idealização da mulher é tema fortuito na obra de Castro Alves.
III. O uso abundante de interrogações, exclamações e reticências fortalece seu teor sentimental, marca típica do
Romantismo.
IV. Nos versos 16 e 17, o eu-lírico estende seu olhar sentimental, indo do espaço mínimo ao espaço máximo, a fim de
expor sua imensa saudade.
Assinale a alternativa correta.

A Somente as afirmativas I e II são corretas.


B Somente as afirmativas II e IV são corretas.
C Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

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LISTA DE EXERCÍCIOS
INTERTEXTUALIDADE - AVANÇADO 1

Questão 3/5
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm’lo de maldade,
Nem são livres p’ra morrer...
Prende-os a mesma corrente
– Férrea, lúgubre serpente –
Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite... Irrisão!...
(Castro Alves. Fragmento de O navio negreiro – tragédia no mar.)

Considere as seguintes afirmações.


I. O texto é um exemplo de poesia carregada de dramaticidade, própria de um poeta-condor, que mostra conhecer
bem as lições do “mestre” Victor Hugo.
II. Trata-se de um poema típico da terceira fase romântica, voltado para auditórios numerosos, em que se destacam a
preocupação social e o tom hiperbólico.
III. É possível reconhecer nesse fragmento de um longo poema de teor abolicionista o gosto romântico por uma
poesia de recursos sonoros.
Está correto o que se afirma em

A I, apenas.
B II, apenas.
C III, apenas.
D I e II, apenas.
E I, II e III

Questão 4/5
Dentre as correlações a seguir, aquela que associa corretamente o movimento literário à sua característica é

A concretismo – valorização do espaço gráfico como elemento estruturador do poema conjugada à sintaxe
tradicional para enfatizar o lirismo do poeta.
B realismo – retratação da realidade contemporânea, apresentando tipos concretos, vivos, não idealizados, na
ânsia de apresentar uma visão patológica do homem, reduzindo-o a simples animal.
C parnasianismo – movimento eminentemente poético em que se observam o alheamento a problemas sociais, o
culto da forma e poesias excessivamente descritivas, num enfoque objetivo e impessoal.
D simbolismo – expressão direta e precisa de ideias e emoções na retratação da realidade, além da obsessão pela
musicalidade e pela busca da essência do ser humano: a alma.

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LISTA DE EXERCÍCIOS
INTERTEXTUALIDADE - AVANÇADO 1

E romantismo – movimento literário que, em sua concepção primeira de traduzir a arte pela arte, evade-se na
aspiração por outro mundo, o mundo idealizado, o que se configura numa estrutura formal rígida.

Questão 5/5
PREFÁCIO
São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpai-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus
cânticos de amor.
É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.
Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, –
como isso dou a lume essas harmonias.
São as páginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai
seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração, ó meus amigos,
recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor
– esses dois raios luminosos do coração de Deus.
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 120.

Se ao invés de usar períodos compostos como em “É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma
coroa de folhas, mas sem viço.”, o autor tivesse escolhido períodos simples: “É uma lira sem cordas. É uma primavera
sem flores. É uma coroa de folhas sem viço.”, a imagem construída a respeito de sua obra não seria a mesma,
porque

A o pressuposto produzido pelo uso do termo sem indica a impossibilidade de os poemas retratarem a completude
das coisas do mundo.
B a oposição entre os objetos naturais e os produzidos pelo homem autoriza a interpretação de que a natureza seja
a musa inspiradora dos poemas.
C o subentendido produzido pelo uso do mas leva o leitor ao entendimento de que a obra é comparada a
produções rudimentares.
D a contradição marcada pelo uso do mas permite a compreensão de que a essência das coisas se mantém
mesmo quando lhes falta o atributo principal.
E a antítese instaurada na comparação entre realidade e ficção produz a ideia de que a poesia deva realçar a
aparência das coisas.

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INTERTEXTUALIDADE - AVANÇADO 1

Gabarito

1 A B C D E

2 A B C D E

3 A B C D E

4 A B C D E

5 A B C D E

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