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CENTRO DE EDUCAÇÃO SESC JOSÉ ROBERTO TADROS

Resolução Nº 216/2018 – C.E.E./AM


Educação Infantil – Ensino Fundamental – Ensino Médio
EXERCÍCIO SOBRE ROMANTISMO – POESIA
PROF. ELIVELTON SOUZA

01. Sobre o poema a seguir, sobre seu autor e sobre o Romantismo, assinale o que for correto.

Minha desgraça Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido


Minha desgraça, não, não é ser poeta, Cujo sol (quem m’o dera!) é o dinheiro...
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta, Minha desgraça, ó cândida donzela,
Tratar-me como trata-se um boneco... O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema
Não é andar de cotovelos rotos, E não ter um vintém para uma vela.
Ter duro como pedra o travesseiro... AZEVEDO, A. de. Melhores poemas. 6 ed. São Pulo: Global, 2003. p. 83

01) O eu lírico confidencia para a “cândida donzela” o motivo da sua “desgraça”, que consiste no fato de não
ter inspiração para escrever um poema. E, embora sua musa seja um “anjo de Deus”, seu amor não tem
eco, e ela o trata como “um boneco”.
02) Trata-se de um poema condoreiro que busca resgatar o passado histórico brasileiro por meio da denúncia
de uma sociedade opressora na qual impera a desigualdade: “andar de cotovelos rotos, / Ter duro como
pedra o travesseiro...”. O eu lírico defende a criação de uma nova civilização.
04) Principal representante do ultrarromantismo no Brasil, Álvares de Azevedo cultivou uma poesia marcada
pelo pessimismo, pela subjetividade, pelo exagero, e chegou ao endeusamento do eu.
08) A idealização da mulher, uma das marcas da escola romântica, é apresentada nas palavras que compõem
o vocativo “ó cândida donzela”. O soneto, cuja métrica é heptassilábica (redondilha maior), apresenta, ainda,
versos brancos: “O que faz que o meu peito assim blasfema, / É ter para escrever todo um poema”.
16) A segunda geração do Romantismo brasileiro, também denominada byroniana ou do mal do século, primou
pela temática da solidão, pela melancolia pelo sofrimento, levando o eu lírico à evasão da realidade.

02. Leia o fragmento do texto O romantismo no Brasil, a seguir:


Na verdade, o Romantismo teve aqui [no Brasil] uma significação bastante diversa da que teve na Europa.
Enquanto visão de mundo, ele viverá um processo de ajuste e adaptação. Os nossos autores, os melhores,
souberam aproveitar dele os elementos que serviam mais bem aos seus propósitos e deixaram outros de lado.
Essa era a primeira tarefa dos nossos estudantes que iam formar-se na Europa e tomavam contato com o que
chamavam de “a nova poesia” ou “a poesia moderna”. [...]
(RONCARI, L. Literatura brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos românticos. 2. ed. São Paulo: Edusp/FDE, 1995, p. 288-289.)

Acerca do Romantismo brasileiro, considere as proposições a seguir:

I. Na poesia da Primeira Geração, destacam-se os indianistas, a exemplo de Gonçalves Dias.


II. Um dos traços da Segunda Geração, a denúncia social, encontra em Castro Alves um de seus nomes mais
representativos.
III. À Segunda Geração, vinculam-se características como o “mal do século”, o culto da morte e o pessimismo.

Sobre os itens apresentados, assinale a única alternativa correta:


a) I apenas. c) I e III apenas.
b) I e II apenas. d) II e III apenas.

03. Sobre o poema “Meu anjo”, de Álvares de Azevedo, e sobre a obra em que se insere, assinale o que for
correto.

Meu anjo tem o encanto, a maravilha Como a froixa fumaça de um charuto.


Da espontânea canção dos passarinhos;
Tem os seios tão alvos, tão macios Parece até que sobre a fronte angélica
Como o pelo sedoso dos arminhos. um anjo lhe depôs coroa e nimbo...
Formosa a vejo assim entre meus sonhos
Triste de noite na janela a vejo Mais bela no vapor do meu cachimbo.
E de seus lábios o gemido escuto.
É leve a criatura vaporosa Como o vinho espanhol, um beijo dela
Entorna ao sangue a luz do paraíso. Não batesse por mim nem um minuto,
Dá morte num desdém, num beijo a vida, E que ela fosse leviana e bela
E celestes desmaios num sorriso! Como a leve fumaça de um charuto!
AZEVEDO, A de. Melhores poemas, São Paulo: Global, 2003.
Não quis a minha sina que seu peito

Vocabulário: nimbo: auréola, nuvem de chuva, nuvem que envolve os deuses, auréola de
arminhos: coisa macia, fofa e delicada. santo.
froixa: frouxa. entornar: virar, fazer cair, emborcar despejando seu conteúdo.

01) Considerado um poeta ultrarromântico, Álvares de Azevedo trabalha, nesse poema, a temática da evasão
para a fantasia e para o sonho, negligenciando temas caros ao Romantismo, como a questão do índio.
02) No poema transcrito, o eu lírico aborda a questão do amor e do encantamento pela mulher, oscilando entre
a idealização (“anjo”) e a sensualidade (“Tem os seios tão alvos, tão macios”).
04) O encantamento do eu lírico é por uma prostituta, que ele chama de “anjo”, utilizando de um eufemismo
para tratar as cortesãs do século XIX. O tema do poema, portanto, é o da redenção romântica pelo
arrependimento e pelo isolamento da mulher amada.
08) O poema acima se enquadra nas temáticas azevedianas do amor idealizado, irreal, das virgens ingênuas,
das mulheres misteriosas, apresentadas comumente por meio do sonho e da evasão, cujo exemplo, nesse
poema, pode ser observado nas nuvens da fumaça dos charutos.
16) A poesia de Álvares de Azevedo caracteriza-se pela irregularidade e pela liberdade formal, como recusa à
tendência monótona do verso cantante. Essa liberdade pode ser observada, nesse poema, por meio do uso
da métrica regular (versos decassílabos), do ritmo constante (com predomínio de versos heroicos, com
acentuação na sexta e na décima sílabas métricas) e por meio da própria disposição gráfica do poema,
desenhado por meio de cinco quartetos.

04. No Brasil, a poesia da primeira geração romântica tinha como objetivo criar uma __________, tomando
como protagonista a figura do __________. A poesia da segunda geração romântica, por sua vez, foi
impregnada de __________, que se aliou ao subjetivismo extremo e ao escapismo. Já na terceira geração
romântica, destaca-se a poesia de Castro Alves, que tem como uma de suas temáticas principais
__________.

Assinale a alternativa cujas informações preenchem corretamente as lacunas do enunciado.


a) identidade clássica / sertanejo / pessimismo / a denúncia da escravidão.
b) identidade nacional / sertanejo / tédio / a repulsa ao erotismo.
c) identidade nacional / índio / pessimismo / a denúncia da escravidão.
d) identidade nacional / sertanejo / pessimismo / o desejo pela mulher amada.
e) identidade clássica / índio / tédio / a denúncia da escravidão.

05. Atente para este fragmento do poeta romântico Gonçalves de Magalhães, no prefácio à sua obra Suspiros
poéticos e saudades:
“É um livro de poesias escritas segundo as impressões dos lugares; ora assentado entre as ruínas da antiga
Roma, meditando sobre a sorte dos impérios; ora no cimo dos Alpes, a imaginação vagando no infinito; ora na
gótica catedral, admirando a grandeza de Deus; (...) ora, enfim, refletindo sobre a sorte da Pátria, sobre as
paixões dos homens, sobre o nada da vida.”

Nesse fragmento incluem-se convicções românticas quanto à importância


a) da religiosidade pagã e do realismo nas análises da sociedade.
b) do progresso material e da evolução da ciência.
c) dos valores nacionalistas e da fé cristã.
d) do repúdio à barbárie e do otimismo da civilização ocidental.
e) da renúncia ao misticismo e do apego ao cotidiano.

06. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Os poetas do nosso Romantismo atestam diferentes estações do nosso nacionalismo e das ideias, dominantes
ou libertárias, que vicejaram ao longo do século XIX. Há em Gonçalves Dias uma exaltação do índio, que não
hesitou em dotar de algumas virtudes aristocráticas caprichosamente combinadas com as da vida natural; há
em Castro Alves o voo de condor para ideais humanistas, em combate aos horrores da escravidão. Mesmo o
lirismo intimista de um Álvares de Azevedo não deixa de ecoar algo dos mestres europeus que, como Byron ou
Victor Hugo, ampliam os contornos da vida subjetiva para que ela venha a ocupar o centro de um palco público,
interpretando sentimentos e aspirações da época.
DOMIGUES, Alaor, inédito.

Do quadro apresentado nesse texto, depreende-se que nossa poesia romântica:


a) não apenas mostrou sua independência em relação aos modelos europeus como, de fato, chegou a superá-
los.
b) manifestou-se qual um painel de temas, estilos e ideias capazes de representar variadas gamas do
Romantismo.
c) direcionou-se sobretudo para o fortalecimento do nosso desejo de emancipação do domínio estrangeiro.
d) aferrou-se aos domínios da subjetividade, deixando em segundo plano os ideais propriamente históricos.
e) os temas libertários universais foram abraçados sem que neles se divisasse a presença de qualquer inflexão
local.

07. Considere as afirmações a seguir, referentes às três gerações da poesia romântica brasileira.
I. Gonçalves de Magalhães, com seus Suspiros poéticos e saudades, traduz fielmente, na forma e nos temas,
o espírito do Romantismo, sendo considerado até hoje, pela crítica, como o maior expoente da primeira
geração.
II. Nos autores da segunda geração, como Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu, o nacionalismo e o
indianismo da geração precedente cedem lugar a uma poesia marcada pelo individualismo, pela confissão
íntima e pelo extravasamento subjetivo.
III. Em Castro Alves, representante principal da terceira geração, a poesia social e a defesa de causas
humanitárias andam, lado a lado, com poemas dedicados à mulher e ao amor sensual.

Está correto apenas o que se afirma em:


a) I. c) III.
b) II. d) I e II.

08. Em relação à produção literária de Gonçalves Dias e Castro Alves, ambos preocupados, em suas
temáticas, com a problemática das etnias, que determina o homem brasileiro como ser culturalmente
híbrido, analise as afirmativas e coloque V nas Verdadeiras e F nas Falsas.
( ) A poética de Gonçalves Dias trata do homem indígena em sua essência, apresentando-o integrado aos
aspectos culturais de seu grupo.
( ) A poética de Castro Alves toma como princípio a defesa dos negros, escravos que eram vendidos aos
colonos no Brasil para serem explorados pelos senhores, principalmente no plantio da cana e no fabrico
do açúcar.
( ) Tanto Gonçalves Dias quanto Castro Alves ficaram alheios às questões históricas brasileiras, pois
produziram poemas de tonalidade épica, embora neles não fossem contempladas as temáticas indígena
e abolicionista.
( ) Nos poemas líricos, eles exaltaram o sentimento amoroso de modo diversificado. Enquanto Gonçalves
Dias idealiza a imagem feminina, Castro Alves imprime-lhe um sentido sensual, o que já prenuncia o
movimento posterior ao Romantismo.
( ) Na poesia condoreira de Castro Alves, o poeta descreve como os negros sã desterritorializados, os maus-
tratos que sofrem nos navios negreiros e o modo como perde a liberdade ao serem vendidos como
escravos aos senhores de engenho.

Analise a alternativa que contém a sequência CORRETA.


a) F - F - V - V - F d) F - F - F - F - V
b) V - V - V - F - F e) V - V - F - V - V
c) F - V - F - V - V

09. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Há no Romantismo nacional uma expressão evidente do culto da nacionalidade, o qual, tomado num sentido
mais amplo, se manifesta também em lutas pela afirmação da liberdade política e determina a exaltação de
valores e tradições. Esse sentimento é tomado também nos seus aspectos sociais, sob o apanágio dos direitos
do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e matéria para o romance, para o teatro e para a
poesia da época.
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira I. Das origens ao Romantismo. São Paulo: DIFE, 1974, p. 207-208)

Deve-se depreender do texto que, no século XIX,


a) há uma relação de causa e efeito entre a eclosão do movimento abolicionista e a do indianismo.
b) a poesia abolicionista de um Castro Alves integra a valorização que então se empresta à luta pelos direitos
humanos.
c) a riqueza do teatro, da ficção e da poesia da época é integralmente devedora do sentimento nacionalista.
d) é a retomada de valores e tradições do século anterior que dá base às conquistas do Romantismo.
e) os ideais abolicionistas foram decisivos para a estabilização dos gêneros da poesia, do teatro e da ficção no
Brasil.

10. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Paralelos históricos nunca são exatos, e por isso sempre são suspeitos, mas no século XIX está o molde do
que nos acontece agora, com as revoluções anárquicas da era da restauração pós-Bonaparte, nascidas da
frustração com a promessa libertária esgotada da Revolução Francesa, no lugar do nosso atual inconformismo
sem centro, nascido da frustração com experiências socialistas fracassadas. Nos dois casos, a revolta sem
método, muitas vezes apolítica e suicida, substituiu a revolução racionalizada.
(VERISSIMO, Luis Fernando. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 149)

A frustração com a promessa libertária esgotada da Revolução Francesa, se chegou a dar o tom a uma poesia
melancólica e intimista dos primeiros momentos do Romantismo, foi afastada pelo esforço empenhado em
novas lutas libertárias dos nossos últimos românticos. É o que sugere uma comparação estabelecida entre
obras, respectivamente, dos poetas
a) Álvares de Azevedo e Castro Alves. d) Álvares de Azevedo e Olavo Bilac.
b) Bernardo Guimarães e Cruz e Souza. e) Casimiro de Abreu e Raul Bopp.
c) Casimiro de Abreu e Raul Pompeia.

11. Lembrança de morrer


[...] Que se desfaz ao dobre sineiro
Eu deixo a vida como deixa o tédio [...]
Do deserto o poento caminheiro, AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo. 7. ed.
- Como as horas de um longo pesadelo Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. p. 37.

Este fragmento mostra uma atitude escapista típica do romantismo. O eu lírico idealiza
a) a vida como um ofício de prazer, destinado à fruição eterna.
b) a morte como um meio de libertação do terrível fardo de viver.
c) o tédio como a repetição dos fragmentos belos e significativos da vida.
d) o deserto como um destino sereno para quem vence as hostilidades da vida.

12. A literatura, ao longo dos anos, tem sido veículo de comunicação entre o sujeito e o mundo. A poesia de
Castro Alves intitulada Condoreira é uma forte representante do poder comunicativo exercido pela palavra
através da literatura. Com base nesta afirmação, marque a alternativa em que os versos demonstrem este
caráter condoreiro da comunicação do poeta fundamentado no uso da hipérbole.

a) Oh, Eu quero viver, beber perfumes Astros! Noites!Tempestades!


Na flor silvestre, que embalsama os ares; Rolai das imensidades,
Ver minh’alma adejar pelo infinito, Varrei os mares, tufão!
Qual branca vela n’amplidão dos mares, d) Canta, criança, és a ave da inocência.
b) Tu és, ó filha de Israel formosa... Tu choras porque um ramo de baunilha
Tu és, ó linda, sedutora Hebreia... Não pudeste colher,
Pálida rosa da infeliz Judéia Ou pela flor gentil da granadilha*?
Sem ter orvalho, que do céu deriva. *o mesmo que maracujá
c) (...) e) Se a natureza apaixonada acorda
Ó mar, por que não apagas Ao quente afago do celeste amante,
co'a esponja de tuas vagas Diz!... Quando em fogo o teu olhar transborda,
de teu manto este borrão?... Não vês minh'alma reviver ovante?

13. Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras, Em cismar, sozinho, à noite,


Onde canta o Sabiá; Mais prazer encontro eu lá;
As aves, que aqui gorjeiam, Minha terra tem palmeiras,
Não gorjeiam como lá. Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Nosso céu tem mais estrelas, Que tais não encontro eu cá;
Nossas várzeas têm mais flores, Em cismar — sozinho, à noite —
Nossos bosques têm mais vida, Mais prazer encontro eu lá;
Nossa vida mais amores. Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Que não encontro por cá;
Não permita Deus que eu morra, Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Sem que eu volte para lá; Onde canta o Sabiá.
Sem que desfrute os primores Coimbra - julho 1843.

Considerando o texto, analise os itens a seguir:


I. O eu lírico, na primeira estrofe, enaltece a sua “terra” de modo evidente.
II. Na segunda, na terceira e na quarta estrofe, o eu lírico volta atrás quanto ao que foi dito na primeira estrofe.
III. “Minha terra tem palmeiras” é uma expressão utilizada de modo elogioso pelo eu lírico.
IV. Na segunda estrofe, o eu lírico assinala que a vida “lá” é melhor que a vida “cá”.
V. Na última estrofe, o eu lírico clama a Deus para não morrer sem que veja as palmeiras e ouça o canto do
Sabiá.

Estão CORRETOS
a) I, II e III. d) II, III e IV.
b) I, II e IV. e) III, IV e V.
c) I, III e V.

14. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Casimiro de Abreu pertence à geração dos poetas que morreram prematuramente, na casa dos vinte anos,
como Álvares de Azevedo e outros, acometidos do “mal” byroniano. Sua poesia, reflexo autobiográfico dos
transes, imaginários e verídicos, que lhe agitaram a curta existência, centra-se em dois temas fundamentais: a
saudade e o lirismo amoroso. Graças a tal fundo de juvenilidade e timidez, sua poesia saudosista guarda um
não sei quê de infantil.
(Massaud Moisés. A literatura brasileira através dos textos, 2004. Adaptado.)

Os versos de Casimiro de Abreu que se aproximam da ideia de saudade, tal como descrita por Massaud Moisés,
encontram- se em:
a) Se eu soubesse que no mundo / Existia um coração, / Que só por mim palpitasse / De amor em terna
expansão; / Do peito calara as mágoas, / Bem feliz eu era então!
b) Oh! não me chames coração de gelo! / Bem vês: traí-me no fatal segredo. / Se de ti fujo é que te adoro e
muito, / És bela – eu moço; tens amor, eu – medo!...
c) Naqueles tempos ditosos / Ia colher as pitangas, / Trepava a tirar as mangas, / Brincava à beira do mar; /
Rezava às Ave-Marias, / Achava o céu sempre lindo, / Adormecia sorrindo / E despertava a cantar!
d) Minh’alma é triste como a flor que morre / Pendida à beira do riacho ingrato; / Nem beijos dá-lhe a viração
que corre, / Nem doce canto o sabiá do mato!
e) Tu, ontem, / Na dança / Que cansa, / Voavas / Co’as faces/ Em rosas / Formosas / De vivo, / Lascivo /
Carmim; / Na valsa / Tão falsa, / Corrias, / Fugias, / Ardente, / Contente,/ Tranquila, / Serena, / Sem pena /
De mim!

15. Leia os poemas apresentados a seguir.

MALVA-MAÇÃ AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização
A P... de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 269.
De teus seios tão mimosos
Quem gozasse o talismã! Há uma flor que está em redor de mim,
Quem ali deitasse a fronte uma flor que nasce nos cabelos da aurora
Cheia de amoroso afã! e desce sobre as águas e os ombros
E quem nele respirasse de todos nós. Não, não quero amar
A tua malva-maçã! senão a natureza quando ela se abre
como uma flor e suas corolas à madrugada;
Dá-me essa folha cheirosa eu não quero amar, senão a mulher
Que treme no seio teu! que está em redor de mim, a mulher
Dá-me a folha… hei de beijá-la que me acolhe com seus braços
Sedenta no lábio meu! e me oferece o que há de mais íntimo,
Não vês que o calor do seio a sua pérola e sonho à madrugada.
Tua malva emurcheceu... GARCIA, José Godoy. Poesia. Brasília: Thesaurus, 1999. p. 153.
[...]

Nos poemas transcritos, a representação da figura feminina se assemelha por apresentar


a) a sensualidade da mulher metaforizada pelos elementos da natureza.
b) a idealização de uma mulher única enfatizada pela fidelidade do eu lírico.
c) o distanciamento da mulher exemplificado por sua indiferença aos apelos do eu lírico.
d) a simplicidade da mulher evidenciada por suas qualidades morais.
e) o exotismo da mulher emoldurado pela descrição de um cenário idílico.

16. TEXTO I

A canção do africano E à meia-voz lá responde


Lá na úmida senzala. Ao canto, e o filhinho esconde,
Sentado na estreita sala, Talvez p’ra não o escutar!
Junto ao braseiro, no chão, “Minha terra é lá bem longe,
entoa o escravo o seu canto, Das bandas de onde o sol vem;
E ao cantar correm-lhe em pranto Esta terra é mais bonita.
Saudades do seu torrão... Mas à outra eu quero bem.”
De um lado, uma negra escrava ALVES, C. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995
Os olhos no filho crava, (fragmento).
Que tem no colo a embalar...

TEXTO lI
No caso da Literatura Brasileira, se é verdade que prevalecem as reformas radicais, elas têm acontecido mais
no âmbito de movimentos literários do que de gerações literárias. A poesia de Castro Alves em relação à de
Gonçalves Dias não é a de negação radical, mas de superação, dentro do mesmo espírito romântico.
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003 (fragmento)

O fragmento do poema de Castro Alves exemplifica a afirmação de João Cabral de Melo Neto porque
a) exalta o nacionalismo, embora lhe imprima um fundo ideológico retórico.
b) canta a paisagem local, no entanto, defende ideais do liberalismo.
c) mantém o canto saudosista da terra pátria, mas renova o tema amoroso.
d) explora a subjetividade do eu lírico, ainda que tematize a injustiça social.
e) inova na abordagem de aspecto social, mas mantém a visão lírica da terra pátria.

17. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Ontem a Serra Leoa, Ontem plena liberdade,


A guerra, a caça ao leão, A vontade por poder...
O sono dormido à toa Hoje... cúm’lo de maldade,
Sob as tendas d’amplidão! Nem são livres p’ra morrer...
Hoje... o porão negro, fundo, Prende-os a mesma corrente
Infecto, apertado, imundo, – Férrea, lúgubre serpente –
Tendo a peste por jaguar... Nas roscas da escravidão.
E o sono sempre cortado E assim roubados à morte,
Pelo arranco de um finado, Dança a lúgubre coorte
E o baque de um corpo ao mar... Ao som do açoite... Irrisão!...
(Castro Alves. Fragmento de O navio negreiro – tragédia no mar.)

Considere as seguintes afirmações.


I. O texto é um exemplo de poesia carregada de dramaticidade, própria de um poeta-condor, que mostra
conhecer bem as lições do “mestre” Victor Hugo.
II. Trata-se de um poema típico da terceira fase romântica, voltado para auditórios numerosos, em que se
destacam a preocupação social e o tom hiperbólico.
III. É possível reconhecer nesse fragmento de um longo poema de teor abolicionista o gosto romântico por uma
poesia de recursos sonoros.

Está correto o que se afirma em


a) I, apenas. d) I e II, apenas.
b) II, apenas. e) I, II e III.
c) III, apenas.

18. Texto I
Se eu tenho de morrer na flor dos anos, Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Meu Deus! não seja já; Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
Respirando esse ar; O céu de meu Brasil!
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Os gozos do meu lar! Meu Deus! Não seja já!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava Eu quero ouvir cantar na laranjeira, à tarde,
Lá na quadra infantil; Cantar o sabiá!
ABREU, C. Poetas românticos brasileiros. São Paulo: Scipione, 1993.

Texto II
A ideologia romântica, argamassada ao longo do século XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-se
em 1836. Durante quatro decênios, imperaram o “eu”, a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o
nacionalismo, através da poesia, do romance, do teatro e do jornalismo (que fazia sua aparição nessa época).
MOISÉS, M. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971 (fragmento).

De acordo com as considerações de Massaud Moisés no Texto II, o Texto I centra-se


a) no imperativo do “eu”, reforçando a ideia de que estar longe do Brasil é uma forma de estar bem, já que o
país sufoca o eu lírico.
b) no nacionalismo, reforçado pela distância da pátria e pelo saudosismo em relação à paisagem agradável
onde o eu lírico vivera a infância.
c) na liberdade formal, que se manifesta na opção por versos sem métrica rigorosa e temática voltada para o
nacionalismo.
d) no fazer anárquico, entendida a poesia como negação do passado e da vida, seja pelas opções formais,
seja pelos temas.
e) no sentimentalismo, por meio do qual se reforça a alegria presente em oposição à infância, marcada pela
tristeza.

19. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Senhor Deus dos desgraçados! Do teu manto este borrão?
Dizei-me vós, Senhor Deus! Astros! Noite! Tempestades!
Se é loucura... se é verdade Rolai das imensidades!
Tanto horror perante os céus... Varrei os mares, tufão!
Ó mar! Por que não apagas Castro Alves, Navio Negreiro, In: Os Escravos

Co'a esponja de tuas vagas

Tendo em vista seu autor, o período literário a que pertence o fragmento reproduzido, assinale a opção que
contenha informação errada:
a) É poema com caraterísticas condoreiras, com imagens grandiosas da natureza e linguagem grandiloquente.
b) As exclamações e utilização de figuras de linguagem são típicas da poesia social do autor.
c) A indignação e o furor com a escravidão fazem do poema um paradigma abolicionista do séc. XIX.
d) O lirismo subjetivo, abordando questões coletivas, lembra a sentimentalidade amena típica do Romantismo.
e) A invocação de elementos da natureza confirma o fundamento romântico da identificação do eu-lírico com a
paisagem que o cerca.

20. Relacione aos fragmentos de texto abaixo as seguintes características da poesia ultrarromântica no Brasil.

(1) temática da morte. (4) melancolia.


(2) angústia existencial. (5) busca de um princípio universal.
(3) tédio da vida.

( ) Oh! Vem depressa, minha vida foge... ( ) Eis o que sou! - A dúvida encarnada,
Sou como o lírio que já murcho cai! Que perenal vacila (Junqueira Freire)
(Casimiro de Abreu) ( ) Escrevi porque a alma tinha cheia
( ) Como varia o vento, o céu - o dia, Numa insônia que o spleen entristecia
Como estrelas e estrelas e nuvens e De vibrações convulsas de ironia! (Álvares
mulheres, de Azevedo)
Pela regra geral de todos os seres, ( ) Adeus meus sonhos, eu pranteio e morro!
Minha lira também seus tons varia, (Álvares Não levo da existência uma saudade!
de Azevedo) (Álvares de Azevedo)
A correspondência correta entre os fragmentos e suas características ultrarromânticas resulta na seguinte
sequência:
a) (4) (5) (2) (1) (3). d) (4) (5) (2) (3) (1).
b) (4) (5) (3) (2) (1). e) (1) (4) (5) (3) (2).
c) (5) (4) (1) (2) (3).

21. Canção do exílio


"Minha terra tem palmeiras, Minha terra tem primores,
Onde canta o Sabiá; Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar - sozinho, à noite -
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Nosso céu tem mais estrelas, Onde canta o Sabiá.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Em cismar, sozinho, à noite, Que não encontro por cá;
Mais prazer encontro eu lá; Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá."
Onde canta o Sabiá. (DIAS, Gonçalves." Poesia". 9a ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979. p. 11.)

Sobre o poema, escrito em Coimbra, Portugal, é correto afirmar:


a) O poema retrata o sofrimento do eu-lírico em função da distância da mulher amada. O termo "Sabiá",
recorrente nos versos, refere-se figurativamente ao amor feminino.
b) A utilização dos termos "cá" e "lá" atém-se principalmente à necessidade de criar rimas, mais do que ao
desejo do poeta de estabelecer o contraste entre espaços distintos.
c) Para o eu-lírico, estar exilado não significa necessariamente estar longe da terra, mas das suas referências
de infância, fator que acentua a expressão saudosista do poema.
d) Nesse poema, é possível reconhecer uma dialética amorosa trabalhada entre o desejo sexual pela mulher e
sua idealização. O desejo se configura pelo verso "Mais prazer encontro eu lá" e a idealização, pelos versos
"Não permita Deus que eu morra/ Sem que eu volte para lá".
e) A ênfase na exuberância da paisagem é estruturada a partir do jogo de contrastes entre a natureza tropical
e a natureza europeia. Os versos da segunda estrofe reiteram a grandiosidade paisagística brasileira, além
de enfatizarem a identidade do eu-lírico.

22. I-Juca-Pirama

"Tu choraste em presença da morte?


Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!"
DIAS, G. Últimos Cantos. In: REBELO, M. Org. Antologia escolar brasileira. Rio de Janeiro: MEC/Fename, 1967. p. 276.

Nos versos do poema acima, vê -se a indignação do velho índio Tupi, ao saber que o filho pedira aos inimigos
Aimorés que lhe poupassem a vida. Neles, Gonçalves Dias apresenta um dos traços mais caros ao
Romantismo, que é o
a) culto a valores heroicos como herança da era medieval.
b) subjetivismo que se revela através da poesia em primeira pessoa.
c) gosto pelas metáforas.
d) escapismo que faz o romântico criar um mundo próprio e idealizado.
e) gosto pelo mistério que se traduz num masoquismo.

23. Relacione as duas colunas.


1. Álvares de Azevedo 3. Casimiro de Abreu
2. Castro Alves
( ) Sua poesia apresenta angústia, aspiração à morte e, ao mesmo tempo, temor dela.
( ) É autor de versos simples, ternos e passivamente melancólicos.
( ) Seus versos, de ânimo arrebatado e impulsivo, projetam experiências amorosas intensamente vividas.
( ) É autor de poemas consagrados, como "Se eu morresse amanhã".
( ) Representa uma tendência do Romantismo brasileiro caracterizada pela preocupação social.

A sequência correta é
a) 3 - 2 - 2 - 3 - 1. c) 1 - 2 - 3 - 1 - 1.
b) 1 - 3 - 2 - 1 - 2. d) 2 - 1 - 1 - 3 - 2.

24. A poesia de Gonçalves Dias pode ser dividida em três grandes vertentes temáticas: a indianista, a
saudosista e a lírico-amorosa. A produção poética desse autor pode ser caracterizada da seguinte forma,
marque V ou F:
( ) na poesia indianista, predomina uma sensibilidade plástica singular, moldada por um cenário natural
tipicamente brasileiro, no qual está inserido o primeiro habitante do País, o índio, numa representação quase
sempre épica.
( ) na poesia saudosista, o poeta demonstra acentuadas marcas do nacionalismo vigente no Romantismo,
como a exaltação do pitoresco nacional, em que se sobressai o tratamento exótico da natureza tropical.
( ) na poesia lírico-amorosa, pode-se encontrar um ultra-romantismo já convencional, detectado no
sentimentalismo exagerado, que deforma os encantos da mulher amada, e em lamentos melodramáticos,
provocados pelo sofrimento do amor irrealizado.
( ) em todas as vertentes da poesia de Gonçalves Dias, a natureza tem um caráter expressivo e dinâmico.
EIa é o refúgio acolhedor e o ideal de evasão do eu-poético, estabelecendo, assim, uma interdependência entre
paisagem e estado de alma.

25. Assinale a alternativa correta.


a) Álvares de Azevedo, classificado na segunda geração do Romantismo brasileiro, deixou uma obra composta
de poemas tipicamente indianistas e nacionalistas.
b) Com Castro Alves, a poesia brasileira atingiu o seu apogeu, apesar do tom tímido que encontramos nos seus
versos.
c) Os poetas do Romantismo foram responsáveis pela consolidação do sentimento nacional e contribuíram para
o abrasileiramento da língua portuguesa.
d) Gonçalves Dias, autor da consagrada "Canção do Exílio", compôs também "Os Timbiras", "Se Eu Morresse
Amanhã" e "Meus Oito Anos".
e) O saudosismo que caracteriza o lirismo luso-brasileiro não teve representantes no período romântico.

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