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ULTRARROMANTISMO

O Ultrarromantismo é uma corrente da escola literária do


Romantismo em que as obras caracterizam-se pela melancolia,
escapismo (fuga da realidade) e gosto pelo mórbido. Esse
sentimento negativo que gira em torno do movimento
ultrarromântico é chamado de “mal do século”.

Byron, que desafiava as convenções morais do seu tempo, foi um


dos principais poetas do Romantismo na Europa. Em decorrência
da sua influência, o Ultrarromantismo ficou conhecido como
“geração byroniana”.

No Brasil, o Ultrarromantismo é o nome pelo qual é chamada a


segunda geração do Romantismo, que compreende o período entre
1853 e 1879.

Nessa época, os jovens escritores não partilhavam os sentimentos


de nacionalismo característico da primeira geração romântica. Eles
passavam por uma fase em que não havia esperança - do que
resulta o tom pessimista nas obras ultrarromânticas, influenciadas
pelo britânico Byron.

Álvares de Azevedo, cuja obra reflete a influência byroniana, é o


principal representante do Ultrarromantismo no Brasil.

Em Portugal, tem destaque Camilo Castelo Branco.

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Características do ultrarromantismo

Melancolia e pessimismo: os ultrarromânticos carregam um


sentimento melancólico e pessimista, cujas obras revelam a perda
da esperança.

Escapismo: a sensação de incompreensão é tão forte que para os


escritores a solução é fugir da realidade, o que pode ser feito
mediante a morte, os sonhos, ou recorrendo aos vícios. Assim, é
recorrente a manifestação do desejo de morrer, o uso dos sonhos
com o intuito de realizar desejos, e a embriaguez para
supostamente esquecer a melancolia.

Gosto pelo mórbido: no ultrarromantismo as obras giram em torno


de temas que se relacionam com a escuridão - noite, morte - e até
com o satanismo.

Egocentrismo: os ultrarromânticos se colocam como o centro de


tudo. Os temas das obras tem o foco neles próprios e nos seus
problemas (especialmente desilusões amorosas), não importando
os problemas da sociedade.

Ironia: o poeta ultrarromântico recorre à ironia a fim de manifestar,


com mais força, o seu sentimento de frustração e pessimismo

Exagero Sentimental: Uma das maneiras do egocentrismo romântico


manifestar-se nos romances e poemas dessa geração é por meio do exagero
sentimental. O amor ou a solidão, por exemplo, tem papel central para esses
autores.

Tendência a fugir da realidade: Descolados da realidade, descrita de modo


pessimista, é comum encontrarmos poemas ou narrativas do Ultrarromantismo
em que as personagens ou sujeitos líricos anseiam por fugir da realidade
mediante a morte, os sonhos, a boemia ou a loucura

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Principais autores brasileiros do Ultrarromantismo

Antes de falarmos um pouco sobre Álvares de Azevedo, sem dúvida, o principal


ultrarromântico no Brasil, não podemos deixar de falar de Byron que, por sua
vez, foi o principal ultrarromântico do mundo, e grande influenciador de Álvares
de Azevedo.

Lord Byron (1788-1824) era um pessimista que se expressava de forma


melancólica. Suas obras eram marcadas por elementos autobiográficos de um
conquistador que, com o seu estilo de vida, escandalizou o seu tempo.

 Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo (1831-1852) é o autor ultrarromântico de maior destaque


no Brasil. São suas obras: Lira dos Vinte Anos (poesia), Noite na Taverna
(contos), Macário (peça teatral).

Na obra de Álvares de Azevedo é nítida a influência de Byron, pois seus poemas


são melancólicos e fantasiosos. O autor também recorre a ambientes
mórbidos, em que mostra a vontade de fugir da sua realidade.

“Se eu morresse amanhã


Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã…
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã”

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(Se eu morresse de amor, de Álvares de Azevedo)

 Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu (1839-1860) é um autor ultrarromântico cujos poemas


revelam um sentimento menos pessimista do que o que está presente nas
obras de Álvares de Azevedo.

Nos poemas de Casimiro de Abreu, os temas são apresentados de forma mais


suave. As Primaveras (livro de poesias) é o único livro escrito pelo autor.

“Minh'alma é triste como a flor que morre


Pendida à beira do riacho ingrato;
Nem beijos dá-lhe a viração que corre,
Nem doce canto o sabiá do mato!
E como a flor que solitária pende
Sem ter carícias no voar da brisa,
Minh'alma murcha, mas ninguém entende
Que a pobrezinha só de amor precisa!
Amei outrora com amor bem santo
Os negros olhos de gentil donzela,
Mas dessa fronte de sublime encanto
Outro tirou a virginal capela.
Oh! quantas vezes a prendi nos braços!
Que o diga e fale o laranjal florido!
Se mão de ferro espedaçou dois laços
Ambos choramos mas num só gemido!
Dizem que há gozos no viver d'amores,
Só eu não sei em que o prazer consiste!
- Eu vejo o mundo na estação das flores…
Tudo sorri - mas a minh'alma é triste!”

(Canto III de Minh’alma é triste, de Casimiro de Abreu)


 Fagundes Varela

Fagundes Varela (1841-1875) é um poeta romântico em que algumas obras


apresentam o pessimismo e o tema da morte característicos dos
ultrarromânticos; em outras, o autor já começa a introduzir temas voltados para
a terceira geração romântica

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São suas obras: Cantos e Fantasias (poemas), Cantos Meridionais (poemas),
Cantos do Ermo e da Cidade (poemas).

“Oh! quantas horas não gastei, sentado


Sobre as costas bravias do Oceano,
Esperando que a vida se esvaísse
Como um floco de espuma, ou como o friso
Que deixa n’água o lenho do barqueiro!
Quantos momentos de loucura e febre
Não consumi perdido nos desertos,
Escutando os rumores das florestas,
E procurando nessas vozes torvas
Distinguir o meu cântico de morte!
Quantas noites de angústias e delírios
Não velei, entre as sombras espreitando
A passagem veloz do gênio horrendo
Que o mundo abate ao galopar infrene
Do selvagem corcel? ... E tudo embalde!
A vida parecia ardente e douda
Agarrar-se a meu ser! ... E tu tão jovem,
Tão puro ainda, ainda n’alvorada,
Ave banhada em mares de esperança,
Rosa em botão, crisálida entre luzes,
Foste o escolhido na tremenda ceifa!”
(Excerto de Cântico do Calvário, de Fagundes Varela)

 Goethe

Goethe (1749-1832) foi um escritor alemão, autor de "Fausto", poema trágico,


obra prima da literatura alemã. Foi filósofo e cientista. Fez parte, junto com
Schiller, Wieland e Herder, do "Classicismo de Weimar" (1786-1805), período
do apogeu literário na Alemanha.

CRAVO

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O cravo brotou no prado,
desconhecido e corado,
um cravo pequeno e brando.
Mas uma jovem pastora
passava ali naquela hora
sorrindo e cantarolando…
“Fosse eu o cravo mais lindo
do mundo!”, disse sorrindo,
“…só por um momento, ser
colhido pela mais bela,
e premido ao seio dela,
eu poderia morrer.”
Mas a pastora indecisa,
Ao não notar onde pisa,
Calcou o cravo amador.
E esmaecendo, ele sorria:
posso morrer com alegria
– morro aos pés do meu amor!

 Novalis
Além de poeta mágico, e provavelmente devido aos seus reconhecidos
conhecimentos enciclopédicos, Novalis relacionou permanentemente a poesia
com a natureza, com a vida e com a filosofia. Enquanto estuda na Universidade
de Jena, conhece Friedrich von Schiller, que com Goethe fundou o movimento
"Sturm und Drang".

Hinos à noite: 3
Há muito tempo,
quando derramei lágrimas amargas;
quando, dissolvida em dor, minha esperança se desvaneceu;
quando eu estava na colina árida,
que, em um lugar estreito e escuro, abrigava a imagem de mim
– Sozinho, como um solitário nunca esteve antes,
atormentado por um medo inexprimível
– Sem forças, apenas o pensamento da miséria.
Quando então procurei socorro de um lado e do outro
– Não podia avançar, também não podia voltar –
e uma saudade infinita me ligava à vida extinta que fugia:

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então, de longínquos horizontes azuis
– De os cumes da minha antiga felicidade –
veio um arrepio de crepúsculo,
e de repente o vínculo do nascimento foi quebrado,
as correntes da Luz foram quebradas.
A maravilha da Terra fugiu, e minha tristeza fugiu com ela – a
melancolia se derreteu em um mundo novo, insondável
embriaguez da Noite, Sonho do Céu –,
você veio sobre mim
a paisagem suavemente rosada;
sobre a paisagem, suspenso no ar, flutuava meu espírito,
livre de amarras, nascido de novo.
A colina tornou-se uma nuvem de poeira,
através da nuvem eu vi as feições glorificadas da Amada
– a eternidade repousava em seus olhos.
Eu peguei as mãos dele. e as lágrimas tornaram-se um
vínculo brilhante, indestrutível.
Milênios passaram fugindo ao longe, como furacões.
Apoiado em seu ombro eu chorei;
Chorei lágrimas de encantamento pela nova vida.
–Foi o primeiro, o único Sonho. –
(Poema feito pelo Novalis)

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 Mary Shelley
Mary Shelley (1797-1851) foi uma escritora inglesa, autora do romance
"Frankenstein", considerada a primeira ficção científica da literatura
mundial. Mary Wollstonecraft Shelley nasceu em Somers Town, em Londres,
no dia 30 de agosto de 1797. Filha do filósofo William Godwin e da escritora
Mary Wollstonecraft
Além de sua maior obra "Frankenstein" Shelley chegou a escrever poesias
também como Venha para mim em sonhos

Oh venha para mim em sonhos, meu amor;


Não pedirei uma felicidade mais almejada;
venha com raios estrelados, meu amor,
e com seu beijo acaricie minhas pálpebras.
E assim foi, como dizem as velhas fábulas,
que o amor visitou uma donzela grega,
até que ela perturbou o feitiço sagrado,
e acordou para encontrar suas esperanças traídas.
Mas o sono tranquilo vai encobrir minha visão,
e a lâmpada Psique vai escurecer,
quando nas visões da noite
renove seus votos por mim.
Então venha até mim em sonhos, meu amor,
Não pedirei uma felicidade mais almejada;
Venha com raios estrelados, meu amor.
e com seu beijo acaricie minhas pálpebras fechadas.

Quando eu me for

Quando acaba, a harpa que soa


com tons profundos de paixão,
vai pendurar sem melodias, com cordas vazias,
no meu cemitério; então quando a brisa noturna
roubar seu corpo solitário e arruinado,
vai procurar a música que uma vez
recebeu seus murmúrios. [...]
(São poesias que Mary mesma escreveu)
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Contexto Histórico

Denomina-se Ultrarromantismo o movimento literário ocorrido na


segunda metade do século XIX. Influenciada pelo escritor inglês Lord
Byron, essa geração caracterizava-se pelo pessimismo, desgosto de
viver, ócio, sentimento de inadequação e gosto pela morbidez.
É importante ressaltar que tais características já eram encontradas no
Romantismo, no entanto, na estética ultrarromântica ocorreu um
exagero desse sentimento de mal estar.
O ultrarromantismo desenvolveu-se não apenas na Europa, mas
também no Brasil, quando, durante as décadas de 1850 e 1860,
jovens poetas universitários de São Paulo e do Rio de Janeiro
reuniram-se em um grupo, dando origem à poesia ultrarromântica
brasileira.
Na Europa; Lord Byron (1788-1824) é o principal nome do
Ultrarromantismo, tendo influenciado toda uma geração, não apenas
na Europa, mas também no Brasil. Dentre as suas principais obras
encontram-se Peregrinação de Childe Harold (1811), O Corsário
(1814) e O Cerco de Corinto (1816), nas quais o poeta já demonstrava
o seu gosto pelo soturno e pela melancolia.
Além de Byron, podemos citar outros escritores renomados como
Percy Shelley, Mary Shelley (criadora do romance gótico
Frankenstein), Fletcher e John Polidori.A literatura romântica francesa
e portuguesa também sofreu influências de Lord Byron, incluindo as
obras de Vitor Hugo, João de Deus de Nogueira Ramos, Soares de
Passos e Castilho.
No Brasil; A segunda geração romântica no Brasil corresponde ao
período entre 1853 e 1869, sendo também conhecida por geração
ultrarromântica, geração mal do século ou geração Byroniana. As
principais temáticas dessa fase literária incluem a morte, tédio,
insatisfação, amor não correspondido e pessimismo, e os escritores
absorviam um estilo de vida boêmio e noturno.
No Brasil, o período conhecido por Ultrarromantismo tem como marco
inicial a publicação da obra Poesia (1853), de Álvares de Azevedo.

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ULTRARROMANTISMO
TRABALHO DE LITERATURA

Turma: 2°A
Prof°: Paulo Tibério
Escola: Maria Elisa De Azevedo Cintra

ALUNOS:
Matheus Oliveira Espindola N°31
Alessandra Stephanny N°2
Eduarda S. Ferreira N°10
Gustavo S. Alvarenga N°13
Gustavo S. De Deus N°15
Kaik Mendes N°21
André N° 04
Bryan Nascimento N°08
Rebeca S. Silva N°35

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