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Língua Portuguesa
BRASIL Profª Tarsila
CONTEXTUALIZANDO: O
ROMANTISMO NA EUROPA
- Revolução Francesa (1789-1799): a burguesia passa a ter grande
poder político e a aristocracia entra em decadência;
- Alemanha: publicação do romance Werther ou Os sofrimentos do
jovem Werther, de Goethe, em 1774;
- Inglaterra: poesia ultrarromântica de Lord Byron e o romance
histórico Ivanhoé, de Walter Scott.
- Portugal: Camões, de Almeida Garrett.
- O romance pode ser considerado o sucessor da epopeia.
CONTEXTUALIZANDO: O
ROMANTISMO NA EUROPA
- Substituição de modelos clássicos para os de caráter popular;
- Surgimento de um público consumidor;
- Valorização do folclore e do nacional;
- O indivíduo passa a ser o centro das atenções;
- Sentimentalismo, imaginação, egocentrismo, morte e evasão;
- O teatro ganha mais impulso, inspirado em temas nacionais.
Comparação entre Classicismo e Romantismo
Classicismo Romantismo
• modelo clássico • não há modelos;
• geral, universal; • particular, individual;
• impessoal, objetivo; • pessoal, subjetivo;
• antiguidade clássica; • idade média;
• paganismo; • cristianismo;
• apelo à inteligência; • apelo à imaginação;
• razão • sensibilidade;
• erudição; • folclore;
• elitização; • motivos populares;
• disciplina; • libertação;
• imagem racional do amor e da mulher; • imagem sentimental e subjetiva do amor e da
mulher;
• formas poéticas fixas; • versificação livre;
O ROMANTISMO NO BRASIL
- O romantismo despontou no Brasil na primeira metade do século
XIX, após a independência do país;
- Metrificação e rima;
- Idealização da natureza;
- Cor local: características geográficas e culturais.
CANÇÃO DO EXÍLIO (1843), DE
GONÇALVES DIAS
Minha terra tem palmeiras Minha terra tem primores,
Onde canta o Sabiá, Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar – sozinho, à noite –
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Nosso céu tem mais estrelas, Onde canta o Sabiá.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Em cismar, sozinho, à noite, Que não encontro por cá;
Mais prazer encontro eu lá; Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Onde canta o Sabiá.
JUCA PIRAMA (1851), DE
GONÇALVES DIAS
Meu canto de morte, Da tribo pujante,
Guerreiros, ouvi: Que agora anda errante
Sou filho das selvas, Por fado inconstante,
Nas selvas cresci; Guerreiros, nasci;
Guerreiros, descendo Sou bravo, sou forte,
Da tribo tupi. Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
2ª GERAÇÃO DA POESIA ROMÂNTICA:
ULTRARROMÂNTICA, BYRONIANA OU MAL
DO SÉCULO
Temas e características
Principais obras
- Amor e morte; Lira dos vinte anos (1853), de Álvares de
- Escapismo, evasão na morte; Azevedo;
As primaveras (1859), de Casimiro de Abreu;
- Saudosismo;
Vozes da América (1864) e Cantos e
- Egocentrismo. fantasias (1865), de Fagundes Varela.
- Sofrimento amoroso;
- Exagero sentimental;
- Idealização da vida, da mulher e do amor;
- “Mal do século”: tédio, desilusão, pessimismo e melancolia;
- Isolamento social do poeta: o gênio incompreendido e
inadaptado;
- Locus horrendus (lugar tempestuoso): cenário de tempestade
e escuridão que reflete a alma do poeta.
LIRA DOS VINTE ANOS, DE ÁLVARES DE
AZEVEDO
Álvares de Azevedo
3 GERAÇÃO DA POESIA
A
ROMÂNTICA: CONDOREIRA
Principais autores
Temas e características:
Castro Alves (1847-1871);
- Crítica social e política;
Sousândrade (1832-1902).
- Obras abolicionistas;
- Sem fuga da realidade;
Principais obras
- Hipérboles: imagens exageradas;
Espumas flutuantes (1870), Gonzaga ou A
- Uso intenso de vocativos e exclamações; revolução de Minas (1867) e Os escravos
(1883), de Castro Alves;
- Busca despertar a emoção e a ação do leitor e
da leitora > apelo emocional. O guesa errante (1884), de Sousândrade.
Na 3ª geração romântica, a situação dos africanos escravizados era um importante tema.
Exaltação dos sentimentos pessoais (individualismo e subjetivismo): Expressos a partir de verbos
na primeira pessoa, trazendo a visão do eu lírico sobre as saudades, angústias, desilusão do ser e
estar. Expressão dos estados da alma e um sentimentalismo exacerbado;
Egocentrismo: O “eu” no centro da escrita. Vários escritores destacam os sentimentos individuais
acima de tudo.
Idealização: Envolto a um excesso de sentimentalismo e imaginação dos assuntos que escreve, em
especial, a mulher, o indígena e a pátria;
Valorização da natureza: Muitas vezes a natureza expressa o sentimento do eu lírico, interagindo
com o mesmo. Ela pode estar presente em diferentes formas, em tempos nublados, ensolarados, nas
flores, campos. Ela, de certa forma, dialoga com o estado de alma do poeta.
Aproximação de contrários: Há a fusão de elementos contrários (antitéticos ou paradoxais),
como a mistura entre a paz e a guerra, o belo e o feio.
Nacionalismo ou Indianismo: Retoma o ideal do cavaleiro medieval, assim, havia a necessidade
de um ícone fundador, a figura de um herói.
Byronismo ou Mal do século: Inspirado na vida e escrita do poeta inglês Lord Byron. Ele tinha
um estilo de vida envolto a problemáticas como bebida, fumo, vícios. Na literatura caracteriza-se
pelo egocentrismo, pessimismo.
O Romantismo assumiu em nossa literatura um significado secundário,
de um movimento anticolonialista e anti lusitano, de rejeição à literatura
produzida na época colonial, aos modelos culturais portugueses. Por
isso a primeira geração romântica tinha a preocupação de garantir uma
identidade nacional que nos separassem de Portugal, buscam no passado
histórico elementos de origem nacional.
A MORENINHA (1844), DE JOAQUIM
MANOEL DE MACEDO
A moreninha foi o primeiro romance romântico
publicado no país. Anteriormente, apenas livros de
poemas haviam sido publicados nesse estilo.
O tema central é o amor idealizado e virginal entre
os personagens Augusto e Carolina. A linguagem
utilizada pelo escritor é coloquial, retratando o
comportamento da elite carioca na primeira metade
do século XIX. Exibe ainda certo caráter
nacionalista e valorização da natureza, com narração
em terceira pessoa.
Por conta de sua leitura e enredo que apresenta
suspense e amor com final feliz, a obra fez muito
sucesso entre a alta sociedade na época.
“Em uma das ruas do jardim duas rolinhas mariscavam: mas, ao sentirem passos,
voaram e pousando não muito longe, em um arbusto, começaram a beijar-se com
ternura: e esta cena se passava aos olhos de Augusto e Carolina!...
Igual pensamento, talvez, brilhou em ambas aquelas almas, porque os olhares da
menina e do moço se encontraram ao mesmo tempo e os olhos da virgem
modestamente se abaixaram e em suas faces se acendeu um fogo, que era pejo. E o
mancebo, apontando para ambos, disse:
- Eles se amam!
E a menina murmurou apenas:
- São felizes.”
“Por que [os homens] se interessam em nos separar das ciências a que
temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos
com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos
públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?”
Nísia Floresta
NÍSIA FLORESTA (1810-1885)
A escola de Nísia Floresta, instalada na Rua Direita nº 163 do Rio de Janeiro, sob
o nome “Colégio Augusto”, passou a ensinar a gramática, escrita e leitura do
português, francês e italiano, ciências naturais e sociais, matemática, música e
dança às meninas.
Tais feitos renderam não somente críticas pedagógicas, mas também ataques à sua
vida pessoal, à moda machista. Artigos nos jornais tentaram depreciá-la como
promíscua nas relações com homens e com suas alunas.
Um exemplo de crítica ao colégio e à formação das meninas aparece publicado no
jornal O Mercantil, de 2 de janeiro de 1847 (DUARTE, 1995):
“… trabalhos de língua não faltaram; os de agulha ficaram no escuro. Os maridos
precisam de mulher que trabalhe mais e fale menos”.