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VAMOS

ESTUDAR!

1. Romantismo
Dá-se o nome de Romantismo ao período literário que durou desde
1836 a 1881 (séc.XIX). A palavra romantismo é o comportamento
caracterizado pelo sonho, pelo devaneio, por uma atitude emotiva diante
das coisas, que pode ocorrer em qualquer época da história. É nesse
sentido que se fala, hoje, em música, cinema e telenovela romântica. O
movimento histórico Romantismo designa uma tendência geral da vida e
da arte; é um estilo delimitado no tempo, um estilo de época do século
XIX. Nesse período, mais que em qualquer outro, o artista procurou
focalizar em suas obras um dos mais nobres sentimentos de ser humano
que é o amor. Nunca, na história literária, o sentimento amoroso fora tão
valorizado.

AS CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
1. Subjetivismo

É o culto do “eu”, pois o artista expressa seus sentimentos, sonhos e


emoções de forma individualista, contrapondo-se ao universalismo da era
Clássica.
“Acordo do meu sonho tormentoso
E choro o meu sonhar!
E fecho os meus olhos, e de novo intento
O sonho reatar.
(...)”. (Gonçalves Dias)
2. Sentimentalismo
A razão cede lugar à emoção. Há a supervalorização do amor e aparece, às
vezes, a religiosidade.

“Lerás porém algum dia


Meus versos d’alma arrancados
D’amargo pranto banhados,
Com sangue escritos...”
(Gonçalves Dias)
3. Nacionalismo
Retrata a supervalorização da terra, do índio (indianismo), a
exaltação da natureza, o saudosismo (volta ao passado do Brasil -
Colônia). Observe alguns desses traços nacionalistas presentes nessa
estrofe do poema

“Canção do Exílio”.
“Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.”
(Gonçalves Dias)

4. Idealização
Do herói -o índio brasileiro é dotado de valores e ações tais quais os
heróis europeus medievais. A exaltação de valores, às vezes, está além
das limitações humanas.

“Valente na guerra
Quem há como eu sou?
(...)
Quem golpes daria
Fatais como eu dou?”
(Gonçalves Dias)
Do mundo – o artista busca refúgio num mundo imaginário, na morte. O
desejo de evasão, de fuga da realidade se manifesta.

“Por isso, é morte, eu amo-te e não temo.


Por isso, é morte, eu quero-te comigo.
Leva-me à região da paz horrenda
Leva-me ao nada, leva-me contigo.”

(Junqueira Freire)

Da mulher – é retratada como sendo pura, angelical, carinhosa,


inatingível, criada pela imaginação do artista.
“Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!”

(Álvares de Azevedo)
POESIA

Os escritores românticos eram mais sentimentais e emotivos. A poesia é


dividida em três períodos:

Indianismo (1ª fase): com a independência do Brasil, os autores desse


período se preocupavam em definir a nova identidade nacional. Sendo
assim, o sentimento era de patriotismo e de nacionalismo, valorizando
tudo o que o Brasil tinha. A figura central dessa valorização era o índio,
símbolo nacional. Principal autor: Gonçalves Dias.

Ultrarromantismo (2ª fase): essa fase é caracterizada pelo pessimismo


profundo, pela depressão, pelo saudosismo, pelo individualismo e pelas
frustrações. Os ultrarromânticos (românticos exagerados), se sentiam
tristes, entediados, depressivos e se interessavam por temas ligados à
morte e à noite. Essa geração de poetas ficou conhecida como "Mal do
Século" (por causa do pessimismo que eles expressavam). Principal autor:
Álvares de Azevedo.

Condoreirismo (3ª fase): os autores condoreiros se preocupavam mais


com a questão social, como a escravidão, a educação e a miséria. A
mulher é vista como um ser sensual. Principal autor: Castro Alves.

ROTEIRO DE ESTUDO –
 Leia com atenção todo o material da apostila, consulte livros didáticos 2º vol.
 Sugestão de filmes: “O último dos moicanos”, de 1922. Direção de Michael Mann, “Dança com
os lobos. “O Guarani”.
 Identifique as características do Romantismo presentes nos filmes (Observe as temáticas, o
enredo, os personagens, a trilha sonora, o cenário, a fotografia, o figurino, etc.
 Ouça ou leia o rap “Navio Negreiro”, de Slim Rimografia e compare com o poema “Navio
Negreiro”, do poeta Castro Alves.
 Pesquise sobre o tema “RACISMO ESTRUTURAL” e relacione aos textos:
 Rap ( Navio Negreiro) e ao poema “Navio Negreiro” do poeta Castro Alves)
 Qual o grande “Mal do século XXI”? Justifique.
 Identifique a presença das características do Romantismo em manifestações culturais
contemporâneas, por exemplo em letras de música, em campanhas publicitárias, em poemas de poetas
contemporâneos, na moda, no comportamento em sociedade, etc.
Navio Negreiro
Slim Rimografia
REFRÃO
Somos sonhos, somos luta
Fomos mão de obra barata
Somos arte, somos cultura
Somos ouro e somos prata
Somos índios, Somos negros
Somos brancos, somos afro-descendentes
Somos raça, somos povo
Somos tribo, somos gente
Somos sonhos, somos luta
Fomos mão de obra barata
Somos arte, somos cultura

Estamos em pleno mar, embarcações de ferro e aço
Onde pessoas disputam palmo a palmo por um espaço
Nesse imenso rio negro de piche e asfalto
Cristo observa tudo calado de braços abertos lá do alto
Onde a lei do silêncio impede que ecoe o grito do morro
Dos poetas em barracos sem forro, que clamam por socorro
Homens de pele escura, sem sobrenome importante
Filhos de reis e rainhas de uma terra tão distante
O mar separa o Brasil da África
Um rio separa as periferias das mansões de magnatas
Uniformes diferenciam funcionários de patrões
A cor denuncia vítimas antigas de explorações
Trazidos em porões e navios negreiros
Tratados como animais, vendidos a fazendeiros
Vivendo em cativeiros
Negociados como mercadoria
Enriquecendo a classe nobre, hoje chamada burguesia
Deixou pra trás dialetos e crença
Caçados, mortos e açoitados quem tentou resistência
Tratados como gado, sem direito à educação
Emudeceram seus tambores, amaldiçoaram sua religião
Alguns morreram de fome, de sede, de frio
Corpo magro, cheio de marcas e o estômago vazio
Me diz: Quem são os heróis e quem são os bandidos?
Quem merece honra, quem merece ser punido?
Quem lutou por liberdade, na história foi esquecido
Sem status, sem monumentos, só barracos foram erguidos

● REFRÃO

Fomos tratados como nada, trazidos como bicho


Oprimidos e usados, dispensados como lixo
Temos muito que mudar, a história não acabou
Por cada vida que por liberdade, como Cristo, se sacrificou
Bisavós cuja voz foi silenciada
E por nós sua luta não pode ser abandonada
O navio hoje é barca sem vela, só sirene
Navegando na estrada, hoje volante, ontem lemes
O porão é chiqueiro de camburão
Os chicotes e açoites trocados por cacetete e oitão
Senzala virou presídio, Quilombo é favela
Heróis: Malcolm X, Luther King, Zumbi e Mandela
Escravidão ainda existe em cada olhar triste nas esquinas
Nos becos e vielas, nos sonhos em ruínas
No esgoto a céu aberto, na criança desnutrida
Nas mãos que pedem esmola nas ruas e avenidas
Herdeiros da miséria dos escravos trazidos em navios
Soldados do breu em busca do brio
Filhos da pátria amada, idolatrada mãe gentil
Onde tu estavas que tamanha atrocidade não viu


Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães
Outras, moças, mas nuas e espantadas
No turbilhão de espectros arrastadas

● REFRÃO

Tem um pouco de navio negreiro embaixo de cada viaduto


Em cada lágrima derramada, em cada mãe que veste luto
Tem um pouco de navio negreiro em cada mão que pede esmola
Em cada beco e viela, em cada criança longe da escola
Tem um pouco de navio negreiro na viola, no pandeiro
No atabaque, no cordel, na enxada e no tempeiro
Tem um pouco de navio negreiro na igreja, no terreiro
No santo, no orixá, na benzedeira e no obreiro
Tem um pouco de navio negreiro no crucifixo, no patuá
Na mulata, no crioulo e na cumbuca de Munguzá
Tem um pouco de navio negreiro na música, na poesia
Na dança, nas artes e em cada panela vazia
Tem um pouco de navio negreiro no futebol, no carnaval
No azeite de dendê, no acarajé e no código penal
Tem um pouco de navio negreiro no reflexo do espelho
Dos que lutaram e morreram pra não viver de joelho
Tem um pouco de navio negreiro em cada conquista, em cada vitória
Na pele, na memória, na minha e na sua história
Tem um pouco de navio negreiro


REFRÃO

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