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TEXTO:
Os diversos órgãos de comunicação, definidos genericamente como
mídia, constituem meios de reprodução, investigação e distribuição de
informações e conhecimentos. Mas eles são também instrumentos de projeção
de uma conformação específica de realidade. Uma reportagem, um texto
jornalístico, uma manchete são construções discursivas que extraem de um
fato específico o material que será reproduzido, publicado ou projetado para
milhões de pessoas.
Esse processo comporta evidentemente uma série de vínculos sociais.
Apesar de o jornalismo pregar a imparcialidade, percebemos hoje que é cada
vez mais comum a reprodução da “notícia” sob condições e intenções
particulares: o que é reproduzido expressa os interesses e as visões de mundo
dos seus produtores. Nesse sentido, é profícuo entender a mídia como campo
da ideologia. O conceito de ideologia assume formas e características
diferenciadas ao longo da História.
Pode se referir tanto a uma falsa consciência da realidade, uma inversão
ou uma distorção dessa, quanto às concepções típicas de grupos políticos ou
teorias sociais. Comporta, assim, a definição de uma visão do mundo inerente
a um grupo social que almeja tornar geral, universal, sua representação da
sociedade, sua visão do mundo. Nos últimos anos, o conceito de ideologia
passou por um intenso processo de deslegitimação, o que não deixa de se
vincular até mesmo à emergência de uma ideologia em específico, isto é, a de
que não existem mais ideologias.
O proclamado “fim da história” e das ideologias significava, em certa
medida, que as possibilidades de transformação social se extinguiram e cabia a
todos a assimilação do modelo capitalista como única forma de manutenção
da vida. Qualquer forma de pensamento oposta a isso é considerada como
“mera” ideologia, algo ultrapassado e sem valor político e social, já que a
“liberdade” de escolha para consumir no sistema capitalista é o único caminho
que se mostra coerente com o “desenvolvimento” humano.
É evidente que essa proposição configura uma representação
específica e vinculada da realidade, que almeja assumir a posição de verdade
universal. Pressupõe-se a vitória de tal ideologia e isso se apóia solidamente
nos meios de comunicação. A celebração do pensamento único conta com o
apoio proveniente de desde revistas universitárias até jornais televisivos no
“horário nobre”. As mensagens ressaltam a resignação ante as formas de
poder e a sua naturalização como elementos-chave do mundo contemporâneo.
SANTOS, Robson dos. Entre os fins e as finalidades das ideologias.
Sociologia: ciência & vida, São Paulo: Escala, ano I, n. 11, p. 36-37,
1-Constitui um pensamento defendido pelo autor, no primeiro parágrafo do
texto, o indicado em
a) O texto jornalístico, hoje, normalmente reflete o lugar social do enunciador e
é produzido de forma a obter determinados efeitos de sentido que negam
análises isentas.
b) A mídia cada vez mais vem aplicando estratégias ou objetivos orientados
para a qualificação ou desqualificação dos seus interlocutores.
c) O nível de pertinência na análise de um fato pela imprensa deve ficar a
critério dos órgãos de comunicação.
d) O campo de atuação da mídia é de âmbito restrito à divulgação dos
acontecimentos.
e) Os órgãos de imprensa, de um modo geral, não estão contaminados pela
política.
Leia o poema:
Leia a tira:
Leia a tira:
Disponível em: http://maisportuguesunb.blogspot.com.br/2013/11/proclise-em-inicio-de-
frase.html Acesso em: 21 de agosto de 2018.
d) abdica das metáforas para não sucumbir aos apelos fantasiosos de uma
narrativa ficcional.
Leia o poema:
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos, "Eu", Rio de Janeiro, Livr. São José, 1965.
11- A partir desse soneto, é correto afirmar que:
I. Ao se definir como filho do carbono e do amoníaco, o eu lírico desce ao limite
inferior da materialidade biológica pois, pensando em termos de átomos
(carbono) e moléculas (amoníaco), que são estudados pela Química, constata-
se uma dimensão onde não existe qualquer resquício de alma ou de espírito.
II. O amoníaco, no soneto, é uma metáfora de alma, pois, segundo o eu lírico, o
homem é composto de corpo (carbono) e alma (amoníaco) e, no fim da vida, o
corpo (orgânico) acaba, apodrece, enquanto a alma (inorgânica) mantém-se
intacta.
III. O soneto principia descrevendo as origens da vida e termina descrevendo o
destino final do ser humano; retrata o ciclo da vida e da morte, permeado de
dor, de sofrimento e da presença constante e ameaçadora da morte inevitável.
Está(ão) correta(s):
A) apenas II.
B) apenas III.
C) apenas I e II.
D) apenas I e III.
E) apenas II e III.
Augusto dos Anjos é autor de um único livro, EU, editado pela primeira vez em
1912. Outras poesias acrescentaram-se às edições posteriores.
12- Considerando a produção literária desse poeta, pode-se dizer que:
A) foi recebida sem restrições no meio literário de sua época, alcançando
destaque na história das formas literárias brasileiras.
B) revela uma militância político-ideológica que o coloca entre os principais
poetas brasileiros de veio socialista.
C) foi elogiada poeticamente pela crítica de sua época, entretanto não
representou um sucesso de público.
D) traduz a sua subjetividade pessimista em relação ao homem e ao cosmos,
por meio de um vocabulário técnico-científico-poético.
E) anuncia o Parnasianismo, em virtude das suas inovações técnico-científicas
e de sua temática psicanalítica.
Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice
de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que
fossem... Em que lhe contribuía para a felicidade saber o nome dos heróis do
Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas...
Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à
loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e
ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu
patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a
doçura de nossa gente? Pois ele a viu combater como feras? Pois não a via
matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção,
uma série, melhor, um encadeamento de decepções.
A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de
seu gabinete.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.
14- O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi
publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos
desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que
A) A dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza
brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais
ampla do país.
B) A curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de
prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto
republicano.
C) A construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a
cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à
frustração ideológica.
D) A propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de
decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em
seu gabinete.
E) A certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um
projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor
TEXTO
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Questões discursivas