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Teste 3001

O instantâneo JULGAMENTO pelas redes sociais (Texto adaptado)


Ana Luísa de Castro Almeida
Diretora do Reputation Institute e Professora da PUC Minas e da Fundação Dom Cabral

Estamos vivendo o tempo das mídias sociais. Espaços de construção


social que têm como principal característica a autonomia – que se extrapola ao
controle de governos e empresas – nos quais pessoas de todas as idades e
condições passaram a se manifestar, dar opiniões, reivindicar, criticar, interagir
numa dinâmica singular. A tecnologia de comunicação na era digital amplia e
reverbera as vozes numa rede que é local e global, genérica e personalizada,
com o potencial de alcançar uma multiplicidade de receptores e uma
diversidade de significados. Embora cada indivíduo construa seu próprio
significado interpretando e processando as mensagens a que tem acesso, os
ambientes culturais e sociais condicionam em grande parte essa construção
simbólica.
O Brasil é citado pelo The New York Times como a “capital das mídias
sociais”, destacando que o uso das redes sociais aqui tem chamado a atenção
do mundo pela sua forte presença e adesão. As plataformas Twitter, Facebook
e YouTube estão dentre as de maior utilização, e nesses casos só perdemos
para os Estados Unidos. O Facebook, como acontece em boa parte dos
países do mundo, é o mais acessado da categoria: segundo dados de outubro,
tem 73,5% da audiência das redes sociais, totalizando 76 milhões de usuários
no Brasil. Uma pesquisa do Ibope/You Pix mostrou que 92% dos jovens do
país que acessam a internet usam redes sociais. Mesmo quando se leva em
conta o total de pessoas que navegam na rede, de todas as idades, são 78%
acessando algum tipo de rede social.
[...]
As pesquisas revelam não só o enorme sucesso dessas plataformas no
país, como também a grande exposição aqual estamos sujeitos. No ambiente
dinâmico das mídias sociais, qualquer pessoa possui o poder de produzir e
compartilhar conteúdo em um curto espaço de tempo. O processo de interação
promovido por esses canais permite que as pessoas se posicionem e
expressem suas opiniões sobre as informações que chegam a elas em seus
feeds de notícias, em tempo real.

É o espaço do “boca a boca” digital. É o espaço online 24 horas, sete


dias por semana. Não há ocultamento. Tudo é visível, compartilhado,
interdependente, viral. Na lógica das redes, em termos de gênese, tudo o que
surge conecta dispositivos, dados, pessoas, organizações, movimentos sociais
numa única teia de comunicação que envolve tudo e todos. Essa nova
dinâmica favorece as articulações e o engajamento de usuários sobre
determinados temas ou causas e, dessa forma, as informações geradas
possuem grande potencial mobilizador. Um post pode favorecer a cooperação
ou a solidariedade.
Pode também denunciar uma irregularidade, um comportamento Em
2013, o Brasil foi surpreendido pela enorme adesão Às manifestações de
junho. Isso se deu não apenas por descontentamento com a política e os
governos do país, mas principalmente pelo fato de que as frustrações e as
indignações compartilhadas em redes sociais alcançaram um grande número
de 42 pessoas que se engajaram na causa e se mobilizaram indo as ruas,
ainda que com bandeiras e objetivos diferentes.

Potencialmente, as mídias sociais podem levar as pessoas a, individual


ou coletivamente, agir como heróis ou vilões. A ter esperança ou medo. A se
indignar ou apreciar. A condição para que o sentimento e a experiência
individual se encadeiem e formem um movimento vai depender da rapidez e
da interação do processo de comunicação.

Assistimos recentemente a dois episódios que mobilizaram a população


brasileira: uma dona de casa que morreu espancada em Guarujá após a
divulgação de um boato, em rede social, que a acusava de sequestro de
crianças para utilizá-las em magia negra e uma torcedora do Grêmio acusada
de racismo que perdeu o emprego, teve a casa apedrejada e precisou sair da
cidade. Não se trata aqui de uma comparação nem de um juízo de valor. São
citados apenas, como exemplo, para mostrar a força de mobilização das redes
sociais. A reflexão aqui é sobre o processo de comunicação, sua propagação e
as emoções a eles associadas. Quanto mais rápido e interativo o processo de
comunicação, maior a probabilidade de uma “comoção” coletiva. Não há
separação entre real e virtual, entre verdadeiro e falso, entre fato e versão,
entre observação, imaginário, simulacro e representação.
Entender em que condições esses processos ocorrem e quais os seus
impactos sociais nos leva a questionar o potencial e os riscos que uma
imagem, uma mensagem, um post, um compartilhamento, um clique ou um
acesso podem gerar. Nesse novo contexto, observamos o julgamento de
atitudes e posicionamentos de indivíduos públicos ou anônimos, empresas,
produtos, marcas, movimentos e causas que podem reforçar sua credibilidade,
legitimidade e reputação ou destruí-las. Com a rápida disseminação de
informação nas redes sociais, pessoas e organizações são julgadas
primeiramente pela opinião pública e depois, quando for o caso, pela justiça.
Em instantes, histórias e imagens – verídicas ou não – são contadas e
compartilhadas por e para milhares de pessoas; opiniões são formadas,
emoções são expressas. A retratação pública pode não ter o mesmo impacto e
alcance que a informação espalhada nas redes sociais e, dependendo da
forma que acontecer, pode gerar uma repercussão negativa ainda maior. E,
quando ocorre uma condenação pela sociedade, as consequências podem ser
irreversíveis.
A questão fundamental que se coloca é que esse novo espaço público, em
rede, é um espaço de interação, mobilização, significação e ressignificação.
Um espaço social em que as indagações sobre sua dinâmica, formação e
implicações nos levam a questionar o destino que estamos forjando.

1- Assinale a alternativa que melhor resume o objetivo do texto. (0,5)


a) Apresentar o enorme sucesso das redes sociais não só no Brasil como no mundo.
b) Provar que o Brasil é a “capital das mídias sociais”, perdendo apenas para os
Estados Unidos.
c) Evidenciar as estatísticas mundiais em relação ao uso da internet e das mídias
sociais pelos jovens.
d) Argumentar a favor das redes sociais, já que elas favorecem “as articulações e o
engajamento de usuários sobre determinados temas ou causas” pertinentes ao mundo
contemporâneo.
e) Mostrar a autonomia e a força de mobilização das redes sociais e as graves
consequências disso decorrentes.

2- Segundo o texto, a “autonomia” (linha 2) das redes sociais deve-se: (0,25)


a) à possibilidade de pessoas de todas as idades e condições manifestarem suas
opiniões, reivindicações e críticas, interagindo numa dinâmica singular.
b) à tecnologia de comunicação que, na era digital, permite o intercâmbio global e,
assim, resolve problemas iguais em diferentes países.
c) à grande exposição a que estamos sujeitos, uma vez que todos podem se
manifestar.
d) à comoção coletiva, resultante do grande potencial de mobilização que elas
oferecem.
e) ao anonimato, pois não há necessidade de identificação dos usuários

3- Em:(0,25)
“Tudo é visível, compartilhado, interdependente, viral. Na lógica das redes, em
termos de gênese, tudo o que surge conecta dispositivos, dados, pessoas,
organizações, movimentos sociais numa única teia de comunicação que envolve tudo
e todos” (linhas 30-33),

As palavras sublinhadas significam, no contexto em que se encontram,


respectivamente:
a) a possibilidade de ser algo nocivo aos usuários da rede / o início de todo o processo
de informatização.
b) a qualidade daquilo que é mutável, que se transforma / a origem de um
compartilhamento nas redes sociais.
c) a característica referente ao que é notável, perceptível / a criação de uma nova
postagem nas redes sociais.
d) a situação de perigo a que estão expostos os usuários da rede / o início dos
movimentos sociais lançados na internet.
e) uma atitude de propagação de ideias em ritmo acelerado / conjunto de elementos
responsáveis pela origem de algo.

4- Em relação aos aspectos coesivos da língua, assinale V nas afirmações


verdadeiras e F nas falsas. (0,25)
I - ( ) O articulador segundo (linha 16) pode ser substituído por conforme, sem
alteração de sentido.
II - ( ) A adição de ideias fica evidenciada no uso do articulador não apenas...mas
(linhas 40 - 41) e do e (linha 43).
III - ( ) O pronome isso (linha 40) resume a ideia de surpresa sofrida pelo Brasil em
relação ao descontentamento com a política e os governos do país.
IV - ( ) O articulador para apresenta a mesma relação de sentido na linha 52 e na linha
55.
V - ( ) O advérbio aqui mantém o mesmo referente nas linhas 12, 54 e 56.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
durou muito na chefia o caboclofirmação correta sobre o romance de 30.

a) Predominou, entre os autores, uma preocupação de renovação estética


seguindo os padrões da vanguarda literária europeia.

b) Na obra de José Lins do Rego, predomina a narrativa curta na recriação do

modo de vida dos senhores de engenho.

c) Os autores, em suas obras, tematizaram os problemas sociais com o intuito

de denunciar as agruras das populações menos favorecidas.

d) O caráter regionalista dos romances deste período deve-se à reprodução fiel

do linguajar típico de cada região.

e) A obra de Jorge Amado pode ser considerada uma exceção, no conjunto da

época, porque seus romancerutura

narrativa.do a obra e o autor do texto, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O autor faz parte do romance regional de 30, quando se aprofundaram as


radicalizações políticas na realidade brasileira.

b) Jorge Amado representa a Bahia, "descobrindo" mazelas, violências e


identificando grupos marginalizados e revolucionários em "Capitães da Areia".

c) ."Capitães da Areia " pertence à primeira fase da produção de Jorge Amado,


quando era notório seu engajamento com a política de esquerda. Daí o
esquematismo psicológico: o mundo dividido em heróis (o povo) e bandidos (a
burguesia).

d) O tom da narrativa aproxima-se do Naturalismo, alternando trechos de


lirismo e crueza. O nível de linguagem é coloquial e popular.

e) Dora, Pedro Bala e Professor são alguns dos personagens da narrativa, que
aborda a dramática vida dos camponeses das fazendas de cacau no sul da
Bahia

18- Sobre o romance “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, é INCORRETO


afirmar que:

a) se trata de um livro cuja personagem central é coletiva, um grupo de


meninos de rua, e isso o aproxima de “O cortiço”, de Aluísio Azevedo.

b) as principais personagens masculinas são Pedro Bala, Sem Pernas, Volta


Seca, Pirulito e Professor, e a figura feminina central é Dora.
c) há uma certa herança naturalista, visível na precoce e promíscua vida sexual
dos adolescentes.

d) os vestígios românticos aparecem em algumas cenas de jogos e


brincadeiras infantis e na caracterização de Dora.

e) todos os meninos acabam encontrando um bom rumo na vida, apesar das


dificuldades.

Leia os fragmentos abaixo:

“(...) As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me


modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas
sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem de
que um tapete é feito de tantos fios que posso me resignar a seguir um fio só;
meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. (...)”

(de “Os desastres de Sofia”)

(...) Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém
excêntrico, diziam com a benevolência que uma classe tem por outra: “Ah,
esse leva uma vida de poeta”. Pode-se talvez dizer, aproveitando as poucas
palavras que se conheceram do casal, pode-se dizer que ambos levavam,
menos a extravagância, uma vida de mau poeta: vida de sonho. Não, não era
verdade. Não era uma vida de sonho, pois este jamais os orientara. Mas de
irrealidade . (...)”

(de “Os obedientes”)

19- Com base nos fragmentos acima transcritos, extraídos de contos do livro
Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, considere as seguintes
afirmativas:

I. Narrar ou deixar de narrar, avaliar de diferentes maneiras um mesmo fato


narrado são hesitações frequentes dos narradores de Clarice Lispector. Como
nos fragmentos acima, também em outros contos prioriza-se a abordagem da
vida interior, própria ou alheia, revelando sutis alternâncias de percepção da
realidade.
II. O aspecto metalinguístico está presente no primeiro fragmento.

III. Na ficção de Clarice Lispector, as diferenças entre a percepção masculina e


a feminina não são tematizadas, pois o ser humano está sempre condenado a
viver num mundo incompreensível.

IV. Na ficção de Clarice Lispector, apenas as personagens adultas têm


consciência de seus processos interiores. As crianças e adolescentes sofrem o
impacto de novas descobertas, mas sua inocência os afasta de qualquer
comportamento perverso e os protege dos riscos de viver mais intensamente.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.

b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas 3, 4 são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras

20 -respeito da obra da escritora Clarice Lispector, é correto afirmar:

I. Apresentou poucas inovações em relação à linguagem, revelando ainda uma


grande preocupação em dar continuidade às transformações literárias oriundas
do Movimento Modernista.

II. Embora nunca tenha aceitado o rótulo de “escritora feminista”, Clarice


explorava em seus contos e romances o universo feminino através de
personagens quase sempre urbanas.

III. Clarice destacou-se por sua poesia sensual e social, mostrando o


sensualismo da vida cotidiana nos diversos poemas sobre o amor e a mulher.

IV. Um dos aspectos inovadores da prosa de Clarice Lispector é o fluxo de


consciência, técnica que rompe com os limites espaço-temporais responsáveis
por garantir a verossimilhança em uma narrativa.

V. Clarice foi responsável por introduzir em nossa Literatura técnicas de


expressões novas, subvertendo a estrutura dos gêneros narrativos tradicionais.

20- Assinale a alternativa correta:

a) Apenas I e III estão corretas.


b) Apenas II, IV e V estão corretas

c) Apenas II e V estão corretas.

d) Apenas I, II e IV estão corretas.

e) Apenas II e III estão corretas.

As questões 01 a 08 referem-se ao texto abaixo, de Arnaldo Antunes, retirado da


obra as coisas.

9- São interpretações possíveis sobre o poema de Antunes, EXCETO:

a) a repetição da palavra água evidencia o conteúdo e o título do mesmo.


b) a estrutura do poema, alicerçado pela imagem, remete-nos à produção infantil de
textos.
c) o ilogismo do poema remete-nos ao caráter intertextual do mesmo.
d) o poema, através de sua estética, demonstra ser contemporâneo.
e) o autor procurou fazer da água, algo aparentemente simples, uma “coisa” artística.
10- Considerando as características de um texto literário, relacionadas ao texto “a
água”, de Arnaldo Antunes, só NÃO podemos afirmar que:

a) ocorre uma apropriação do discurso científico e do didático, pedagógico, para


compor partes do texto.
b) há uma necessidade de definir, de apresentar explicações, presente nas várias
afirmações sobre a água.
c) percebe-se, considerando a forma, a estrutura e a disposição na folha, que “a
água” é um texto em prosa poética.
d) é revelada uma preocupação tanto estética quanto social ao se fazer um texto
sobre a água, recurso natural que está se esgotando em muitos países.
e) deve-se considerar este texto como sendo não-literário, não-poético, pois não está
escrito em versos, mas em prosa.

11- Podemos afirmar que o poema de Antunes se aproxima de várias das vanguardas
européias do início do século XX. Assinale a opção em que a vanguarda e a
justificativa MAIS se relacionam com o texto “a água”

a) Futurismo, já que o texto busca agredir, através do assunto “água”.


b) Dadaísmo, por apresentar frases caóticas, sem nenhum sentido aparente.
c) Surrealismo, pois enfoca a água a partir de imagens oníricas.
d) Cubismo, por apresentar a água em suas várias faces e ângulos.
e) Expressionismo, já que não há um abandono do conceito clássico do fazer poético.

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