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Democracia e Internet
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Democracia e Internet
• Democracia e Internet;
• A Midiatização da Política Contemporânea;
• O Marketing Político e a Visibilidade do Poder.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender o conceito de democracia;
• Refletir como a rede de computadores e o marketing político modificaram o sentido de exer-
cício da cidadania e a sua relação com o processo democrático.
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“A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo” Abraham Lincoln
(1809-1865), presidente dos Estados Unidos.
Figura 1 – Democracia
Fonte: Getty Images
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• Garantia de acesso a fontes alternativas de informação;
• Eleições livres, frequentes e idôneas;
• Instituições para fazer com que as políticas governamentais dependam de elei-
ções e de outras manifestações de preferência do eleitorado.
Será que as atuais democracias estão dispostas a garantir esses direitos e pluralidades? Será
que os nossos governantes – municipais, estaduais ou federais – estão criando formas de
garantir o pleno exercício da democracia?
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O Hacktivismo (junção das palavras hacker e ativismo) é uma forma de protesto contra gover-
nos e empresas, promovendo ideias com relação à liberdade política e de expressão, direitos
humanos, ética, entre outras. Embora exista desde os anos 90, esse termo se popularizou
somente em meados de 2003, com o surgimento do grupo Anonymous, conhecido princi-
palmente por suas práticas de ciberativismo. Leia mais sobre em: https://bit.ly/3dSrSzW
Castells (2003) acredita ser verdade que as ferramentas da internet devam ser
projetadas para atender às demandas de modelos democráticos mais participativos;
mas as práticas e instituições políticas também precisam ser repensadas a fim de
incorporarem as contribuições trazidas pelas inovações tecnológicas. Para esse au-
tor, onde existe burocratização política, assim como política estritamente midiática
de representação cidadã, a internet funciona como um simples quadro de anúncios.
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Castells (2003) argumenta ser necessário mudar a política para alterar a internet e,
a partir de então, o uso político da internet poderá se converter em uma mudança
política em si. Afinal, há uma revolução tecnológica acontecendo e transformando
tudo e todos. Uma ruptura que perpassa todos os campos da vida: comunicação,
economia, política, cultura, trabalho, lazer, entretenimento, educação, relações inter-
pessoais etc. – nada ou ninguém ficará imune.
Então, necessitamos ver como essa revolução digital e comunicacional poderá aju-
dar, de alguma maneira, a melhorar a política e cultura cidadã no Brasil e mundo. Para
isso é necessário muito mais que boa vontade, tratando-se de considerável esforço
para que todas as camadas da sociedade estejam inseridas nesta transformação.
É consenso nas diversas áreas do saber que para atender às necessidades de acesso
e utilização da internet é necessário criar mecanismos que possibilitem ampliar a base
democrática de acesso. Conforme Esteves (2003), é fundamental reduzir os custos,
ampliar a gratuidade de acesso em locais públicos, além de aumentar o acesso do pú-
blico a documentações oficiais, arquivos eletrônicos e bases de dados. Só assim garan-
tiremos o uso mais democrático deste meio tão importante na Contemporaneidade.
O fato é que nesse cenário de mudanças a população brasileira alterou a forma como
se comunica sobre assuntos em geral e, principalmente, sobre política. As mídias tradi-
cionais como as revistas e os jornais impressos, o rádio e a televisão foram perdendo a
hegemonia no campo da mediação e comunicação. O Brasil é o quarto país no ranking
mundial de acesso à internet, com mais de 120 milhões de usuários. Apesar desses nú-
meros, a concentração ainda está nas grandes cidades e nos centros urbanos.
Quem não se lembra de quando Bolsonaro levou uma facada durante um comício
em Juiz de Fora, MG? A partir desse evento os vídeos publicados por Bolsonaro em
sua página e os posts no Twitter superaram qualquer expectativa de acesso – foram
mais de 6,4 milhões de visualizações.
Esse evento fez com que Bolsonaro conquistasse seguidores que antes não davam
muita atenção à política, angariando principalmente milhares de ativistas, os quais
passaram a divulgar em suas próprias páginas e em grupos de WhatsApp, mensagens
e notícias sobre todos os passos do presidenciável com um furor nunca visto. Rapida-
mente essas mensagens passaram a ser questionadas, pois algumas eram verdadeiras
e outras fakes, dando origem a maior onda de fake news da história eleitoral do país e
popularizando o termo – que passou a fazer parte do vocabulário nacional. Contudo,
sabemos que processo político dessa natureza não ocorreu somente no Brasil.
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Barack Obama, Jair Bolsonaro e Donald Trump viraram ícones do uso dos mo-
dernos meios de comunicação para os diálogos com os eleitores. São casos que me-
recem ser averiguados com tempo e dedicação, pois têm muito a nos ensinar sobre
democracia e contrademocracia.
Para o filósofo Wilson Gomes (2006), a busca pela participação massiva do pú-
blico nos assuntos políticos através da internet é de suma importância, embora não
mais importante do que garantir que existam amplos canais e oportunidades para
que qualquer cidadão possa participar ativamente das tomadas de decisão, envolven-
do-se na esfera pública e vida política com qualidade (GOMES, 2006, p. 41).
Você se lembra dos “santinhos” que eram distribuídos nas ruas e “bocas de urna”
nos períodos eleitorais? Pois é, a Justiça Eleitoral proibiu a distribuição nas ruas
devido à quantidade de sujeira que provocavam, mas principalmente por causa da
tentativa de manipular o eleitor no dia das eleições. Mas o fato é que não são mais
necessários, dado que a internet tem cumprido muito bem essa função.
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Mas o que é marketing político? Nos dicionários esse termo aparece como um
conjunto de ações voltadas à construção de uma imagem positiva em torno de um
projeto, de uma organização ou de um agente público – sendo muito mais que isso.
Trata-se de uma estratégia que tem como objetivo conquistar a simpatia e o apoio
popular através da divulgação das ações, ou contribuindo para posicionar determina-
do candidato à frente dos demais em um processo eleitoral e chegar ao seu objetivo,
ou seja, à sua eleição.
Entre as estratégias ofertadas estão as campanhas por e-mail, Twitter, mídias so-
ciais, além de uma infinidade de ações para conectar potenciais eleitores e moldar a
opinião pública. Para popularizar um candidato vale levá-lo a um talk show, a feiras
populares e locais públicos onde o “povão” está – para dar uma visão multidimen-
sional à figura do candidato.
Um bom exemplo disso é como tem sido tratada a saída do ex-ministro da justi-
ça e segurança pública do Brasil, Sérgio Moro: em menos de uma semana de seu
afastamento várias notícias e pesquisas surgiram nos meios de comunicação sobre
os seus próximos passos. A Paraná Pesquisas fez um levantamento apontando que
56% do público apoiam a candidatura de Moro à Presidência, em 2022. Em entre-
vista à revista Época, o senador Álvaro Dias também já expressou o seu desejo de
ver Moro candidato à Presidência nas próximas eleições e afirma que o ex-ministro
é o candidato mais popular do País.
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Vale lembrar que, atualmente, com o poder das mídias sociais essas mensagens e
ideias de campanha antecipada são consumidas e compartilhadas de maneira mais
fácil e rápida por seguidores ou não até viralizarem e caírem no gosto do público.
As melhores e mais bem-sucedidas campanhas de marketing político funcionam
assim, acompanhando a trajetória do candidato ou da personalidade em todos os
momentos antes, durante e depois de sua eleição e associando a sua vida com as
necessidades do eleitor, do que espera de seu representante.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Showrnalismo: a notícia como espetáculo
ARBEX JUNIOR, J. Showrnalismo: a notícia como espetáculo. 4. ed. São Paulo:
Casa Amarela, 2005.
Transformações da política na Era da Comunicação de Massa
GOMES, W. Transformações da política na Era da Comunicação de Massa.
São Paulo: Paulus, 2006.
Comunicação e espetáculo da política
WEBER, M. H. Comunicação e espetáculo da política. 2. ed. Porto Alegre, RS:
UFRGS, 2000.
Vídeos
Cidadania 2.0 – participação popular na política através das tecnologias digitais
https://bit.ly/3dKnjI4
Filmes
Democracia em vertigem
https://youtu.be/vwZ5m10y1rQ
Leitura
O uso das redes sociais em manifestações
https://bit.ly/3dSmbC2
Um resumo, país a país, dos protestos que abalam o mundo árabe
https://bit.ly/3dOk3ez
Em São Paulo, o Twitter e o Facebook foram às ruas
https://bit.ly/2NLHKdd
Ciberativismo – a nova ferramenta dos movimentos sociais
https://bit.ly/3eQrGTn
Robert Dahl (1915-2014): poder político, liberalização e contestação nas democracias
https://bit.ly/2YN8RL8
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Referências
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& Mensagem: Opinião, 28 out 2018. Disponível em: <https://www.meioemensa-
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Sites vistados
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Sakamoto, 21 jun. 2013. Disponível em: <https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.
com.br/2013/06/21/e-em-sao-paulo-o-facebook-e-o-twitter-foram-as-ruas-literal-
mente>. Acesso em: 11 jun. 2020.
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