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Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a dialética desenvolvida pelo filósofo
alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Para tal, é necessário compre-
ender o contexto em que Hegel estava inserido e alguns fatos sobre a
sua biografia.
O termo dialética deriva do grego dialektiké, que originalmente sig-
nificava a arte da conversação. Esse termo foi usado pelo filósofo grego
Platão para designar o método filosófico correto (INWOOD, 1997). Hegel,
por sua vez, transformou a dialética numa razão (KONDER, 1991).
Na filosofia da história, Hegel entende a Modernidade como um
tempo de cisão, em que o espírito percebe que perdeu a imediatez da
sua vida substancial. Nesse sentido, Hegel afirma que a reflexão filosófica
da Modernidade deve definir esse tempo a partir de si mesma. Portanto,
a realidade não é algo estático, mas está em movimento. A dialética é
justamente a maneira de pensar que Hegel reformula para refletir sobre
o presente e que permite a ele dizer que tudo está em relação.
A filosofia de Hegel
O filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em Stuttgart, em 27 de
agosto de 1770, e morreu em Berlim, em 14 de novembro de 1831. Hegel é
um dos pensadores que mais se destacam na Modernidade pelo fôlego do
pensamento encontrado em seu sistema filosófico. Ele viveu no contexto
2 A dialética hegeliana
[...] o espírito dos povos, representado pelo Estado; os indivíduos são apenas
meios para o desenvolvimento da vida dos povos: de fato, procurando perseguir
seus interesses, seus fins particulares, eles realizam um fim mais universal,
que escapa à sua consciência.
Em suma, Hegel “[...] quis mostrar como a razão poderia superar as dicoto-
mias que afligem a vida e o pensamento moderno unificando dialeticamente
sujeito e objeto, particularidade e universalidade, liberdade e natureza” (SIN-
NERBRINK, 2017, p. 18). Corroborando essa ideia, Marcondes (1997) destaca
que a obra de Hegel é sistemática e busca incluir em um sistema integrado
todos os grandes temas e questões da tradição filosófica, da ética à metafísica,
da filosofia da natureza à filosofia do direito e da lógica à estética.
6 A dialética hegeliana
Os termos “tese”, “antítese” e “síntese” não foram utilizados por Hegel, e sim pelos seus
estudiosos e comentadores. Como afirmam Silva e Oliveira (2013, documento on-line),
tais termos foram introduzidos “em 1837 por um comentador, Heinrich Chalybaus”.
A construção do conhecimento
na filosofia hegeliana
Na primeira parte de seu Discurso do Método, publicado em 1637, o filósofo
René Descartes afirma que a razão é o poder de julgar corretamente o ver-
dadeiro e o falso. A razão, continua Descartes (2004), é o que caracteriza
os homens e os diferencia dos animais. Em sua trajetória interior, o filósofo
francês buscou alcançar a verdade sobre si mesmo e a verdade das coisas do
mundo. Por meio de seu método, Descartes lançou as regras com as quais ele
mesmo progredia para conhecer a verdade:
Logo, ao pensar que tudo era falso, “[...] fazia-se necessário que eu, que pensava,
fosse alguma coisa. E ao notar essa verdade: eu penso, logo existo” (DESCARTES,
2004, p. 62). Desse modo, Descartes acentuava o dualismo entre o eu, que penso,
e os objetos do mundo, que são conhecidos por essa razão, solipsista.
Assim, o conhecimento é um processo em que está em jogo o modo correto
de usar a razão, ou seja, tem-se um sentido instrumental da razão que retira
a sua verdade da realidade. Nota-se que nesse processo há uma razão que
conhece a realidade; o seu esforço para alcançar a verdade do mundo é ser
bem utilizada por meio do método. Portanto, não há uma subjetividade, um
sujeito que possui uma história, que vive num contexto e que pensa a partir de
suas circunstâncias. É justamente nesse contraponto que Hegel atravessa-se
diante do dualismo inaugurado na Modernidade por Descartes.
Não só Descartes mas outros filósofos pensavam o processo do conheci-
mento por meio da relação sujeito–objeto. Nessa relação, o objeto se mostrava
em sua aparência, ou seja, era aquilo que se poderia captar por meio dos
sentidos. Nesse viés do pensamento empírico, Descartes desenvolve a sua
filosofia do conhecimento. Para os racionalistas, o objeto que se mostrava em
sua aparência tinha uma realidade, uma essência, que não se mostrava, mas que
precisava ser descoberta, por meio da razão, para se captar a verdade do objeto.
A dialética hegeliana 11