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RESUMO:
Duas são as razões principais da revolução linguística verificada na filosofia: a) a
convicção de que muitas discussões filosóficas são devidas a uma insuficiente clareza e
à falta de precisão da linguagem; b) o desejo de descobrir uma linguagem universal e
um critério de significação absoluto, válido para todas as disciplinas cientifica e
filosóficas.
ABSTRACT:
Two are the main reasons of linguistic revolution checked in philosophy: a) the
conviction that many philosophical discussions are due to insufficient clarity and lack of
precision of language; b) the desire to discover a universal language and an absolute
criterion of meaning, valid for all scientific and philosophical disciplines.
INTRODUÇÃO
O século XIX, por herança do iluminismo, foi fortemente marcada pela Ciência.
Que vinha sendo a grande redentora, fomentando a mentalidade de que seriam
resolvidos todos os problemas. Mas no final do mesmo século, têm se uma crise na
ciência, as idéias de Newton são colocadas em questão, por Einstein. O mesmo acontece
com a Matemática e a Geometria, a obra de Russel da nova direção à matemática,
rompendo com a matemática Euclidiana.
Toda essa transformação leva a um total descrédito da ciência e da matemática.
A problemática atinge de certa forma a filosofia, pois se utiliza informações da ciência e
a linguagem da matemática. Com isso começou-se a rever a maneira de fazer filosofia,
1
Matêus Ramos Cardoso. Filósofo, Especialista em Ética e Ciência da Religião. Mestrando em
Filosofia na Ufrgs – RS. E-mail: teus33@yahoo.com.br
CARACTERÍSTICAS
Cabe a princípio realçar a falta de unanimidade em realizar a distinção entre o
Neo-positivismo e a Filosofia da Linguagem. Há autores que não realizam essa
estrutura, outros ainda separam a Filosofia da Linguagem da Filosofia Analítica. No
trabalho se adotara a divisão mais comum, entre o Neo-positivismo e a Filosofia da
Linguagem, que é sinônimo da Analítica.
O Neo-positivismo também conhecido como positivismo lógico, ou ainda
empirismo lógico. Tem seu início com o círculo de Viena, apresentado sobre tudo duas
características: a aversão da metafísica e a valorização das ciências empíricas e da
lógica (matematização).
Essa valorização das ciências empíricas chega a ponto de criar uma filosofia da
ciência, que quer ser como a ciência tendo um método e o mesmo rigor científico. Desta
forma a exploração da realidade é tarefa da ciência, cabendo a filosofia ser a
metodologia da ciência. Para esse grupo de filósofos “o problema da filosofia (...), não é
´o que é real?`, ´Qual é o conteúdo do ser?`, mas ´o que pretendes dizer
propriamente?`.”2
2
ROVOGHI, S. V. História da Filosofia contemporânea: do século XIX à neoescolástica. 2. ed.
São Paulo: Loyola, 2001. p. 474
NEO POSITIVISMO
O CARÁTER GERAL DA FILOSOFIA DE WITTGENSTEIN
A filosofia de Wittgenstein é antiteórica. É certo que em sua primeira fase ele
efetivamente produziu uma teoria da lógica e da linguagem, mas era uma teoria que
demonstrava sua própria falta de sentido. Depois de 1929, ele se absteve completamente
de teorizar. A tarefa da filosofia, como ele dizia agora, não era jamais explicar, mas
apenas descrever. Uma vez que a filosofia ocidental havia sido concebida
principalmente como uma busca de explicações num nível bem alto de generalidade,
sua obra se situava à margem da tradição.
Wittgenstein não era um cético. A razão pela qual rejeitou a teorização filosófica
não era o fato de ele considera-la demasiado arriscada e sujeita a erro, mas o de
acreditar que esta era a maneira errada de filósofos trabalharem. “A filosofia não
poderia, e não deveria tentar, emular a ciência”3. Este é um ponto de afinidade com
Kant.
Seu método consistia em conduzir qualquer teoria filosófica de volta ao ponto
em que se originou, o que poderia ser alguma prática rotineira bastante simples,
observável na vida dos animais, mas tornada ininteligível pela exigência de uma
justificação intelectual.
3
BUNNIN, N. Compêndio de filosofia. São Paulo: Loyola, 2002, p. 682
O “TRACTATUS LOGICO-PHILOSOPHICUS”
As teses fundamentais do Tractatus são as seguintes: "o mundo é tudo o que
acontece” (prop. 1); "o que acontece, o fato, é a existência dos fatos atômicos" (prop. 2);
"a representação lógica dos fatos é o pensamento" (prop. 3); "o pensamento é a
proposição exata" (prop. 4); "a proposição é uma função de verdade das proposições
elementares" (prop. 5); "a formula geral da função de verdade é [r, z, N(e)]: essa é a
fórmula geral da proposição" (prop. 6); "aquilo de que não se pode falar, deve-se
calar" (prop. 7).
A teoria da realidade corresponde à teoria da linguagem. Segundo o
Wittgenstein do Tractatus (ou como se diz, o "primeiro" Wittgenstein), a linguagem é
uma representação projetória da realidade. "Nós fazemos representações dos fatos"
(prop. 2.1). "A representação é um modelo da realidade" (prop. 2.12). E "o que a
representação deve ter em comum com a realidade para poder representa-la -
exatamente ou falsamente -, segundo o seu próprio modo, é a forma de representação"
(prop. 2.17).
Assim, o pensamento ou proposição representa ou espelha projetivamente a
realidade. E a cada elemento constitutivo do real corresponde outro elemento do
pensamento. A realidade consta de fatos que se resumem em fatos atômicos, compostos
por seu turno de objetos simples. Analogamente, a linguagem é formada de proposições
complexas (moleculares), que pode ser dividida em proposições simples ou atômicas
(elementares), não ulteriormente divisíveis em outras proposições. Essas proposições
elementares constituem o correspondente dos fatos atômicos. E são combinações de
nomes, correspondentes aos objetos: "O nome significa o objeto. O objeto é o seu
significado (...)" (prop. 3.203).
A ANTIMETAFÍSICA DE WITTGENSTEIN
"A maior parte das proposições e das questões escritas em matéria de filosofia
não são falsas, mas insensatas. Por isso, não podem os de modo algum responder a
questões desse gênero, mas somente estabelecer a sua insensatez. A maior parte das
4
REALE, G. História da Filosofia. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1991, vol. 3. p. 659
objetivismo é uma ilusão, produzida e sem dúvida pelo caráter não tranqüilizador da
explicação verdadeira, a de que qualquer apoio vem do centro, do próprio homem.
A segunda alteração doutrinária importante diz respeito à teoria da linguagem.
No tractatus havia ele sustentado que as línguas partilham de uma estrutura lógica
uniforme, que não se apresenta necessariamente à superfície, mas que pode ser
desvelada pela análise filosófica. As diferenças entre as formas lingüísticas pareciam-
lhe variações superficiais em torno de um tema único, nascido da lógica. Ao início de
seu segundo período de atividade filosófica, chegou a uma concepção diametralmente
oposta. A linguagem não tem uma essência comum ou, se a tiver, será mínima, incapaz
de explicar as relações entre suas várias formas. Estas se ligam entre si de maneira
apenas aproximada, como os jogos ou como rostos de pessoas que pertencem à mesma
família.
Inevitavelmente, as pessoas perguntam que mensagem pode ser extraída da
filosofia de Wittgenstein. Se uma mensagem é uma teoria, então, como vimos, a
mensagem é que não há mensagem. Como qualquer outro filósofo, ele levou a busca
por compreensão além do ponto em que os critérios ordinários para a compreensão são
satisfeitos.
Se puder discernir uma única estrutura em sua filosofia, esta consiste em sua
rejeição de todo apoio ilusório, independente para nossos modos de pensamento.
Teorias rígidas do significado tratam as regras lingüísticas como autoridades
independentes às quais nós, que as seguimos, somos inteiramente subservientes. Mas
Wittgenstein afirma que isso é ilusão, pois o sistema de instrução e obediência envolve
uma contribuição de cada indivíduo, e pressupõe uma similaridade mental básica. Do
mesmo modo, a necessidade da matemática é algo que projetamos de nossa prática e
então erroneamente saudamos como o fundamento de nossa prática. Por certo, ele
estava rejeitando o realismo, mas seu tratamento das regras mostra que não
recomendava o convencionalismo em seu lugar. Sem dúvida, suas investigações
possuem uma estrutura, mas não a estrutura da filosofia tradicional.
MÉTODO DE VERIFICAÇÃO
Carnap acredita, que antes de tentar responder qualquer problema filosófico é
necessário responder a uma pergunta: “Em que consiste o significado de uma palavra,
de uma proposição?”5
Só há uma resposta para Carnap, o significado da proposição está no método de
sua verificação. Desta forma para a proposição significar alguma coisa deve
necessariamente tratar de um dado empírico. Já algo que estivesse além do empírico não
poderia ser dito, nem pensado e nem posto em questão.
O que seria o método de verificação? “O método de verificação consiste,
portanto, em se traduzir numa série de proposições experimentais a proposição cujo
significado se quer determinar. Quando não é traduzível de forma empírica, (...) ela não
é uma asserção e nada diz, a não ser uma série de palavras vazias; ela é simplesmente
sem sentido.”6
5
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 211
6
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 212
7
MORA, J. F. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000, vol. 1. p. 402
8
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 213
CRÍTICAS A FALSIFICABILIDADE
Muitos criticaram Popper dizendo que na verdade o principio de falsificabilidade
pode distinguir apenas entre teorias falsas e teorias falsificáveis e não entre cientificas e
não cientificas, é o que afirma Mondin: “O principio de falsificabilidade pode distinguir
somente entre teorias falsas e teorias falsificáveis, não entre teorias cientificas e não
cientificas (metafísicas, éticas, religiosas, etc.). As teorias falsas são aquelas que,
9
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 270-271.
submetidas aos devidos controles, caíram por terra (talvez de pois de terem sido aceitas
como verdadeiras por muitos séculos) ; as segundas são aquelas que continuam a
resistir”.10
Para ele as teorias falsas são aquelas que foram superadas e abandonadas depois
de serem submetidas a controles rigorosos, mesmo que já tivessem sido utilizados por
muitos séculos.
E as teorias falsificáveis são aquelas que continuam a resistir, sendo que para
Popper todos os conhecimentos humanos considerados como verdadeiro (científicos, os
comuns, religiosos, os éticos e os metafísicos) são falsificáveis.
FILOSOFIA ANALÍTICA
ALFRED JUNES AYER
Nos seus principais escritos como no pequeno livro Linguagem, verdade e
lógica, ele escreve a posição do circulo de Viena, mas que não se depara somente a esse
passo, tira das idéias neopositivistas todas as conseqüências que assim aplica a ética e a
teologia, isso para assim obter uma filosofia alternativa à metafísica tradicional.
O PRINCIPIO DE VERIFICAÇÃO.
É o critério usado para determinar a autenticidade e importâncias das premissas.
Esta possui varias formulações: a) Uma afirmação é verificável quando ela mesma
resulta uma afirmação de observação ou que implique em outras afirmações de
observação. b) Uma afirmação é indiretamente verificável quando em primeiro lugar
ela com outras premissas devem implicar uma ou mais informações verificáveis, e em
segundo quando as outras premissas não podem incluir afirmações que não sejam
analíticas ou diretamente verificáveis. c) As únicas proposições sensatas são as relativas
ao horizonte empírico, pois são hipóteses prováveis.
10
MONDIN, B. Curso de Filosofia: os filósofos do ocidente. 4.ed. São Paulo: Paulinas, 1997, vol.
3. p. 274.
A TAREFA DA FILOSOFIA.
Para Ayer esta será exclusivamente analítica, pois ela não pode dizer se uma
proposição é falsa ou verdadeira quando interpretar o sentido, mas tentará ver se existe
um sentido e o determinara com precisão. A filosofia buscará mediante as definições
usuais traduzir certas proposições que aparecem ambigüidade, está pois, a filosofia no
âmbito da analise de termos e a um horizonte lingüístico.
ainda não o saiba o que é amarelo, também não há modo de explicar o que é bem.
Quando indagado o que é o bem ele diz: “bem” é algo que se intui.
CRÍTICAS
Foi considerado filósofo do senso comum por ser defensor deste conhecimento.
Também bastante criticado por seu método analítico, que seria mais fácil de seguir do
que expor, devido ao excesso de regras: „ O método analítico de Moore consiste mais
numa pratica metodológica do que propriamente num método rigorosamente elaborado.
Isso significa que não se possa averiguar o que seja seu método, mas é necessário
aceitar o fato de que ele não é constituído por uma série de regras, como o método
baconiano, por exemplo. Como conseqüência, toda exposição do pensamento de Moore
exige que se siga sua pratica. Em outros termos, é mais fácil seguir do que expor o
método de Moore”‟11.
11
BARAÚNA, J. L. Coleção os Pensadores: Moore. São Paulo: Abril S. A. Cultural e Industrial
1980. p.04.
O PROBLEMA DO CONHECIMENTO
Ele assume uma posição empirista, onde o conhecimento nos vê, a partir dos
dados sensoriais, onde ele as chama de sensu-data, tanto o senso comum como o
cientifico são construções lógicas tiradas dos dados sensíveis.
De Hume ele retira que a pessoa humana é um feixe de sensações que os chama
de particulares que o significado dos dados sensoriais. A pessoa também é uma certa
serie de experiências, onde cujos membros tem certa relação R entre si de modo que
uma pessoa pode ser definida como a classe de todas aquelas experiências que estão
unidas entre si pela relação R.
O corpo e alma são classes de dados sensoriais, tudo isso trata-se de uma
construção lógica tiradas dos particulares que não são nem mentais, e nem materiais,
mas neutros.
O PROBLEMA DA VERDADE
Sua concepção atomista do conhecimento, o problema da verdade é resolvido
com a doutrina da correspondência ( adaequatio intellectus et rei), “ adequação do
intelecto com a coisa”. De um lado os juízos e preposições e de outro a realidade
objetiva os eventos. Aqui entra alguns requisitos como a linguagem logicamente
perfeita , pois para Russel numa linguagem perfeita há identidade de estruturas entre o
fato afirmado ou negado.
CONCLUSÃO
Diante de um movimento de tamanha importância e de grandes influências, cabe
ressaltar a desvalorização da metafísica e das questões religiosas, em contra partida uma
super valorização da linguagem e da ciência. Chegando a tentativa de tornar uma
ciência, ou até, tornando a filosofia serva da ciência. Pois a atividade do filósofo se
resumiria a analisar termos da ciência.
A grande força desse movimento se dá nas regiões de língua inglesa. Que
merece grande atenção, pois com ele se dá inicio a um novo modo de se fazer filosofia.
Não será uma nova corrente de filósofos, mas essa forma analítica será um “método”
utilizado por diversas correntes filosóficas.
REFERÊNCIAS
BARAÚNA, J. L. Coleção os Pensadores: Moore. São Paulo: Abril S. A. Cultural e
Industrial, 1980. p.04.
MORENO, A.R. Introdução a uma pragmática filosófica. São Paulo: Unicamp, 2005.