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Bene Eugénio Machapule

Tema Transversal IV

Tema: Deontologia Profissional Aspectos gerais

Deveres profissionais vs Virtudes Deveres

Docente: Mestre Rodrigues Chiziane

Universidade Pedagógica

Faculdade de Ciências Naturais e Matemática

Maputo, Dezembro de 2021


Bene Eugénio Machapule

Tema Transversal IV

Tema: Deontologia Profissional Aspectos gerais

Deveres profissionais vs Virtudes Deveres

Trabalho de investigação sobre Deontologia


Profissional Aspectos Gerais, Deveres Profissionais
Vs Virtudes Deveres de Tema Transversal 1V, a
ser enviado na Plataforma sob orientação do
Docente: Mestre Rodrigues Chiziane.

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Índice
Introdução ............................................................................................................................. 4
DEONTOLOGIA PROFISSIONAL ASPECTOS GERAIS ................................................................ 5
01. Os conceitos de Deontologia, Profissão e Deontologia Profissional ...................... 5
Deontologia ........................................................................................................................... 5
Profissão ................................................................................................................................ 5
Deontologia profissional ....................................................................................................... 5
02. Classes Profissionais ................................................................................................. 6
03. Código de ética profissional ..................................................................................... 6
04. Conduta pessoal e Sucesso....................................................................................... 6
05. Responsabilidade e projecção profissional ............................................................. 7
06. Obstáculos à fama profissional e postura ética na defesa do direito de imagem . 7
07. Especialização, cultura e ambiência social contemporânea ................................... 7
DEVERES PROFISSIONAIS VS VIRTUDES DEVERES ................................................................. 8
Génese e natureza íntima do dever ...................................................................................... 8
01. Sensibilidade para com o dever ............................................................................... 8
02. Compulsoriedade de dever ...................................................................................... 9
03. Educação e Dever...................................................................................................... 9
04. Vocação Para O Dever e Conflitos Entre Vontade e Compulsão........................... 10
05. O Dever Social ......................................................................................................... 11
06. Dever e Racionalidade ............................................................................................ 11
07. Individualismo e ética profissional ........................................................................ 12
08. Vocação para o colectivo ........................................................................................ 14
Conclusão ............................................................................................................................ 16
Bibliografia .......................................................................................................................... 17

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Introdução
Este trabalho visa resumir tópicos relacionados sobre os livros de ética profissional com
os seguintes temas, Deontologia Profissional Aspectos gerais e Deveres profissionais vs
Virtudes Deveres.

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DEONTOLOGIA PROFISSIONAL ASPECTOS GERAIS
01. Os conceitos de Deontologia, Profissão e Deontologia Profissional

Deontologia
O termo Deontologia surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e
“lógos” que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia seria o tratado
do dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por um determinado
grupo profissional. A deontologia é uma disciplina da ética especial adaptada ao
exercício da uma profissão.

O termo foi introduzido em 1834, por Jeremy Bentham, para referir-se ao ramo da ética
cujo objecto de estudo são os fundamentos dos deveres e as normas morais. É conhecida
também sob o nome de "Teoria do Dever". É um dos dois ramos principais da Ética
Normativa, juntamente com a axiologia.

Profissão
Profissão é um trabalho ou actividade especializada dentro da sociedade, geralmente
exercida por um profissional. Algumas actividades requerem estudos de um dado
conhecimento, como as profissões de médico, advogado, engenheiro, biólogo, ou
arquitecto, por exemplo. Outras dependem de habilidades práticas, como as profissões
de faxineiro ou jardineiro, por exemplo.

No sentido mais amplo da palavra, portanto, o conceito de profissão tem a ver com
ocupação profissional, ou seja, uma actividade produtiva/profissional que o indivíduo
desempenha perante a sociedade onde está inserido.

Deontologia profissional
A Deontologia Profissional é a ciência dos deveres ou regras que devemos cumprir no
exercício da profissão.

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02. Classes Profissionais

Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela


natureza do conhecimento exigido preferencialmente para tal execução e pela identidade
de habilitação para o exercício da mesma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro
da sociedade, específico, definido por sua especialidade de desempenho de tarefa.

A questão, pois, dos grupamentos específicos, sem dúvida, decorre de uma


especialização, motivada por selecção natural ou habilidade própria, e hoje constitui-se
em inequívoca força dentro das sociedades.

A formação das classes profissionais decorreu de forma natural, há milénios, e se


dividiram cada vez mais.

Historicamente, atribui-se à Idade Média a organização das classes trabalhadoras,


notadamente as de artesãos, que se reuniram em corporações.

A divisão do trabalho é antiga, ligada que está à vocação e cada um para determinadas
tarefas e às circunstâncias que obrigam, às vezes, a assumir esse ou aquele trabalho;
ficou prático para o homem, em comunidade, transferir tarefas e executar a sua.

A união dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje se acha não
só regulada por lei, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe.

03. Código de ética profissional

O Código de Ética Profissional é o conjunto de normas éticas, que devem ser seguidas
pelos profissionais no exercício de seu trabalho. Este código é elaborado pelos
Conselhos, que representam e fiscalizam o exercício da profissão.

04. Conduta pessoal e Sucesso

A conduta sadia do ser, consigo mesmo e com seu ambiente, habilita ao sucesso.

É grande o número de pessoas que enriquecem e passam a desfrutar de prestígio, tendo


alcançado o sucesso pelas vias da corrupção.

O enriquecimento pode ser conseguido às custas da ausência de virtude, mas o sucesso,


desta depende. O sucesso tal qual é admitido para um homem integral jamais poderá ser
alcançado sem a prática da ética.

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O sucesso tem ligação com o amor e a sabedoria, somado à acção e à constante reflexão
sobre tudo o que se faz.

Quando se ama o que se faz, o fruto do trabalho será de boa qualidade. E se o homem
valoriza-se pela sabedoria aufere melhores rendimentos.

05. Responsabilidade e projecção profissional

Os benefícios que o profissional propicia, cumprindo a responsabilidade, de seus


trabalhos, passam a dar-lhe notoriedade, ampliando o grau de satisfação em relação a
eles e quase criando uma obrigação de retribuição moral por partes dos beneficiados.
Esta a razão pela qual, com sucesso, muitos deles chegam a cargos eletivos, com
relativa facilidade. A oportunidade de servir é retribuída, socialmente, com aquela de
usufruir o prestígio granjeado.

06. Obstáculos à fama profissional e postura ética na defesa do direito de


imagem

É óbvio que não escapará o profissional vitorioso dos males da inveja, tal baixo
sentimento sempre se faz acompanhar de atitudes imorais e antiéticas como
decorrências (calúnias, difamações, traições, resistências passivas, chantagens), todavia,
a postura ética oferece remédios para se contrapor a essas mediocridades do espírito
humano, nomes honrados podem ser desmoralizados; o que se fez durante toda uma
vida, em poucos dias pode desmoronar, diante do efeito malévolo da ação dos
caluniadores, traidores, difamadores, chantagistas e intrigante, mas nesse particular
também os profissionais de valor podem se opor com a inteligência, desde que o façam
em tempo oportuno e com a energia necessária.

07. Especialização, cultura e ambiência social contemporânea

Um bom profissional não se limita apenas a conhecimentos ligados à sua área, muito
pelo contrário, busca se especializar e obter culturas profissionais divergentes das suas.
Um Gestor de Recursos Humanos, por exemplo, pode não ver a necessidade de se
aprender algumas disciplinas como filosofia, sociologia, e outras. Possivelmente se ele
as estudasse, seria um melhor administrador de negócios, aprendia a se relacionar de
maneira mais eficiente com funcionários, teria com certeza, uma melhor conduta e

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utilidade profissional. Conhecimento nunca é demais, e quanto mais se tem, melhor. É
notável que uma boa cultura profissional resulta numa melhor conduta

DEVERES PROFISSIONAIS VS VIRTUDES DEVERES

Génese e natureza íntima do dever


Há uma lógica natural do dever que, partindo do nosso espírito, do nosso cérebro, nos
estimula a cumprir os modelos mentais e educacionais, estes que recebemos e aqueles
os que adquirimos por conveniência.

Parece inquestionável que exista, reconditamente, uma cobrança em nós mesmos que
nos impele ao correto; a questão, observada sob este ângulo muito se aproxima do que
Kant denominou “Boa Vontade”, como indução ao sentimento de dever, como actuação
de uma sensibilidade ética.

Se uma pessoa mantem sigilo sobre o que outra a ela revelou, segue tal conduta quase
por um instinto natural de vontade, mas, se não o faz, recebe intimamente repreensões
de sua consciência, sentindo certo peso que não pode explicar, mas que pode perceber (a
menos que seja malformado, e, nesse caso, situado entre as excepções), além da
condenação de quem foi prejudicado e de terceiros que possam observar nesse ato uma
desqualificação para quem o pratica.

01. Sensibilidade para com o dever

Dentro de cada individuo existe uma lógica natural, uma cobrança interna e uma
sensibilidade ética que nos estimula a exercer modelos mentais e educacionais. A isso se
chama conhecimento interno, o que nos leva a intender nossas emoções, sentimentos e
vontades.

A sensibilidade para com o dever é algo que parece natural mas, que pela forca do
costume, se transforma em regulamentos, leis normativas e impositivas. Acredita-se que
aquele que não cumpre regras ou normas não possui sensibilidade ética, ou seja, o dever
é compulsório na medida em que aqueles que não o cumprem são punidos.

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Na ausência da sensibilidade ética, o individuo tem falhas na sua formação a moral, tais
como: não conhece bem seus sentimentos e emoções, a virtude não é o seu propósito de
vida, ao longo de tempo deforma-se moralmente, não tem percepção do que é aceitável
para si e para os outros, é vítima de sua própria conduta e é desprezado pelos demais.

Uma forma de transformar o dever ético em uma prática natural é através da educação.
Esta refina o dever ético pois, esse tem suas raízes no espírito do homem, como uma
energia inata. A sociedade se transforma em bem articulada, solidaria e harmoniosa
através da educação para a sensibilidade ética.

A vocação para o dever ético é natural e emerge do íntimo do ser humano, como um
modelo de boa vontade. Que não se confunda vocação para o dever ético com
imposição da lei, essa sim, compulsória.

Podemos discordar da lei ou cumpri-la apenas por obrigação, de acordo como o nosso
desenvolvimento e consciência ética. Quando discordamos dela é porque se torna
contraria a nossa consciência ética. Nossa formação e refinamento ético é que
determinam nossa consciência moral.

02. Compulsoriedade de dever

A conduta virtuosa torna-se também, uma obrigação compulsória, por se consagrar nos
costumes e consubstanciar em normas, regulamentos e leis. Isto porque representa algo que
não se sujeita a opções, nem a alternativas, mas a um necessário cumprimento.

O não cumprimento do dever assume carácter de violação, ou seja, de transgressão de


obrigação da norma, mas, intimamente, é mais que isto, por representar uma anti
propriedade do espírito.

Logo, a violação torna-se objecto de sanção ou punição, quer natura, quer do grupo
próximo, quer legal, quer profissional, quer social.

Nenhum desses aspectos se confunde, pois a natureza das obrigações são diferentes diante
de também diferentes condições de análise.

03. Educação e Dever

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Para os que possuem formação educacional de qualidade, que são dotados de índole boa, o
cumprimento dos deveres éticos torna-se um efeito natural, egresso de estruturas espiritual e
mentais sadias.

Muitos são os estudiosos que recusam o conceito de dever moral ou ético, como efeito da
pressão social ou de imposição legal, por entenderem que o ser humano pode possuí-lo
como formação própria e recebida, independentemente do que possa estabelecer um código,
um decreto, um regulamento etc.

Os efeitos da educação básica de qualidade, sobre a comunidade e o próprio ser, tem a


história comprovado serem eficazes meios de geração de condutas positivas.

A orientação para o cumprimento do dever ético é tarefa educacional permanentemente,


quer dos lares, quer das escolas, quer das universidades, quer do estado, quer das demais
instituições.

Educar para o dever é contribuir para a harmonia social e para o êxito do ser que recebe os
modelos de conduta.

04. Vocação Para O Dever e Conflitos Entre Vontade e Compulsão

Partindo de uma consciência vocacionada para o dever, o homem age de acordo com essa
determinação intima que o impele a uma conduta sadia, como um modelo de boa vontade.
Esta não se confunde com a lei, com a norma, com o regulamento, pois estes podem,
inclusive, provocar resistências subjectivas.

O normativo pode ser gerado de experiências sadias e consagradas e pode estar impregnado
de interesses de grupos dominantes do poder, que decidem sobre suas aprovações para um
uso compulsório.

Devido a ambiência social a vida impõe-nos condutas que parecem, algumas discrepar
daquelas a que somos instruídos por efeitos naturais.

Devido a isso podemos então, discordar da lei, por entendê-la contraria ao que nossa
consciência ética determina, especialmente quando esta, impregnada pela pureza das
propriedades espirituais, se contrapõe aquela, contaminada por conveniências de grupos
dominantes.

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O dever ético natural é o que a ética acolhe como categórico, como especifico da natureza
da conduta. Desta forma, nasce e se desenvolve por uma voluntária manifestação de
vontade, sem que exista a obrigação de cumprir, mas como cumprimento de uma
determinação que fluiu sem esforços.

05. O Dever Social

Apesar de muitos sociólogos terem opiniões diferentes, o autor entende que a sociedade não
nos impõe, mas nos impele, transcendentemente, a aceitação do dever como principio.
Logo, parece não ser a imitação ou a obrigação por efeitos ambientais que nos conduz a
entender o dever ético, em seu sentido natural.

Torna-se contraditório aceitar que o homem tenha um instinto gregário e que o gregário
possa reger seu instinto. Sendo assim a causa não pode ser o efeito assim como este não
pode ser a causa.

Apesar das dimensões poderem ocorrer simultaneamente, não podem ser confundidas,
causando-nos assim à perda a óptica das percepções exigíveis racionalmente.

06. Dever e Racionalidade

Historicamente, as normas éticas passaram do domínio das religiões ao poder do estado, das
classes, até que, como ciência, fosse possível um estudo insuspeito das mesmas. Isso não
significa afirmar que houve sempre coincidência de tais esforços com o sentimento dos
indivíduos, quer isoladamente, quer em grupo, mas é inegável que assim tudo aconteceu.

O autor admite que o dever não deva ser encarado com tamanho rigor, como o fez Kant,
mas não pode deixar de acolher a utilidade do reconhecimento do mesmo como associado
ao do bem, e este como prática do amor a si mesmo e a nossos semelhantes.

Assim como a acção racional, parece-lhe ser manifestação suprema que associa o dimanado
da energia espiritual com a estrutura do cérebro. Sendo assim associando a sensibilidade
para o bem a racionalidade de sua prática, parece completar o circuito, que é competente
para fazer do dever uma consequência natural de tão importantes causas.

Somos parte de uma sociedade que apesar de nos oferecer grandes conveniências nos
requerem como participantes activos de sua organização. Servir a ela deixa de ser um dever
imposto ou mesmo sugerível, para emergir do racional e do sensível.

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Existem, todavia, situações em que o negar é uma doação. A intenção mesmo na negativa
será sempre uma doação, em sentido relativo, se teve o bem como motivação. O que nos é
solicitado pode transformar-se, se cedido, em um mal para quem recebe nossa concessão.

O bem tem face de relatividades que precisam ser observadas sob a égide da racionalidade,
para que a consciência ética não se forme somente na base da doação, mas também na da
negação, quando a recusa é que enseja um bem.

07. Individualismo e ética profissional

Parece ser uma tendência do ser humano, como tem sido objecto de referências de
muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e, quando
esses interesses são de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos problemas.

O valor ético do esforço humano é variável em função de seu alcance em face da


comunidade. Se o trabalho executado é só para auferir renda, em geral, tem seu valor
restrito. Por outro lado, nos serviços realizados com amor, visando ao benefício de
terceiros, dentro de vasto raio de acção, com consciência do bem comum, passa a existir
a expressão social do mesmo.

Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de
grupo. Fascinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre com a
sua comunidade e muito menos com a sociedade.

Para ilustrar essa questão, citaremos um caso, muito conhecido, porém de autor
anónimo.

Dizem que um sábio procurava encontrar um ser integral, em relação a seu trabalho.
Entrou, então, em uma obra e começou a indagar. Ao primeiro operário perguntou o que
fazia e este respondeu que procurava ganhar seu salário; ao segundo repetiu a pergunta e
obteve a resposta de que ele preenchia seu tempo; finalmente, sempre repetindo a
pergunta, encontrou um que lhe disse: "Estou construindo uma catedral para a minha
cidade".

A este último, o sábio teria atribuído a qualidade de ser integral em face do trabalho,
como instrumento do bem comum.

Como o número dos que trabalham, todavia, visando primordialmente ao rendimento, é


grande, as classes procuram defender-se contra a dilapidação de seus conceitos,
tutelando o trabalho e zelando para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos
serviços. Isto porque ficam vulneráveis ao individualismo.

A consciência de grupo tem surgido, então, quase sempre, mais por interesse de defesa
do que por altruísmo.

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Isto porque, garantida a liberdade de trabalho, se não se regular e tutelar a conduta, o
individualismo pode transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de agressão.

Tal luta quase sempre se processa através de aviltamento de preços, propaganda


enganosa, calúnias, difamações, tramas, tudo na ânsia de ganhar mercado e subtrair
clientela e oportunidades do colega, reduzindo a concorrência. Igualmente, para maiores
lucros, pode estar o indivíduo tentado a práticas viciosas, mas rentáveis.

Em nome dessas ambições, podem ser praticadas quebras de sigilo, ameaças de


revelação de segredos dos negócios, simulação de pagamentos de impostos não
recolhidos, etc.

Para dar espaço a ambições de poder, podem ser armadas tramas contra instituições de
classe, com denúncias falsas pela imprensa para ganhar eleições, ataque a nomes de
líderes impolutos para ganhar prestígio, etc.

Os traidores e ambiciosos, quando deixados livres completamente livres, podem


cometer muitos desatinos, pois muitas são as variáveis que existem no caminho do
prejuízo a terceiros.

A tutela do trabalho, pois, processa-se pelo caminho da exigência de uma ética, imposta
através dos conselhos profissionais e de agremiações classistas. As normas devem ser
condizentes com as diversas formas de prestar o serviço de organizar o profissional para
esse fim.

Dentro de uma mesma classe, os indivíduos podem exercer suas actividades como
empresários, autónomos e associados. Podem também dedicar-se a partes menos ou
mais refinadas do conhecimento.

A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e esta é


uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre buscam maior
abrangência.

Tão poderosos podem ser os escritórios, hospitais, firmas de engenharia, etc, que a
ganância dos mesmos pode chegar ao domínio das entidades de classe e até ao
Congresso e ao Executivo das nações.

A força do favoritismo, accionada nos instrumentos do poder através de agentes


intermediários, de corrupção, de artimanhas políticas, pode assumir proporções
asfixiantes para os profissionais menores, que são a maioria.

Tais grupos podem, como vimos, inclusive, ser profissionais, pois, nestes encontramos
também o poder económico acumulado, tão como conluios com outras poderosas
organizações empresariais.

Portanto, quando nos referimos à classe, ao social, não nos reportamos apenas a
situações isoladas, a modelos particulares, mas a situações gerais.

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O egoísmo desenfreado de poucos pode atingir um número expressivo de pessoas e até,
através delas, influenciar o destino de nações, partindo da ausência de conduta virtuosa
de minorias poderosas, preocupadas apenas com seus lucros.

Sabemos que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses
de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se acomode às normas, porque
estas devem estar apoiadas em princípios de virtude.

Como as atitudes virtuosas podem garantir o bem comum, a Ética tem sido o caminho
justo, adequado, para o benefício geral.

08. Vocação para o colectivo

Egresso de uma vida inculta, desorganizada, baseada apenas em instintos, o homem,


sobre a Terra, foi-se organizando, na busca de maior estabilidade vital. Foi cedendo
parcelas do referido individualismo para se beneficiar da união, da divisão do trabalho,
da protecção da vida em comum.

A organização social foi um progresso, como continua a ser a evolução da mesma, na


definição, cada vez maior, das funções dos cidadãos e tal definição acentua,
gradativamente, o limite de acção das classes.

Sabemos que entre a sociedade de hoje e aquela primitiva não existem mais níveis de
comparação, quanto à complexidade; devemos reconhecer, porém, que, nos núcleos
menores, o sentido de solidariedade era bem mais acentuado, assim como os rigores
éticos e poucas cidades de maior dimensão possuem, na actualidade, o espírito
comunitário; também, com dificuldades, enfrentam as questões classistas. A vocação
para o colectivo já não se encontra, nos dias atuais, com a mesma pujança nos grandes
centros.

Parece-me pouco entendido, por um número expressivo de pessoas, que existe um bem
comum a defender e do qual elas dependem para o bem-estar próprio e o de seus
semelhantes, havendo uma inequívoca interacção que nem sempre é compreendida
pelos que possuem espírito egoísta.

Quem lidera entidades de classe bem sabe a dificuldade para reunir colegas, para
delegar tarefas de utilidade geral.

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Tal posicionamento termina, quase sempre, em uma oligarquia dos que se sacrificam, e
o poder das entidades tende sempre a permanecer em mãos desses grupos, por longo
tempo.

O egoísmo parece ainda vigorar e sua reversão não nos parece fácil, diante da
massificação que se tem promovido, propositadamente, para a conservação dos grupos
dominantes no poder.

Como o progresso do individualismo gera sempre o risco da transgressão ética,


imperativa se faz a necessidade de uma tutela sobre o trabalho, através de normas
éticas.

É sabido que uma disciplina de conduta protege todos, evitando o caos que pode
imperar quando se outorga ao indivíduo o direito de tudo fazer, ainda que prejudicando
terceiros.

É preciso que cada um ceda alguma coisa para receber muitas outras e esse é um
princípio que sustenta e justifica a prática virtuosa perante a comunidade.

O homem não deve construir seu bem a custa de destruir o de outros, nem admitir que
só existe a sua vida em todo o universo.

Em geral, o egoísta é um ser de curta visão, pragmático quase sempre, isolado em sua
perseguição de um bem que imagina ser só seu.

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Conclusão
Seguindo a actua tendência das ciências de se embasarem não só na lógica, mas também
na metafísica, o livro estuda a consciência ética e o dever ético sem com base em
filósofos clássicos e modernos significativos que diz respeito a ética profissional na
sociedade contemporânea.

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Bibliografia
https://cupdf.com/document/resumo-do-livro-etica-profissional-lopes-sa.html#

https://pt.scribd.com/doc/39746157/resumo-do-livro-etica-profissional-lopes-sa

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