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DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

AULA 3
Introdução
Neste tema da terceira Unidade Temático desta disciplina, convidamos ao caro estudante a prestar
atenção aos conteúdos que serão desenvolvidos durante a aula, iremos explorar os conceitos e
caracterização da deontologia e da Profissão, origem do conceito deontologia e a sua Relação com a
Profissão, Importância da ética Profissional, a Formalização Ética, infraestrutura e Códigos da ética.
A deontologia profissional é importante para a harmonia social, na medida em que é com base na
deontologia profissional que um bom atendimento ao paciente acontece.
A ética profissional tem como princípio a imparcialidade, a empatia, a compreensão, a benevolência, a
seriedade, o sigilo, o rigor, o zelo, a diplomacia entre outras virtudes éticas que ajudam o
paciente/cliente, a entidade empregadora, os colegas de trabalho e a sociedade em geral. A profissão é,
acima de tudo, um dever social. Portanto, o profissional deve ter consciência do impacto positivo ou
negativo que a sua actuação pode trazer para a sociedade no geral.
No final desta aula o estudante deverá ser capaz de:

Objectivos Específicos
 Definir confidencialidade e privacidade;
 Descrever a confidencialidade e a privacidade na actividade profissional;
 Apresentar o papel do profissional na sua actuação;

A ética profissional tem como premissa o melhor relacionamento do profissional com os seus clientes
e com outros profissionais, levando em conta valores como a dignidade humana, auto-realização e
sociabilidade (Silva e Seroai, 1998: 78).
O profissional deve estar em contínua relação com o código de ética, que pode ser entendido como
uma relação de práticas de comportamento que se espera que sejam observadas no exercício da
profissão. O código de ética tem como objectivo habilitar o profissional a adoptar uma atitude pessoal,
de acordo com os princípios éticos. Tais princípios dizem respeito à responsabilidade perante a
sociedade e para com os deveres da profissão.
No código de ética profissional são detalhados os conceitos básicos relacionados com os direitos e
deveres dentro de uma profissão e que sejam cumpridos. Estabelecido o Código de Ética, cada
profissional deve subordinar-se sob pena de incorrer em transgressão, punível pelo órgão competente,
incumbido de fiscalizar o exercício profissional. Tal código assume um papel relevante na garantia da
qualidade dos serviços prestados, bem como na conduta profissional.
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Em condições normais a profissão tem um carácter benéfico para quem a exerce e ao mesmo tempo
está dirigida a outros, que também se verão beneficiados. Na essência, a profissão tem como finalidade
o bem comum e o interesse público (Kotler, 1997). Portanto, a actividade profissional deve ser
desenvolvida de maneira estável e honesta em interacção com outros, em conformidade com a própria
vocação e respeitando a dignidade da pessoa humana.
Todas as profissões têm como raiz o processo da divisão do trabalho. Entretanto, todo o trabalho deve
ser digno, merecer um profundo respeito e tem que ser retribuído de forma justa.
Com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos, sob o auspício das Nações Unidas, podem
ser considerados os seguintes artigos (23 e 24) em torno da dignidade do trabalho:
Artigo 23.1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do seu trabalho, às condições
equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
2. Toda a pessoa tem direito, sem discriminação alguma, a salário igual por igual trabalho.
3. Toda a pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que assegure
a si como à sua família uma existência conforme a dignidade humana e que será completada, em
casos necessários, por qualquer outro meio de protecção social.
4. Todas as pessoas têm direito a fundar sindicatos e a sindicar-se para a defesa dos seus interesses.
Artigo 24. Toda pessoa tem direito ao descanso, ao desfrute dos tempos livre, a uma limitação
razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.
Os direitos humanos implicam uma ética porque sempre se relacionam de uma forma ou de outra com
os seres humanos: umas de formas indirectas, nomeadamente as actividades que têm a ver com
objectos como a construção de pontes e edifícios, a reparação de automóveis, de equipamentos, entre
outros. Outras, com exigências mais acentuadas porque têm como referência o homem. Assim,
algumas profissões relacionam-se directamente com os seres humanos, como é o caso de professores,
educadores, psicólogos, médicos, juristas, gestores, entre outros. Para estas profissões é mais evidentes
as implicações éticas da sua profissão, porque devem cuidar os seus semelhantes não como um
objecto, mas como pessoa (Kotler, 1997). Por isso, a liberdade, a consciência e a responsabilidade são
pressupostos básicos e necessários para a efectivação da consciência moral e da experiência ética. É
por isso que toda actividade profissional é revestida de uma dimensão ética. Portanto, o profissional
pode ser chamado a explicar-se e a justificar-se, abrindo a possibilidade de um julgamento por uma
instância exterior ao sujeito da acção, que pode ser uma instituição ou a própria comunidade. De facto,
toda a acção profissional é dirigida de alguém para alguém, tendo em vista o bem-estar da sociedade. E
é nesta característica da acção que existe uma relação intrínseca entre a responsabilidade pelas acções
praticadas e a ética, especialmente no campo profissional.
3. DEFINIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA DEONTOLOGIA E DA PROFISSÃO
Na presente secção vamos descrever algumas definições sobre a profissão. Uma profissão define-se,
entre outros aspectos, como uma prática constante de um ofício ou um exercício habitual de uma tarefa
ao serviço dos outros.
(Silva et al, 1998). Observemos como este autor caracteriza alguns aspectos que envolvem o exercício
profissional:
• A profissão tem, além de utilidade para o indivíduo, uma expressão social e moral;
• Em quase todas as profissões liberais existe um grande valor social. O que varia é a sua forma
de actuação e a natureza qualitativa dos serviços perante as necessidades humanas;
• A profissão traz benefícios recíprocos aquém a prática e aquém a recebe. Nesta relação
implica sempre uma conduta ligada aos princípios éticos específicos.
O Estado e a sociedade, com as suas instituições, grupos, classes e indivíduos, criam deveres éticos
específicos e definem a conduta relativa a cada um, o que não significa que as obrigações éticas se
confundem com as obrigações legais, impostas pelo poder do Estado ou do Direito. Por isso, a reflexão
sobre as acções realizadas no exercício de uma profissão devem iniciar bem antes da prática
profissional.
A fase da escolha profissional, ainda durante a adolescência, já deve ser permeada por esta reflexão. A
escolha de uma profissão é, por vezes, uma questão de opção. Mas ao escolhê-la, seja em que
circunstância for, o conjunto de deveres para com essa profissão passam a ser obrigatórios.
Geralmente, escolhe-se a carreira profissional sem conhecer o conjunto de deveres que estão presentes
(Kotler, 1997). Assim, em toda a fase de formação profissional, a aprendizagem das competências e
habilidades referentes a prática específica numa determinada área, deve incluir uma reflexão. Ao
completar a formação no nível superior a pessoa faz um juramento, que significa a sua adesão e
comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa. Isto caracteriza o aspecto
moral da chamada Ética Profissional. Esta adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecidas
constitui a forma mais adequada para o exercício profissional.
A reflexão do exercício profissional que temos vindo a abordar deve comportar as seguintes questões:

• Estou sendo um bom profissional?


• Estou a agir adequadamente?
• Realizo correctamente a minha actividade?
Sabemos que a conduta humana pode tender ao egoísmo, isto é, para os interesses puramente
individuais. Para deixarem de ser egoístas, os interesses do profissional devem estar alinhados à
sociedade. Para tal é preciso que se acomode a norma, porque estas devem estar apoiadas em

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princípios e virtudes. Com as atitudes virtuosas podemos garantir o bem comum. Daí que a ética tem
sido o caminho justo, adequado para o benefício geral, ao voltar-se para a reflexão das normas que
possam guiar a nossa conduta para o bem comum. Por outro lado, a conduta profissional pode tornar-
se agressiva e inconveniente e esta é uma das fortes razões pelas quais os códigos de ética quase
sempre buscam maior abrangência, de modo a inibir tais comportamentos inadequados ao exercício da
profissão. Daí que a ética de cada profissão depende dos deveres ou da “deontologia ” que cada
profissional aplica aos casos concretos que se podem apresentar no âmbito pessoal ou social.
Na presente secção vamos definir o conceito de deontologia (ética profissional) bem como a sua
relação com a profissão. De acordo com Silva et al (1998), podemos definir Deontologia como sendo o
estudo do dever e das obrigações Mas antes de irmos ao pormenor desta definição, façamos uma
reflexão usando a via etimológica.
Etimologicamente, Deontologia é uma palavra de origem grega de Néon - o necessário, o
conveniente, o devido, o obrigatório; e lógia – estudo ou conhecimento. Portanto, a Deontologia é um
conjunto de comportamentos exigidos aos profissionais que muitas vezes não estão codificados numa
regulamentação jurídica.
Neste sentido, a deontologia é uma ética profissional de obrigações práticas, baseadas numa acção
livre da pessoa, no seu carácter moral, carente de uma legislação pública. Por outro lado, ela seria um
tribunal que julga a actuação do profissional no exercício das suas actividades.
A deontologia traduz o cumprimento dos deveres que se apresentam a cada um na posição que ocupa
na vida profissional, e que estão presentes como um compromisso na consciência moral, com respeito
à profissão. Entretanto, a ética profissional traduz um campo de estudo em relação directa com a
Filosofia, disciplina que historicamente lhe deu origem e alimenta a discussão sobre a Moral e os
fundamentos da acção humana; bem com o Direito, uma vez que é ele quem orienta a relação com a
normatividade das acções, transformadas em leis ou códigos, e dispõe sobre a distribuição da justiça
aos envolvidos em conflitos de toda ordem.

3.1 Origem Do Conceito Deontologia


Como referimos na secção anterior, o conceito deontologia provém do grego doem, defuntos, dever e
lotos - tratado, ciência.
No entanto o vocábulo entrou em uso quando Bentham deu a sua Science of morality de 1834, o título
de deontology. Para Bentham (1834), deontologia era a sua doutrina utilitarista dos deveres. Depois, o
conceito de Deontologia foi usado especialmente para designar as doutrinas sobre determinadas classes
de deveres, relativos a profissões ou situações sociais.
A deontologia é a aplicação dos princípios gerais da ética a uma realidade específica. Se ainda se
recorda, na unidade I vimos que a ética é uma só. No entanto, por questões didácticas ela pode ser
dividida em ética geral e aplicada. A deontologia é uma ética aplicada. Por isso podemos encontrar
uma deontologia para médicos, economistas, psicólogos, agrónomos, gestores.
O vocábulo deontologia também significa o obrigatório, o justo, o adequado. Portanto, a Deontologia
pode ser definida como sendo a ciência que estabelece normas directoras das actividades profissionais
sob o signo de rectidão moral ou honestidade, estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar, no
exercício de uma profissão. Portanto, a deontologia profissional elabora sistematicamente os ideais e as
normas que devem orientar a actividade profissional.

3.2 A Deontologia e a sua Relação com a Profissão


De acordo com Hitt (1990), cada profissão tem uma deontologia que deve ter o seguinte esquema
básico de conduta profissional:
a) Na área da profissão
A deontologia prevê como norma fundamental, nomeadamente zelar pela competência e honestidade
pelo bom nome ou reputação da profissão, na busca honesta comprometida pelo bem da sociedade,
através dos meios que essa profissão proporciona.
b) Na área da ordem profissional:
Na relação com os seus pares e colegas da profissão deve-se criar um culto de lealdade e solidariedade
profissional evitando críticas levianas, competição e concorrência desleal; de toda e qualquer acção
dos colegas e sem nunca ferir a verdade, a justiça, ou a moral. Assim, as máfias, pactos de silêncio e
sociedades secretas não são necessários para o exercício profissional.
c) Na área dos clientes, usuários profissionais:
Esta área diz respeito aos que são usuários dos serviços profissionais. Nela encontramos 3 (três)
normas fundamentais:
• Execução íntegra do serviço conforme o combinado com o usuário: sempre que o pedido seja
moralmente lícito no plano objectivo e não vá contra o bem comum ou de terceiros ou do próprio
solicitante, o profissional deve esclarecer o cliente, mostrando as inconveniências existentes e os
procedimentos para melhor execução. Posteriormente pode deixar o cliente decidir e assumir toda a
responsabilidade pelas consequências, excepto se houver prejuízos ao bem comum ou a terceiros;
• A remuneração justa: o valor cobrado a um cliente deve ser idêntico ao cobrado a todos os clientes.
Contundo, nada impede que se prestem serviços a menor preço ou mesmo gratuitamente, em casos de
necessidade financeira do usuário;

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• O Sigilo Profissional: o que se vem a conhecer do íntimo e pessoal no exercício da profissão faz
parte do segredo confiado e só se pode usar para melhor prestação de serviços e não para outros fins.
Exceptuam-se situações graves e urgentes, de perigo para o cliente, para si, para terceiros ou para o
bem comum. A título de exemplo, as informações prestadas durante uma consulta a um médico, a um
advogado ou a um psicólogo têm um carácter confidencial.
Podemos concluir que, sendo a ética inerente à vida humana, a sua importância é bastante evidenciada
na vida profissional. Cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades sociais,
pois envolvem pessoas que dela se beneficiam. A ética é ainda importante porque na acção humana o
fazer e o agir estão interligados. O fazer diz respeito à competência e à eficiência que todo profissional
deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir refere-se à conduta do profissional, isto é, ao
conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.

3.3 Importância da ética Profissional


A Ética Profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com o seu cliente, utente,
paciente ou usuário, visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto
sociocultural onde exerce sua profissão. Sendo a ética inerente à vida humana, a sua importância é
bastante evidenciada na vida profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e
sociais que envolvem pessoas que dela se beneficiam.
Na sociedade actual, lamentavelmente, o sucesso económico passou a ser a medida de todas as coisas.
Apenas a riqueza e o poder contam e separam os vencedores dos vencidos. As pessoas tendem a ser
materialistas e individualistas e, por isso, menos responsáveis e solidárias (Kotler, 1997). Neste
contexto, muitos gestores de empresas ingenuamente, pensam que para a ética ocorrer dentro de uma
empresa, basta distribuir folhetos contendo um código que todos magicamente seguirão. Para exercê-la
no contexto empresarial, mais do que palavras, é necessária acção.
Pensar em ética é pensar de forma, antes de tudo, reflexiva. É não se sentar em cima de respostas
prontas. Para viver eticamente em qualquer ambiente é preciso primeiro mergulhar dentro de si
mesmo, assumir as escolhas e lutar por um mundo melhor. Acreditar que a felicidade é possível, já que
esse é o objectivo maior da ética.
É do interesse das empresas agir sempre de maneira ética. Todos os melhores funcionários e
fornecedores, tenderão a preferir as empresas com melhores princípios éticos. E os clientes que têm
critério, que sabem escolher, dificilmente serão leais a um produto de menor qualidade, ou a um
serviço que seja pouco eficiente. A ética está directamente relacionada com valores morais, com o bem
e o mal, o que é certo ou errado. Entretanto, de acordo com Nash (1993) existem muitas razões para a
recente promoção da ética no pensamento empresarial. Os administradores percebem os altos custos
impostos pelos escândalos nas empresas: multas pesadas, quebra da rotina normal, baixo moral dos
empregados, aumento da rotatividade, dificuldades de recrutamento, fraude interna e perda de
confiança pública na reputação da empresa.

3.4 A Formalização Ética


Na presente secção vamos reflectir acerca do processo da formalização ética. Para resolver
contradições e outras situações entre organizações ou mesmo entre pares há necessidade de uma
formalização ética.
A formalização ética aparece como o sinal mais evidente de compromisso de boa conduta assumida
por uma organização (Marcier, 2003). É essencialmente uma via de reafirmação da liderança que nela
encontra o meio de clarificar certos problemas e de realizar o seu velho sonho de convergência dos fins
da organização.
Passemos então à definição:
A formalização ética “consiste em colocar explicitamente por escrito os ideais, os valores, os
princípios e as prescrições de uma organização, enunciando os seus valores e comportando uma
dimensão ética” (Silva t al, 1998).
A formalização ética é um veículo muito importante para estabelecer princípios éticos. Entretanto na
prática profissional, o comportamento ético é directamente afectado pelo clima ético2 que reina na
organização. Todavia, as influências do clima sobre as decisões dependem de duas dimensões:
• Do conteúdo: as normas que se ligam ao comportamento ético e os comportamentos que são
aceitáveis ou não;
Da sua forma ou poder: do grau de controlo que exerce sobre o comportamento.
São vários os factores que contribuem para comportamentos não éticos:
• Comportamento dos superiores;
• Comportamento dos colegas na organização;
• Práticas éticas em vigor na profissão;
• Clima moral da sociedade; Política formal da organização;
• Necessidade financeira pessoal.

3.5 Infraestruturas Éticas


O processo de formalização ética envolve o conhecimento das infraestruturas éticas. A infra-estrutura
ética: é uma combinação de processos e estruturas organizacionais que em conjunto constituem o
requisito mínimo para o compromisso ético genuíno. (Silva et al, 1998).
Existem três (3) constituintes básicos a saber:
• O código;
• A comissão;
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• A carta dos clientes.

O CÓDIGO DA ÉTICA
AULA 4
INTRODUÇÃO
Depois de termos apresentado na secção anterior o conceito da Deontologia da ética profissional e sua
importância no relacionamento profissional para estabelecer princípios éticos. Entretanto na prática
profissional em seguida iremos reflectir sobre códigos da ética e virtudes profissionais.
No final desta aula o estudante será capaz de:

Objectivos específicos
 Conhecer as principais virtudes profissionais e aplicar em contextos concretos;
 Alistar os princípios éticos na actuação profissional.

Um código de ética profissional é um conjunto de princípios que encoraja ou proíbe certas condutas
profissionais. Os códigos de ética são prescrições normativas que justificam certos objectivos e
padrões de comportamento. Todas as profissões têm princípios éticos acerca do meio apropriado para
os profissionais se comportarem em relação ao público e a cada colega (Arruda at.al, 2000). Portanto,
o código constitui uma garantia de explicação dos preceitos éticos. Por isso, não se pode infringir um
código que não existe.
O código de ética adquire um mérito adicional quando +e precedido por discussões sérias que
promovam a compreensão e reforcem o compromisso relativamente a princípios acordados. Daí que
muitos códigos são denominados códigos de conduta, isto é, lidando com o que se deve fazer. Porém,
os códigos são derivações da mente humana e uma imposição ao colectivo. Eles partilham os
diferentes valores que os proponentes lhes atribuem. A necessidade de tais normas deriva de um
fracasso da boa vontade. Se todos gostassem do próximo como de si mesmos e se comportassem
segundo os princípios mais elevados, os códigos pouco seriam necessários.

4. 1Tipos de Códigos de Ética


Os códigos de ética apresentam diversas características a destacar: um código deve ser formal, de
qualidade fixa, de limitação espacial, de limitação temporal e códigos de profissões cognatas.

4.1.1 Códigos Formais


Usam-se códigos formais para se captar e codificar a experiência. Estes fazem uma declaração de
princípios que se destinam a servir de linhas de orientação para acções éticas (Marcier, 2003). A
sociedade opera em dois códigos: um corresponde às leis, estatutos e regulações formais; o outro
corresponde ao nosso discernimento social informal e mais geral.
Quando alguém infringe as regras informais pensamos nas sanções legais que podem ser aplicadas.
Os códigos de ética têm de ser de qualidade fixa. De nada valeria dispor de uma série de códigos de
penitência variável. Imaginem uma organização de profissionais (ex: gestores, psicólogos com diversas
divisões). Seria bastante inadequado que uma das divisões fosse orientada por um conjunto de regras,
enquanto uma outra aplicasse um conjunto diferente e menos restrita de normas éticas. Tal prática
equivaleria a uma utilização cínica da ética como expediente. Contudo temos reconhecer que os
princípios que afectam a psicologia clínica não são relevantes para a psicologia organizacional (Arruda
et. al, 2000). Nestes casos, há princípios prevalentes e princípios de orientação subordinados
exclusivamente a determinadas profissões. O que é perfeitamente aceitável. Não é aceitável a noção de
normas artificiais.
Uma questão importante é a de saber se os princípios éticos devem ou não ser limitados pelo tempo ou
circunstância. Será que é possível tomar uma decisão ética sem referência ao contexto social? Fora do
espaço cultural, consideremos como exemplos: o trabalho numa organização em que o ponto de
referência organizacional pode não ser consistente com o código profissional; locais que defendem um
ponto de vista minoritário (como clubes homossexuais de sexo único).
Importa referir que os princípios éticos se aplicam mais no longo prazo do que no curto., Uma vez que
o comportamento ético é bom para o negócio da profissão. O comportamento ético não afecta o
benefício imediato, mas as perspectivas a longo prazo.
O comportamento ético destina-se ao longo curso. Portanto, o recém-chegado à prática privada não
sobreviverá à margem de um código de ética. Planear ou gerir uma prática exige uma consideração da
ética, tanto quanto exige a consideração duma planificação financeiro (Arruda et.al, 2000).
A moralidade e a ética distinguem-se de diversas formas: a moralidade traduz um conjunto penetrativo
de valores; A ética é a formalização de princípios para orientar o comportamento e aplicável a grupos
ou circunstâncias particulares, como psicólogos lidando com clientes.

4.1.2 Códigos de Profissões Cognatas


(profissões do mesmo ramo, ou seja, profissões de áreas comuns, como por exemplo: médicos,
enfermeiros, psicólogos, psiquiatras)
Também temos Códigos de Profissões Cognatas: há profissões que trabalham estreitamente com
diversos ramos da economia.

4.2 O que Os Códigos Têm em Comum

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Na presente secção vamos falar acerca do que existe de comum nos códigos de conduta profissional
para psicólogos.
Os códigos de conduta profissionais para psicólogos têm muito em comum, qualquer que seja o país de
origem. A diferença mais notável é o grau relativo de abrangência. Notemos que a obra de Kultgen
(1988 apud Francis, 2004) apresenta uma análise das características comuns dos códigos. Os códigos
de ética apresentam as seguintes características comuns:
• Competência; objectividade; e honestidade relativa a qualificações;
• Lealdade para com o cliente, empregador ou instituição, evitamento de conflitos de interesses e de
suborno;
• Direitos territoriais de colegas; cooperação; atribuição de crédito adequado; competição justa;
• Supervisão de colegas; denúncias de conduta imprópria; prevenção de práticas não autorizadas;
• Protecção da honra e dignidade da profissão; divulgação dos seus méritos;
• Evitamento de danos a terceiros, ao público, ao ambiente;
• Alargamento do conhecimento; investigação; publicação
• Não exploração de clientes, estudantes, sujeitos de investigação e animais;
• Veracidade nas declarações públicas;
• Envolvimento em actividades comunitárias não relacionadas com a profissão;
• Desenvolvimento profissional contínuo;
• Disponibilização dos serviços àqueles que deles necessitam.

4.3 Virtudes Profissionais


Todos devemos ser éticos tanto na vida profissional como familiar, entre outras relações em sociedade,
que nada mais é do que ser honesto, responsável pela nossa conduta. Daí que ser ético é viver sempre
com a consciência tranquila. Actuar eticamente vai muito além de não roubar ou não defraudar a
empresa, pois, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto de valores fundamentais a ter em conta.
De acordo com Velasquez (1998), a ética envolve os seguintes valores:
a) Honestidade: é a conduta que obriga ao respeito e à lealdade para com o bem de terceiros. Um
profissional comprometido com a ética não se deixa corromper em nenhum ambiente, ainda que seja
obrigado a viver e conviver com ele. A honestidade deve ser praticada também na competição, isto é,
todas as promoções de vendas devem seguir os princípios de honestidade na competição, baseando-se
pelo respeito aos concorrentes, consoante naturalmente aceito no mundo dos negócios e em respeito à
Lei;
b) Coragem: ajuda a reagir às críticas, quando injustas, e a defender se dignamente quando está
consciente de seu dever. Ajuda a não ter medo de defender a verdade e a justiça, principalmente
quando estas forem de real interesse para outrem ou para o bem comum. Significa ainda ousar tomar
decisões indispensáveis e importantes, para a eficiência do trabalho, sem levar em conta a opinião da
maioria;
c) Humildade: a humildade dá ao profissional a possibilidade de crescer. Só assim o profissional
consegue ouvir o que os outros têm a dizer e reconhecer que o sucesso individual é resultado do
trabalho da equipa. O profissional precisa de ser humilde para admitir que não é dono da verdade e que
o bom senso e a inteligência são propriedades de um grande número de pessoas. Portanto, representa a
auto-análise que todo o profissional deve praticar em função de sua actividade profissional, a fim de
reconhecer melhor as suas limitações. Trata-se de buscar a colaboração de outros profissionais mais
capazes, se tiver esta necessidade e dispor-se a aprender, numa busca constante de aperfeiçoamento;
d) A honestidade: está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a responsabilidade
perante o bem de terceiros e a manutenção de seus direitos. É muito fácil cair na falta de honestidade
quando existe a fascinação pelos lucros rápidos, privilégios e benefícios fáceis, ou pelo enriquecimento
ilícito em cargos que outorgam autoridade. Portanto, a honestidade é a primeira virtude no campo
profissional. É um princípio que não admite relatividade, tolerância;
e) Sigilo: é a completa reserva quanto a tudo o que se sabe e que lhe é revelado ou o que veio a saber
por força da execução do trabalho; O respeito pela vida das pessoas, dos negócios ou das empresas
deve ser desenvolvido na formação nos profissionais, pois trata-se de algo muito importante. Uma
informação sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória. Revelar
detalhes ou mesmo frívolas ocorrências dos locais de trabalhos, em geral, nada interessa a terceiros.
Por outro lado, existe o agravante de que planos e projectos de uma empresa ainda não colocados em
prática possam ser copiados e colocados no mercado pela concorrência, antes que a empresa tenha tido
oportunidade de lançá-los. Por outro lado, documentos, registos contáveis, planos de marketing,
pesquisas científicas, hábitos pessoais, entre outros, devem ser mantidos em sigilo e a sua revelação
pode representar sérios problemas para a empresa ou para os clientes do profissional.
f) Integridade: é agir dentro dos seus princípios éticos, seja em momentos de instabilidade financeira,
seja na hora de apresentar óptimas soluções;
g) Tolerância e Flexibilidade: Um óptimo profissional é aquele que ouve as pessoas e avalia as
situações sem preconceitos.
h) Legalidade: todos os lucros devem estar de acordo com a lei. Estes princípios são estabelecidos
para complementar os controles legais e não para substituí-los.

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i) Interesses do Consumidor: Todas as acções do Marketing Promocional devem ser honestas,
respeitando a integridade do consumidor, e devem ser vistas como tal. Nenhuma pessoa engajada na
promoção deve abusar da boa-fé do consumidor ou explorar as técnicas, meios e instrumentos
promocionais em seu detrimento.
j) Satisfação do Consumidor: Todas e quaisquer acções promocionais devem ser planificadas e
implementadas de tal maneira a evitar quaisquer frustrações dos consumidores.
k) Imparcialidade: Todo os planos e projectos promocionais que envolvem competições devem
prever total imparcialidade no julgamento, sem preconceitos de raça, credo ou religião, permitindo a
todos os participantes, indistintamente, equanimidade de participação.
l) Interesse Público: as promoções de vendas não podem conflituar com o interesse público, evitando-
se ser demasiadamente provocante, conter estímulo à violência ou comportamento anti-social, prejuízo
para a propriedade ou causar incómodo ou insulto a qualquer cidadão.
m) Veracidade: a apresentação da promoção deve ser clara, honesta, fácil de entender, contendo
sempre todos os dados principais de participação, aqueles a quem se destina.
n) Limitações: todo e qualquer facto que possa interferir na decisão de participar ou não de uma
promoção, deve ser claramente comunicado ao interessado, e de tal maneira que este possa avaliar
antes de se submeter a qualquer compra de bens, ideias ou serviços.
o) Dignidade: O que se defende aqui é que quando há um conflito entre a questão do tratamento da
pessoa como meio para um fim e o seu tratamento como um fim em si mesma, o último princípio deve
prevalecer. Muitas vezes vemos os clientes/pacientes individuais como um meio para assegurar o
nosso modo de vida profissional. Em posições em que interesses do cliente/pacientes estejam em
conflito com maiores lucros, devem tratar os interesses do cliente/pacientes como prevalecentes. Os
clientes/pacientes não existem para fornecer sustento, mas para serem ajudados. Este caso é um
exemplo primo da resolução de conflitos e de interesses. Um exemplo simultâneo de conduta
incorrecta e de comportamento não ético seria ridicularizar alguém que se tivesse acabado de fazer
uma confidência profissional. Por isso é necessário notar que a cortesia é parte essencial do tratamento
digno das pessoas.
p) Privacidade: a privacidade do consumidor deve ser protegida e as promoções devem ser
implementadas respeitando-se o direito dos consumidores a terem razoável privacidade, e evitando-se
que estes tenham quaisquer problemas ou aborrecimentos. O Promotor não pode fazer uso do nome,
endereço e imagem do consumidor na divulgação dos resultados das promoções, sem sua expressa
autorização, salvo nos casos em que claramente fique estabelecido que ao participar da promoção, ele
autoriza automaticamente o uso de seu nome e imagem. Promotores que usam listagens contendo
nomes de consumidores devem assegurar que estas listas sejam correctas, eliminando o nome do
consumidor que requisitar sua exclusão;
q) Perseverança: É uma qualidade difícil de encontrar, mas necessária, pois todo o trabalho está
sujeito a incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o
profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas.
r) Prudência: Todo o trabalho, para ser executando, exige muita segurança. A prudência faz com que
o profissional analise situações complexas e difíceis com mais facilidade e de forma mais profunda e
minuciosa, o que contribui para a maior segurança, principalmente das decisões. A prudência é
indispensável principalmente nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os julgamentos
apressados e as lutas ou discussões inúteis;
s) Sinceridade: a essência da sinceridade é que as coisas devem ser o que pretendem ser e não serem
escondidas. Este princípio deve ser honrado, mas não necessariamente em todo o particular, a atitude
“eu sei o que é melhor”, implica sérios perigos. O conselho é ser sincero e honesto, a menos que haja
uma razão muito forte para não o fazer. A sinceridade está ligada à privacidade, a que todos os códigos
fazem menção, precisamente porque toda a pessoa tem direito à privacidade pessoal, salvo em
circunstâncias especiais (por exemplo, quando o cliente solicita a divulgação ou quando imposto por
Lei);
t) Preços, Ofertas, Vantagens, Descontos: as ofertas, as condições de vantagens e descontos, assim
como as condições de preço e pagamento devem assegurar informações suficientemente claras,
correctas, precisas, sem sugerir dubiedade de interpretações pelos consumidores, e obedecendo-se
rigidamente à legislação do País.
Os deveres de uma profissão são obrigatórios. Devem ser levadas em conta as qualidades pessoais que
também concorrem para o enriquecimento de sua actuação profissional, algumas delas facilitando o
exercício da profissão. Muitas dessas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade,
aumentando neste caso o mérito do profissional que, no decorrer da sua actividade profissional,
consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais.

4.3.1. Confidencialidade e Privacidade


A privacidade neste caso limita o acesso às informações de um determinado paciente ou cliente, à sua
intimidade. Ela representa a garantia à preservação do seu anonimato e do seu resguardo. Por outro
lado, a confidencialidade é a garantia do resguardo das informações dadas pessoalmente em confiança
e a protecção contra a sua revelação não autorizada.
De acordo com Costa et al. (1998), no Juramento de Hipócrates já se afirmava: "qualquer coisa que eu
veja ou ouça, profissional ou privadamente, que deva não ser divulgada, conservará em segredo e não
contarei a ninguém".
O direito à privacidade não se extingue com a morte do indivíduo. Portanto, a confidencialidade é um
dever que todos os profissionais de saúde devem observar e manter mesmo após a morte do paciente.
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Numa pesquisa, por exemplo, são utilizados dados constantes em questionários, entrevistas, processos
e bases de dados para um fim específico. Essas informações não deverão ser utilizadas para outros fins.
A confidencialidade, embora uns dos preceitos morais mais antigos da prática médica, continua a ser
um tema extremamente actual no exercício da relação dos profissionais de saúde com os seus
pacientes.
Os profissionais, em especial de saúde, que entram em contacto com as informações dos pacientes têm
apenas autorização para o acesso às mesmas em função de sua necessidade profissional, mas não o
direito a usá-las livremente. Dessa forma, os profissionais somente deverão ter acesso às informações
que, efectivamente, contribuam ao atendimento do paciente.
Para Costa et al. (1998), a garantia da preservação do segredo das informações, além de uma obrigação
legal contida no Código Penal e na maioria dos Códigos de Ética profissional, é um dever de todos os
profissionais, e das instituições. Este conceito foi proposto por David Ross (1930). Ele propunha que
não há, nem pode haver, regras sem excepção.
Muitos autores e códigos utilizam indistintamente o termo sigilo. A palavra sigilo pode ter o
significado de mera ocultação ou de preservação de informações. Os segredos dizem respeito à
intimidade da pessoa, deve ser mantido e preservado adequadamente. A palavra sigilo tem sido cada
vez menos utilizada. A sua utilização em diferentes idiomas tem caracterizado cada vez mais os
aspectos de ocultação e menos os de preservação.
A omissão de informações é uma situação que permite verificar a diferença entre segredo e sigilo.
A privacidade, mesmo quando não há vínculo directo, impõe ao profissional o dever de resguardar as
informações com as quais teve contacto e de preservar na própria pessoa do paciente, atitude que pode
ser considerada como sendo um dever institucional. A confidencialidade, por sua vez, pressupõe que o
paciente revele informações directamente ao profissional, que passa a ser o responsável pela
preservação das mesmas.
As crianças e os adolescentes têm, tal como um adulto, o mesmo direito de preservação de suas
informações pessoais, de acordo com a sua capacidade, mesmo em relação a seus pais ou responsáveis.
Com relação aos pacientes idosos, especial atenção deve ser dada à revelação de informação aos
familiares e, especialmente, aos cuidadores. Estes deverão receber apenas as informações necessárias
para o desempenho de suas actividades de rotineiras ou seja, de dia a dia.

O profissional não deve sequer em momento algum confirmar uma informação que já é de domínio
público. As instituições têm a obrigação de manter um sistema seguro de protecção aos documentos
que contenham registos com informações de seus clientes. As normas e rotinas de restrição de acesso
aos processos de utilização de senhas de segurança em sistemas informatizados devem ser
continuamente aprimoradas.
Os profissionais, assim como todos os demais funcionários administrativos (secretárias de unidade,
funcionários do sector de arquivo de processos, de sectores de internamento, da área de facturação e de
contas dos clientes, entre outros) que entram em contacto com as informações, têm o mesmo
comprometimento, ou seja, apenas autorização para o acesso às mesmas em função de sua necessidade
profissional, mas não o direito de usá-las livremente (Costa et al., 1998).

No que se refere a questão da privacidade e da confidencialidade em qualquer actividade profissional,


seja contabilística, gestão de recursos humanos, administração de recursos empresariais, clínica em
psicologia, o psicólogo no exercício da sua actividade deve:
• Respeitar o direito à privacidade e à confidencialidade de todos os seus clientes sem discriminação,
independentemente da raça, situação social, económica, etnia, etc;
• O profissional tem o estrito dever de proteger a confidencialidade de toda a informação a que tem
acesso no exercício da sua profissão.
• Se o profissional considera que não estão reunidas as condições que lhe permitam garantir a
confidencialidade, deve recusar ou terminar a relação profissional com o cliente.
No exercício da profissão, o profissional deve tomar todas as medidas adequadas para assegurar que a
sua equipa de trabalho compreenda e respeite efectivamente o dever da confidencialidade.
Um funcionário leal se alegra quando a organização ou seu departamento é bem-sucedido. Defende a
organização, toma medidas concretas quando ela é ameaçada, tem orgulho em fazer parte da
organização, fala positivamente sobre ela e defende-a contra críticas. Lealdade não quer dizer
necessariamente fazer o que a pessoa ou organização quer que você faça. Lealdade não é sinónima de
obediência cega. (SÁ. 2005)
Lealdade significa fazer críticas construtivas, mas mantendo-as dentro do âmbito da organização.
Significa agir com a convicção que o seu comportamento vai promover os legítimos interesses da
organização. Assim, ser leal às vezes pode significar a recusa em fazer algo que você acha que poderá
prejudicar a organização, a equipa de funcionário.

A competência é o exercício do conhecimento de forma adequada e persistente a um trabalho ou


profissão (Srour 2003). Devemos buscála sempre. Já dizia Aristóteles “a função de um citarista é tocar
citara, e a de um bom citarista é tocá-la bem”.
Temos que buscar continuamente a competência profissional em qualquer área de actuação. Portanto,
os profissionais devem ser incentivados a buscar competências e mestria através do aprimoramento
contínuo de suas habilidades e conhecimentos. Porque o conhecimento da ciência, da tecnologia, das
técnicas e práticas profissionais constituem pré-requisitos para a prestação de serviços de boa

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qualidade. Nem sempre é possível acumular todo conhecimento exigido por determinadas tarefas, mas
é necessário que se tenha postura ética de recusar serviços quando não se tem a devida capacitação
para executá-los.
A compreensão é uma qualidade que ajuda muito o profissional, porque é bem aceite pelos que dele
dependem, em termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante no
relacionamento profissional. (SÁ. 2005). É bom não confundir compreensão com fraqueza, para que o
profissional não se deixe levar por opiniões ou atitudes, nem sempre válidas para eficiência do seu
trabalho, para que não se percam os verdadeiros objectivos a serem alcançados pela profissão.
No exercício da sua função, o profissional deve reconhecer e aceitar as diferenças entre pessoas sem
qualquer discriminação baseada no sexo, idade, nacionalidade, raça e etnia, situação socioeconómica,
educação, condição de saúde, opções política, moral, estado civil ou orientação sexual, tendo como
alicerce as suas actividades profissionais no respeito absoluto pela dignidade e pelos direitos da pessoa
humana. Isto é, o profissional deve agir com imparcialidade, uma qualidade tão importante e que
assume as características do dever, pois destina-se a se contrapor aos preconceitos, a reagir contra os
mitos e a defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo uma posição justa nas situações
que terá que enfrentar. (Velasquez, 1998).
Para ser justo é preciso ser imparcial. Logo a justiça depende muito da imparcialidade. A essência dos
valores éticos envolve a equidade das relações. O poder detido pelos profissionais é marcado pela
necessidade de fazer da cortesia e da dignidade em relação aos clientes, parte essencial do trabalho
profissional. Por exemplo: um consultor profissional deve tratar os clientes com consideração porque
se não o fizer prejudicaria o cliente, e prejudica igualmente a reputação do profissional e da profissão.
Portanto, não pode existir uma situação em que de um lado, tem todos os direitos e o outro lado, todos
os deveres.
Quando o profissional utiliza dados confidenciais em publicações, aprendizagem, mantém o anonimato
dos seus pacientes, camuflando as informações pessoais. Portanto, há necessidade de garantir a reserva
dos registos e arquivos com informações confidenciais sobre os seus pacientes (Velasquez, 1998).
No trabalho com grupos ou famílias, o profissional deve apresentar o sigilo como responsabilidade de
todos os participantes.
Quando as circunstâncias profissionais o exigem, o profissional deve procurar conhecimentos,
conselho e treino com profissionais ou grupos específicos. O profissional não deve esquecer que, para
manter o mais alto nível de desempenho profissional, precisa investir de forma contínua no seu
desenvolvimento, como pessoa e profissional. Isto é, deve ser sensível aos valores da comunidade em
que está inserido, e conduzir o seu comportamento pessoal com grande prudência para que não tenha
consequências negativas no desempenho profissional e na credibilidade dos colegas e da sua profissão.
O profissional deve procurar manter com os colegas e demais profissionais relações caracterizadas
pelo respeito, confiança, lealdade e colaboração. A solidariedade profissional constitui um
compromisso essencial para a actividade profissional. Em quaisquer relações com outros profissionais
trabalha-se exclusivamente na esfera da sua competência, reconhecendo as áreas específicas e
independentes das outras profissões. Mesmo quando não existem relações formais com profissionais
de outras áreas, o profissional tudo deve fazer para que sejam assegurados outros serviços profissionais
de que os seus pacientes necessitem.

SUMÁRIO
Ética profissional habilita o profissional a adoptar uma atitude pessoal, de acordo com os princípios
éticos, através do código de ética que regula os direitos e deveres de cada profissão, na medida em que
a profissão deve ter em conta o bem comum e o interesse público porque sempre se relacionam de uma
forma ou de outra com os seres humanos tendo em conta a liberdade, a consciência e responsabilidade.
A Ética Profissional estuda e regula o relacionamento do profissional visando a dignidade humana e a
construção do bem-estar no contexto sociocultural em que se insere.
Códigos Formais
• Leis:
• Estatutos;
• Regulamentos formais.
O código encoraja ou proíbe certas condutas profissionais. O código é uma garantia de explicação dos
preceitos éticos. Por isso, não se pode infringir um código que não existe.
A formalização ética consiste em colocar explicitamente por escrito os valores, os princípios e as
prescrições de uma organização.

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