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ÉTICA JURÍDICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

A Ética, provém da palavra Ethos “Grego”, que significa carácter ou costume e ela
estuda aquilo que é considerado correcto ou incorrecto, adequado ou inadequado ou
seja o saber como devemos viver dentro duma sociedade.

Ética é o conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no


exercício duma profissão. Em 1834, o filósofo Jeremy Benthaw cria a Deontologia, cujo
seu objecto de estudo é o fundamento de deveres para as normas. Portanto, esta é
ainda conhecida como a teoria do dever.

Emmanuel Kant, também deu o seu contributo para a área de deontologia. Para este o
agir por dever é a maneira de dar acção o seu valor moral; e por sua vez a perfeição
moral só pode ser atingida por uma livre vontade.

Pois a deontologia deriva do grego deon ou dentos/logos e significa o estudo dos


deveres. Emerge da necessidade de um grupo profissional de auto regular, mas a sua
aplicação traduz-se em hetero regulação, uma vez que os membros do grupo devem
cumprir as regras estabelecidas num código e fiscalizadas por uma instância superior
(ordem profissional ou associação).

O objectivo da deontologia é reger os comportamentos dos membros de uma profissão


para alcançar a excelência no trabalho, tendo em vista o reconhecimento pelos pares,
garantir a confiança do público e proteger a reputação da profissão. Trata-se em
concreto, do estudo do conjunto dos deveres profissionais estabelecidos num código
específico que, muitas vezes, propõe sanções para os infractores. Melhor dizendo, é
um conjunto de deveres, princípios e normas reguladoras dos comportamentos
exigíveis aos profissionais, ainda que nem sempre estejam codificados numa
regulamentação jurídica. Isto porque alguns conjuntos de normas não têm uma função
normativa (presente nos códigos deontológicos), mas apenas reguladora (como por
exemplo, as declarações de princípios e os enunciados de valores).

Neste sentido, a deontologia é uma disciplina da ética especialmente adaptada ao


exercício de uma profissão. Em regra, os códigos de deontologia tem por base grandes

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declarações universais e esforçam-se por traduzir o sentimento ético expresso nestas,
adaptando-o às particularidades de cada profissão e de cada país. As regras
deontológicas são adoptadas por organizações profissionais, que assumem a função
de “legisladora” das normas e garante da sua aplicação. Os códigos de ética são
dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que é frequente os termos
ética e deontologia serem utilizados como sinónimos, tendo apenas origem
etimológica distinta.

Portanto, a Deontologia é um conjunto de princípios e regras de condutas e deveres de


uma determinada profissão, o que significa que cada profissional dever ter/possuir a
sua própria deontologia para regular o princípio da profissão e de acordo com o código
de ética da sua categoria. É uma componente essencial e indispensável para o
exercício livre e responsável de qualquer profissão digna de uma confiança pública.

Ética Profissional

A ética profissional pode ser entendida como as praticas que determinam a adequação
no exercício de qualquer profissão. É o conjunto de normas éticas que formam a
consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta.

O profissional ético é aquele que cumpre com todas as actividades de sua profissão,
seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
Através da ética se dão as relações interpessoais no trabalho, visando o respeito e o
bem-estar no ambiente profissional.

Dentro do ambiente de trabalho, a ética é essencial, pois atitudes inadequadas podem


afectar o desempenho e a reputação de uma empresa/instituição. Apesar de cada
profissão possuir seu próprio código de ética, há elementos da ética profissional que
são universais e aplicáveis a qualquer actividade profissional.

Princípios da Ética

 Respeito pelas pessoas; Beneficência e Justiça; Honestidade no trabalho;

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lealdade a empresa/instituição ou organização; formação de uma consciência
profissional; Segredo profissional; prestação de contas ao chefe hierárquico; e
observação das normas administrativas da empresa/instituição.

Importância da Ética

 A ética não é uma opção, é necessária, e ninguém pode viver sem normas éticas;

 A ética profissional funciona como garantia e segurança da sociedade


protegendo-a contra determinados abusos por parte dos profissionais;

 A ética favorece a confiança da sociedade na profissão; e um bom ambiente de


trabalho.

Código de conduta: é um acordo explícito entre os membros de determinados grupos


sociais (uma profissão, empresa, instituição, organização ou mesmo associação) que
visa explicar como aquele grupo pensa e define a sua própria identidade, seus
objectivos conforme os princípios universais da ética.

Características de um código de conduta

 Define o comportamento adoptar;

 Explicita claramente a conduta a evitar;

 Reflecte e define os princípios éticos a adoptar; e

 Facilita a tomada d decisões pelos membros do grupo/organização.

Características de um bom profissional

 Iniciativa; Respeito; Solidariedade; Honestidade; Lealdade; Pontualidade;


Obediência; Assiduidade; Responsabilidade; Humildade; Optimista e valorização
Profissional.

Segredo Profissional

Um dos fundamentos éticos é o “Sigilo Profissional”. O dever de sigilo é pressuposto e

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contrapartida de confiança das organizações, dos superiores hierárquicos e de outras
pessoas. A regra é absoluta confidencialidade dos factos que lhe seja confiado directa
ou indirectamente no exercício das suas funções.

A simples implantação de um código de comportamento não assegura que se pratique


valores e normas que nele estabelece. O código de conduta é algo que se pode
aprender enquanto a rectidão moral se adquire com esforço dentro de uma
comunidade de aprendizagem, sempre com um contínuo exercício de ensaios, erros e
melhorias.

Princípios deontológicos

 Independência; Confiança; Honestidade; Solidariedade Profissional e


Responsabilidade.

O profissional do século XXI e os seus desafios

“Permanecendo o que somos não nos podemos tornar aquilo que pretendemos ser”.

“Jamais na história da humanidade foi tão testado e foi posta a prova em plena era de
globalização, informação só terá espaço todo aquele que souber exactamente o que
deseja alcançar e usar toda a sua força e inteligência para abrir novos caminhos e
chegar onde deseja.

Portanto, será necessário que todo profissional de hoje saiba:

 Definir as suas metas; buscar novos conhecimentos; usar a comunicação como


o diferencial; fazer o seu marketing pessoal com simplicidade e ousadia;
relacionar-se bem com os colegas, superiores hierárquicos e clientes; e buscar
sempre a excelência profissional.

Suma-se a esses requisitos a habilidade de enfrentar crises e mudanças repentinas,


pois quem não tiver a mente aberta para as novidades do mercado de trabalho, ficará
perdido e sem ramo na vida.

Assim, concluímos que o profissional nesse novo século precisará inovar sempre,

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acreditar no seu potencial, fortalecer os seus pontos fracos e usar como mestria as
suas habilidades natas.

Carreira Profissional e os seus desafios

O profissional moderno só se torna mais forte na medida em que enfrenta novos


desafios e cada dos mais nas diversas situações.

É sempre bom lembrar que para ser bem sucedido em qualquer profissão, é necessário
que a pessoa: comunique com a eficiência; saiba lidar com conflitos internos e
externos; tenha metas definidas; aprenda algo novo todos os dias; pratique o marketing
pessoal com eficiência e saiba relacionar-se com os outros.

É necessário ter uma visão global de tudo que acontece em seu redor bem como estar
todo tempo actualizado com o que acontece com a profissão ou seu ramo de negócio.

É sempre importante lembrar que as pessoas munidas de informação, aquelas que


lêem com frequência, escutam a rádio, participam em eventos sociais, estão mais
avançados que aqueles que estão parados no tempo e no espaço, sem se dar em conta
que tudo nesse mundo globalizado está acontecer muito rápido e o profissional que
tiver curiosidade e disposição para estar sempre aprender coisas novas terá sempre
oportunidade de progredir na sua carreira profissional.

Ser bom profissional não basta, é preciso ser excelente

Os bons profissionais estão a ficar fora do mercado de trabalho, isto porque quem
deseja manter se actualizado na carreira procura sempre a excelência.

E para ser excelente naquilo que se propõe a fazer, o profissional moderno precisa:

 Fazer mais por pouco tempo e menos recursos; trabalhar acima da média das
outras pessoas; saber se lidar com os conflitos internos e externos; aprender
algo novo todos os dias; entender as variações da sua área de actuação;
participar em seminários e works shops; manter a sua rede de relacionamento
sempre activa; desenvolver uma espiritualidade forte; acreditar sempre no seu
poder de acção.

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Como sabemos a excelência só se torna hábito quando não nos acomodamos na
nossa profissão, quando estamos sempre a procura da nossa melhoria contínua e
quando não aceitamos a mediocridade.

Portanto, é necessário ser melhor a cada novo dia, a cada nova semana, a cada novo
mês e a cada novo ano.

Princípios éticos

 Justiça; Igualdade de direito; Dignidade da pessoa humana; Cidadania plena e


Solidariedade.

Cuide bem da sua Carreira Profissional

Jamais na história da humanidade o ser humano tão posto a prova, e ao que refere a
carreira profissional a pressão está aumentar a cada dia. Então para manter o seu
emprego é necessário desenvolver novas habilidades para a sua carreira ou para que
esteja sempre actualizado com o que se refere a sua profissão:

 Mantenha a sua leitura em dia; esteja actualizado com as novidades do mercado;


participe em novos cursos e palestras; converse com os profissionais das outras
áreas; sempre que possível viaje para conhecer outras culturas, povos e
costumes; participe de eventos sociais e pratique o seu marketing pessoal.

Vantagens da ética aplicada ao ambiente de trabalho.

 Maior nível de produção; favorecimento para criação de um ambiente de trabalho


harmonioso, respeitoso e agradável; e aumento de índice de confiança entre
trabalhadores.

Exemplo de atitudes éticas no ambiente de trabalho

 Educação e respeito entre os funcionários;

 Cooperação e ajuda entre colegas de trabalho;

 Divulgação de conhecimento que possam melhorar o desempenho das

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actividades realizadas na empresa ou instituição;

 Busca de conhecimento profissional sem prejudicar outros colegas de trabalho;

 Acções e comportamentos que visam criar um clima agradável e divertido da


empresa/instituição;

 Realização em ambiente de trabalho apenas em tarefas relacionadas com o


trabalho; e

 Respeito a normas ou regras da instituição.

Mandamentos para o sucesso profissional

No mundo competitivo que estamos a viver, conseguira ter mais sucesso aquele que
saber administrar mais a carreira profissional e principalmente não perecer diante dos
obstáculos. O primeiro importante ponto a esclarecer, é que o profissional que alcança
sucesso é aquele que procura sempre desempenhar melhor as suas funções a cada dia,
para isso faz-se alusão de alguns mandamentos importantes, dentre eles:

Mandamento da Motivação: quando se sentir motivado essa é a melhor hora para fazer
uma auto análise do que vem desenvolvendo na sua carreira, com certeza poderá
modificar algumas atitudes para seguir com mais ânimo a sua trajectória profissional;

Mandamento de Aqui e Agora: se está a programar os seus afazeres diários é


imprescindível que comece a agir imediatamente, pois o mundo globalizado não perde
pessoas acomodadas. O certo é começar a agir com o que tem em mão até ao fim.

Mandamento da ousadia e auto -determinação: é sabido que sem ousadia e


determinação profissional moderno não se consegue ir longe demais. Portanto,
coloque as suas veias uma dosagem de inovação para que o seu trabalho seja
realizado com mais profissionalismo.

Mandamento da convivência pacífica: este mandamento ensina-nos a relacionarmo-


nos melhor com os nossos colegas de trabalho, superiores hierárquicos e
principalmente com cliente, quem se relaciona bem vive melhor, quem trabalha melhor

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consegue melhores resultados.

Mandamento de perseverança: Diante dos obstáculos, o ser humano tem uma grande
desculpa para desistir, mas aí que mora o perigo das pessoas que alcançaram o tão
desejado sucesso profissional. Então siga firme apesar dos atropelos do dia à dia, pode
muito mais do que já conseguiu hoje. E nunca desista!

Mandamento da organização: o profissional organizado, trabalha melhor, porque tudo


que precisa está no seu devido lugar, desde uma simples caneta até as pastas de
arquivos. Se não se acha de uma pessoa organizada, comece hoje mesmo a organizar
a sua mesa de trabalho da melhor maneira possível facilitando assim o seu
desempenho profissional.

Mandamento da fé: esse talvez seja o mais importante, porque a fé é que move
montanhas, ou seja sem fé nenhum trabalho, por mais belo que seja tem sentido. Por
isso amigo (a) seja humilde e suficiente para manter a sua verdadeira fé viva, ela com
certeza lhe ajudará em todos os momentos, principalmente nos mais difíceis.

Esses mandamentos seguidos diariamente ajudarão a ser mais motivado, mais ousado,
mais determinado nas suas acções. Lembre-se sempre que, com uma convivência
pacífica, com perseverança, organização e fé, os resultados positivos acontecerão
naturalmente. Siga firme, pois o mundo só aplaude de pé aquelas pessoas que não
desistem diante de uma derrota temporária e segue em frente com uma coragem fora
do comum.

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Ética nas profissões jurídicas

Saber ser um bom profissional não é de modo algum tarefa fácil. Pode-se dizer que é
uma tarefa que exige um esforço contínuo e empenho constante. É um caminho longo
mais necessário se requeremos ser bem-sucedidos na nossa carreira e reconhecido
pelo trabalho que desempenhamos.

Características essenciais de um bom profissional (jurista)

Ambicioso: ter ambição é uma característica fundamental no bom profissional para


quem luta para conseguir ser alguém. Essa ambição tem haver com o empenho e com
a vontade de querer sempre um pouco mais.

Bem-disposto: saiba sorrir e ser amável para com todas as pessoas que o rodeiam,
quer trabalhem consigo directamente ou não. A boa disposição é importante para
garantir um bom ambiente de trabalho. Entre no seu escritório sempre com um sorriso
nos lábios.

Criativo: ter sempre uma ideia na manga pronta a ser usada e mostrar que você é uma
pessoa atenta e com soluções para os problemas que vem surgindo. Tem que ter a
ideia certa, no momento certo, para não correr o risco de surgir com ideias
ultrapassadas.

Dinâmico: ninguém gosta de ter alguém na sua empresa parado (estático) que precisa
de pedir licença de uma mão para mexer a outra. Dinamismo é o sinónimo de
produtividade.

Eficiente: quem não gosta de ter trabalho feito dentro do prazo/limites estabelecidos.
Tenha sempre o trabalho pronto a tempo e hora e bem feito, verá como o seu chefe

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ficará satisfeito consigo.

Feliz: um trabalhador feliz é aquele que veste a camisola da empresa para que o
trabalho em cada desafio com um sorriso nos lábios e sente no seu local de trabalho
como uma segunda casa.

Gentil: saber ser amável e gentil para as pessoas que o rodeiam, esta é uma
característica que será seguramente bastante apreciada; com ou não; seja de atropelos,
saiba ter sempre uma palavra mágica para com os seus colegas.

Honesto: não roube as ideias dos seus colegas; tenha suas próprias ideias e saiba dar
mão a palmatória quando seu colega tem ideias pertinentes e interessantes, por outro
lado não alinhe em jogos sujos ou de lançar boatos para denigrir os colegas, acredite
não há pior política a adoptar que esta.

Inteligente: tente ser inteligente ao tomar decisões. Saiba tomar a decisão mais
acertada quando os problemas apertam e tenha jogo de cintura para contornar as
situações difíceis.

Justo: elogie sempre que se concretize um bom trabalho, mais saiba também ser
crítico quando for preciso.

Lutador: tenha sempre em vista um objectivo bem preciso e lute até conseguir
concretizar. E sempre que concretizar, primeiro lute pelo melhor trabalho e para ser um
trabalhador mais eficiente.

Meticuloso: nunca deixe que um pormenor qualquer falhe no seu trabalho. Veja e reveja
tudo que lhe pedirem para fazer de modo que nada falhe.

Notável: tente sempre fazer um bocadinho mais do que lhe pedem. Notabilize-se dentro
da sua equipe de trabalho pelo seu constante bom desempenho.

Organizado: arranje um método de trabalho rentável e que lhe ajude a alcançar bons
objectivos. Tenha sempre a sua secretaria organizada, o seu ficheiro, o seu computador
limpo e o seu dossier a disposição.

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Pervicaz: tente ter o seu sexto sentido sempre em alerta para melhores resultados.
Sempre que lhe cheirar um bom negócio ou oportunidade avance.

Querido: seja um bom colega e saiba deixar nas pessoas que trabalha com eles a
melhor imagem possível.

Responsável: esta é uma qualidade imprescindível para quem quer ser distinguido
como bom profissional. Não dispor dos seus compromissos, tenha a sua agenda
sempre organizada, saiba fazer um bom trabalho dentro dos prazos que lhe são dados,
seja sempre íntegro.

Sensato: tenha os pés bem assentes na terra e não se deixe levar ou por projectos
demasiados audacioso. Tenha a sensatez de nunca dar o passo maior que a perna,
tendo sempre a noção do que consegue realmente fazer. É preferível fazer coisas
pequenas bem feitas do que querer fazer demais e depois não conseguir.

Trabalhador: mostre constantemente empenho e dedicação no trabalho, faça com que


toda gente veja que é extremamente esforçado.

Utópico: ser utópico não é necessariamente uma coisa má. Significa apenas que sonha
em conseguir concretizar cada vez mais e dar tudo por tudo pela sua empresa.

Visionário: seja uma pessoa de visão e esteja sempre atenta para novas oportunidades
ou desafios. Saiba ver o que pode trazer melhores resultados para sua empresa. Tente
ver boas oportunidades naquelas pequenas coisas que os outros negligenciam.

Ex – Men: não querer ser mais do que consegue e não se pense em super herói.

Zeloso: seja cuidadoso com tudo que envolve o seu trabalho, de modo a que nunca seja
apanhado no meio de pormenor que possa prejudicar seriamente o seu trabalho.

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Ética do Magistrado Judicial

Magistrado judicial é o conjunto de juízes dos tribunais judiciais que formam um corpo
único e regem-se por um só estatuto, e nesse estatuto se encontram uma série de
deveres e direitos dos magistrados judiciais que fazem parte integrante da lei
processual.

A magistratura também tem uma ética, ela é mais que uma profissão. A ética do
magistrado é mais que uma ética profissional.

A sociedade exige dos magistrados uma conduta exemplarmente ética, atitudes que
podem ser compreendidas, perdoadas ou minimizadas, quando são assumidas pelo
cidadão comum, essas atitudes são absolutamente inaceitáveis quando partem de um
magistrado. Pois o juiz é um espelho social onde o jurisdicionado se mira e encontra
justificativas para agir de tal e qual forma, isto porque, no seu modo de ver crítico é
permitido concluir que “se o juiz assim age, mas do que nunca, eu que sou um simples
cidadão posso fazê-lo”.

A actividade do julgador exige que ele tenha total imparcialidade ao julgar uma acção, o
que significa que ele não pode julgar de acordo com os seus sentimentos ou com as
diferenças das partes, mas sim julgar de acordo com o que a legislação impõe.
Portanto, não poderá o juiz julgar de acordo com as suas simpatias ou antipatias; deve-
se colher provas no decurso do processo, e ao final, julgar de acordo com aquilo que as

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provas indicam, e de acordo com a legislação, devendo ser racional e não emocional.

O juiz através de suas decisões, tem o papel de dizer o direito, criando assim uma
figura de grande importância social. E é através dessa grande importância que o juiz
deve ter uma grande responsabilidade ética, pois os conflitos da sociedade estão
depositados sobre sua função, pois a sociedade acredita e confia na figura do juiz.

O julgador para a maioria da sociedade é muitas vezes um ser “anormal”, onde as


pessoas idealizam alguém perfeito, com costumes totalmente diferentes, alguém que
nunca precisará do judiciário, porém o juiz é uma pessoa como todas as outras, mas
que representa um mediador, ou seja, é uma pessoa que julga os conflitos existentes
na sociedade.

Normas de direccionamento ético na magistratura

Os juízes devem obediências a determinadas virtudes éticas de carácter universal,


destacando-se: a discrição, serenidade, confiabilidade, educação, presteza,
pontualidade, capacidade de ouvir o outro, domínio da linguagem, cultura, apresentação
pessoal, boa imagem compreendendo a sobriedade pública e a positividade familiar.

Na prestação jurisdicional em si, deve-se objectivar a imparcialidade, com coerência e


ausência de contradição, a não antecipação de seu posicionamento jurídico e a recusa
de qualquer tipo de presente. O magistrado deve prezar pela imparcialidade também na
área política, no intuito de não personificar na actividade jurisdicional uma determinada
corrente política em detrimento dos ideais de justiça, que devem permear suas funções.

Deveres do juiz de

O estatuto dos magistrados judiciais estabelece critérios éticos para a magistratura ao

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estabelecer acerca do ingresso na carreira mediante concurso de provas e títulos, apos
nomeação para o exercício da função pública; a ascensão da carreira pelos critérios de
periodicidade trianual, os magistrados não podem residir fora da sede da área onde se
situa o tribunal em que exerce funções, salvo em casos devidamente justificados e
fundamentados, mediante autorização previa do Conselho Superior da Magistratura
Judicial; a dedicação exclusiva à profissão; a imparcialidade e igualdade de atenção no
exame das causas; a abstenção política; a fundamentação das decisões; a vedação de
recebimento de contribuições pecuniárias de pessoas físicas ou jurídicas; em razão da
função e a vedação de advogar no juízo ou tribunal salvo em causa própria.

O Estatuto dos Magistrados Judiciais, aprovado pela Lei nº 7/2009 de 11 de Março,


dispõe no artigo 39 os deveres dos magistrados. E, são deveres deontológicos nos
termos do número 2 do artigo supra os seguintes:

a) Desempenhar as funções com honestidade, sinceridade, imparcialidade e


dignidade;

b) Guardar o segredo profissional nos termos da lei;

c) Comportar-se na vida pública e privada de acordo com a dignidade e prestígio do


cargo que desempenha;

d) Cumprir e fazer cumprir com independência, serenidade e exactidão as


disposições legais e os actos de ofício;

e) Não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar;

f) Determinar as providências necessárias para que os actos processuais se


realizem nos prazos legais;

g) Tratar com urbanidade as partes, os membros do M.P, os advogados, as


testemunhas, os funcionários e auxiliares da justiça, e atender aos que
procurarem a qualquer momento, quanto se trate de providência que reclame e
possibilite solução de urgência;

h) Comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão, e não

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se ausentar injustificadamente antes de seu término;

i) Exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, especialmente no que se


refere à cobrança de custas e emolumentos, embora não haja reclamação das
partes; e

j) Manter conduta irrepreensível na vida pública e particular;

k) Abster-se de manifestar por qualquer meio, opinião sobre o processo pendente


de julgamento ou de decisão, ou juízo sobre despachos, pareceres, votos ou
sentenças de órgãos judiciais ou MP, ressalvada a critica nos autos no exercício
da judicatura; e

l) Abster-se de aconselhar ou instruir as partes, em qualquer letigio e sob qualquer


pretexto, salvo nos casos permitidos pela lei processual.

Princípios que orientam a ética do magistrado

1. Da independência do juiz

A independência é um dos pilares da estrutura d poder judiciário; sem ela, a própria


função judicial fica esvaziada de sentido. É condição sine qua non para um Estado de
direito que seja garantido ao cidadão a total independência dos tribunais.

Para que o juiz possa exercer bem a sua função, vê-se impossibilitado por foça da lei
em realizar certos actos. Isso decorre da sua indispensável independência funcional. E
implica, para tanto a independência ética, bem como a financeira, factor extremamente
necessário, pois: o magistrado precisa de independência económica.

2. Do princípio da Imparcialidade

A respeito da imparcialidade, o juiz é mero agente de um dos sujeitos processuais, que


é o Estado; não participa do jogo de interesses contrapostos, e sim comanda a

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actividade processual desinteressadamente e imparcialmente. Ele não está no
processo em nome próprio, mas sim na condição de órgão do Estado, que não se
coloca em pé de igualdade com as partes, nem actua em defesa de interesses próprios,
e sim em benefício geral.

O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas constantes nos autos, a verdade
dos factos com objectividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo,
uma distância equivalente das partes, e para obter isonomia tratando os desiguais na
medida de suas desigualdades, evitando assim, todo tipo de comportamento que possa
reflectir favoritismo, predisposição ou preconceito.

As decisões dos juízes devem ser compreendidas pelas partes e pela colectividade.
Deve o juiz fugir do vício de utilizar uma linguagem ininteligível. Os juízes devem assim,
evitar ao máximo o excesso de juridiquês, de modo que as suas sentenças e acórdãos
sejam legíveis e inteligíveis aqueles mais humildes e com pouca instrução formal.

A imparcialidade consiste em não proteger e nem perseguir quem quer que seja, pois o
magistrado é o fiel da balança, a imparcialidade é inerente à função de julgar ou de
acusar.

3. Da integridade pessoal e profissional

A conduta íntegra é importantíssima a todos aqueles que se dediquem à actividade


jurisdicional: quem não em a capacidade de ser honesto não pode envergar a beca.

A integridade de conduta, dentro e fora do âmbito estrito da actividade jurisdicional,


contribui para uma fundada confiança dos cidadãos, na mesma linha de raciocínio, o
magistrado deve comportar-se, na vida privada, com reserva e austeridade, de modo a
dignificar a função qe exerce, isto é, o magistrado deve evitar transparecer para a
sociedade, uma desnecessária aparência de sua riqueza, seus bens, seu padrão de vida
devem ser compatíveis com os subsídios que recebe do Estado.

4. Da Indispensável cortesia

A educação é factor primordial para a convivência do ser humano em sociedade. A

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deselegância, grosseria, e falta de gentileza, engendra conflitos não só no poder
judiciário, como na colectividade em geral.

O magistrado tem o dever de cortesia para os colegas, para com os membros do MP,
os advogados, os servidores, as partes, as testemunhas. Deve o juiz ter respeito à
hierarquia administrativa e a disciplina judiciária, ter moderação nas manifestações
públicas e elegância nas relações interpessoais. O juiz não deve e não pode considerar-
se a palmatória do mundo ou a pedra de toque, a fonte ou o centro da ordem moral do
universo, pois julga o homem mediano segundo a lei vigente no país e não de acordo
com os seus princípios ideológicos.

5. Da prudência do Magistrado

Pode-se definir a prudência do juiz como o cultivo permanente do cuidado, tolerância,


paciência, e da compreensão para com todos; também, como exercício contínuo de
cautela, de equilíbrio, de sensatez e de consequencialismo que nada mais senão a
consciência dos efeitos de suas decisões.

Especialmente ao proferir decisões, cabe ao magistrado actuar de forma cautelosa,


atento às consequências e aos desdobramentos jurídicos, económicos, psicológicos e
sociopolíticos que pode provocar na vida das pessoas e na sociedade.

6. Do sigilo profissional

O magistrado tem o dever de cautela, de descrição, de guardar absoluta reserva na vida


pública e privada, sobre dados ou factos pessoais de que haja tomado conhecimento
no exercício de sua actividade. Também, aos juízes integrantes de órgãos colegiados,
impõe-se o dever de preservar o sigilo de votos que não hajam sido proferidos e
daqueles de cujo teor tomem conhecimento, eventualmente antes julgamento.

7. Da dignidade, honra e decoro judicial

A dignidade, honra e decoro são qualidades essenciais a quem deseja exercer a


magistratura em toda a sua plenitude. O cego, por sua natureza, tem em si a sua quota
de excelência, prestígio e glamour perante toda a sociedade tendo inclusive, lugar na

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ordem de precedência em cerimónias públicos, motivo pelo qual os juízes são tratados
protocolarmente por “vossa excelência ou meritíssimo” e não “doutor”, que não é
pronome de tratamento mas sim um título académico.

O juiz é um profissional e ao mesmo tempo uma autoridade que goza de grande


consideração e respeito, devendo zelar por esta imagem, evitando situações equívocas,
frequentar lugares mal falados, usar de linguagem vulgar, atitudes não condizentes
com a postura e o aprumo no apresentar-se e no agir. Enfim, manter uma correlação
entre a imagem figurada na sociedade e a imagem real oferecida, disciplinando sua
vida e pautando-a dentro dos limites de recomendável para o cargo ou a profissão.

O juiz tem que julgar segundo a lei, não cabendo discriminar negativamente pessoas,
grupos sociais ou instituições. Onde a norma oficial da magistratura não fez essa
diferenciação, não pode o magistrado utilizar como critério de justiça, seus próprios
preconceitos morais.

Lei orgânica da magistratura

A lei orgânica da magistratura ( lei nº 24/2007 de 20 de Agosto) conjugado com a lei nº


7/2009 de 11 de Março (aprova o Estatuto dos Magistrados Judiciais), possui diversas
disposições que podem ser consideradas como preconceitos da ética profissional, em
particular o artigo 10 sob o epígrafe “independência dos juízes”. Este preceito legal
contém para além da independência, a imparcialidade que os juízes devem ter no
exercício das suas funções, pois os juízes são independentes e imparciais e apenas
devem obediência a constituição e a lei.

Deontologia da Magistratura

A deontologia pode ser definida como a ciência que cuida das normas éticas aplicáveis
à actividade profissional, especificando os valores, normas e ideais mais precisos para

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regular uma determinada profissão, apresentando uma origem comum.

A magistratura como conjunto de juízes que integram o poder judiciário deve sujeitar-
se a denominação “deontologia da magistratura”, com os seus valores, ideais e normas
de conduta que orientam a actividade profissional desse segmento diferenciado da
sociedade constituído por magistrados. Assim, percebe-se que a deontologia encontra-
se atrelada geralmente a uma área profissional, pois “ é uma ciência que estabelece
normas directoras da actividade profissional sob o signo da rectidão moral ou da
honestidade, sendo o bem a fazer e o mal a evitar no exercício da profissão”

Ética dos Advogados

Havendo necessidade de colmatar algumas lacunas existentes na lei nº 7/94 de 14 de

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Setembro, bem como adequar a estrutura e funcionamento da AO à realidade do país e
às condições necessárias para o exercício da profissão de advogado ao abrigo do nº 1
do artigo 179 da CRM.

Definição e natureza da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM)

A OAM, é uma pessoa colectiva de direito público representativo dos licenciados em


direito, que exercem a advocacia. A OAM é independente dos órgãos do Estado, sendo
livre e autónoma nas suas regras e funcionamento. A OA tem personalidade jurídica e
goza de autonomia financeira e patrimonial. O uso da sigla OAM é privativo a Ordem
dos Advogados de Moçambique (Cfr. Artigo 1 da Lei nº 28/2009 de 29 de Dezembro.

Âmbito

A OA exerce em todo o território nacional as atribuições e competências conferidas


pelo seu Estatuto e é territorialmente estruturada em Conselhos Provinciais e
Delegados. As atribuições e competências da AO são extensivas à actividade dos
advogados e advogados estagiários neles inscritos no exercício da respectiva profissão
fora do território moçambicano. Os conselhos provinciais e os delegados são criados
pelo Conselho Nacional e funcionam respectivamente, nas províncias com mais de 15
advogados e nas províncias em que haja pelo menos, 5 advogados com domicílio
profissional nas respectivas áreas territoriais. Sempre que o número de advogados de
uma província não permita a constituição de um Conselho Provincial, o Conselho
Nacional pode criar conselhos inter- provinciais, de carácter provisório, que abranjam
duas ou mais províncias. Aos Conselhos Inter-provinciais são aplicáveis, com as
necessárias adaptações, os artigos 40 e 41 Estatuto e as suas competências,
organização e funcionamento são fixados por deliberação do Conselho Nacional (Cfr.
Artigo 3 da lei nº 28/2009 de Setembro).

Atribuições

São atribuições da Ordem dos Advogados nos termos do artigo 4 da Lei nº 28/2009 as
seguintes:

a) Defender o Estado de Direito democrático, os direitos e liberdades fundamentais


20
e participar na boa administração da justiça;

b) Promover o acesso à justiça, nos termos da Constituição e demais legislação;

c) Contribuir para o desenvolvimento da cultura jurídica, para o conhecimento e


aperfeiçoamento do direito, devendo pronunciar-se sobre os projectos de
diplomas legais que interessam ao exercício da advocacia, ao foro judicial e à
investigação criminal;

d) Participar no estudo e divulgação das leis e promover o respeito pela legalidade;

e) Zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão de advogado e


promover o respeito pelos respectivos princípios deontológicos;

f) Defender os interesses, direitos, prerrogativas e imunidade dos seus membros.

Representação da Ordem dos advogados

A OA é representada em juízo e fora dele pelo Bastonário ou por quem este delegar,
pelos presidentes dos conselhos provinciais, pelos delegados ou pelos presidentes dos
conselhos Inter -provinciais, na área da respectiva jurisdição. Para defesa dos
advogados em todos os assuntos relativos ao exercício da profissão ou ao
desempenho de cargos nos órgãos da AO, quer se tratem de responsabilidades que
lhes sejam exigidas, quer de ofensas contra eles praticadas, pode a OA exercer os
direitos de assistente ou conceder patrocínio em processo de qualquer natureza. (vide
artigo 5 da lei nº 28/2009 de Setembro.

Garantia do exercício da advocacia

Só os advogados e advogados estagiários com inscrição em vigor na Ordem dos


Advogados de Moçambique podem em todo o território nacional e perante qualquer
jurisdição, instância, autoridade ou entidade publica ou privada, praticar actos próprios
da profissão e, designadamente, exercer o mandato judicial ou funções de consulta
jurídica em regime de profissão liberal. São actos próprios da advocacia, sem prejuízo
do disposto na legislação processual e das competências próprias atribuídas às
demais profissões regulamentadas (artigo 52 da Lei n 8/2009 de 29 de Setembro):

21
a) O exercício do mandato forense;

b) A consulta jurídica.

São ainda actos próprios da advocacia, quando praticados nos interesses de terceiros,
nomeadamente:

a) A negociação tendente à cobrança de dívidas;

b) A elaboração de contratos, com excepção daqueles que por lei são atribuídos a
outras entidades;

c) A instrução, organização, requisição e apresentação de actos de registos nas


respectivas conservatórias e demais entidades públicas;

d) A instrução, organização e marcação de escrituras de diversa natureza e o


acompanhamento dos actos notariais;

e) A instrução e elaboração de documentos e requerimentos destinados a


quaisquer processos e consulta dos mesmos nos serviços de finanças,
secretarias de autarquias locais e demais entidades públicas;

f) A representação e intervenção no âmbito dos procedimentos de formação de


contratos ou actos de entidades públicas, excepto quando a representação seja
feia pelos respectivos representantes legais.

Os actos praticados por advogados ou advogados estagiários através de documentos


só são reconhecidos como tal se poe ele assinados ou certificados nos termos em que
vierem a ser definidos pela Ordem dos Advogados (vide art 52 do Estatuto)

O mandato judicial, a representação e assistência por advogado ou advogado


estagiário são sempre admissíveis e não podem ser impedidos perante qualquer
jurisdição, autoridade ou entidade pública ou privada, nomeadamente para a defesa de
direitos, patrocínio de situações jurídicas controvertidas, composição de interesses ou
em processos de mera averiguação, ainda que administrativa, oficiosa ou de qualquer
natureza (artigo 52 do Estatuto)

22
Ainda nos termos do artigo supra, não pode denominar-se advogado ou advogado
estagiário quem como tal não estiver inscrito, salvo os advogados honorários, desde
que seguidamente à denominação de advogado façam a indicação dessa qualidade.

Mandato forense (artigo 53 do Estatuto)

Considera-se mandato forense:

a) O mandato judicial conferido para ser exercido em qualquer tribunal;

b) E exercício do mandato com representação, com poderes para negociar a


constituição, alteração ou extinção das situações jurídicas;

c) O exercício de qualquer mandato com representação em procedimentos


administrativos, incluindo tributários, perante quaisquer pessoas colectivas
privadas ou públicas ou respectivos órgãos ou serviços, ainda que suscitem
ou discutam apenas questões de facto.

O mandato forense não poder ser objecto, por qualquer forma, de medida ou acordo
que impeça ou limite a escolha directa e livre do mandatário pelo mandante.

Das regras deontológicas fundamentais

Ao advogado é exigida uma conduta compatível com o código de ética, com o Estatuto
da OAM, do Regulamento Geral e dos provimentos, seguindo aos princípios tanto da
moral individual, como social e profissional. O advogado é um profissional
indispensável à justiça, sendo um defensor da democracia e de todas as garantias
adquiridas pela sociedade ao longo dos anos.

Entre os diversos deveres éticos do advogado, estão explícitos no código de ética da


OAM os seguintes:

 Preservar uma conduta nobre, honrosa e digna da profissão, zelando pelo seu
carácter de essencialidade e indispensabilidade;

 Actuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade,


dignidade e boa-fé;

23
 Velar por sua reputação pessoal e profissional;

 Empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional;

 Contribuir para o aprimoramento das instituições, do direito e das leis;

 Estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a


instauração de litígios;

 Aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial.

No exercício das suas funções o advogado deve abster-se de:

 Utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;

 Patrocinar interesses ligados a outras actividades estranhas à advocacia, em


que também actue;

 Vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;

 Emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a


dignidade da pessoa humana;

 Entender-se directamente com a parte adversa que tenha patrono constituído,


sem o assentimento deste;

 Pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efectivação dos seus
direitos individuais, colectivos e difusos, no âmbito da comunidade.

O advogado deve ainda, zelar pela sua liberdade e independência, tendo plena
consciência de sua importância em solucionar desigualdades, visando a solução dos
problemas, baseando-se na lei como uma fonte para a concretização da justiça e da
garantia de igualdade de todos.

24
Das relações com o Cliente

O advogado deve manter uma postura ética com o seu cliente, informando-o sobre
todos os riscos provenientes da sua pretensão e demanda, além de prestar-lhe contas,
ao término ou não do mandato, desde que solicitado por este.

Quando o cliente já tiver procurador constituído, o advogado deverá recusar a aceitação


da causa sem o prévio conhecimento daquele, salvo em casos urgentes e de extrema
necessidade judicial. O advogado, ainda, não deverá abandonar a causa sem motivo
justo e comprovada ciência do constituinte, sendo o advogado responsável pelos danos
causados dolosa ou culposamente aos clientes e aos terceiros.

É vedado aos integrantes de uma mesma sociedade profissional representar em juízo


clientes com interesses opostos, tendo o advogado que optar pelo mandato de apenas
um dos clientes em caso de conflitos, resguardando sempre o sigilo profissional.

O advogado deve negar-se a defender causas contrárias a ética, a moral ou a validade


de acto jurídico em que tenha colaborado, podendo no entanto, assumir causas, em
caso de defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado.

Do sigilo profissional

A profissão de advogado exige o sigilo profissional, que deve ser obedecido por todos,
desde que tal sigilo não traga grave ameaça à vida e a à honra, ou ainda, desde que o
advogado não seja confrontado e intimidado pelo cliente devido à guarda de algum
segredo.

Nestes casos, em defesa própria, é permitido ao advogado revelar tal segredo, porém,
sempre restrito ao interesse da causa. Mesmo em depoimento judicial, o advogado
deverá guardar sigilo sobre tudo que saiba decorrente de sua profissão, podendo
recusar-se a depor sobre processos ou pessoas para as quais tenha trabalhado como
constituinte, pois as confidencias feitas pelo cliente ao advogado só poderão ser
utilizadas em caso de defesa e desde que autorizadas por aquele.

Da publicidade

25
O advogado deverá realizar a divulgação de seus serviços profissionais de forma
discreta e moderada, com finalidade exclusivamente informativa, não sendo permitida a
divulgação pelo Rádio e TV. O anúncio deverá conter o nome completo do advogado e o
número de cartão da OAM, podendo ainda mencionar outras qualificações profissionais.

O anúncio em forma de placa, na sede profissional ou na residência do advogado,


deverá obedecer discretamente as dimensões, a forma e o conteúdo, sendo vedado a
utilização outdoor.

É proibido no anúncio conter fotografias, ilustrações, cores, desenhos, marcas ou


logótipos que tirem a sobriedade da advocacia, sendo vedada ainda, a utilização de
símbolos oficiais usados pela OAM.

Durante sua vida profissional, o advogado deve abster-se de:

 Promover-se profissionalmente nos meios de comunicação, através de


consultas jurídicas habituais;

 Debater causa sua e de colegas de profissão;

 Comprometer a dignidade de sua profissão e de sua instituição;

 Divulgar a sua lista de clientes; e

 Insinuar-se nas declarações públicas.

Dos honorários profissionais

Todos os honorários do advogado, assim como suas eventuais correcções, deverão


estar previstos em contratos escritos, contendo as especificações dos serviços
formais de pagamentos.

A fixação dos honorários deverá ser feita com moderação, observando os seguintes
elementos:

 Relevância, vulto, complexidade e dificuldade das questões;

26
 Trabalho e tempo necessário;

 Possibilidade de vincular-se a outros casos;

 Valor da causa e condição financeira do cliente;

 Carácter da intervenção (cliente avulso, habitual e permanente);

 Lugar de domicílio do serviço a ser executado;

 Competência do profissional; e

 A praxe do fórum sobre casos análogos.

O advogado não poderá cobrar por serviços valores irrisório ou abaixo do mínimo
fixado pela tabela de honorários, salvo por motivo justificável. Como também, o
pagamento feito via bens particulares do cliente só será possível em casos
excepcionais e previamente contratados por escrito.

Do dever da Urbanidade

O advogado deve comportar-se com zelo, tratando o público, os colegas, as


autoridades e os funcionários da justiça com respeito, discrição e independência, e
exigindo igual tratamento, prezando por suas prerrogativas.

O advogado deve ter cuidado no emprego de uma linguagem correcta e polida,


comportando-se com disciplina e urbanidade na execução de seus serviços
profissionais.

Do processo disciplinar

A Ordem dos Advogados de Moçambique possui um Tribunal de ética e disciplina


competente para orientar e aconselhar sobre ética profissional, além de julgar os
processos disciplinares.

27
Ao tribunal de ética e disciplina compete:

 Instaurar de ofício procedimento para apurar acto que contrarie a ética;

 Organizar eventos que traem sobre a ética profissional, orientando os


profissionais do direito sobre a importância do assunto;

 Expedir resoluções sobre procedimentos previstos em regulamentos e fóruns;

 Mediar e conciliar questões que envolvam pendências entre advogados, partilha


de honorários e controvérsias surgidas entre advogados.

O advogado e a ética

O advogado deve obedecer ao código da ética profissional, pois este não é mera
recomendação, mas sim uma norma jurídica dotada de obrigatoriedade e passível de
sanção disciplinar.

A ética profissional impõe-se ao advogado em todas as circunstâncias e vicissitudes de


sua vida profissional e pessoal que possam repercutir no conceito público e na
dignidade da advocacia. Os deveres éticos consignados no código não são
recomendações de bom comportamento, mas normas jurídicas dotadas de
obrigatoriedade que devem ser cumpridas com rigor, sob pena de cometimento de
infracção disciplinar punível com a sanção de censura (nos termos do artigo 99 do
Estatuto da OAM) se outra mais grave não for aplicável. Portanto, as regras
deontológicas são regras providas de força normativa; a lei (estatuto), o regulamento
geral, o código de ética e disciplina e os provimentos são suas fontes positivas, as
quais se agregam como fontes secundárias.

A obediência a ética profissional é obrigatória não só aos advogados e a sociedade de


advogados, como também, deverá ser cumprida pelos estagiários em tudo que lhes for
aplicável. Ao defensor de direito é esperado certas atitudes que combinem com sua
função social, pois não é aceitável ambiguidade entre sua carreira profissional e sua
vida profissional, pois ambas devem estar sincronizadas, visando um bom
enquadramento ético-profissional, evitando-se condutas que denigram ou manchem o

28
nome da classe.

O Estatuto dos Advogados em seu artigo 99 enumera diversas acções que são
consideradas infracções disciplinares, sendo a maioria delas provenientes de condutas
decorrentes de acto profissional. Porém, em seu único parágrafo, é explícito algumas
condutas que são cometidas na vida pessoal do advogado, manchando de certa
maneira a profissão da advocacia. Ou seja, não só o advogado que viola sigilo
profissional ou abandona uma causa sem justo motivo está a cometer uma infracção
disciplinar, mas também aquele profissional, que mesmo não estando no exercício da
função, pratica reiteradamente jogos de azar ou vive a fazer escândalos e embriagar-se
habitualmente.

Desta forma, o advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e
que contribua para o prestígio da classe e da advocacia, mantendo independência no
exercício da profissão, não guardando receio em desagradar outras partes e nem de
cair em impopularidade devido ao fiel exercício profissional, e obrigando-se a cumprir
com rigorosidade o código de ética e disciplina.

Importância da ética do advogado

As questões éticas, que os advogados enfrentam, têm assumido uma maior


importância nos últimos anos. A rivalidade económica tem levado as empresas a
adoptarem medidas de conduta moral e ética. Alguns especialistas pensam que o
mercado empresarial não pode ser ético e rentável simultaneamente, todavia, num
mundo de crescente globalização da competição, é sempre vantajoso corresponder às
expectativas da sociedade.

ÉTICA DO MAGISTRADO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (Lei nº 22/2007 de 1 de Agosto)

Ministério Público é um órgão do sistema judicial nacional encarregado de representar


o Estado, exercer a acção penal, defender a legalidade democrática e os interesses que
a lei determinar e constituir uma magistratura hierarquicamente organizada,
subordinada ao Procurador-Geral da República. E complementa a afirmação de que o
MP compreende a respectiva magistratura, a Procuradoria-Geral da República e os

29
órgãos subordinados.

Nos termos do artigo 49 da Lei nº 22/2007 de 1 de Agosto, (que aprova o Estatuto dos
magistrados do MP), aplica-se aos magistrados do MP e aos agentes do MP quando
em exercício de funções.

Portanto, configuram-se como agentes do MP com base no artigo 9 da lei supra, os


seguintes:

a) O Procurador-Geral da República;

b) O Vice Procurador-Geral da República;

c) O Procurador-Geral Adjunto;

d) O Procurador Provincial

REGRAS BASILARES DO ESTATUTO DOS MAGISTRADOS DO MP

Intercomunicabilidade em relação à Magistratura Judicial

Para se abordar sobre a ética dos magistrados do MP, primeiramente é necessário


fazer uma distinção exaustiva em relação ao conceito de MP e da magistratura judicial,
em que essa distinção deverá nos estabelecer a independência entre essas principais
figuras do sistema judiciário em Moçambique, onde:

Com base no artigo 1 da Lei nº 22/2007 de 1 de Agosto, o Ministério Público é um


órgão do sistema judicial nacional encarregado de representar o Estado, exercer a
acção penal, defender a legalidade democrática e os interesses que a lei determinar e
constituir uma magistratura hierarquicamente organizada, subordinada ao Procurador-
Geral da República. E complementa a afirmação de que o MP compreende a respectiva
magistratura, a Procuradoria-Geral da República e os órgãos subordinados; ao passo
que:

Magistrado judicial é o conjunto de juízes dos tribunais judiciais que formam um corpo
único e regem-se por um só estatuto, e nesse estatuto se encontram uma série de
deveres e direitos dos magistrados judiciais que fazem parte integrante da lei

30
processual.

Segundo o artigo 50 da supra lei, a magistratura do MP é independente da judicial, pois


é permitida a intercomunicabilidade entre a carreira da magistratura do MP e a da
magistratura judicial.

Organização e Autonomia

A magistratura do MP é hierarquicamente organizada, e subordina-se ao Procurador-


Geral da República, tendo em conta que este é o agente superior dentro da estrutura do
MP.

A magistratura do MP goza de autonomia e orienta-se pelos princípios definidos no


artigo 2 da lei n 22/2007 de 1 de agosto, que define no exercício das suas funções, os
magistrados e agentes do MP estão sujeitos aos critérios de legalidade, objectividade,
isenção, e exclusiva sujeição às directivas e ordens previstas na lei.

O MP goza de estatuto próprio e de autonomia (administrativa, e em relação aos


órgãos do Estado) face aos outros órgãos referentes a justiça dentro do território
moçambicano.

Responsabilidade e subordinação

Os magistrados do MP são responsáveis e subordinados, nos termos da hierarquia


definida, tendo em conta os órgãos do MP e que de forma clara e específica se
estabelece nos seguintes termos (artigo 8 da lei n 22/2007 de 1 de Agosto):

a) A Procuradoria-Geral da República;

b) A procuradoria da Província;

c) A procuradoria do Distrito;

A responsabilidade consiste em responder nos termos da lei, pelo cumprimento dos


seus deveres e pela observância das directivas, ordens e instruções, que recebe dos
respectivos superiores hierárquicos, em que esta hierarquia consiste na subordinação
de todos os magistrados do MP ao procurador-Geral da República (Vide o artigo 52).

31
Recusa

Nos termos do artigo 53, o magistrado do MP tem o direito de não acatar directivas,
ordens e instruções manifestamente ilegais, mas é necessário notar que a recusa faz-
se por escrito e deve ser, devidamente fundamentada de modo a procedência da
mesma em que o exercício injustificado ou de má-fé, da faculdade de recusa, constitui
infracção disciplinar consoante a proporcionalidade da infracção que foi cometida.

Estabilidade

A estabilidade visa evitar um grau de irregularidades em que o magistrado do MP não


pode ser transferido, promovido, suspenso, reformado, ou demitido, senão nos termos
previstos na lei.

Deveres éticos dos magistrados do ministério público

O servidor público além dos deveres gerais contidos na CRM e sem prejuízo do que
dispuser legislação específica, pautam na sua actuação pelos seguintes deveres éticos:

a) Não discriminação e igualdade;

b) Legalidade;

c) Lealdade;

d) Probidade pública;

e) Supremacia do interesse público;

f) Eficiência;

g) Responsabilidade;

h) Objectividade;

i) Justiça;

j) Respeito pelo património público;

32
k) Reserva e descrição;

l) Decoro e respeito perante o público;

m) Conhecimento das proibições e regimes especiais aplicáveis;

n) Escusa de participação em actos em que incorra num conflito de interesse; e

o) Declaração de património.

Dever de não discriminação e igualdade

O magistrado do MP exerce o seu cargo no respeito estrito pelo dever de não


descriminar, em razão da cor, raça, origem ética, sexo, religião, filiação política ou
ideológica, instrução, situação económica ou condição social e pelo princípio da
igualdade de todos perante a Constituição e a lei.

Dever de legalidade

Na sua actuação o magistrado M.P observa estritamente a Constituição e a lei.

Dever de lealdade

No exercício das suas funções, o magistrado do MP executa, com lealdade, as missões


e tarefas definidas superiormente, no respeito escrupuloso da lei e das ordens
legítimas dos superiores hierárquicos.

Dever de probidade pública

O magistrado do MP deve actuar com honradez, em especial quando faça uso de


recursos públicos que lhe são confiado para o cumprimento dos fins estatais ou
quando participe em actividades ou negócios da administração que façam uso desses
recursos.

Dever de supremacia do interesse público

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O magistrado do MP coloca o interesse público acima de quaisquer outros, e, no
exercício das suas funções, serve exclusivamente os interesse públicos, no respeito
dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.

Dever de eficiência

O magistrado do MP desempenha as tarefas e missões inerente ao respectivo cargo,


com mérito, eficiência e profissionalismo, observando nomeadamente as seguintes
regras:

a) Usar o tempo de trabalho utilizando sempre seu melhor espaço, na forma mais
produtiva possível, empregando-o no desenvolvimento das tarefas que
correspondem ao cargo, com esmero, intensidade e cuidade;

b) Esforçar-se por encontrar e utilizar as formas mais eficientes e económicas de


ralizar as tarefas, assim como para melhorar os sistemas administrativos e de
atenção aos usuários;

c) Velar pela conservação de bens, objectos e demais meios materiaisque integram


o património do Estado e o de terceiros que estejam sob suaguarda e entrega-
los quando for o caso; entre outras.

Dever de responsabilidade

O magistrado do MP deve actuar com o claro sentido do dever que lhe corresponde
para o cumprimento do fim público que cabe à instituição que serve e das
consequências que o cumprimento ou incumprimento desse dever.

34
Dever de objectividade

O magistrado do MP deve sempre emitir juízos objectivos, sem influência de critérios


pessoais ou de terceiros não autorizado, e deve-se abster de participar em qualquer
decisão quando exista violência moral sobre si que possa levá-lo a não cumprir o seu
dever de objectividade.

Dever de justiça

O magistrado do MP desenvolve as actividades inerentes à sua função com a devida


ponderação, garantindo justiça nas decisões que toma para a resolução dos interesses
legítimos dos cidadãos.

Dever de respeito pelo património público

O magistrado do MP deve abster-se de usar o património público para fins pessoais,


bem como de praticar actos que lesem ou que sejam susceptíveis de reduzir o seu
valor, em consequência de desvio, apropriação, esbanjamento dos bens de que tenha a
guarda em virtude de cargo mandato ou função.

Dever de reserva e discrição

Sem prejuízo do direito dos cidadãos à informação, o magistrado do MP usa da maior


reserva e discrição em relação a factos e informações de que tenha conhecimento, no
exercício ou por causa do exercício das suas funções, mesmo após a cessação das
funções.

Dever de decoro e respeito perante o público

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O magistrado do MP deve observar perante o público, no serviço ou fora dele, conduta
correcta, digna e decorosa, de acordo com a sua hierarquia e função, evitando condutas
que possam minar a confiança do público na integridade do funcionário e da instituição
que serve, pois ele deve ser respeitador e cortes no trato com os usuários do serviço,
seus chefes, subalternos e colegas.

Dever de conhecimento das proibições e regimes especiais aplicáveis

O magistrado do MP deve conhecer as disposições legais e regulamentares sobre


impedimentos, incompatibilidades, e proibições, e qualquer outro regime especial que
lhe seja aplicável, e assegurar-se de cumprir com as acções necessárias para
determinar se está ou não abrangido pelas proibições neles estabelecidos.

Dever de escusa de participação em actos em que incorra num conflito de interesses

O magistrado do MP deve abster-se de participar em qualquer processo decisório,


incluindo na sua fase prévia de consultas e informações, na qual a sua vinculação com
actividades externas seja ou possa ser afectada pela decisão oficial, possa
comprometer seu critério ou dar azo.

Dever de declaração de património

O magistrado do MP ao assumir o cargo deve declarar sob juramento, os seus


rendimentos e interesses patrimoniais, antes da tomada de posse, assim como suas
modificações durante o mandato.

DEVERES GERAIS DOS MAGISTRADOS DO MP

É vedado ao magistrado do MP:

 O exercício de militância activa em partidos políticos, bem como a proferição


pública de declarações de carácter político e partidário;

 Participar em eventos para angariação de fundos ou financiamento de partidos


políticos, em campanhas eleitorais ou de propaganda político-partidária e em
debates públicos sobre assuntos de natureza política e partidária;

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 O magistrado do MP tem o direito e o dever de denunciar qualquer tentativa de
perturbação da sua independência e autonomia e de exigir que sejam
reconhecidos os direitos e lhes concedam os meios que viabilizem e garantam a
sua independência e autonomia, respectivamente;

 O magistrado do MP não deve interferir a independência judicial de outros


colegas, ainda que presida ao tribunal onde estes exerçam as suas funções, seja
de categoria superior ou mais antigo, goze de precedência em relação aos
mesmos, ou desempenhe um cargo de chefia ou de direcção no aparelho judicial;

 O magistrado do MP deve ter sempre presente a necessidade de preservar a


separação de poderes, a independência judicial e a autonomia do MP e nesse
sentido devem abster-se de aceitar qualquer nomeação para exercer funções de
natureza não judicial, designadamente: integrar comissões de inquérito ou
outras de interesse público, sem autorização do Conselho Superior da
Magistratura;

 O magistrado do MP deve ser não apenas independente mas também deixar


transparecer, através das suas atitudes e comportamentos, que não recebe
influências directas ou indirectas, de nenhum poder público ou privado, interno
ou externo ao aparelho judicial;

 O magistrado do MP não deve permitir que pessoas das suas relações familiares
ou sociais influenciem a sua conduta de juiz , os seus julgamentos, sentenças e
demais decisões ou que transmitam a terceiros a impressão de que estão em
posição de o influenciar, de modo indevido, no desempenho das suas funções de
magistrado judicial.

INCOMPATIBILIDADES E DEVERES DO MAGISTRADO DO MP

Incompatibilidades

O magistrado do MP não pode:

 Desempenhar quaisquer outras funções públicas ou privadas, excepto a

37
actividade de docência, de investigação jurídica ou de divulgação e publicação
científica, literária, artística, e técnica, mediante autorização dos respectivos
Conselhos Superiores da Magistratura;

 Envolver-se em negócios de natureza económica ou financeira cm fins lucrativos


que possam colidir com o desempenho adequado e imparcial do seu cargo ou
constituir fonte potencial de conflito de interesses.

Imparcialidade, isenção e igualdade

 O magistrado do MP deve desempenhar as suas funções com honestidade,


seriedade, imparcialidade, isenção e dignidade. Devem prestar especial cuidado
e atenção ao direito à igualdade dos cidadãos perante a lei na condução da sua
actividade;

 O magistrado do MP tem a obrigação de buscar nas provas a verdade dos


factos com objectividade e fundamento, mantendo-se distante em relação às
partes e seus advogados e evitando comportamentos que possam reflectir ou
sugerir qualquer favoritismo, preferência, discriminação ou preconceito.

 O magistrado do MP deve abster-se de aconselhar ou instruir as partes em


qualquer litígio e sob qualquer pretexto, salvo nos casos permitidos pela lei
processual;

 O magistrado do MP devem evitar que da sua conduta possa resultar a


percepção de que dão tratamento preferencial ou especial a determinadas
partes, seus advogados ou representantes;

 O magistrado do MP deve abster-se de manter encontros e reuniões com uma


das partes ou com os seus advogados, sem a presença da parte contrária e dos
seus advogados, no seu gabinete de trabalho, ou fora dele, em circunstâncias
que possam levar a achar, legitimamente, que tais encontros e reuniões são
inapropriados e injustificados;

 O magistrado do MP deve garantir, em todos os processos, o maior espaço

38
possível ao exercício legítimo do direito de defesa.

Integridade

O magistrado do MP deve estar consciente de que o exercício da função jurisdicional


constitui um serviço público de alta responsabilidade que implica a aceitação de
restrições que não se impõem aos demais servidores públicos e cidadãos e cujo
incumprimento afecta a confiança nos tribunais, na magistratura judicial, nas
procuradorias e na magistratura do MP, entretanto, ao magistrado do MP deve ser
cumpridores exemplares das leis, tanto no exercício da função jurisdicional, como na
vida privada.

O magistrado do MP:

 Não deve tirar proveito e benefício pessoal resultantes da aquisição de bens e


serviços com fundos públicos, ainda que seja lícita essa aquisição;

 Deve abster-se de comprar bens móveis, e quaisquer outros artigos, sempre que
não tenham a certeza da sua providência lícita;

 Deve denunciar perante os órgãos competentes as violações à lei e os


incumprimentos graves de que tenham conhecimento no exercício das suas
funções e em que possam incorrer os seus colegas, advogados e funcionários
judiciais.

Sigilo profissional e transparência

O magistrado do MP:

 Deve abster-se de manifestar, por qualquer meio, opinião sobre processo


pendente de julgamento ou de decisão, ou juízo sobre despachos, pareceres,

39
votos ou sentenças de órgãos judiciais ou do MP;

 Têm obrigação de guardar reservar absoluta em relação às causas pendentes e


com os factos ou informações conhecidas no exercício das suas funções ou por
causa dela, ressalvadas as excepções previstas na lei. O dever de reserva e de
sigilo profissional abrangem quer os processos pendentes quer os processos já
decididos e deve ser observado rigorosamente pelos juízes e magistrados do
MP tanto na vida privada como em público;

 Deve procurar que os oficiais de justiça cumpram o dever de sigilo em torno da


informação veiculada nas causas sob a sua jurisdição;

 Deve comportar-se, em relação aos meios de comunicação social, de maneira


equitativa e prudente, cuidando especialmente para que não resultem
prejudicados os direitos e interesses legítimos das partes e dos advogados;

 Deve evitar comportamentos ou atitudes que possam entender-se como uma


procura injustificada ou desmesurada de reconhecimento social, visibilidade
pública e protagonismo mediático.

Competência e diligência do magistrado do MP:

 Tem a obrigação estatuária de colocar as suas actividades acima e antes de


todas e demais ocupações, e não devem comprometer-se nem envolver-se em
actividades pessoais e extrajudiciais que resultem em prejuízo de uma
administração da justiça efectiva e expedita;

 De entre as tarefas de que estão incumbidos na procuradoria, deve dar


prioridade aquelas que respeitam à função jurisdicional;

 Não deve contrair obrigações extraprofissionais que perturbem ou impeçam o


cumprimento das suas funções específicas com pontualidade.

Urbanidade e decoro

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Abordar sobre a urbanidade e decoro é o mesmo que falar sobre um conjunto de actos
que o magistrado deve ter a quando do exercício da sua função que são:

 Tanto no tribunal e na procuradoria, como na vida privada, o magistrado do MP


deve observar um comportamento que dignifique a sua imagem de magistrado,
o seu bom nome e não prejudique o prestígio da classe e do poder judiciário;

 O magistrado do MP, deve tratar com urbanidade os seus colegas, os


advogados, as partes, as testemunhas, as testemunhas, os declarantes, os
funcionários e os utentes do tribunal e, em geral, todos aqueles que se
relacionam com a administração da justiça;

 O magistrado do MP deve esforçar-se por não se exaltar, não perder a calma


nem a compostura, designadamente, na condução das diligências processuais,
instrução preparatória, contraditória, conferencias, audiências preparatórias e de
discussão e julgamento.

 O magistrado do MP deve demonstrar tolerância perante as críticas dirigidas às


suas decisões e comportamentos;

 O magistrado do MP deve relacionar-se com os funcionários, auxiliares e


empregados sem incorrer em favoritismo ou em qualquer tipo de conduta
arbitrária;

 Os magistrados do MP devem ser aprumados e discretos na sua apresentação;

 O magistrado do MP deve comportar-se de maneira que nenhum observador


razoável possa entender que o mesmo se aproveita de maneira ilícita, ilegítima,
irregular ou incorrecta do trabalho dos demais intervenientes do tribunal e
procuradoria;

 É vedado ao magistrado exibir injustificadamente a sua arma de defesa pessoal


como forma de ser reconhecido como autoridade ou para intimidar;

 O magistrado do MP não deve frequentar lugares públicos de má reputação, nem


ir de forma reiterada a bares, quiosques, barracas, tendas e outros locais

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geralmente frequentados por indivíduos cuja conduta moral e social não se
coadune com a dignidade do cargo de magistrado;

 Tanto no foro, como em privado, o magistrado do MP deve observar contenção


verbal e evitar o uso de linguagem vulgar.

ÉTICA E DEONTOLOGIA DO CONSERVADOR E NOTARIADO

O direito notarial é concebido como o conjunto de regras e princípios que disciplinam


as actividades de notas e registo. O notário é o profissional de direito que tem por
função formalizar os actos jurídicos de interesse das partes, auxiliando a AP na
aplicação do direito. A actividade notarial é preventiva cuja importância se voluma na
actualidade que vem priorizando a resolução de conflitos por meios extrajudiciais. Para
desvendar o objecto sob investigação qual seja, a ética do notário no desempenho de
suas funções, inicia-se a pesquisa com a construção de um mínimo conceito de ética,
seguido da identificação e análise dos elementos caracterizadores da ética profissional,
e mais especificamente da ética no exercício profissional das funções notariais.

Órgãos próprios

O órgão próprio da função notarial é o notário. Os adjuntos e os oficiais apenas podem


praticar os actos que lhes sejam cometidos por disposição legal expressa.

Órgãos especiais

Excepcionalmente desempenham funções notariais:

a) Os agentes consulares portugueses;

b) Os notários privativos das instituições públicas entre os notários de carreira;

c) Os comandantes das unidades ou forças militardes, dos navios e aeronaves e


das unidades de campanha;

d) As entidades a quem a lei atribua, em relação a certos actos a competência dos

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notários.

Relevância do código de ética profissional

 Consolida os princípios referenciados do perfil dos seus trabalhadores que


constituem critérios de conduta profissional a observar;

 Assegura a responsabilização e o compromisso dos interlocutores que no


âmbito da actividade da organização, promovem a consolidação do carácter
ético subjacente a actuação dos seus colaboradores, não só entre si, mas
sobretudo na relação com os parceiros e com a sociedade;

 Constitui um instrumento de reafirmação dos mais relevantes princípios e


valores pelos quais deve pautar-se a actuação dos registos e notariado, bem
como das normas de conduta a que os seus dirigentes e colaboradores se
encontram sujeitos e assume como intrinsecamente suas.

Ética do notário no desempenho das suas funções

O notariado evoluiu para tornar o notário um profissional do direito que, além de redigir
os devidos instrumentos jurídicos com fé pública, conhece o direito, faz uma
qualificação jurídica dos actos que realiza, presta imparcialmente acessória jurídica as
partes envolvidas no negócio jurídico.

A função notarial é aquela típica exercida pelo notário na consecução dos actos
notariais, de forma exclusiva. Diz-se típica porque estão previstas na lei. O notário não é
livre para praticar os actos que bem entender visto que o âmbito de sua actuação está
esculpido no texto normativo que se consubstancia no Código do Registo de Notário
aprovado pela lei nº 4/2006 de 23 de Agosto.

Cabe ao notário receber os documentos, interpretar a lei e dar forma à vontade das
pessoas que procuram seus serviços redigindo os instrumentos adequados para
conferir-lhes autenticidade, advertindo os interessados das consequências legais do
acto de sua vontade.

No exercício da sua função, o notário realiza 5 acções:

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a) Aconselhar: assessora seu cliente sobre as convivências de seu plano e orienta
sua vontade dentro da lei e da justiça;

b) Redigir: o notário expressará a vontade das partes em estilo claro e preciso,


respeitando as normas jurídicas pertinentes;

c) Constatar: o acto deve ser fixado de modo que possa ser utilizado em qualquer
tempo e de forma que não seja nem transformado nem negado;

d) Autorizar: como representante do poder público, o notário presta sanção


declarando-o verdadeiro, autentico, válido e eficaz;

e) Manter segredo profissional: guardar segredo sobre as informações que lhe são
trazidas pelos seus clientes.

Objectivo do Código de Registo e Notariado

Um dos objectivos de código de registo e notariado é formulada pelo próprio código


que defende que o notário no exercício da sua função deve agir com credibilidade,
certeza e segurança jurídica a esses documentos em que actua, por isso tem a
obrigação de ser verdadeiro, honesto, leal e diligente no seu trabalho e em relação à
sociedade em que actua, com as pessoas que precisam de sus serviços e os seus
colegas.

Organização e funcionamento do registo Notarial e conservatória

Do ponto de vista organizacional, notários e conservadores são membros do judiciário,


atribuído na nomenclatura dos auxiliares da administração da justiça, e sabemos
também, que os notários e conservadores devem exercer as suas funções zelando pela
fé pública.

Os notários e conservadores estão localizados em grau de subordinação e dependência,


como parte dessa estrutura judicial, ocupam uma posição particular e estão sujeitos
aos controles exigidos por lei, de modo que tenham as condições que os membros
fazem do poder do Estado e portanto, gozam de direitos e tem obrigações sobre eles.

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Princípios gerais da ética do Conservador e Notariado

Lealdade: a actuação dos trabalhadores do registo e notariado, devem pautar pela


lealdade e deve ser honesta, independente, isenta e não atender interesses pessoais,
devem pautar-se por padrões elevados de ética profissional e evitar originar conflitos
de interesse independentemente da modalidade da constituição da relação jurídica ao
abrigo da qual exercem as respectivas funções.

Legalidade: este recomenda que no exercício das suas funções, o conservador e


notariado, devem obediência a lei e ao direito, actuando em conformidade com os
princípios constitucionais, com as normas legais e órgão superior.

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