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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Letras, Ciências Sociais e Humanidades

RESOLUCAO DOS EXERCÍCIOS DA DISCIPLINA DE CONTENCIOSO


ADMINISTRATIVO E FISCAL

Licenciatura em Direito

Suzete Rodrigo Macie

Chimoio
Outubro, 2023
RESOLUCAO DOS EXERCÍCIOS DA DISCIPLINA DE CONTENCIOSO
ADMINISTRATIVO E FISCAL

1. a) R: Enquanto que; o recurso contencioso administrativo constitui um direito fundamental


estabelecido no artigo 69.º da CRM, o recurso contencioso como garantia dos particulares
encontra-se previsto nos termos do artigo 15.º, Al. f) do Decreto 30/2001 de 15 de Outubro -
Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública.

2. em sede do recurso contencioso quem é o relator?

R: Em sede do recurso contencioso o relator é um Juiz de Direto do Tribunal Administrativo,


nomeado nos termos do art. 19.º, n.ºs 3 e 4 da 24/ 2013 se 1 de Novembro - Lei Orgânica do
Tribunal Administrativo, a quem cabe decidir sobre o recurso, se pode ou não dar
provimento, receber ou não, conhecer ou não o recurso contencioso. Analisa os requisitos de
admissibilidade do recurso e do seu mérito. As suas competências são fixadas no artigo 20.º
da Lei 7/2014 de 28 de Fevereiro.

3. Devido a auto-executoriedade do acto administrativo o recurso contencioso tem efeitos


suspensivos. Concorda com a afirmação? justifique.
R: Discordo com a afirmação! Justifico pelo facto do recurso contencioso não ter em regra
efeito suspensivo da eficácia do acto recorrido (art. 36.º, n.º 1 da Lei n.º 7/2014 de 28 de
Fevereiro - Lei de Procedimento Administrativo Contencioso).
Contudo, quando, cumulativamente, esteja apenas em causa o pagamento de quantia certa,
sem natureza de sanção disciplinar, e tenha sido prestada caução por qualquer das formas
previstas na lei de processo tributário ou, na sua falta, pela forma prevista na lei de processo
civil para prestação de caução no procedimento cautelar comum a lei admite que se atribua
ao recurso efeitos suspensivos.

4. o recurso contencioso é de mera legalidade, mas admite a cumulação com o pedido de


indeminização. Concorda? Justifique.
R: Sim concordo! A natureza do recurso contencioso é de mera legalidade e tem por objecto
a declaração de anulabilidade, nulidade e inexistência jurídica dos actos recorridos (art. 32.º
da Lei 7/2014 de 28 de Fevereiro). Ora, a alínea a) do n.º 1 do artigo 24.º da Lei 7/2014 de
28 de Fevereiro dispõe que pode cumular-se o pedido de anulação, declaração de nulidade
ou inexistência de um acto administrativo com o pedido de indemnização de perdas e danos
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que, pela sua natureza, devam subsistir mesmo em caso de reposição da situação actual
hipotética obtida através do provimento do recurso. Nestes termos justifica-se que seja
verdade que embora o recurso contencioso seja de mera legalidade, este admita cumulação
com pedido de indemnização.

5. As decisões dos tribunais províncias são objecto de recurso exclusivamente perante o


plenário do tribunal administrativo. Concorda? Justifique.
R: O artigo 164.º da Lei de Procedimento Administrativo Contencioso dispõe que as decisões
dos tribunais administrativos provinciais QUE TENHAM SIDO OBJECTO DE RECURSO
NA PRIMEIRA SECÇÃO só admitem recurso em matéria de direito para o plenário do
Tribunal Administrativo. Daí que essa disposição limita o recurso para o plenário só nessas
condições, deixando de fora os casos em que as decisões dos tribunais administrativos
provinciais não tenham sido objecto de recurso na primeira secção (inerente ao contencioso
administrativo) e sim nas demais 2ª secção (contencioso fiscal e aduaneiro), 3ª secção
(contas públicas) etc., pelo que discordo com a afirmação pelo facto desta generalizar as
decisões dos tribunais administrativos provinciais que são objecto como sendo recorriveis
apelas ao plenário do Tribunal Administrativo, sendo que as tais só são as da primeira
secção (contencioso administrativo) - vide o art. 17.º da Lei 24/ 2013 se 1 de Novembro.

6. Qual é a natureza da Execução fiscal em Moçambique, jurisdicional ou administrativa?


R: Sobre a natureza da execução fiscal temos que, quando se trate de execução contra
particulares para pagamento de quantia certa, então está segue os termos da execução fiscal
(art. 189.º, n.º2 da Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro). Quando se tratar porém de execução
que prossiga outros fins então seguem-se os termos das correspondentes execuções no
Processo Civil. (n.º 3).

7. Em matéria do contencioso fiscal são competentes em primeira instancia os tribunais


administrativos de província. Concorda? Justifique.

R: Discordo! Enquanto não entra em vigor legislação em matéria do contencioso fiscal (art.
78. 24/2013, de 1 de Novembro), é competente o tribunal administrativo em instância única
ou em segunda e terceira instâncias (art. 1.º, n.º 3 da Lei Orgânica da Jurisdição
Administrativa) e não os tribunais administrativos provinciais em primeiro instância.

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8. Em matérias de contratos administrativos podemos usar dois meios processuais; as acções e
o recurso contencioso isolado ou em simultâneo. Concorda com a afirmação justifique!

R: Concordo! Em matérias de contratos administrativos pese embora o facto da lei dispuser


a acção administrativa (art. 111.º, al. a) da Lei n.º 7/2014 de 28 de Fevereiro) como meio
processual em casos de litígio. Nada obsta que se receba o recurso contencioso isolado ou
em simultâneo. Este pode ainda comportar carácter de processo urgente (art. 11.º, n.º 1 al. a)
da Lei 7/2014 de 28 de Fevereiro).

9. A jurisdição administrativa, é vasta, na medida em que, nela não cabe somente, ao


contencioso administrativo, mas também a fiscalização previa, sucessiva e concomitante.
Concorda com a afirmação? Justifique!

R: concordo! A jurisdição administrativa é vasta e e grande o seu âmbito de abrangência


material. Começando pelo contencioso administrativo até a fiscalizacao previa da legalidade
das receitas e das despesas piiblicas. A fiscalizacao concomitante e sucessiva das receitas e
despesas piiblicas e exercida pelo Tribunal Administrativo segundo o número 2 do artigo 1.º
da Lei n.º 24/2013 de 1 de Novembro.

10. Na Jurisdição administrativa o recurso contencioso é o contencioso administrativo por


natureza. Concorda? Justifique!

R: concordo. O contencioso administrativo por natureza é aquele que corresponde a essência


do direito administrativo ou seja é a resposta típica do direito administrativo à necessidade
de organizar uma garantia sólida e eficaz contra o acto administrativo ilegal e contra o
regulamento ilegal, isto é, contra o exercício ilegal do poder administrativo por via
unilateral, este é o recurso contencioso (art. 32.º da Lei n. 7/2014 de 28 de Fevereiro). Ao
contrário deste existe o recurso contencioso por atribuição que corresponde a acção
administrativa (art. 111.º da Lei 7/2014 de 28 de Fevereiro)

11. O legislador por entender que a Administração Publica, têm varias formas de
manifestação de vontade, isto é, através do acto administrativo, contrato administrativo e
regulamentos aliado à tutela jurisdicional efectiva, este para alem do recurso contencioso foi
trazendo outros meios processuais. Elenque-os e explique.

R: É verdade que para além do contencio Administrativo a lei traz um leque de outros meios
processuais, são eles (art. 14.º, Lei de Procedimento Administrativo):

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 As acções Administrativas;
 Os processos de impugnação de normas;
 Os processos urgentes; e
 Outros processos.

As acções Administrativas encontram-se previstas no artigo 111.º da Lei de Procedimento


Administrativo Contencioso e tem por objecto, fundamentalmente, o julgamento de questões
sobre contratos administrativos, responsabilidade da administração ou dos titulares dos seus
órgãos, funcionários e agentes, por prejuízos de actos de gestão pública, incluindo acções de
regresso, o reconhecimento de direitos e interesses legalmente protegidos, etc.

Os processos de impugnação de normas servem para se impugar as normas da administração


pública que se considerem violadoras de direitos e interesses dos cidadãos ou que sejam
contrarias a lei. (Art. 101.º, da Lei de Procedimento Administrativo Contencioso).

Os processos urgentes encontram-se descritos no artigo 11.º da Lei de Procedimento


Administrativo Contencioso.

12. Pronuncie-se em torno dos seguintes pressupostos processuais:

a) a aptidão do requerimento inicial de recurso contencioso administrativo,


R: a aptidão do requerimento inicial de recurso contencioso administrativo é um
pressuposto processual inerente à petição do processo contencioso, dá conta de que esta deve
estar em conformidade com o art. 53.º da Lei de Procedimento Administrativo Contencioso,
sob pena de ser recusada na secretaria do Tribunal.a petição deve ser rejeitada ou indeferida
liminarmente caso seja considerada inepta. (Art. 58.º da Lei 7/2014 de 28 de Fevereiro), isto
é, quando seja ininteligível etc. (Art. 59.º) ou quando não obedeça os requisitos exigidos em
lei.

b) a incompetência da jurisdição, e do tribunal


R: Para que o recurso seja conhecido deve ser dirigido ao tribunal competente, assim, a
competência segue os termos do artigo 6.º da Lei de Procedimento Administrativo
Contencioso e caso a petição seja dirigida a tribunal incompetente (sendo este um tribunal
administrativo) seguem-se os termos do artigo 7.º da Lei de Procedimento Administrativo
Contencioso. Se porém o tribunal incompetente não for Administrativo então o mesmo não
irá conhecer o recurso contencioso. Nos termos da alínea a) do número 2 do artigo 58.º da

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Lei de Procedimento Administrativo Contencioso, o recurso é liminarmente indeferido
quando haja incompetência de jurisdição ou do tribunal.

c) a falta de personalidade e capacidade judiciárias do recorrente,


R: A personalidade jurídiciaria é inerente à possibilidade de ser parte em processo (art. 5.º,
n.º 1 CPC) sem esta não é possivel ser demandado ou demandar em processo Contencioso. Já
a capacidade judiciária diz respeito à capacidade de estar por si em juízo. A falta da
capacidade judiciária determina que se passa estar por si só em juízo, pelo que o sujeito
carece de representação. (Art. 9.º CPC)
d) a irrecorribilidade do acto recorrido,
R: A recorrebilidade do acto é pressuposto positivo para que o recurso seja recebido, assim,
recursos que tenham por objeto actos irrecorríveis como os dispostos no artigo 42.º da Lei de
Procedimento Administrativo são indeferidos liminarmente (art. 58.º, nº 2 al. d) da Lei de
Procedimento Administrativo Contencioso)

e) a legitimidade activa e passiva


R: têm legitimidade activa para interpor recurso contencioso os sujeitos designados no art.
44.º da Lei de Procedimento Administrativo Contencioso. A legitimidade activa diz respeito
às pessoas que podem interpor recurso. A legitimidade passiva diz respeito ao órgão contra
quem é pode ser interposto o recurso (art. 49.º da Lei de Procedimento Administrativo
Contencioso). A pessoa que tem legitimidade passiva é sempre aquela que praticou o acto
objecto do recurso. A falta de legitimidade quer activa, quer passiva determina o
indeferimento liminar do recurso (art. 58.º, n.º 2 al. e) da Lei de Procedimento Administrativo
Contencioso).

f) a ilegalidade da coligação dos recorrentes,


R: Esta determina o indeferimento do recurso (art. 58.º, n.º 2, al. f) da Lei de Procedimento
Administrativo Contencioso).

g) A falta da identificação dos contra-interessados a quem o provimento do recurso possa


directamente prejudicar (quando o erro ou a falta sejam indesculpáveis).
R: Determina o indeferimento do recurso (art. 58.º, n.º 2, al. g) da Lei de Procedimento
Administrativo Contencioso).

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h) a ilegalidade da cumulação de impugnações e a caducidade e o patrocínio judiciário.
R: Determina o indeferimento do recurso (art. 58.º, n.º 2, al. h) da Lei de Procedimento
Administrativo Contencioso).

16. De forma detalhada fale dos Fundamentos do recurso


R: Os fundamentos do recurso são os factos que servem de base o recurso contencioso. O
artigo 42.º da Lei de Procedimento Administrativo Contencioso alenca como próprios:

 A usurpação do poder;
 A incompetência;
 O vício de forma, neste se englobando a falta de fundamentação, de facto ou de
direito, do acto administrativo e a falta de quaisquer elementos essenciais deste;
 A violação da lei, incluindo-se a falta de respeito pelos princípios da igualdade, da
proporcionalidade, da justiça e da imparcialidade e, ainda, o erro manifesto ou a
total falta de razoabilidade no exercício de poderes discricionários; e
 O desvio de poder.

Caso pratico V

Ivânia residente na cidade de Chimoio tentando impedir a produção dos efeitos de um acto
administrativo a seu respeito, intetou o pedido de suspensão da eficácia do acto administrativo
e o tribunal administrativo da província de Sofala, deu procedência ao seu pedido, no entanto,
notificada (como atesta a certidão de notificação em anexo) a entidade requerida sobre a
procedência do pedido da Ivânia, Funcionaria afecto naquela Instituição Publica, esta
simplesmente ficou indiferente optando pelo silencio e inercia.

a) Estamos diante da inexecução ilícita?

R: Não estamos perante inexecução ilícita, pois, a princípio o tribunal administrativo de


Sofala não tem compemcias em Chimoio pois em chimoio tem competência o Tribunal
Administrativo da Província de Manica (art. 2.º, n.º 2 da lei 24/2013 de 1 de Novembro). Pelo
que não pode decidir ou autuar o processo.

b) Pode ser responsabilizada a requerida por este acto?

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R: Dada a falta de competência do tribunal administrativo de Sofala no caso, a entidade
requerida por este não pode ser responsabilizada por não comparecer quando citada e não
incorre em revelia.

c) Em que circunstancias legais a atitude da requerida seria licita e quais fundamentos


legais esta alegaria?

R: A conduta da entidade citada seria lícita justificando-se na incompetência do tribunal que


a citou, (art. 2.º, n.º 2 da lei 24/2013 de 1 de Novembro).

d) O que a Ivânia pode fazer?

R: Ivania deverá intentar a acção no Tribunal Administrativo de Manica.

FIM

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