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Exmo. Senhor
Dr. Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal
de […]
1.º
Constitui objecto da presente acção o reconhecimento do direito
do A. a manter a ocupação do lugar como Assistente Técnico no
quadro do R.
2.º
A iminente decisão de declaração de nulidade do acto de
nomeação põe em causa o direito do A.
3.º
O A. tem legitimidade já que, sendo tomada a referida decisão, é
directamente lesado nos seus direitos e interesses legalmente
protegidos – artigo 55.º, n.º 1, alínea a), do CPTA.
4.º
O A. tem interesse em agir, nos termos do artigo 39.º do CPTA, na
medida em que aquela decisão se afigura iminente.
5.º
O Tribunal é competente por ser o da residência do A. – artigo
16.º do CPTA.
6.º
A acção está em tempo, segundo o disposto no artigo 41.º, n.º 1,
do CPTA.
II – Dos factos
7.º
Em […], o A. candidatou-se ao concurso interno de ingresso para
Assistente Administrativo, aberto pelo R. através do aviso n.º […],
publicado em Diário da República, 2.ª Série, n.º …, de […] (que
ora se junta como Doc. 1 e se dá por integralmente reproduzido
como por reproduzidos se dão todos os documentos de ora em
diante referidos nesta petição inicial),
8.º
tendo sido classificado em primeiro lugar (conforme “lista de
classificação final” que se junta como Doc. 2).
9.º
Em […], o A. foi nomeado para o lugar de Assistente
Administrativo (cf. despacho de nomeação que se junta como
Doc. 3),
10.º
que aceitou em […], conforme termo de aceitação que se junta
como Doc. 4.
11.º
Porém, em […] – ou seja, em data anterior à sua nomeação, mas
posterior à respectiva candidatura –, caducou o contrato
administrativo de provimento que celebrou (cf. notificação datada
de […], que se junta como Doc. 5).
12.º
O R., tendo tido conhecimento deste facto, dez anos decorridos do
acto de nomeação do A., pretende agora declarar nulo o respectivo
acto, com fundamento na não manutenção dos requisitos exigidos
na candidatura.
III – Do direito
13.º
A cessação do contrato administrativo de provimento na
pendência de concurso interno de ingresso não obstava à
nomeação dos candidatos que, por virtude da cessação, no
momento do provimento já não detivessem a qualidade de agente
administrativo.
14.º
Esta era a posição dominante da jurisprudência sobre a
interpretação do regime jurídico anterior à vigência da Lei n.º 12-
A/2008, de 27 de Fevereiro – que aprovou o Regime de Vínculos,
Carreiras e Remunerações da Administração Pública e que se
aplicava ao concurso dos autos.
15.º
Neste sentido, a título de exemplo, veja-se o douto Acórdão do
Supremo Tribunal Administrativo de 22 de Abril de 2009,
proferido no âmbito do processo n.º 0949/08, disponível em
www.dgsi.pt.
16.º
Admitindo por hipótese e sem conceder que o referido acto de
nomeação enfermasse de vício gerador de nulidade, não se
ignoraria o princípio consagrado no n.º 1 do artigo 134.º do
Código de Procedimento Administrativo (CPA) segundo o qual o
acto nulo não produz quaisquer efeitos jurídicos,
independentemente da declaração dessa nulidade.
17.º
No entanto, mesmo nesse enquadramento (que não se concede),
dispõe o n.º 3 do referido artigo que aquele princípio geral «não
prejudica a possibilidade de atribuição de certos efeitos jurídicos
a situações de facto decorrentes de actos nulos, por força do
simples decurso do tempo, de harmonia com os princípios gerais
de direito».
18.º
Permite-se, desta forma, a conservação “definitiva” e a
consolidação de uma situação jurídica originariamente ilegal em
homenagem aos princípios da boa fé e da protecção da confiança e
da garantia da estabilidade das relações sociais (cf. Mário Esteves
de Oliveira/ Pedro Gonçalves/Pacheco de Amorim, Código do
Procedimento Administrativo, 2.ª edição, Almedina, Coimbra,
1997, pp. 655 e seguintes].
19.º
Vejam-se, neste sentido, os doutos Acórdãos do Supremo Tribunal
Administrativo de 7 de Novembro de 2006 (Processo n.º 0175/06),
de 8 de Janeiro de 2009 (Processo n.º 0962/08), de 16 de Janeiro
de 2003 (Processo n.º 01316/02) e de 11 de Outubro de 2005
(Processo n.º 0262/05), todos disponíveis em www.dgsi.pt.
20.º
Ora, pensa-se que, no caso dos autos, subjazem à situação do A. os
pressupostos daquela jurisprudência.
21.º
De facto, não só o A. vem exercendo funções como Assistente
Técnico por um período já significativo (de aproximadamente de
10 anos),
22.º
como o A. sempre esteve de inequívoca boa fé no processo
concursal, na plena e justificada convicção de que a caducidade do
seu contrato administrativo de provimento não constituía
impedimento legal da respectiva nomeação,
23.º
boa fé e confiança, aliás, suportada no facto de o R., em todos
estes anos, nunca ter feito qualquer reparo à situação do A.,
24.º
muito embora tivesse conhecimento dessa situação desde, pelo
menos, […], data em que foi actualizado o registo biográfico do
A. com a informação daquela caducidade (cf. registo biográfico
que se junta como Doc. 6).
25.º
Termos em que, sempre será de reconhecer o direito do A. à
nomeação como Assistente Administrativo, por aplicação da regra
geral, constante do artigo 134.º, n.º 3, do CPA, sobre a atribuição
de efeitos jurídicos às situações de facto consolidadas
(jurisdicização), e, por isso, o direito ao lugar que ocupa
actualmente.
V – O Pedido
26.º
Em suma, pelos fundamentos expostos, deverá ser reconhecido o
direito do A. a manter a ocupação do lugar como Assistente
Técnico no quadro do R.
Prova testemunhal:
1. [nome], [profissão], residente em […];
2. [nome], [profissão], residente em […].
O Advogado,
Petição Inicial de Acção para Adopção ou Abstenção de
Comportamentos em Sentido Amplo, Incluindo Operações Materiais,
e até Simples Actos Jurídicos
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do Tribunal
Administrativo e Fiscal de
[…]
1.º
Constitui objecto da presente acção a condenação do R. a abster-
se de ocupar o imóvel propriedade do A., sem prévio procedimento
expropriativo, para construção do novo parque infantil da Vila de […].
2.º
Através de cartazes colocados em vários locais do concelho, bem
como de notícias divulgadas através dos meios de comunicação social
locais, o R. tem vindo a anunciar a construção do novo parque infantil da
Vila de […] no imóvel propriedade do A., conforme fotografias dos
referidos cartazes e cópias dos mencionados artigos noticiosos que se
juntam, respectivamente, como Doc. 1 a Doc. 5 e se dão por
integralmente reproduzidas (assim como os demais documentos referidos
nesta petição inicial).
3.º
No passado dia […], o A. presenciou o início dos trabalhos de
construção no imóvel confinante com o terreno de que é proprietário.
4.º
Até à presente data, o R. não iniciou qualquer procedimento
expropriativo referente ao imóvel do A.,
5.º
bem como também não o fez relativamente ao imóvel vizinho
onde, sublinha-se, já se iniciaram os trabalhos de construção do
parque.
6.º
Assim, o A. tem interesse em agir, nos termos do disposto no
artigo 39.º do CPTA[1].
7.º
O Tribunal é competente, por ser o da situação do bem – artigo
17.º do CPTA.
8.º
A acção está em tempo – artigo 41.º, n.º 1, do CPTA.
II – Dos factos
9.º
Conforme acima mencionado, o R. tem vindo a divulgar, através
da afixação de cartazes em vários locais do concelho, e através dos meios
de comunicação social locais, a construção do novo parque infantil da
Vila de […] – cf. Doc. 1 a Doc. 5.
10.º
O A. é proprietário do prédio rústico constituído por terra de
cultivo, com a área total de […] m2, inscrito na respectiva matriz predial
rústica sob o n.º […] e descrito na Conservatória do Registo Predial de
[….] sob o n.º […] – cf. Doc. 6 e Doc. 7.
11.º
O referido parque infantil, como tem vindo a ser anunciado pelo
R., irá ser edificado, além do mais, no imóvel propriedade do A..
12.º
No passado dia [data], o A. verificou a presença de trabalhadores
do R. e de algumas máquinas no imóvel contíguo ao terreno de que é
proprietário – cf. fotografias do local que ora se juntam como Doc. 8 a
Doc. 10 -,
13.º
tendo presenciado o início dos trabalhos de construção do novo parque no
terreno vizinho – cf. Doc. 11.
14.º
Até à presente data, o R. não deu início a qualquer procedimento
expropriativo, quer do imóvel de que o A. é proprietário, quer do referido
imóvel confinante.
III – Do direito
15.º
Dispõe o artigo 62.º da Constituição da República Portuguesa
(CRP):
«1 – A todos é garantido o direito à
propriedade privada e à sua
transmissão em vida ou por morte, nos
termos da Constituição.
2 – A requisição e a expropriação por
utilidade pública só podem ser
efectuadas com base na lei e mediante o
pagamento de justa indemnização».
16.º
Neste sentido, determina o artigo 1.º do Código das
Expropriações, aprovado pela Lei n.º 168/99, de 18 de Setembro (na
actual redacção), em concretização daquele preceito, que
«[o]s bens imóveis e os direitos a eles
inerentes podem ser expropriados por
causa de utilidade pública
compreendida nas atribuições, fins ou
objecto da entidade expropriante,
mediante o pagamento contemporâneo
de uma justa indemnização nos termos
do presente Código».
17.º
Relativamente ao interesse processual em acções de simples
apreciação, estabelece o artigo 39.º do CPTA o seguinte:
«Os pedidos de simples apreciação
podem ser deduzidos por quem invoque
utilidade ou vantagem imediata, para
si, na declaração judicial pretendida,
designadamente por existir (…)
fundado receio de que a Administração
possa vir a adoptar uma conduta lesiva,
fundada numa avaliação incorrecta da
situação jurídica existente».
18.º
Consagrando a CRP o direito basilar à propriedade privada, e
exigindo a Lei Fundamental a previsão legal da admissibilidade da
expropriação por utilidade pública, mediante o pagamento da justa
indemnização, dúvidas não subsistem que, não tendo o R. lançado
mão desse procedimento, não é (juridicamente) lícita a ocupação
do imóvel propriedade do A.,
19.º
sendo que, face a todo o exposto, esta conduta do R. afigura-se
iminente e é lesiva dos interesses do A..
Prova:
a) Documental – os […] documentos referidos nesta
petição inicial.
b) Prova testemunhal:
1. [Nome], [profissão], residente em […];
2. [Nome], [profissão], residente em […].
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do
Tribunal
Administrativo e
Fiscal de (…)
1.º
Constitui objecto da presente acção a condenação do R. a reparar o
ramal de ligação do sistema público ao sistema predial do imóvel
sito na Avenida […], propriedade da A., considerando que o R. é a
entidade gestora do serviço público de distribuição de água e
drenagem de águas residuais do Município de […], nos termos do
Regulamento do Serviço de Abastecimento de Água e de
Drenagem de Águas Residuais do Município de […], publicado no
Diário da República n.º […], II.ª Série, de […] (cf. artigo 2.º do
referido Regulamento).
2.º
A A. tem legitimidade, nos termos do disposto no artigo 9.º, n.º 1,
do CPTA.
3.º
O Tribunal é competente – artigo 16.º do CPTA.
4.º
A acção está em tempo – artigo 41.º, n.º 1, do CPTA.
II – Os factos
5.º
Conforme referido, a A. é proprietária do imóvel sito na Rua […],
constituído por uma moradia unifamiliar e logradouro, este localizado na
frente do prédio, adjacente à referida rua – cf. caderneta predial urbana
que ora se junta como Doc. 1 e se dá aqui por reproduzido para os
devidos e legais efeitos, como se dão por reproduzidos todos os
documentos doravante referidos.
6.º
A A. vem constatando, desde o passado dia […], que, devido a
uma ruptura no ramal de ligação do sistema público ao sistema
predial, se tem vindo a verificar uma descarga contínua de água
para o seu logradouro – cf. registo fotográfico do local que se
junta como Doc. 2.
7.º
A A. comunicou ao R. esta situação de ruptura e de descarga, por
diversas vezes, através de cartas registadas com aviso de recepção
datadas de […], […] e […] – cf. Docs. 3 a 5.
8.º
A água que assim se tem vindo a infiltrar no prédio da A.
provocou já a morte de diversas espécies de flores aí plantadas pela A.,
9.º
bem como tem vindo a transformar o mencionado logradouro,
passe o termo, num autêntico pântano – cf. registo fotográfico, realizado
pela A., datado de […] e […], que se junta como Doc. 6.
III – O direito
10.º
O artigo 2.º do Regulamento do Serviço de Abastecimento de
Água e de Drenagem de Águas Residuais do Município de […]
determina que é a Câmara Municipal de […] a entidade gestora do
serviço público dos autos, prestado na área do Município ora R..
11.º
Dispõe o artigo […].º do Regulamento do Serviço de
Abastecimento de Água e de Drenagem de Águas Residuais do
Município de […], sob a epígrafe “Conservação, substituição e
renovação”, que:
«A Entidade Gestora do serviço público de
distribuição de água e drenagem de águas
residuais do Município de […] é responsável
pela conservação, reparação, substituição e
renovação dos ramais de ligação e respectivos
encargos».
12.º
Assim, é ao R. que compete realizar, a expensas suas, as
reparações que se revelem necessárias ao adequado funcionamento do
sistema de abastecimento de água do Município de […], por si gerido.
13.º
Contudo, apesar de ter sido diversas vezes instado pela A. a fazê-
lo, o R. não procedeu ainda à reparação da mencionada ruptura do
ramal de ligação do sistema público ao sistema predial do imóvel
da A..
O Advogado,
Petição Inicial de Acção Administrativa Comum de Responsabilidade
Civil de Pessoas Colectivas
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do Tribunal
Administrativo e Fiscal de […]
1.º
A presente acção destina-se a efectivar o pedido de
responsabilidade civil extracontratual por danos sofridos pelo A.
em consequência do acidente de viação ocorrido na estrada
municipal […], originado em facto ilícito imputável ao ora R..
2.º
Na verdade, e como adiante será enunciado, a omissão de
manutenção e fiscalização das tampas de saneamento da referida
estrada municipal causou danos avultados no veículo automóvel
propriedade do A..
3.º
O ressarcimento dos prejuízos sofridos pelo A. no seu património
constitui o objecto da presente acção.
4.º
A acção está em tempo – artigo 41.º, n.º 1, do CPTA.
5.º
A A. tem legitimidade – artigo 9.º, n.º 1, do CPTA.
6.º
O Tribunal é competente, por ser o do lugar onde o facto
constitutivo da responsabilidade civil extracontratual ocorreu –
artigo 18.º, n.º 1, do CPTA.
II – Dos factos
7.º
O A. é proprietário do veículo automóvel, marca […], modelo
[…], com a matrícula […] – cfr. cópia do documento único
automóvel que aqui se junta como doc. […] e se dá por
integralmente reproduzido (assim como os demais documentos
referidos nesta petição inicial).
8.º
Em […], cerca das […] horas, o A. conduzia o referido veículo na
estrada municipal […], no sentido sul-norte, a uma velocidade entre 40 a
50 Km/h.
9.º
Esta estrada municipal não tem iluminação, conforme doc. […]
que se junta.
10.º
Subitamente, o veículo da A. embateu num buraco cuja tampa de
saneamento se encontrava deslocada, conforme fotografia que se
junta como doc. […]
11.º
Nesse momento, o A. perdeu o controlo do seu veículo tendo,
ainda, embatido no muro de suporte de terras, em cimento, do
imóvel contíguo à referida estrada municipal.
12.º
O A. sofreu, com o referido embate, luxações no ombro esquerdo,
conforme se atesta pelo relatório e exames médicos que realizou
no Hospital […], conforme docs.[…] que se juntam.
13.º
De imediato, o A. foi auxiliado por dois condutores que
circulavam atrás do veículo por si conduzido e que presenciaram o
acidente ocorrido.
14.º
Em […], e na sequência do sucedido, o A. interpelou o R. para
proceder à reparação dos danos patrimoniais e não patrimoniais
sofridos em virtude do referido acidente, conforme carta registada
com aviso de recepção que se junta como doc. […],
15.º
uma vez que o acidente, conforme resulta do alegado, ficou a
dever-se à omissão de fiscalização, por parte da R., do estado de
conservação da rede viária municipal em causa,
16.º
bem como à falta da devida sinalização e condições de iluminação
do local do sinistro.
17.º
O embate do veículo no buraco e, como consequência, no muro de
suporte de terras originou danos em toda a carroçaria do veículo,
na pintura, nos amortecedores dianteiros e nos pneus cuja
reparação foi orçamentada no valor de […]€, conforme se
discrimina no orçamento que se junta como doc. […];
18.º
Os danos não patrimoniais sofridos pelo A. ascendem a […]€ em
virtude das dores e incómodos sofridos e que causaram ao A. uma
incapacidade temporária profissional de 7 dias, conforme atestado
médico que se junta como doc. […].
19.º
O R., até à presente data, ainda não proferiu qualquer decisão
sobre o pedido de reparação formulado pelo A. no dia […],
20.º
Encontrando-se, ainda, o veículo do A. imobilizado desde a data
de ocorrência do acidente, aguardando por uma decisão do R.
para, em consonância, o A. mandar proceder à sua reparação.
21.º
Até à data, esta situação tem causado enormes prejuízos ao A.
uma vez que este se viu forçado a recorrer a outros meios de
deslocação para as movimentações do seu dia-a-dia, bem como no
exercício da sua profissão, conforme se comprova pelos docs. […]
que se juntam.
III – Do Direito
22.º
De entre as atribuições do R. conta-se a obrigação de “administrar
o domínio público municipal”, conforme o disposto no artigo 64.º, n.º 7,
alínea b), da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro,
23.º
Fazendo, igualmente, parte do âmbito de competências dos órgãos
da R. o planeamento, a gestão e a realização de investimentos nos
domínios da rede viária de âmbito municipal, conforme resulta do
artigo 18.º, n.º 1, alínea a), da Lei n.º 159/99, de 14 de Setembro.
24.º
Ora, tendo por base estas normas jurídicas de direito público e a
matéria de facto alegada, vejamos em que medida os pressupostos
da responsabilidade civil extracontratual se encontram
preenchidos.
25.º
A verificação, em geral, de uma situação de responsabilidade civil
extracontratual por facto ilícito depende da verificação dos
seguintes pressupostos: a) facto jurídico (acção ou omissão) b)
ilicitude, c) nexo de imputação do facto ao agente, d) nexo de
causalidade e e) dano – conforme dispõe o artigo 483.º, n.º 1, do
Código Civil.
26.º
No caso vertente, a situação de responsabilidade civil
extracontratual resulta de danos emergentes de omissão de
conduta por parte de uma pessoa colectiva de direito público, pelo
que a aferição dos respectivos pressupostos de responsabilidade
deve reger-se, igualmente, pelo Regime da Responsabilidade Civil
Extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas (RRCEE),
aprovado pela Lei n.º 67/2007, de 31 de Dezembro, conforme
resulta do disposto no artigo 1.º, números 1 e 2, deste diploma,
27.º
constituindo a responsabilidade civil extracontratual da
Administração Pública por acção/omissão um princípio geral com
assento constitucional, conforme resulta da norma prevista no
artigo 22.º da Constituição da República Portuguesa, quando se
refere que «o Estado e as demais entidades públicas são
civilmente responsáveis, em forma solidária, com os titulares de
órgãos, funcionários e agentes , por acções ou omissões
praticadas no exercício das suas funções ou por causa desse
exercício» [sublinhado pelo signatário].
28.º
Por seu turno, os danos acima identificados emergem de um facto
jurídico (omissão de gestão e manutenção da rede viária
municipal) subsumível no quadro de actos de gestão pública[1]
praticados pela R., na medida em que apresenta uma conexão
imediata com um bem do domínio público municipal (a estrada
municipal […]) e encontra-se regulada, no que à previsão
normativa das competências e atribuições da R. diz respeito, por
normas de direito público, verificando-se, deste modo, a
necessária «ambiência de direito público»[2] em que o acto foi
praticado.
29.º
Assim, o enquadramento jurídico da questão sub judice deve
atender ao disposto na RRCEE, relativamente ao regime jurídico
de responsabilidade civil por danos decorrentes do exercício da
função administrativa, aplicando-se as disposições normativas dos
capítulos I e II.
30.º
Atento o exposto, dir-se-á que o facto jurídico omissão – enquanto
comportamento voluntário - apenas origina o dever de indemnizar
quando havia «por força da lei ou do negócio jurídico, o dever de
praticar o acto omitido» – conforme dispõe a disposição
normativa geral do artigo 486.º do Código Civil,
31.º
sendo que tal omissão se considera ilícita se violar «disposições
ou princípios constitucionais, legais ou regulamentares ou
infrinjam regras de ordem técnica ou deveres objectivos de
cuidado e de que resulte a ofensa de direitos legalmente
protegidos», conforme previsto no artigo 9.º, n.º 1, do RRCEE.
32.º
Por outro lado, convirá referir que a verificação de uma situação
de omissão de deveres de vigilância sobre coisas – no domínio das
actividades materiais de fiscalização na rede viária municipal a
que o R. se encontra adstrita – faz despoletar o mecanismo de
presunção de culpa previsto no artigo 10.º, n.º 3, do RRCEE,
33.º
havendo lugar a inversão do ónus da prova por aplicação do
disposto no artigo 493.º, n.º 1, do Código Civil, aplicável por
remissão da norma prevista no artigo 10.º, n.º 3 do RRCEE.
34.º
Na verdade, o R. surge «numa posição de garante e de por isso
deter um certo monopólio da prova, no sentido de que ela está
normalmente em melhores condições para alegar e provar os
factos que afastam a culpa do que o particular para provar o
contrário» (cf. Margarida Cortez, “A Responsabilidade Civil da
Administração por omissões”, Cadernos de Justiça
Administrativa, n.º 40, p. 36).
35.º
Relativamente ao nexo de causalidade entre a omissão e os danos
sofridos pelo A., deverá ser avaliado em que medida o R. poderia
ter evitado o resultado adoptando a acção omitida, remetendo a
apreciação que se faz do nexo normativo de causalidade para uma
dimensão de causalidade hipotética, avaliada segundo critérios de
adequação.
36.º
Assim, interessa perguntar se o acidente de viação poderia ter sido
evitado caso o R. tivesse procedido à fiscalização da tampa de
saneamento do buraco em causa, sinalizado devidamente o local e
provido pela iluminação pública da referida estrada,
37.º
O que deve conduzir à resposta de que tais medidas de
fiscalização, em cumprimento dos deveres de vigilância que sobre
o R. impendem, teriam sido adequadas a prevenir, no caso
concreto, a ocorrência do acidente de viação sofrido pelo A.
37.º
Por seu turno, e uma vez que se encontram verificados os
pressupostos de responsabilidade civil extracontratual que vêm
sendo expostos, e delimitado o dano indemnizável do A., afigura-
se necessário salientar que a obrigação de indemnizar a que o R.
se encontra adstrita deve «reconstituir a situação que existiria se
não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação»,
conforme dispõe o artigo 3.º, n.º 1, do RRCEE,
38.º
abrangendo a obrigação de indemnizar os danos patrimoniais e
não patrimoniais nos termos gerais de direito, conforme dispõe o
artigo 3.º, n.º 3, do referido regime.
IV – Do pedido
39.º
Atenta a factualidade acima exposta e o respectivo enquadramento
jurídico, verifica-se que se encontram preenchidos os pressupostos
de responsabilidade civil extracontratual em que o R. incorreu,
devendo este indemnizar o A. pelos danos patrimoniais e não
patrimoniais sofridos e que perfazem a quantia global de […] €,
acrescida dos juros vincendos até efectivo e integral pagamento da
mesma.
Prova:
a) Documental – os […] documentos referidos nesta
petição inicial.
b) Testemunhas:
1. [Nome], [profissão], residente em […];
2. [Nome], [profissão], residente em […].
O Advogado,
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do Tribunal
Administrativo e Fiscal de […]
1.º
O A. é proprietário de uma vinha implantada num terreno agrícola
sito em […], com uma área total de […] ha e licença para
produção de […] litros de Vinho do Porto (letra B) – cf. Doc. 1
que se dá por integralmente reproduzido, assim como os demais
documentos referidos nesta petição inicial.
2.º
Em […] – na sequência da Resolução do Conselho de Ministros
n.º 72/2010, de 10 de Setembro, e nos termos do Decreto-Lei n.º
126/2010, de 23 de Novembro –, o R. iniciou um procedimento de
concurso público internacional para a formação de um contrato de
implementação e de concessão destinado à captação de água do
domínio público hídrico para a produção de energia hidroeléctrica
e à concepção, construção, exploração e conservação da respectiva
infra-estrutura hidráulica, com reserva de capacidade de injecção
de potência na rede eléctrica de serviço público (RESP) e de
identificação de pontos de recepção associados para energia
eléctrica produzida no aproveitamento hidroeléctrico a construir
na zona abrangida pelo Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica de
[…], sito no local de […] – cf. Anúncio n.º […], publicado no
Jornal Oficial das Comunidades Europeias n.º […], de […], que
aqui se junta como Doc. 2.
3.º
A implementação do referido aproveitamento hidroeléctrico para
exploração do domínio público determinou uma alteração
irreversível das condições climáticas e ambientais existentes no
local da vinha do A., com a consequente perda das quantidades e
qualidades de vinho produzido, causando ao A. prejuízos especiais
e anormais cujo ressarcimento se impõe e constitui objecto da
presente acção.
4.º
A acção está em tempo – artigo 41.º, n.º 1, do CPTA.
5.º
O A. tem legitimidade – artigo 9.º, n.º 1, do CPTA.
6.º
O Tribunal é competente, por ser o do lugar em que se deu o facto
constitutivo da responsabilidade – artigo 18.º, n.º 1, do CPTA.
II – Dos factos
7.º
Como referido, em […], o R. iniciou um procedimento para a
formação de um contrato de implementação de um aproveitamento
hidroeléctrico a que se refere a Resolução do Conselho de
Ministros n.º 72/2010, destinado à captação de água para produção
de energia eléctrica com capacidade instalada até […] MW –
aproveitamento hidroeléctrico doravante apenas designado por
“Mini-Hídrica”.
8.º
O local de implementação da Mini-Hídrica (em particular, a sua
albufeira) é adjacente à encosta onde se situa a vinha do A. – cf.
registo fotográfico que se junta como Doc. 3.
9.º
A Mini-Hídrica, objecto do contrato celebrado na sequência
daquele procedimento pré-contratual, entrou em funcionamento a
partir de […].
10.º
A entrada em funcionamento da Mini-Hídrica determinou
profundas alterações climáticas e ambientais em toda a região.
11.º
Designadamente, conforme resulta dos registos do Instituto de
Meteorologia, IP que se juntam como Doc. 4, o enchimento da
albufeira originou, no local,
12.º
uma descida das temperaturas médias superior a […] graus,
13.º
a alteração dos níveis do vento,
14.º
a subida média dos níveis de humidade,
15.º
sem prejuízo da própria modificação das características do solo
onde se implanta a vinha, que agora revela uma concentração
muito superior de água, excessiva e inadequada à produção do
Vinho do Porto – cf. Estudo elaborado por […] que se junta como
Doc. 5.
16.º
Este profundo desvirtuamento das condições climáticas e
ambientais do local da sua vinha causou ao A. prejuízos especiais
e anormais, traduzidos na redução imediata da sua produção
habitual em quantidade superior a […] % e na forte depreciação
do “valor de mercado” da própria vinha.
17.º
Na verdade, antes da implementação da Mini-Hídrica, o A.
produziu, em média, […] litros de Vinho do Porto por ano,
designadamente:
a) No ano de […], produziu […] litros – cf. Doc. 6;
b) No ano de […], produziu […] litros – cf. Doc. 7;
c) […].
18.º
Todavia, no ano de […], subsequente ao enchimento da albufeira,
a produção de uva com a qualidade mínima (isto é, a qualidade
admitida pelas entidades compradoras do vinho titulado por
benefício) não excedeu o equivalente a […] litros – cf. Doc. 8,
19.º
Não logrando o A., inclusivamente, produzir a quantidade a que se
encontrava obrigado nos termos da licença de que é titular,
20.º
Razão pela qual teve de adquirir […] litros a produtores
excedentários, ao preço de […]/litro, sob pena de perda do seu
benefício – cf. Doc. 9.
21.º
Isto, em absoluto contraciclo com o sector, em que a produção
média subiu […] % face ao ano anterior – cf. Doc. 10,
22.º
E em que o preço de venda do vinho beneficiado se fixou em
[…]€/litro – cf. doc. 11.
23.º
Face ao exposto, em resultado da decisão do R. de implementar a
Mini-Hídrica, por razões de interesse público que não se ignoram,
o A. suportou e continua a suportar graves prejuízos, quantificados
em montante não inferior a […] €, assim discriminado:
a) […] €, pela quebra da sua produção média face aos anos
precedentes;
b) […] €, pelos custos com a aquisição de litros de vinho
necessários ao preenchimento das quantidade estabelecidas
na licença de que o A. é titular;
c) […] €, a título de compensação global pela
desvalorização irreversível da vinha de que o A. é
proprietário, consequente da depreciação das características
climáticas e ambientais – vinha cujo valor, em preços
normais de mercado, não seria inferior a […] € e que, nas
actuais circunstâncias, não excede um preço de […] €.
III – Do Direito
24.º
Dispõe o artigo 16.º do Regime da Responsabilidade Civil
Extracontratual do Estado e Demais Entidades Públicas (RRCEE),
aprovado pela Lei n.º 67/2007, de 31 de Dezembro, que «O
Estado e as demais pessoas colectivas de direito público
indemnizam os particulares a quem imponham encargos ou
causem danos especiais e anormais, devendo, para cálculo da
indemnização, atender-se, designadamente, ao grau de afectação
do conteúdo substancial do direito ou interesse violado ou
sacrificado».
25.º
Esclarece o artigo 2.º do RRCEE que «consideram-se especiais os
danos ou encargos que incidam sobre uma pessoa ou um grupo,
sem afectarem a generalidade das pessoas, e anormais os que,
ultrapassando os custos próprios da vida em sociedade, mereçam,
pela sua gravidade, a tutela do direito».
26.º
A norma do artigo 16.º do RRCEE consagra um dever de
indemnizar em termos amplos, fundado, designadamente, na
prática de actos administrativos, em situações não reconduzidas ao
âmbito da responsabilidade civil extracontratual por facto ilícito e
da responsabilidade pelo risco (cf. Carlos Alberto Fernandes
Cadilha, Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do
Estado e Demais Entidades Públicas – Anotado, Coimbra, 2008,
pp. 299-301).
27.º
Neste dever de indemnizar estão em causa «os encargos ou danos
especiais e anormais, o que significa que esta categoria de
responsabilidade civil, procurando assegurar o pagamento de
uma compensação a quem tenha sido afectado na sua esfera
jurídica por razões de interesse comum, visa sobretudo dar
concretização prática a um princípio de igualdade dos cidadãos
perante os encargos públicos, desvalorizando a ocorrência de
danos generalizados ou de pequena gravidade que devam ser
entendidos como um encargo normal exigível como contrapartida
dos benefícios que derivam do funcionamento dos serviços
públicos» (idem, ibidem, p. 302).
28.º
Assim, «apurado que determinados prejuízos são indemnizáveis,
por preencherem as características de especialidade e
anormalidade, há lugar à indemnização pelo sacrifício desde que
se verifiquem os demais requisitos materiais do dever
ressarcitório: a imposição de um encargo ou a causação de um
dano a um particular, no quadro de uma intervenção de uma
autoridade pública, por razões de interesse público» (idem,
ibidem, p. 303).
29.º
Neste âmbito da responsabilidade da Administração por actos
lícitos, «A alusão ao grau de afectação do conteúdo substancial
do direito ou interesse em causa parece permitir reportar o
quantum indemnizaturao valor da desvantagem patrimonial que
tenha incidido sobre bens materiais», ainda que – atendendo ao
«carácter compensatório, e não meramente reparatório da
indemnização» – limitando «o montante indemnizatório às
consequências imediatas da perda de disponibilidade do bem ou
da sua limitação, excluindo quaisquer efeitos indirectos, como os
ganhos que se frustraram em consequência da lesão» (idem,
ibidem, p. 303).
30.º
Ora, no caso dos autos, é manifesta a verificação dos pressupostos
do dever de indemnizar que impende sobre o R., nos termos do
disposto no artigo 16.º do RRCEE:
31.º
A decisão de implementar a Mini-Hídrica corresponde a um acto
lícito, praticado no exercício da função administrativa, por razões
de interesse público;
32.º
A implementação da Mini-Hídrica causou ao A. danos especiais,
acima melhor descritos, já que incidem «sobre uma pessoa ou um
grupo, sem afectarem a generalidade das pessoas»: no caso,
incidem sobre o A.;
33.º
Os danos suportados pelo A. são ainda anormais, já que,
«ultrapassando os custos próprios da vida em sociedade,
mere[ce]m, pela sua gravidade, a tutela do direito», não podendo
ser considerados como danos de «pequena gravidade que devam
ser entendidos como um encargo normal exigível como
contrapartida dos benefícios que derivam do funcionamento dos
serviços públicos»;
34.º
O facto responsabilizante é imputável ao R.: à implementação da
Mini-Hídrica subjaz uma decisão de contratar do R.;
35.º
Verifica-se o nexo de causalidade entre o facto e o dano.
36.º
Destarte, sendo limitado «o montante indemnizatório às
consequências imediatas da perda de disponibilidade do bem ou
da sua limitação, excluindo quaisquer efeitos indirectos, como os
ganhos que se frustraram em consequência da lesão», o dano
indemnizável em resultado da decisão do R. de implementar a
Mini-Hídrica, por razões de interesse público, é quantificado em
montante não inferior a […] €, assim discriminado:
a) […] €, pelos custos com a aquisição de litros de vinho
necessários ao preenchimento das quantidade estabelecidas
na licença (quantidade de vinho beneficiado) de que o A. é
titular;
b) […] €, a título de compensação global pela
desvalorização irreversível da vinha de que o A. é
proprietário, consequente da depreciação das características
climáticas e ambientais – vinha cujo valor, em preços
normais de mercado, não seria inferior a […] € e que, nas
actuais circunstâncias, não excede um preço de […] €.
IV – Do pedido
37.º
Em face do exposto, deve o R. ser condenado a pagar ao A. a
quantia total de […] €, acrescida dos juros legais vincendos até
efectivo e integral pagamento da mesma.
Junta:
- Procuração;
- […] documentos, cujo conteúdo se dá por integralmente
reproduzido sempre que nesta petição inicial são referidos;
- Comprovativo do pagamento da taxa de justiça.
O Advogado,
Petição Inicial de Acção Administrativa Comum Sobre
Interpretação, Validade ou Execução de Contratos
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do
Tribunal
Administrativo e
Fiscal de […]
II – Dos factos
12.º
Na sequência de concurso público publicitado no Jornal Oficial da
União Europeia, em […], como referido, a A. celebrou com o R. o
contrato de empreitada de cuja execução emerge o litígio objecto
dos presentes autos (Doc. 2).
13.º
Em […] foi lavrado o auto de consignação dos trabalhos.
14.º
Quando notificada para a consignação, a A. tinha a justificada
expectativa de que seria possível dispor da totalidade dos
elementos de projecto em condições adequadas à sua
implementação,
15.º
Ter disponíveis, para executar os trabalhos, as áreas previstas para
os mesmos – designadamente, executando os trabalhos através da
“Estrada Nacional”, cujo trânsito estaria interrompido de acordo
com o caderno de encargos,
16.º
Bem como implementar o planeamento da proposta de forma a
cumprir o prazo contratual convencionado, com os meios
previstos.
17.º
Contudo, isso não aconteceu.
18.º
Com efeito, em […], por ofício n.º […], o R. notificou a A. de
uma ordem de suspensão imediata dos trabalhos, em face de uma
invocada necessidade de estudar alterações a introduzir ao
projecto – cf. Doc. 5.
19.º
Em […], o R. procedeu à formalização desta suspensão, conforme
auto junto como Doc. 6.
20.º
Resulta do teor do referido auto que a suspensão decorreu da
«(…) necessidade, entretanto verificada pelo
Município, de redefinir as cotas de
implantação da via pedonal, de forma a
evitar os constrangimentos anualmente
suportados com a subida no nível do mar e
transbordo das águas na via pública».
21.º
Em […], tendo entregue o projecto rectificado, o R. notificou a A.
para o recomeço dos trabalhos – conforme Ofício n.º […], junto
como Doc. 7.
22.º
De acordo com o mesmo Ofício, o R. notificava ainda a A. para o
seguinte:
«(…) em face da constatada impossibilidade
de corte da Estrada Nacional, os trabalhos
devem ser preferencialmente executados a
partir do areal da praia, sem prejuízo da
utilização dos locais, junto àquela via
rodoviária, que possam servir igualmente de
acesso sem prejuízo da circulação
automóvel.
Mais se informa que, considerando a
necessidade de dar cumprimento aos prazos
da candidatura de apoio comunitário que
viabiliza a empreitada, devem V. Exas. dar
imediata execução aos trabalhos de forma a
cumprir integralmente o prazo inicialmente
estipulado, com o necessário reforço de
meios humanos e de equipamento».
23.º
A referida modificação (unilateral), pelo R., do modo de execução
das prestações previstas no contrato – quanto aos locais
disponibilizados para apoio e acesso à obra e ao necessário reforço
de meios para cumprimento do prazo de execução – determinaram
uma maior dificuldade na execução da obra, com o consequente
agravamento dos encargos respectivos.
24.º
Na verdade, em cumprimento da mencionada determinação do R.,
a A. foi obrigada, além do mais:
a) A um reforço de infra-estruturas, implantadas sob o areal
da praia, para construção do estaleiro da obra;
b) A uma substituição de diversos meios de equipamento,
adequado à operacionalização nas novas condições;
c) A um reforço de meios (humanos e de equipamento),
para assegurar a conclusão dos trabalhos na data
inicialmente prevista.
25.º
Este reforço e substituição dos meios previstos, bem como os
encargos daí consequentes, quantificados no montante global de
[…]€, resultam melhor explicitados e demonstrados conforme
requerimento para reposição do equilíbrio financeiro do contrato,
apresentado pela A. ao R. em […] (Doc. 3).
26.º
Como referido, este requerimento foi indeferido pelo R., em
síntese, porquanto, no seu entender (cf. Doc. 4, pág. 3),
«(…) as supostas vicissitudes invocadas,
sendo apenas relacionadas com um ligeiro
ajustamento quanto ao modo de execução
dos trabalhos, faculdade que
inquestionavelmente assiste ao dono da obra
no âmbito da execução dos contratos de
empreitada de obras públicas, estão
abrangidas e não extravasam a “repartição
do risco entre as partes”, assumido com a
celebração do contrato (cf. n.º 2 do artigo
282.º do Código dos Contratos Públicos)» .
III – Do Direito
27.º
Estabelece o n.º 1 do artigo 354.º do Código dos Contratos
Públicos (CCP) que «Se o dono da obra praticar ou der causa a
facto donde resulte maior dificuldade na execução da obra, com
agravamento dos encargos respectivos, o empreiteiro tem o
direito à reposição do equilíbrio financeiro».
28.º
De acordo com o disposto no n.º 3 do artigo 282.º do CCP, a
reposição do equilíbrio financeiro do contrato é «efectuada, na
falta de estipulação contratual, designadamente, através (…) do
dever de prestar à contraparte o valor correspondente (…) ao
agravamento dos encargos previstos com a execução do
contrato».
29.º
O contrato dos autos é omisso quanto à forma de proceder à
reposição do seu equilíbrio financeiro (Doc. 2).
30.º
Conforme requerimento que aqui se dá por integralmente
reproduzido (Doc. 3), o direito do A. à reposição do equilíbrio
financeiro do contrato dos autos foi exercido tempestivamente e
nos termos legais (artigo 354.º, n.ºs 2 e 3, do CCP).
31.º
Em face do exposto, e melhor demonstrado no referido
requerimento da A. (Doc. 3), no âmbito da empreitada dos autos, e
em consequência de factos praticados pelo R., a A. viu agravados
os encargos da execução da obra a que se vinculou em montante
não inferior a […] €,
32.º
Valor que, por isso, lhe deve ser prestado pelo R., para reposição
do equilíbrio financeiro do contrato celebrado, de acordo com o
estatuído pelo n.º 1 do artigo 354.º do CCP – o que, por ser
devido, aqui se requer.
IV – Do pedido
33.º
Pretende-se, pelas razões de facto e de direito acima enunciadas,
que o R. seja condenado a pagar à A., pelo agravamento dos
custos que causou na realização da obra objecto do contrato dos
autos, a quantia de […]€, acrescida dos juros vincendos até
efectivo e integral pagamento da mesma.
Junta:
- Procuração;
- […] documentos, cujo conteúdo se dá por integralmente
reproduzido sempre que nesta petição inicial são referidos;
- Comprovativo do pagamento da taxa de justiça.
O Advogado,
Contestação com a Invocação da Excepção de Uso da Acção
Administrativa Comum para Obter o Efeito que Resultaria da
Anulação do Acto Inimpugnável
1.º
A presente acção administrativa comum tem como objecto o
reconhecimento do direito à aposentação do A., por, alegada
verificação dos pressupostos do artigo 37.º do Estatuto da
Aposentação [EA], como o mesmo refere no intróito da sua
petição inicial.
2.º
Sucede, porém, que o meio processual escolhido pelo A. não é o
adequado para obter o efeito pretendido, pelas razões que se
passam a enumerar.
3.º
Como refere no artigo […].º da, aliás douta, petição inicial,, em
[…], o A., requereu a sua aposentação por considerar reunir os
pressupostos do já referido artigo 37.º do EA (cf. doc. 1 junto com
a petição inicial).
4.º
Em […], a R. indeferiu o pedido, como confessa o A. no artigo
[…].º da petição inicial.
5.º
Esta deliberação foi notificada ao A. em […], conforme aviso de
recepção que se junta como Doc. 1.
6.º
O A. não impugnou esta deliberação.
7.º
Sendo certo, porém, que, caso o pretendesse fazer, já teria
decorrido o prazo para o efeito, pois, nos termos do artigo 58.º, n.º
2, al. b), do Código de Processo nos Tribunais Administrativos
(CPTA), a impugnação de actos anuláveis tem lugar no prazo de
três meses.
8.º
Na verdade, contados estes três meses, nos termos do artigo 144.º,
n.º 1, do Código de Processo Civil, para o qual remete o n.º 3 do
artigo 58.º do CPTA, o prazo terminou no dia […].
9.º
O que determina a inimpugnabilidade do acto de indeferimento do
pedido de aposentação do A.
10.º
Vem, agora, o A. pedir que lhe seja reconhecido o direito à
aposentação, com os mesmos fundamentos do pedido efectuado
em […].
11.º
Ora, o A. pretende, sem margem para dúvidas, com a presente
acção, obter os mesmos efeitos que obteria caso fosse anulado
aquele acto de indeferimento do seu pedido de aposentação.
12.º
Acto esse que, como se viu, é inimpugnável.
13.º
É certo que o artigo 38.º, n.º 1, do CPTA, determina que «o
tribunal pode conhecer, a título incidental, da ilegalidade de um
acto administrativo que já não possa ser impugnado.»
14.º
Porém, ressalva o n.º 2 do mesmo artigo que “a acção
administrativa comum não pode ser utilizada para obter o efeito
que resultaria da anulação do acto inimpugnável.”
15.º
A este respeito, referemMário Aroso de Almeida e Carlos Alberto
Fernandes Cadilha o seguinte (cf. Comentário ao Código de
Processo nos Tribunais Administrativos, 2.ª Edição Revista,
Almedina, Coimbra, 2007, p. 226): «Na verdade, a acção
administrativa comum não é o meio processual adequado a obter
a anulação de um acto administrativo, que deve ser objecto de
uma acção administrativa especial, sujeita a prazos próprios de
propositura. A possibilidade de invocação, pelo interessado, da
ilegalidade de um acto administrativo relativamente ao qual já
tenham decorrido os prazos de impugnação, no âmbito de uma
acção administrativa comum, só pode, portanto, dirigir-se a obter
efeitos jurídicos não coincidentes com os que resultariam da
propositura de uma acção de impugnação.»
16.º
Nestes termos, é inadequado o uso de acção administrativa comum
de reconhecimento de direito, pelo que deve a R. ser absolvida da
instância, com as devidas e legais consequências.
O Advogado,
Contestação com a Invocação da Excepção de Falta de Interesse Em
Agir
1.º
Pede a A. a final da sua, aliás douta, petição inicial,
designadamente, o seguinte:
3. «o reconhecimento do direito de invocar a excepção de não
cumprimento do contrato, como fundamento da suspensão total de
execução dos trabalhos, tendo em consideração a “onerosidade
excessiva” que resulta, para a A., da realização das prestações
contratuais acordadas, de acordo com a calendarização prevista
no plano de trabalhos»;
4. «a condenação da R. no pagamento da quantia devida de […]€,
acrescida de juros de mora à taxa legal em vigor, pelos trabalhos
realizados por conta da empreitada […]».
2.º
Pensa-se que a A. não tem razão, como de seguida se procurará
demonstrar.
II – Por impugnação
20.º
Aceitam-se os factos constantes dos artigos […] da petição inicial.
21.º
Impugna-se, por se desconhecer sem a obrigação de conhecer, nos
termos do artigo 490.º, n.º 3, do CPC, o alegado nos artigos […]
da petição inicial.
22.º
Impugna-se ainda, por não corresponder à verdade, ou por deles
não ser possível extrair os efeitos pretendidos pela A., o alegado
nos artigos […] da petição inicial.
O Advogado,
R
E
P
LI
C
A
N
D
O,
di
z
a
A.
[
…
]:
I – Enquadramento da réplica
1.º
Ainda que sob a epígrafe “Por impugnação”, nos artigos […].º a
[…].º da sua, aliás douta, contestação, defendeu-se o R.,
substancialmente, por excepção.
2.º
Sendo certo que não o diz expressamente – como, aliás, lhe
impunha o artigo 488.º do Código de Processo Civil (CPC), nem a
final da sua contestação, no pedido que formula, se reporta a tal
matéria,
3.º
Limitando-se a requerer que “deve a presente acção ser
considerada improcedente, por não provada, e consequentemente,
deverá a Ré ser absolvida do pedido contra si formulado”.
4.º
Não obstante – e ainda que, como sublinhado, sob a epígrafe “Por
impugnação” –, invoca o R. factos que pretendem servir de causa
impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pela A..
5.º
Na verdade, dispõe artigo 487.º, n.º 2, do CPC, que
“O Réu defende-se por impugnação quando
contradiz os factos articulados na petição ou
quando afirma que esses factos não podem
produzir o efeito jurídico pretendido pelo autor;
defende-se por excepção quando alega factos
que obstam à apreciação do mérito da acção ou
que, servindo de causa impeditiva, modificativa
ou extintiva do direito invocado pelo auto,
determinam a improcedência total ou parcial do
pedido”
– Sublinhado pelo signatário
6.º
Os factos modificativos ou extintivos são, consabidamente, factos
sucessivos ao nascimento do direito invocado e que se reportam,
respectivamente, à sua subsistência ou existência – os primeiros
modificam o direito que se tenha validamente constituído; os
segundos produzem a cessação do direito que se tenha
validamente constituído.
7.º
Factos impeditivos são ocorrências ou situações imputadas no
momento em que a relação se forma ou acaba de formar e que
obstam – o que os distingue dos factos constitutivos – a que um
direito se tenha validamente constituído.
8.º
Ora, o R., alega factos que pretendem servir de causa impeditiva,
modificativa ou extintiva do direito invocado pelo A.,
designadamente, e ainda que de forma implícita, a ilegitimidade
activa da A. em resultado da ausência processual da sua
consorciada […] na empreitada dos autos – cf. artigos [...].º e
[…].º da contestação).
9.º
Destarte, o R., na sua contestação, não se limitou a negar ou
contradizer o alegado pela A. quanto ao pedido formulado,
explicando porque é que o mesmo não seria verdade – sendo que
essa contradição dos factos articulados pela A. na sua petição
inicial consubstanciaria uma defesa por impugnação (cf. artigo
487.º, n.º 2, do CPC).
10.º
Da mesma forma, o R., na sua contestação, não se limitou a alegar
determinados factos que pudessem afectar o próprio círculo dos
factos constitutivos do direito da A. – sendo que essa contradição
dos efeitos jurídicos dos factos articulados pelo A. seria, ainda,
uma defesa por impugnação (cf. artigo 487.º, n.º 2, do CPC).
11.º
Pelo contrário, o R., na sua contestação, actuou aceitando os
factos alegados pela A. e, simultaneamente, alegando factos novos
tendentes a repelir a sua pretensão – e isso é defesa por excepção.
12.º
Aliás, ao menos no entender da A., se dúvidas tivesse o R.
relativamente à natureza da defesa que apresentou neste âmbito,
bastaria que atendesse ao teor inequívoco do elemento literal da
norma constante no artigo 494.º, n.º 1, alínea e), do CPC para que
as dissipasse integralmente: a ilegitimidade das partes
consubstancia, sem qualquer dúvida interpretativa, uma excepção
dilatória.
13.º
Sobre a mencionada excepção – sem prejuízo da existência de
outros factos desta natureza, agora não identificados pela A., os
quais, por cautela de patrocínio, igualmente se impugnam – incide
o presente articulado.
II – Da excepção da ilegitimidade activa da A., não
especificada na contestação
14.º
Nos artigos […].º a […].º da contestação, alega o R., em termos
substanciais, a ilegitimidade da A. em resultado da ausência
processual da […], consorciada da A. na empreitada dos autos.
15.º
Antes de mais, registe-se que é a primeira vez, no âmbito da
“execução da empreitada ou em tudo quanto a ela se relacione”
(cf. cláusula […].ª, n.º […], do contrato de consórcio junto como
Doc. […] com a contestação), que a R. invoca – como faz no
artigo […].º da sua contestação – que a “A. não se encontra
mandatada para representar o consórcio, pois que não juntou
qualquer documento comprovativo desse mandato”,
16.º
Pelo que a alegada ilegitimidade não pode deixar de ter-se como
uma inversão da posição desde sempre assumida pelo R. nesta
matéria.
17.º
Designadamente, nunca o R., por exemplo, alegou essa mesma
“ilegitimidade” quando procedeu aos pagamentos dos trabalhos (e
de juros) – cf. Docs. […] a […] juntos com a contestação)
mediante documentos contabilísticos emitidos pelo próprio A. –
ainda que as “facturas globais” apresentadas não contivessem
indicação da “facturação de cada uma das Consorciadas no
período em referência” (cf. cláusula […], do contrato de
consórcio).
18.º
Em qualquer caso, o A. assume, no referido contrato de consórcio,
uma participação de 90% – cf. cláusula […].ª, n.º […], do mesmo
contrato (Doc. […] junto com a contestação),
19.º
Sendo certo que os trabalhos de cuja execução emergem os
prejuízos peticionados na presente acção eram, nos termos
expressos do contrato de consórcio, da exclusiva incumbência e
responsabilidade da A., que, por isso, os realizou – cf. Anexo I ao
contrato de consórcio.
20.º
Deve, neste enquadramento, o pedido dos autos ser apreciado na
quota-parte do interesse da A. na relação material controvertida –
artigo 27.º, n.º 1, do CPC,
21.º
O que, no caso, corresponde à totalidade do pedido formulado, já
que, apesar da relação material controvertida respeitar, da parte do
empreiteiro, a duas empresas, a consorciada […] não tem qualquer
interesse na pretensão objecto dos autos.
O Advogado,
Petição Inicial de Acção Administrativa Especial de Impugnação de
Acto Administrativo
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]
II – Dos factos
5.º
Contra o A. e com data de [...], foi deduzida acusação em
processo disciplinar – de que se junta cópia como Doc. 2 -, notificada
pessoalmente ao A. na mesma data, cf. Doc. 3 que se junta.
6.º
O A. apresentou a sua defesa em [...] – conforme Doc. 4 que se
junta.
7.º
Em […], o A. foi notificado do Despacho do Senhor [...], de […],
concordando com o relatório do Instrutor.
8.º
Nos termos do referido relatório do Instrutor do processo, foram
os seguintes os factos imputados ao A.:
«[...].»
9.º
Ao A. foi diagnosticada uma depressão grave, resultado de [...],
conforme resulta do relatório do médico psiquiatra que se junta
como Doc. 5.
10.º
Na sequência deste diagnóstico, foram-lhe receitados anti-
depressivos.
11.º
Anti-depressivos estes que o A. tomou, no dia da prática dos
factos que lhe são imputados em sede disciplinar,juntamente com
doses exageradas de álcool.
12.º
Acontece que este consumo combinado afectou a capacidade de
decisão do A., levando a que este irreflectidamente adoptasse o
comportamento que deu origem à referida infracção disciplinar,
conforme atesta o referido relatório psiquiátrico já junto como
doc. 5.
13.º
Actualmente, o A. está apto para exercer funções, cfr. declaração
médica que se junta como Doc. 6.
14.º
O A. sempre teve um comportamento exemplar, dentro e fora da
instituição.
15.º
Além do mais, refira-se, a infracção ocorreu em […] de 2006.
16.º
Até àquela data o comportamento do A. tinha sido irrepreensível.
17.º
Após aquele episódio, não houve mais notícias de
comportamentos desviantes por parte do A..
III – O Direito
IV- Do pedido
34.º
Pelas razões referidas, o despacho impugnado é ilegal pelo que o
mesmo deve ser anulado.
Termos em que requer seja
anulado o despacho impugnado,
com as devidas e legais
consequências.
Para tanto, requer-se a citação do
R., na pessoa do Senhor [...],
para contestar, querendo,
seguindo-se os demais termos.
Prova:
a) Documental: os […] documentos juntos;
b) Testemunhas:
1. [nome], [profissão], residente em [...];
2. [nome], [profissão], residente em [...].
O Advogado,
Petição Inicial de Condenação à Prática de Acto DevidoQuando,
Tendo Sido Apresentado Requerimento que Constitua o Órgão
Competente no Dever de Decidir, Não Tenha Sido Proferida Decisão
Dentro do Prazo Legalmente Estabelecido
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do Tribunal
Administrativo e Fiscal
de [...]
II – Dos factos
6.º
O A. é militar a exercer funções em [...].
7.º
Em […], o A. foi promovido a 2.º Sargento, antes exercendo
funções como Furriel.
8.º
Sucede, porém, que, por ordem de serviço n.º [...], o A. foi
nomeado para as funções de […], desde […], conforme ordem de
serviço que se junta como Doc. 2.
9.º
A tais funções corresponde o posto de 1.º ou 2.º Sargento,
conforme Quadro Orgânico de […], aprovado por despacho de
[…] do Senhor [...], que ora se junta como Doc. 3.
10.º
O artigo 3.º das normas de nomeação de militares, aprovadas pelo
Despacho n.º [...], de […], determina que o militar nomeado nos
termos do artigo 41.º do EMFAR, para o exercício de cargo a que
corresponda posto superior, tem direito a remuneração do escalão
desse posto, desde a data do início do desempenho efectivo dessas
mesmas funções – cf. despacho que se junta como Doc. 4.
11.º
Em consonância com o referido despacho, e nos termos do
disposto no n.º 3 do artigo 14.º do EMFAR, o A., em […],
requereu o pagamento dos vencimentos referentes ao posto de 2.º
Sargento, 1.º Escalão, desde […] – cf. doc. 1 acima junto.
12.º
O referido requerimento deu entrada na secção de [...], onde o A.
exerce funções.
13.º
Sucede, porém, que, até à data, o Senhor [...] não decidiu o pedido
apresentado pelo A.
14.º
Ora, nos termos do artigo 9.º do CPA, o Senhor [...] está obrigado
a decidir a pretensão formulada, sendo que, no entendimento do
A., esta decisão deverá ser no sentido de pagamento dos
vencimentos referentes ao posto de 2.º Sargento, 1.º Escalão,
desde […].
Senão vejamos.
III – Do direito
15.º
Nos termos do artigo 4.º, n.º 3, do EMFAR, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 236/99, de 25 de Junho, «o militar, enquanto
desempenhar cargo de posto superior, tem os direitos e regalias
remuneratórias desse posto.»
16.º
Por sua vez, nos termos do n.º 4 do mesmo preceito, «o direito à
remuneração referida no número anterior só se constitui quando
não haja titular para o cargo militar a desempenhar».
17.º
Ora, como se viu, o A. desempenhou, desde […] até […], um
cargo correspondente a posto superior,
18.º
como comprova o despacho do Chefe da Secção de Pessoal, que
se junta como Doc. 5, para o qual, conforme refere o mesmo
despacho, não existia titular para o cargo militar a desempenhar.
19.º
Resulta evidente da aplicação destes preceitos que o A. tem direito
a que lhe seja paga a diferença salarial entre o posto de Furriel e o
de 2.º Sargento, conforme tabelas de remuneração base e subsídio
de condição militar que ora se juntam como Docs. 6 a 10.
20.º
O que perfaz um total de [...]€ ([…] euros), deduzidos os
descontos legais.
21.º
O direito invocado encontra ainda fundamento no princípio
constitucionalmente consagrado no artigo 59.º, n.º 1, da CRP –
‘para trabalho igual, salário igual’ –, pelo que a interpretação das
referidas normas no sentido de que aquela diferença salarial não é
devida é inconstitucional, o que desde já se suscita para os devidos
e legais efeitos.
IV - Do pedido
22.º
Por tais razões, de facto e de direito, deverá o R. ser condenado a
emitir decisão no sentido de que seja paga ao A. a diferença
salarial entre o posto de Furriel e o de 2.º Sargento, desde […] até
[…], acrescido dos juros legais desde a citação até efectivo e
integral pagamento.
Termos em que a acção deve
ser julgada procedente e, em
consequência, o R. condenado
à prática de acto legalmente
devido, ou seja, aemitir decisão
no sentido de que seja paga ao
A. a diferença salarial entre o
posto de Furriel e o de 2.º
Sargento, desde […] até […],
acrescido dos juros legais desde
a citação até efectivo e integral
pagamento.
Para tanto, requer-se a citação
do R., na pessoa do Senhor [...]
para contestar, querendo,
seguindo-se os demais termos.
O Advogado,
Petição Inicial Quando Tenha Sido Recusada a Prática do Acto
Devido
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do
Tribunal
Administrativo e
Fiscal de [...]
II – Dos factos
5.º
O A. é militar a exercer funções em [...].
6.º
Em […], o A. foi promovido a 2.º Sargento, tendo anteriormente
exercido funções como Furriel.
7.º
Por ordem de serviço n.º [...], o A. foi nomeado para as funções de
[…], desde […] –cf. ordem de serviço que se junta como Doc. 2.
8.º
A estas funções corresponde o posto de 1.º ou 2.º Sargento,
conforme Quadro Orgânico datado de […], aprovado por
despacho de […] do Senhor [...], que ora se junta como Doc. 3.
9.º
Determina o artigo 3.º das “normas de nomeação de militares”,
aprovadas pelo Despacho n.º [...], de […],que o militar nomeado
nos termos do artigo 41.º do EMFAR, para o exercício de cargo a
que corresponda posto superior, tem direito a remuneração do
escalão desse posto, desde a data do início do desempenho
efectivo dessas mesmas funções – cf. despacho que se junta como
Doc. 4.
10.º
Em consonância com o referido despacho, e nos termos do
disposto no n.º 3 do artigo 14.º do EMFAR, o A., em […],
requereu o pagamento dos vencimentos referentes ao posto de 2.º
Sargento, 1.º Escalão, considerados desde […] – cf. Doc. 5.
11.º
Em […], o A. foi notificado do despacho de indeferimento
sindicado nos autos.
12.º
No entender do A., esta decisão de indeferimento é ilegal, como se
procurará demonstrar de seguida.
III – Do direito
13.º
Nos termos do artigo 4.º, n.º 3, do EMFAR, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 236/99, de 25 de Junho, «o militar, enquanto
desempenhar cargo de posto superior, tem os direitos e regalias
remuneratórias desse posto».
14.º
Por sua vez, nos termos do n.º 4 do mesmo preceito, «o direito à
remuneração referida no número anterior só se constitui quando
não haja titular para o cargo militar a desempenhar».
15.º
Ora, resulta do que acima se expôs que o A. desempenhou, entre
[…] e […], um cargo correspondente a um posto superior ao seu,
16.º
como atesta o despacho do Chefe da Secção de Pessoal, que se
junta como Doc. 5, do qual resulta a inexistência, à data, de
qualquer titular no cargo militar que o A. veio a desempenhar.
17.º
Resulta evidente da aplicação destes preceitos que o A. tem direito
a que lhe seja reconhecida e paga a diferença salarial entre o posto
de Furriel e o de 2.º Sargento, cf. tabelas de remuneração base e
subsídio de condição militar que ora se juntam como Docs. 6 a 10,
18.º
o que perfaz um total de [...]€ ([…] euros), deduzidos os
descontos legais.
19.º
O direito invocado encontra ainda fundamento no princípio
constitucionalmente consagrado no artigo 59.º, n.º 1, da CRP –
“para trabalho igual, salário igual” -, pelo que, aliás, uma
eventual interpretação das referidas normas no sentido de não ser
devido o pagamento da diferença salarial entre ambos os cargos
sempre se afiguraria inconstitucional, o que desde já se suscita
para os devidos e legais efeitos.
IV – Do pedido
20.º
Em face das enunciadas razões de facto e de direito, deverá o R.
ser condenado a tomar decisão de pagar ao A. a diferença salarial
entre o posto de Furriel e o de 2.º Sargento, entre […] a […],
acrescido dos juros legais desde a citação até efectivo e integral
pagamento.
O Advogado,
Petição Inicial de Impugnação de Normas com Pedido deDeclaração
de Ilegalidade de uma Norma Administrativa com Força Obrigatória
Geral
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do
Tribunal
Administrativo e
Fiscal de [...]
1.º
Constitui objecto da presente acção a norma contida no n.º 1 do
artigo [...] do Regulamento do Plano Director Municipal do R. que
dispõe sobre o uso dos solos deste Município integrados na Orla
Costeira.
2.º
Esta disposição regulamentar produz efeitos por si só, sem
necessidade de qualquer acto administrativo de mediação,
3.º
na medida em que é imediatamente operativa, ao proibir, com
natureza imperativa, a edificação nas áreas integradas na Orla
Costeira [...].
4.º
Sucede que a aplicação desta norma foi já recusada pelos nossos
Tribunais, com fundamento na sua ilegalidade, pelo menos, em
três casos concretos que assim se indicam:
a) Processo n.º […], que correu termos no Tribunal
Administrativo e Fiscal de […];
b) Processo n.º […], que correu termos no Tribunal
Administrativo e Fiscal de […];
c) Processo n.º […], que correu termos no Tribunal
Administrativo e Fiscal de […].
5.º
O A. tem legitimidade já que é prejudicado pela aplicação da
referida norma – artigo 73.º, n.º 1, do CPTA.
6.º
A acção está em tempo – artigo 74.º do CPTA.
II – Dos factos
7.º
Dispõe o n.º 1 do artigo [...] do Regulamento do Plano Director
Municipal de […]:
«Nas zonas integradas na Orla Costeira (...) não é
admitida a construção de edifícios para habitação».
8.º
Em […], foi publicado no Diário da República n.º [...], de […], I
Série, o Plano Especial de Ordenamento da Orla Costeira [...].
9.º
No que concerne, e para o que ora mais releva, à admissibilidade
da construção nas áreas abrangidas pelo referido Plano Especial,
dispõe o artigo [...] deste Plano:
«É admitida a construção de edifícios para
habitação nas zonas abrangidas pelo presente
Plano, desde que limitadas a moradias
unifamiliares com o máximo de 1 piso».
10.º
Em […], o A. apresentou, na Câmara Municipal de […], um
pedido de licenciamento para a construção de uma moradia
unifamiliar de 1 piso – cf. cópia do requerimento apresentado pelo
A. que se junta como Doc. 1 e se dá por integralmente reproduzido
(assim como os demais documentos referidos nesta petição
inicial).
11.º
De acordo com o Regulamento do Plano Director Municipal de
[...], esta moradia unifamiliar está integrada na Orla Costeira [...] –
cf. extracto da planta de localização do Plano Director Municipal
de [...] que se junta como Doc. 2.
12.º
Em […], o pedido do A. foi indeferido pelo Senhor Presidente da
Câmara Municipal de [...] com fundamento no disposto no n.º 1 do
artigo [...] do referido Regulamento do Plano Director Municipal –
cf. cópia do acto de indeferimento que se junta como Doc. 3.
III – Do direito
13.º
Dispõe o artigo 2.º do Regime Jurídico dos Instrumentos de
Gestão Territorial (RGIT), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 380/99,
de 22 de Setembro (na sua actual redacção):
«1 - A política de ordenamento do
território e de urbanismo assenta no
sistema de gestão territorial, que se
organiza, num quadro de interacção
coordenada, em três âmbitos:
a) O âmbito nacional;
b) O âmbito regional;
c) O âmbito municipal.
2 - O âmbito nacional é concretizado
através dos seguintes instrumentos:
[...]
c) Os planos especiais de ordenamento
do território, compreendendo os planos de
ordenamentos de áreas protegidas, os
planos de ordenamento de albufeiras de
águas públicas, os planos de ordenamento
da orla costeira e os planos de
ordenamento dos estuários.
[...]
4 - O plano municipal é concretizado
através dos seguintes instrumentos:
[...]
b) os planos municipais de
ordenamento do território, compreendendo
os planos directores municipais, os planos
de urbanização e os planos de pormenor».
14.º
Por sua vez, determina o n.º 4 do artigo 24.º do mesmo diploma
que «[o]splanos especiais de ordenamento do território
prevalecem sobre os planos intermunicipais de ordenamento do
território, quando existam, e sobre os planos municipais de
ordenamento do território».
15.º
Destarte, os planos municipais de ordenamento do território têm
que se conformar com as disposições constantes dos planos
especiais de ordenamento do território, entre os quais, como
referido, os planos especiais de ordenamento das Orlas Costeiras.
16.º
Mais estabelece o artigo 102.º do RGIT que «[s]ão nulos os
planos elaborados e aprovados em violação de qualquer
instrumento de gestão territorial com o qual devessem ser
compatíveis ou conformes» – cf. n.º 1 deste preceito.
17.º
Face a todo o exposto, resulta que a norma constante do n.º 1 do
artigo [...] do Regulamento do Plano Director Municipal de [...] é
nula, por violação do disposto no artigo [...] do Plano Especial de
Ordenamento da Orla Costeira [...].
18.º
Sendo que, conforme sublinhado acima no artigo 3.º desta petição,
pelo menos em três casos concretos, a aplicação desta norma foi
recusada pelos Tribunais com fundamento, precisamente, na sua
ilegalidade.
IV – Do pedido
19.º
Assim, sendo manifestamente ilegal, impõe-se a supressão
imediata da presente norma da ordem jurídica, por força do
respeito dos princípios jurídicos fundamentais de um Estado de
Direito, tais como o da legalidade, da segurança jurídica e da
protecção da confiança, com assento nos artigos 2.º e 266.º, n.º 1,
da Constituição da República Portuguesa,
20.º
pelo que se requer que seja declarada a respectiva ilegalidade, com
força obrigatória geral.
Desconhecem-se contra-interessados.
Prova:
a) Documental – os […] documentos referidos nesta petição
inicial.
b) Prova testemunhal:
1. [Nome], [profissão], residente em […];
2. [Nome], [profissão], residente em […].
O Advogado,
Petição Inicial com Pedido de Declaração de Ilegalidade de uma
Norma Administrativa com Efeitos Circunscritos ao Caso Concreto
Exmo. Senhor
Dr. Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de [...]
II – Dos factos
7.º
Dispõe o n.º 2 do artigo [...] do Regulamento do Plano Director
Municipal de (….):
«Nas zonas integradas no Parque Natural do [...] não é
admitida qualquer edificação, independentemente do fim a
que se destina».
8.º
Em […], foi publicado no Diário da República n.º [...], de […], I
Série, o Plano de Ordenamento do Parque Natural do [...].
9.º
No que concerne, e para o que ora mais releva, à admissibilidade
da construção nas áreas abrangidas pelo referido Plano Especial,
dispõe o artigo [...], deste Plano:
«Nas zonas integradas no Parque Natural do [...] é
admitida a construção para fins habitacionais, desde que
limitada a moradias unifamiliares, com o máximo de 1
piso».
10.º
Em […], o A. apresentou, na Câmara Municipal de [...], um
pedido de licenciamento para a construção de uma moradia
unifamiliar de 1 piso – cf. cópia do requerimento apresentado pelo
A. que se junta como Doc. 1 e se dá por integralmente reproduzido
(assim como os demais documentos referidos nesta petição
inicial).
11.º
De acordo com o Regulamento do Plano Director Municipal de
[...], esta moradia está inserida na área do Parque Natural do [...] –
cf. extracto da planta de localização do Plano Director Municipal
de [...] que ora se junta como Doc. 2.
12.º
Em […], o pedido do A. foi indeferido pelo Senhor Presidente da
Câmara Municipal de [...] com fundamento no disposto no n.º 2 do
artigo [...] do referido Regulamento do Plano Director Municipal –
cf. cópia do acto de indeferimento que se junta como Doc. 3.
III – Do direito
13.º
Dispõe o artigo 2.º do Regime Jurídico dos Instrumentos de
Gestão Territorial (RGIT), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 380/99,
de 22 de Setembro (na sua actual redacção):
«1 - A política de ordenamento do
território e de urbanismo assenta no
sistema de gestão territorial, que se
organiza, num quadro de interacção
coordenada, em três âmbitos:
a) O âmbito nacional;
b) O âmbito regional;
c) O âmbito municipal.
2 - O âmbito nacional é concretizado
através dos seguintes instrumentos:
[...]
c) Os planos especiais de ordenamento
do território, compreendendo os planos de
ordenamentos de áreas protegidas, os
planos de ordenamento de albufeiras de
águas públicas, os planos de ordenamento
da orla costeira e os planos de
ordenamento dos estuários.
[...]
4 - O plano municipal é concretizado
através dos seguintes instrumentos:
[...]
b) os planos municipais de
ordenamento do território, compreendendo
os planos directores municipais, os planos
de urbanização e os planos de pormenor”.
14.º
Por sua vez, determina o n.º 4 do artigo 24.º do mesmo diploma
que «os planos especiais de ordenamento do território prevalecem
sobre os planos intermunicipais de ordenamento do território,
quando existam, e sobre os planos municipais de ordenamento do
território»
15.º
Portanto, os planos municipais de ordenamento do território têm
que se conformar com as disposições constantes dos planos
especiais, entre os quais, como referido, os planos especiais de
ordenamento de áreas protegidas, como é o caso do Plano de
Ordenamento do Parque Natural do [...].
16.º
Mais estabelece o artigo 102.º do RGIT que «são nulos os planos
elaborados e aprovados em violação de qualquer instrumento de
gestão territorial com o qual devessem ser compatíveis ou
conformes» – cf. n.º 1 do referido preceito.
17.º
Face a todo o exposto, resulta claro que a norma constante do n.º 1
do artigo [...] do Regulamento do Plano Director Municipal de
[…] é nula, por violação do disposto no artigo [...] do Plano de
Ordenamento do Parque Natural do [...].
18.º
E, em consequência, é também ilegal o indeferimento do pedido
apresentado pelo A., porquanto este se conforma com o disposto
no artigo [...] do referido Plano Especial.
IV – Do pedido
19.º
Assim, sendo nula a norma constante do n.º 2 do artigo [...] do
Regulamento do Plano Director Municipal de […], esta norma
deverá ser desaplicada no caso do pedido de licenciamento
apresentado pelo A. na Câmara Municipal de [...], nos termos do
disposto no n.º 2 do artigo 73.º do CPTA.
O Advogado,
Petição Inicial de Declaração de Ilegalidade da Não Emanação de
uma Norma Que Devesse ter sido Emitida ao Abrigo de Disposições
de Direito Administrativo e que seja Necessária para dar
Exequibilidade a Actos Legislativos Carentes de Regulamentação
Exmo.
Senhor
Dr. Juiz
do
Tribunal
Administ
rativo e
Fiscal de
[...]
O Advogado,
Contestação com Invocação da Excepção de Ilegitimidade Activa e
Passiva e Inexistência de Acto Administrativo Impugnável
CONTEST
ANDO, diz o R.,
[...]:
A – Por excepção
B – Por impugnação
22.º
Aceitam-se os factos constantes dos artigos [...] da, aliás douta,
petição inicial.
23.º
Impugna-se, por se desconhecer e não se ter a obrigação de
conhecer, o alegado nos artigos [...].
24.º
Impugna-se ainda, por não corresponder à verdade, o alegado nos
artigos [...].
25.º
Quanto aos restantes artigos [...], que por cautela igualmente se
contestam, constituem matéria conclusiva ou alegações de direito.
26.º
A propósito da factualidade subjacente aos autos, cabe ainda
referir que o gabinete localiza-se no 1.º piso das instalações do R.,
no seguimento de outros gabinetes ocupados pelos restantes
trabalhadores e dirigentes.
27.º
E no mesmo piso das Secções de [...].
28.º
Por estas razões, muito embora o gabinete estivesse em planta
afecto ao Departamento [...], vinha sendo ocupado, há mais de 2
anos, pelo [...].
29.º
Situação que se mantém, sem que ninguém a tenha questionado.
30.º
Assim, a actuação do A. é verdadeiramente surpreendente, tanto
mais que fez a mudança do Gabinete [...] para o Gabinete [...] sem
disso informar o R..
31.º
Procurando alterar, por sua própria iniciativa, a afectação dos
espaços do R., que se vinha mantendo há já vários anos, não a
sustentando em qualquer decisão que o autorizasse.
32.º
Tanto mais que esta mudança foi realizada com a utilização de
chaves solicitadas por empréstimo a elementos da segurança do
R..
Vejamos agora da bondade dos argumentos de direito invocados.
C - Do direito
33.º
Vem o A., na presente acção, invocar, a alegada falta de
fundamentação de direito do (suposto) acto impugnado.
34.º
Conforme se referiu, no entender do R., o despacho impugnado
não é um acto administrativo, sequer um acto em matéria
administrativa, mas uma mera actuação material interna.
35.º
Assim sendo, não se aplica a esta forma de actuação as exigências
de fundamentação, previstas no artigo 125.º do Código do
Procedimento Administrativo (CPA), especificamente previstas
para os actos administrativos (veja-se a sua inserção sistemática –
Capítulo II, com a epígrafe “Do acto administrativo”).
36.º
No entanto, se se entender estarmos perante um acto em matéria
administrativa, e sem conceder, também não procede o argumento
de falta de fundamentação invocado.
37.º
E não procede porque, tendo em conta a argumentação deduzida
pelo A., depreende-se que ele percebeu os fundamentos na base da
decisão do R., e o respectivo iter cognoscitivo.
38.º
Assim sendo, fica demonstrado que deverão improceder os
argumentos invocados pelo A. e, em consequência, ser a presente
acção julgada improcedente.
Prova testemunhal:
1. [Nome], [profissão], residente em […];
2. [Nome], [profissão], residente em […].
O Advogado,