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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

COMARCA DE CABEDELO

FERNANDO SILVA, brasileiro, casado, servidor público municipal,


RG nº690938, CPF nº107.910.222-83, residente à Avenida Monsenhor Magno, nº
849, Cabedelo – Paraíba, por meio de sua advogada infra assinada, com
procuração anexa, endereço profissional à Rua Antônio Rabelo Junior, 184, Sala
2403/2407, com fulcro no art. 5º, LXIX DA CF, vem, mui respeitosamente à
presença de V. Excelência impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA C/C PEDIDO LIMINAR

Em face de ato praticado pelo SECRETÁRIO DA SECRETARIA DE


EDUCAÇÃO DE CABEDELO, pessoa jurídica pública de direito interno, à qual
está vinculado, conforme art. 6º da Lei nº 12.016/2009, com sede de suas
atividades à rua Barão do Triunfo, 96, Cabedelo, pelos motivos a seguir
expostos:

1. SÍNTESE DOS FATOS

O impetrante é concursado no município de cabedelo, lotado na secretaria


de educação e exerce o cargo de professor infantil.
Ocorre que este certame fora vencido pelo impetrante em primeiro lugar,
após um longínquo período de estudo. Diante da sua aprovação e podendo
exercer o cargo, em um período de 76 dias, este foi notificado por meio da sua
secretaria de que havia cometido uma infração que iria de encontro com o
estatuto do servidores daquele município.
No entanto, o seu supervisor deu o parecer de demissão ao secretário,
para que assim o fizesse, e fez. A decisão com os efeitos foram publicadas em
diário oficial do município, e sequer foi dado oportunidade ao contraditório e
ampla defesa, isso porque as autoridades entenderam que não seria cabível em
seu caso.
Entendem não ser cabível por se tratar de estágio probatório, logo, ao ver
das autoridades daquela secretaria, o impetrante não faz jus.

2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

O ato praticado pelo secretário é inválido e ilegal, isso porque fere


diretamente a constituição federal conforme preceitua o art. 5º:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes.
[...]

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e


aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Ainda assim, observando o art. 1 da Lei nº12.016/2009


Art. 1º - conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou
com abuso de poder, qualquer pessoa física ou
jurídica sofrer violação ou houver justo receio de
sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria
for e sejam quais forem as funções que exerça.
O autor ao ser demitido injustamente, teve seu direito de defesa negado,
sob alegação de que estava em estágio probatório e por isso não faria jus ao
devido processo legal, cabendo então, mandado de segurança individual.

Ao observar o entendimento do Supremo Tribunal Federal em sua


súmula 21, entende-se que a condição de estágio probatório não é causa de
afastamento do devido processo legal, senão vejamos:
Súmula 21: Funcionário em estágio probatório não pode ser
exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as
formalidades legais de apuração de sua capacidade.

Servidor estadual em estágio probatório: exoneração não


precedida de procedimento específico, com observância do
direito à ampla defesa e ao contraditório, como impõe
a Súmula/STF: nulidade. (...) Reconhecida a nulidade da
exoneração deve o servidor retornar à situação em que se
encontrava antes do ato questionado, inclusive no que se
refere ao tempo faltante para a complementação e avaliação
regular do estágio probatório, fazendo jus ao pagamento da
remuneração como se houvesse continuado no exercício do
cargo; ressalva de entendimento pessoal do relator manifestado
no julgamento do RE 247.349 .

[RE 222.532 , rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 8-8-2000, 1ª


T, DJ de 1º-9-2000.] = AI 623.854 AgR , rel. min. Cármen Lúcia,
j. 25-8-2009, 1ª T, DJE de 23-10-2009 Vide RE 378.041 , rel.
min. Ayres Britto, j. 21-9-2004, 1ª T, DJ de 11-2-2005 (GRIFO
NOSSO)

Diante do direito explanado, conforme observado no julgado acima e na


legislação, fica notório a possibilidade de recondução do impetrante ao cargo
de professor do Município de Cabedelo.

Vejamos o que diz o Art. 29 da lei 8.112/90:

Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo


anteriormente ocupado e decorrerá de:

[...]

II - reintegração do anterior ocupante.

É fato certo que o impetrante f sumariamente demitido do quadro dos


servidores do município de Cabedelo, sem que tivesse sua irresignação
apreciada por quem de direito. Sobretudo, sequer foi permitido a aplicação de
sua ampla defesa.

Esta exclusão sumária do procedimento administrativo disciplinar,


afronta nosso ordenamento jurídico, sendo passível de correição judicial.
3. DA LIMINAR

No art, 7 da Lei nº 12.016/2009, na qual trata da liminar, podemos ver:

Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:

[...]

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando


houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo
facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o
objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

O direito adquirido pelo impetrante, por meio de concurso público, após


um longo período de estudo, é líquido e é um direito certo, posto que se configura
o perigo de dano.

Sua demissão dada de forma injusta, acompanhada da negativa do direito


à ampla defesa e ao contraditório, pode lhe prejudicar financeiramente, uma vez
põe o seu pão na mesa por meio de seu trabalho de professor.

A liminar corrobora para que o direito do autor não seja afetado, uma vez
que a demora do andamento processual, poderia vir a acarretar danos
financeiros e morais ao impetrante.

4. DOS PEDIDOS

ANTE O EXPOSTO, requer-se a Vossa Excelência:

a) Seja concedida a liminar para que o autor seja reconduzido ao cargo


que antes ocupava;

b) Seja notificado o secretário da educação de cabedelo para que


tome conhecimento da ação, e, no prazo do art. 7º, I da Lei
12.016/2009, preste informações;

c) Intime-se o Ministério Público nos termos do art.º 12, da Lei nº


12.016/09;
d) A procedência dos pedidos para que seja anulado o ato ilegal do
secretário, e assim seja concedida a segurança, ratificando a liminar
caso deferida, para determinar que o impetrante volte a ocupar
o cargo de professor do Município de Cabedelo.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.1212 (mil duzentos e doze reais)


para fins fiscais.

Nestes Termos,

Pede e espera deferimento.

Cabedelo, 11 de Junho de 2022.

ANA GABRIELA

OAB/PB 2301

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