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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0100694-79.2023.5.01.0078

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 28/07/2023


Valor da causa: R$ 241.500,00

Partes:
RECLAMANTE: NICOLAS SOUZA TREVISAN
ADVOGADO: SIMONE FAUSTINO TORRES VIEIRA
RECLAMADO: BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO: ANDRE BORGES PEREZ DE REZENDE
ADVOGADO: GUILMAR BORGES DE REZENDE
ADVOGADO: RAFAEL DE ABREU AZEVEDO PRACA
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
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Exmº Sr. Dr. Juiz do Trabalho da 1ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro/RJ.

NICOLAS SOUZA TREVISAN, brasileiro, solteiro, bancário, inscrito no CPF sob


o nº 020.147.700-93, portador da carteira de identidade nº 30055656-0, nascido em
04/02/1995, filho de Cristiane Lima e Souza, residente e domiciliado na Rua Paulo Franssinetti,
nº 80, apto 302, Rio Comprido, Rio de Janeiro/RJ. CEP 20.261-170, vem, por sua advogada,
constituída conforme procuração em anexa, que declara ter escritório na Rua XV de Novembro,
nº 04, sala 603, Centro, Niterói/RJ, CEP 24.020-125, Torre Sul, Plaza Corporate, endereço onde
serão recebidas as notificações judiciais, bem como as publicações, ELETRÔNICAS OU NÃO, na
forma da Súmula 427 do C. TST, a serem expedidas em nome de SIMONE FAUSTINO TORRES
VIEIRA, brasileira, casada, inscrita na OAB/RJ sob o nº 224.125, em atenção ao despacho de ID.
0f78da5, apresentar

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de BANCO BRADESCO S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o
número 60.746.948/0001-12, com sede na Av. Rio Branco nº 81, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP
20.040-004 (Condomínio Edifício Banco Mercantil de São Paulo), pelos fatos e fundamentos que
passa a expor.

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1. DO SEGREDO DE JUSTIÇA

Ab initio, requer seja decretado SEGREDO DE JUSTIÇA ao presente processo,


vez que a presente ação expõe fatos e situações protegidos pelo direito Constitucional relativos
à intimidade do Autor, por se tratar de discussão quanto à dispensa por justa causa aplicada.

Nesse sentido, o CPC, aplicável subsidiariamente ao Processo do Trabalho


por força do art. 769 da CLT, preceitua:

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de


justiça os processos:
[...]
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
Concomitantemente, determina o art. 5º da Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;
Nesses termos, requer que a presente Reclamação Trabalhista tramite em
segredo de justiça.

2. DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

O Reclamante informa que não há notícia de Instituição de Comissão de


Conciliação Prévia Intersindical ou Empresarial, permitindo o ajuizamento da presente
reclamatória nos moldes da Lei 9.958/00.

Cumpre mencionar, que os parágrafos § 1º a 4º do art. 625-D da CLT,


sofreram interpretação conforme a Constituição através da ADIN nº 2139, no sentido de não ser
entendida como obrigatória a submissão previa, àquela Comissão, in verbis:

“ADIN 2139 (MED. LIMINAR) ACÓRDÃO, DJ 23.10.2009.


JURISDIÇÃO TRABALHISTA - FASE ADMINISTRATIVA. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
EM VIGOR, AO CONTRÁRIO DA PRETÉRITA, É EXAUSTIVA QUANTO ÀS SITUAÇÕES
JURÍDICAS PASSÍVEIS DE ENSEJAR, ANTES DO INGRESSO EM JUÍZO, O
ESGOTAMENTO DA FASE ADMINISTRATIVA, ALCANÇANDO, NA JURISDIÇÃO
CÍVEL-TRABALHISTA, APENAS O DISSÍDIO COLETIVO.
O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen
Lúcia (Presidente), julgou parcialmente procedentes os pedidos, para dar
interpretação conforme a Constituição ao art. 625-D, § 1º a § 4º, da Consolidação
das Leis do Trabalho, assentando que a Comissão de Conciliação Prévia constitui
meio legítimo, mas não obrigatório, de solução de conflitos, permanecendo o
acesso à Justiça resguardado para todos os que venham a ajuizar demanda
diretamente ao órgão judiciário competente, e para manter hígido o inciso II do
art. 852-B da CLT, no sentido de se considerar legítima a citação nos termos

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estabelecidos na norma. Plenário, 1º.8.2018. Relatora: Ministra Cármen Lúcia.”

3. DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Reclamante requer que lhe sejam deferidos os benefícios de assistência


gratuita, de acordo com o disposto no inciso LXXIV do art. 5º da CF/88 e nas Leis 7.115/83 e
5.584/70 c/c 790 § 3º, da CLT, tendo em vista a impossibilidade, conforme Declaração de
Hipossuficiência firmada pelo próprio acostada a presente, de arcar com os ônus processuais
sem o prejuízo do seu sustento e de seus familiares.

Ademais, conforme pode ser verificado pela CTPS ora anexada, o Reclamante

se encontra DESEMPREGADO, logo, não há percepção de salário, de modo que se

enquadra na hipótese de concessão do benefício da gratuidade de justiça, segundo o art. 790,


§3º da CLT.

Portanto, uma eventual condenação em custas ou honorários sucumbenciais


prejudicaria ainda mais a situação financeira do Autor que já se encontra debilitada desde a
dispensa por justa causa efetivada pelo Reclamado, em especial devido ao fato de que, nesta
modalidade de despedida, as verbas rescisórias são pagas em montante muito reduzido, além
de conferir impossibilidade de percepção do seguro-desemprego, bem como o levantamento
das parcelas fundiárias.

E mais, a Subseção I Especializada em Dissídios Individuais tem o


entendimento consolidado de que a Declaração de Hipossuficiência firmada pela parte
Reclamante goza de presunção de veracidade, que não é elidida pelo fato de a parte ter
percebido salário elevado no passado:

JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE


VERACIDADE NÃO ELIDIDA PELO FATO DE O RECLAMANTE TER PERCEBIDO
SALÁRIO BASTANTE ELEVADO. O fato de o reclamante ter percebido salário
bastante elevado, superior a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), e de a
rescisão do contrato de trabalho ter ocorrido dias antes do ajuizamento da
reclamação trabalhista não são suficientes para elidir a presunção de
veracidade da declaração de pobreza por ele firmada. Sob esse fundamento,
a SBDI-I, por maioria, conheceu do recurso de embargos por contrariedade
à Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-I (atualmente incorporada ao
item I da Súmula nº 463 do TST) e, no mérito, deu-lhe provimento para
restabelecer a sentença quanto aos benefícios da justiça gratuita e ao
pagamento de honorários advocatícios. Vencidos os Ministros João Oreste
Dalazen e Renato Lacerda Paiva. TST-E-ARR-464-35-2015.5.03.0181, SBDI-I,
rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, 8.2.2018)

Desse modo, a declaração de hipossuficiência, documentos e CTPS acostados

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nos autos devem ser entendidos como hábeis para atestar a carência de recursos garantidores
das custas processuais pelo Reclamante.

4. INTIMAÇÕES E HABILITAÇÕES

Preliminarmente, requer que as intimações e habilitação sejam feitas em


nome da advogada Simone Faustino Torres Vieira, inscrita na OAB/RJ sob o nº 224.125, e CPF
sob o nº 032.283.997-10, com exceção das intimações de audiências, que também deverão ser
enviadas à Reclamante, sob pena de nulidade do ato, a teor da Súmula 427 do C. TST.

5. DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante foi admitido aos quadros funcionais do Reclamado em


05/05/2014 e dispensado por justa causa em 15/06/2023, percebendo como última
remuneração o montante bruto de R$ 7.452,00 (sete mil quatrocentos e cinquenta e dois reais).
O Autor laborou por último no Prime Ipanema Digital (plataforma 3100), e exerceu os seguintes
cargos no período imprescrito:

- Do período imprescrito até dezembro de 2018: Assistente de Gerente


Prime;

- De janeiro de 2019 até setembro de 2021: Gerente de Relacionamento


Prime;

- De outubro de 2021 até a dispensa: Gerente de Relacionamento Prime


Digital.

6. DA REVERSÃO DA JUSTA CAUSA

Quando da sua dispensa, o Autor ainda não havia sofrido qualquer tipo de
advertência ou outra penalidade anterior, sempre mantendo sua conduta ilibada.

No dia 15/06/2023, o Reclamante foi surpreendido por comunicado que


estava sendo dispensado por justa causa, sem lhe ser informado quanto ao motivo da
penalidade aplicada, oportunizada defesa.

Ocorre que o Reclamante nunca cometeu qualquer ato que justificasse a


aplicação da penalidade máxima de rescisão do contrato de trabalho.

Exa., vê-se inicialmente que o Reclamado sequer informa em seu


comunicado, abrupto e sorrateiro, qual seria o enquadramento jurídico da alegada falta
cometida pelo Reclamante capaz de ensejar a sua dispensa por justa causa.

NO COMUNICADO DE DISPENSA NÃO HÁ QUALQUER DESCRIÇÃO DA

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CONDUTA SUPOSTAMENTE ADOTADA PELO RECLAMANTE OU DOS FATOS QUE ENSEJARAM A


SUA SUPOSTA DISPENSA POR JUSTA CAUSA, TRATANDO-SE DE IMPUTAÇÃO MERAMENTE
GENÉRICA, SENDO INSUFICIENTE A MERA INDICAÇÃO DO ARTIGO 482 DA CLT E ALÍNEAS.

Deve-se atentar que o artigo 482 da CLT possui um rol taxativo para que seja
procedida a dispensa por justa causa, uma vez que se trata de medida extrema de rompimento
do contrato de trabalho.

Neste sentido, o E. TRT da 1ª Região, através do V. Acórdão proferido pela 2ª


Turma, de relatoria do I. Desembargador Valmir de Araujo Carvalho, já se pronunciou pela
nulidade da dispensa por justa causa feita de forma genérica e sem qualquer embasamento
legal:

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“JUSTA CAUSA -- AUSÊNCIA DE PROVA DA FALTA GRAVE DA EMPREGADA A


reclamada, não logrou êxito em provar o cometimento de qualquer falta grave
por parte da autora, observadas as hipóteses previstas no artigo 482 da CLT. A
contestação apresentada foi genérica, limitando-se a ré a afirmar que a dispensa
da autora se deu por justa causa, sem especificar qual teria sido a falta grave
cometida pela empregada. A tentativa de transferir para a reclamante o ônus
da prova não é plausível, pois quem deve provar o fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito é quem faz a alegação de tal fato, conforme regra
prevista no artigo 333, II do CPC”. (TRT-1 - RO: 00003079420105010245 RJ,
Relator: Valmir De Araujo Carvalho, Data de Julgamento: 12/04/2011, Segunda
Turma, Data de Publicação: 26/05/2011) - sem grifos no original.

No mesmo sentido, o E. Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, por meio


do V. Acórdão proferido por sua 5ª Turma, de relatoria do I. Desembargador Milton Vasques
Thibau de Almeida, dispôs:

“JUSTA CAUSA - AUSÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO DA DEMISSÃO - IMPUTAÇÃO


LACÔNICA E GENÉRICA - IMPOSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DOS FATOS. Não há
como acolher a justificativa da demissão do empregado por justa causa se a
carta de demissão não descreve os fatos que teriam ensejado o rompimento do
contrato de trabalho, para tanto sendo insuficiente a mera alusão a inciso do
artigo 482 da CLT, como se vê nos documentos juntados aos autos pela
reclamada recorrente. Normas de lei são vazias sem a descrição dos fatos que
poderiam ativar o direito reivindicado em juízo. Mais do que ser frágil a prova
produzida pela reclamada, como afirma o MM. Juízo a quo na fundamentação da
r. sentença recorrida, a prova produzida é inútil, pois até mesmo na contestação
não foram esclarecidos quais teriam sido, quando teriam ocorrido e como teriam
acontecido os supostos atos de vandalismos imputados ao reclamante, o que
impede a verificação da dinâmica dos acontecimentos e a apuração efetiva da
responsabilidade do reclamante pelos fatos que lhe foram lacônica e
genericamente imputados”. (TRT-3 - RO: 00858201214203000 MG 0000858-
67.2012.5.03.0142, Relator: Milton V.Thibau de Almeida, Quinta Turma, Data de
Publicação: 30/09/2013.). – sem grifos no original

Por último, o C. TST através do V. Acórdão proferido pela sua 2ª Turma,


afirmou que a alegação genérica de justa causa não é meio hábil e válida para a ruptura do
contrato de trabalho:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO EM RECURSO DE REVISTA.


CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE PROVA ORAL. DESNECESSIDADE.
NULIDADE NÃO CONFIGURADA. No caso, a tese de caracterização do
cerceamento do direito de defesa está jungida à hipótese em que determinada
prova, cuja produção foi indeferida pelo juiz, revela-se indispensável ao desfecho
da controvérsia. A tese recursal está fundamentada na alegação de que a
reclamada não teve a oportunidade para comprovar as faltas graves imputadas
ao reclamante, que resultaram na sua dispensa por justa causa. Todavia,
segundo o Regional, a reclamada alegou, de forma genérica, que o autor teria
praticado falta grave, nos termos do artigo 482, alínea b, da CLT, sem
especificar as condutas. Ressalta-se que a prova oral, cujo depoimento foi

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indeferido, teria por finalidade justamente comprovar a falta grave imputada ao


trabalhador dispensado. Desse modo, tendo em vista que acusação genérica de
falta grave, na forma do artigo 482, alínea b, da CLT, sem a delimitação das
condutas que teriam sido praticadas pelo reclamante e que se qualificariam
como incontinência de conduta e mau procedimento, de fato, inócua a
produção da prova oral requerida, porquanto a reclamada não especificou
quais fatos pretendia apurar. Incólume o artigo 5º, incisos LIV e LV, da
Constituição da República. Agravo de instrumento desprovido. JUSTA CAUSA.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. MEMBRO CIPA. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
DESFUNDAMENTADO. SÚMULA Nº 422, ITEM I, DO TST. O agravo de instrumento
não comporta conhecimento, porquanto a reclamada não impugnou o principal
fundamento do despacho denegatório do recurso de revista, referente à
incidência da Súmula nº 126 desta Corte superior, consoante o disposto na
Súmula nº 422, item I, in verbis: "Não se conhece de recurso para o Tribunal
Superior do Trabalho se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos
da decisão recorrida, nos termos em que proferida" . Agravo de instrumento
desprovido. (TST - AIRR: 113115520155030033, Relator: José Roberto Freire
Pimenta, Data de Julgamento: 22/05/2019, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
24/05/2019). – sem grifos no original

Pois bem.

Toda a omissão do Reclamado quanto ao motivo da aplicação da justa causa


confirma ainda mais o fato de que não houve nenhuma conduta desabonadora que justificasse
a dispensa do Autor.

Registra-se que o Reclamante sequer teve o direito de defesa, como também


jamais cometeu qualquer ato ensejador de falta grave.

Nesse sentido, cumpre ressaltar que é necessária a demonstração de prova


robusta para amparar a aplicação da penalidade máxima, devendo esta ser apresentada com
a defesa, sob pena da cominação do artigo 400 do CPC, conforme entende o E. TRT-1:

“RECURSO ORDINÁRIO DO BANCO ITAÚ UNIBANCO S.A. DA JUSTA CAUSA. A


justa causa é a mais severa punição imposta ao empregado, por isso, o
Judiciário deverá apurá-la com a devida cautela, levando em consideração
o conjunto probatório produzido pelas partes. Insta salientar que, se não é
provado o justo motivo, o que se é o rompimento injusto do pacto laboral.
Para configuração da falta grave é necessário prova robusta,
de modo a deixar induvidoso o ato ilícito praticado pelo
empregado, não só pelo elemento subjetivo da falta praticada,
mas, principalmente, pelos reflexos negativos de seu
reconhecimento na vida profissional do trabalhador. Sendo
assim, não se admite a possibilidade de qualquer dúvida a
respeito de sua justiça no convencimento do julgador, devendo
ser cabalmente provado o ato faltoso. No caso, não tendo o réu

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logrado êxito em provar que o ato faltoso é configurador de


justa causa, não há como acolher a pretensão. Apelo desprovido,
no particular. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DO QUANTUM FIXADO.
Considerando que a indenização por danos morais não tem a finalidade de
enriquecer a vítima, mas sim, de compensá-la pela violação aos seus direitos
da personalidade e de punir, pedagogicamente, o agente transgressor, de tal
forma a inibir a repetição do mesmo ato no futuro; considerando que na
fixação do valor da referida indenização deve-se levar em conta a extensão e
a repercussão do dano, bem como os Princípios da Proporcionalidade e da
Razoabilidade, a faixa salarial da parte autora, a capacidade econômica da
empregadora, a gravidade dos fatos e o tempo de duração do contrato de
trabalho, considero razoável o valor de R$25.000,00, fixado a título de
indenização por danos morais. Averbo que o contrato de emprego já durava
25 anos e o motivo invocado pela dispensa foi evidentemente frágil, a sugerir
que o excesso de rigor pode ter mascarado a intenção de livrar-se de
empregado já antigo de forma menos custosa. Apelo desprovido, no
particular. (TRT-1 - RO: 01019631320165010010 RJ, Relator: EDUARDO
HENRIQUE RAYMUNDO VON ADAMOVICH, Data de Julgamento: 21/05/2019,
Oitava Turma, Data de Publicação: 28/05/2019)”. – sem grifos no original

“JUSTA CAUSA. REQUISITOS. ÔNUS DA PROVA. É cediço, que para configurar-


se a justa causa, devem restar presentes os seguintes elementos: a
gravidade da falta cometida pelo empregado, a proporcionalidade entre a
falta cometida e a pena aplicada pelo empregador, a proibição do bis in
idem (cabendo aplicar uma sanção para cada ato faltoso), a não-
discriminação na penalização de mesmas faltas, a imediaticidade da
punição e, por fim, há de prevalecer teoria da determinação da falta,
devendo o empregador ficar vinculado ao motivo da justa causa e, como
corolário, deverá fazer prova irrefragável daquele ato faltoso arrolado.
Confessada e comprovada a conduta que enseja na quebra de confiança no
empregado, não resta outra solução, senão a aplicação da dispensa por justa
causa. (TRT-1 – RO: 01003671120165010263 RJ, Relator JOSÉ ANTONIO
TEIXEIRA DA SILVA, Data de Julgamento: 30/10/2018, Oitava Turma, Data de
Publicação: 04/12/2018)”. – sem grifos no original

Diante do exposto, verifica-se que a justa causa aplicada pelo Reclamado é


superficial, não se sustentando dantes dos fatos narrados, eis que por se tratar da maior
punição incidente sobre o contrato de trabalho, esta deve ser robusta e se sustentar por si só,
e o que vemos aqui é que o Reclamante nunca cometeu qualquer falta que justificasse sua
dispensa por justa causa, sendo necessária a devida apuração dos acontecimentos.

6.1 DAS VERBAS DEVIDAS NA DISPENSA SEM JUSTA CAUSA

Uma vez provada a ausência de culpabilidade do Autor, requer a conversão


da dispensa para a modalidade menos gravosa à parte Autora, ou seja, a rescisão de contrato

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sem justa causa, e consequentemente, o pagamento da diferença das verbas rescisórias


recebidas, sendo eles o saldo de salário, 13º salário proporcional, férias proporcionais acrescidas
terço constitucional, aviso prévio, FGTS 8% + 40%, bem como a liberação das guias para saque
do FGTS e do seguro-desemprego.

Ademais, requer a declaração da projeção do aviso prévio. De acordo com a


Lei 12.506/11 e Nota Técnica 184/2012 do MTE, como também a cláusula 56ª da Convenção
Coletiva de Trabalho dos Bancários 2022/2024, o aviso prévio do Reclamante é de 45 dias,
acrescidos dos trinta dias legais, prorrogando-se por tal motivo o contrato de trabalho para
29/08/2023, conforme OJ/SDI-1- TST/n.82.

Requer, por fim, seja condenado o Reclamado a manter o Reclamante e seus


dependentes no plano de saúde empresarial pelo prazo de 180 dias, como ocorre na dispensa
sem justa causa, observadas as garantias previstas na Lei nº 9.656/98, na RN nº 279 da ANS e na
cláusula 42 da CCT 2022/2024, devendo manter as mesmas condições de cobertura e rede do
plano de saúde que o Reclamante detinha quando estava ativo, bem como que seja garantido o
direito de optar pela continuidade do mesmo, e , no caso de impossibilidade de se efetivar a
referida manutenção, que seja tal direito convertido em indenização equivalente.

7. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

O Reclamante foi dispensado por justa causa sem nunca ter recebido um
feedback negativo, ou tão pouco provas que demonstrassem que de fato realizou a conduta
alegada pela Reclamada, e ainda sem oportunizar seu direito de defesa.

Neste particular devemos destacar o constrangimento e a humilhação


sofridos pelo Reclamante no ato de sua dispensa.

Como demonstrado, o Autor a foi abusivamente dispensado sob alegação de


justa causa. Mesmo que, por si só, a elisão da dispensa já gere direito a indenização moral, para
efeito de gradação da penalidade, ilustre-se que a atitude do Réu manchou sua reputação
perante colegas, amigos, parentes e mercado de trabalho, e privou a hipossuficiente de receber
a integralidade das verbas rescisórias que garantiriam seu sustento quando mais precisava.

Além disso, a dispensa por justa causa tem um peso muito maior do que ter
seu contrato rescindido, e não receber as verbas que seriam devidas em caso de dispensa
imotivada, pois ela imputa ao demitido uma carga negativa, desabonadora, desqualificadora,
colocando em jogo a reputação e honra daquele que suporta tal penalidade.

Como se não bastasse, devemos atentar que no caso em tela o Reclamante

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sequer foi informado do motivo da sua justa causa. Nesse sentido, é de entendimento do C. TST
o merecimento de indenização a título de danos morais:

“RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. EXCESSO NO EXERCÍCIO DO PODER DISCIPLINAR DO EMPREGADOR.
ACUSAÇÃO SOMENTE EM JUÍZO DA PRÁTICA DE ATOS DE CONCORRÊNCIA
DESLEAL, DE MAU PROCEDIMENTO E DE DESÍDIA, SEM QUALQUER EVIDÊNCIA
QUE PUDESSE DAR SUPORTE ÀS ACUSAÇÕES. Conforme se depreende do
quadro fático delineado pela Corte de origem, a reclamada dispensou o
reclamante, por justa causa, sem explicitar os motivos da dispensa, tendo o
reclamante tomado ciência dos atos que, supostamente, teria praticado e
ensejado a rescisão do contrato de emprego por justa causa apenas em juízo,
com a apresentação da peça defensiva pela reclamada, sem ter esta, no
entanto, apresentado qualquer evidência que desse suporte a tais acusações,
resultando evidenciado, assim, o excesso no exercício do seu poder disciplinar,
devendo, portanto, a reclamada, ser condenada ao pagamento de indenização
pelos danos morais causados ao reclamante. Agravo de Instrumento a que se
nega provimento. (TST - ARR: 12795920125030012, Data de Julgamento:
01/06/2016, Data de Publicação: DEJT 03/06/2016)”

Dessa forma por todo o exposto conforme Art. 223 – G, entende que em
razão da intensidade e do sofrimento, da impossibilidade de superação psicológica, pela
extensão e duração do dano, inexistência de retratação espontânea e esforços efetivos para
minimizar a ofensa, sofreu danos de NATUREZA GRAVE, pelo que requer seja o Réu condenado
ao pagamento, utilizando os parâmetros insculpidos no Art. 223 - G, § 1º, inciso III da CLT, ou
outro valor a ser arbitrado pelo juízo.

8. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

Diante da prestação de serviço profissional essencial à administração da


Justiça, requer a Reclamante a condenação do Reclamado ao pagamento dos honorários
sucumbenciais, na forma do art. 791-A da CLT, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento)
e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.

9. DA NÃO APLICAÇÃO DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA EM DESFAVOR DO


RECLAMANTE, DA PROTEÇÃO AO CRÉDITO TRABALHISTA E SUA NATUREZA
ALIMENTAR E DA PROTEÇÃO AO ACESSO À JUSTIÇA

Embora haja a previsão dos honorários decorrentes da sucumbência no


processo, a exigibilidade não pode estar atrelada à percepção de créditos trabalhistas, pois tais
créditos são de verbas de natureza alimentar das quais o trabalhador se vale para sua
sobrevivência e de sua família.

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Temos que ter em mente, que em regra, nenhum trabalhador lança mão de
lides aventureiras na Justiça do Trabalho. Pelo contrário, o que se busca é a efetivação de
direitos e garantias desrespeitadas ou não concedidas pelos empregadores. Nulas, ou na pior
das hipóteses, raríssimas, são as ações que contemplam hipóteses em que não houve alguma
prestação de serviços. Pode até ocorrer hipóteses em que não se consegue especificamente o
que se buscava, mas a porcentagem de que não se reconheça algum trabalho é quase nula.

Ademais, é cristalina a natureza alimentar de um crédito trabalhista. Então,


como se pode punir o empregado que busca parcelas advindas de seu trabalho e que seriam
como seu sustento, extirpando deste sustento, apenas por não ter logrado êxito em um
processo?

Dessa forma, espera a parte reclamante que não seja aplicada em seu
desfavor a regra da sucumbência, pois parte mais fraca da relação; tem seu crédito natureza
alimentar e deve ser protegido e amparado seu direito constitucional de acesso à Justiça.

Subsidiariamente, caso não seja este o entendimento do MM. Juízo, o que


não se espera, frise-se, na remota hipótese de ser aplicada a regra da sucumbência, recíproca
ou total nesta demanda, seus efeitos nocivos em face do trabalhador devem ser minimizados,
requerendo seja reconhecido:

a) que só há sucumbência da parte reclamante quando a reclamação


trabalhista for julgada totalmente improcedente;

b) que não há sucumbência parcial da parte reclamante quando esta for


vencedora no pedido, ainda que a expressão econômica deste seja deferida em patamar inferior
ao postulado. Isso porque, “(...) há de se reconhecer que sucumbência recíproca não existe no
aspecto específico da quantificação pedido”, consoante, inclusive, entendimento que já se
firmou na dinâmica do direito comum por meio da Súmula 326 do STJ, e do próprio artigo 86 do
NCPC, aplicada supletivamente.

c) que os honorários de sucumbência, devidos pela parte autora, sejam em


patamares mínimos (5%), observando-se a ausência de paridade entre as partes, especialmente
no que se refere à sua capacidade econômica.

d) que seja aplicado o disposto no § 4º do artigo 791-A, ou seja, a


suspensão de exigibilidade dos honorários, eis que a parte reclamante é beneficiária da Justiça
gratuita.

10. DA CORREÇÃO MONETÁRIA

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Os cálculos de correção monetária deverão incidir no mês do fato gerador da


obrigação, ou seja, aquele que se perfaz a prestação laboral, haja vista que o disposto no artigo
459 da CLT faculta o pagamento dos salários até o quinto dia útil subsequente exclusivamente
ao empregador adimplente, no curso do contrato. Trata-se de mero favor legal, de caráter
administrativo, que não pode ser invocado fora de seu específico contexto.

O Supremo Tribunal Federal, nos autos das ADIs nº 4.357, 4372, 4.400 e
4.425, declarou a inconstitucionalidade da correção monetária pela TR apenas quanto à
atualização monetária da condenação imposta à Fazenda Pública relativa ao período da inscrição
do crédito nas referidas ADIs (o artigo 100, § 12, da Constituição Federal, inserido pela EC nº
62/2009) diz respeito apenas à atualização do precatório e não à atualização da condenação.

O C. Tribunal Superior do Trabalho, por sua vez, em sua composição plena,


nos autos do processo nº TST-ArgInc-479-90.2011.5.04.0231, declarou inconstitucional, por
arrastamento, o caput do artigo 39 da lei nº 8.177/91, na parte fins de atualização monetária, à
luz da interpretação dada pelo próprio STF, no julgamento das mencionadas ADIS.

A partir de então, o C. TST vinha adotando o Índice de Preços ao Consumidor


Amplo Especial (IPCA-E) para correção monetária dos débitos trabalhistas, sendo que após o
julgamento dos embargos de declaração no ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, modulou os efeitos
de sua decisão para "fixá-los a partir de 25 de março de 2015, coincidindo com a data
estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal".

Sucede que o Supremo Tribunal Federal, em 14/10/2015, por meio de


decisão monocrática da lavra do Ministro Dias Toffoli, nos autos da Reclamação n° 22.012,
deferiu liminar para suspender os efeitos da referida decisão do Tribunal Pleno desta Corte,
voltando-se a aplicar, por isso, a TR como índice de correção monetária dos créditos trabalhistas.

Entretanto, a referida liminar, contudo, foi revogada na sessão realizada no


dia 05/12/2017, quando a segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, julgou
improcedente a referida reclamação. Eis a ementa correspondente:

“Ementa: RECLAMAÇÃO. APLICAÇÃO DE ÍNDICE DE CORREÇÃO DE DÉBITOS


TRABALHISTAS. TR. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE MATERIAL ENTRE OS
FUNDAMENTOS DO ATO RECLAMADO E O QUE FOI EFETIVAMENTE DECIDIDO
NAS ADIS 4.357/DF E 4.425/DF. NÃO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO.
ATUAÇÃO DO TST DENTRO DO LIMITE CONSTITUCIONAL QUE LHE É ATRIBUÍDO.
RECLAMAÇÃO IMPROCEDENTE. I - A decisão reclamada afastou a aplicação da
TR como índice de correção monetária nos débitos trabalhistas, determinando a
utilização do IPCA em seu lugar, questão que não foi objeto de deliberação desta
Suprema Corte no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade
4.357/DF e 4.425/DF, não possuindo, portanto, a aderência estrita com os arestos
tidos por desrespeitados. II - Apesar da ausência de identidade material entre os

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fundamentos do ato reclamado e o que foi efetivamente decidido na ação direta


de inconstitucionalidade apontada como paradigma, o decisum ora impugnado
está em consonância com a ratio decidendi da orientação jurisprudencial desta
Suprema Corte. III - Reclamação improcedente."
(Rcl 22012, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Relator p/ Acórdão: Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 05/12/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-037 DIVULG 26-02-2018 PUBLIC 27-02-2018)

Nestes termos, voltou a prevalecer o entendimento do Tribunal Pleno da


Corte Superior, firmado no processo TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231, observados os
parâmetros fixados no julgamento dos respectivos embargos de declaração, no sentido de que
o IPCA-E como índice de correção monetária para atualização dos débitos trabalhistas somente
deve ser adotado a partir de 25/03/2015, conforme julgado a quo.

Ocorre que, com a entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017, em 11/11/2017,


foi acrescentado o § 7º ao artigo 879 da CLT, com o seguinte teor:

"art. 879 da CLT [...] §7º A atualização dos créditos decorrentes de condenação
judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do
Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)"

A Lei nº 13.467/2017, em vigência a partir de 11/01/2017, acrescentou o §7º


do art. 879 da CLT, o qual determina que “a atualização dos créditos decorrentes de condenação
judicial será feita pela taxa referencial (TR), entretanto, o referido dispositivo não poderá
prevalecer, pois o mesmo perdeu sua eficácia normativa, no momento em que foi declarada
inconstitucional de forma parcial o art. 39 da Lei nº 8.177/91, na medida em que o dispositivo
da legislação esparsa conferia conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula
remissiva pelo legislador.

Neste sentido foi o voto proferido pela Ministra Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, 1ª Turma do C. TST, nos autos do processo nº TST-RR-976-56.2015.5.09.0567, in verbis:

"Por fim, cabe analisar a previsão de adoção da TR introduzida pela Lei


nº 13.467/17 no art. 879, § 7º, da CLT, cujo teor é o seguinte: Art. 879 - § 7o A
atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa
Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177,
de 1o de março de 1991. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) O dispositivo em
análise determina a aplicação da TR com expressa referência à Lei nº 8.177/91,
que regulamenta a atualização de débitos trabalhistas especificamente em seu
art. 39, caput, declarado inconstitucional pelo Tribunal Pleno desta Corte. Nesse
contexto, entendo que o art. 897, § 7º, da CLT perdeu a sua eficácia normativa
com a declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91.
Isso porque o dispositivo da legislação esparsa conferia conteúdo à norma da CLT,
tendo em vista a adoção de fórmula remissiva pelo legislador. É oportuno
ressaltar que, na hipótese do art. 879, § 7º, da CLT, não houve reversão legislativa
da orientação jurisprudencial, tampouco inovação na ordem jurídica, porquanto
mantida a disciplina legal vigente à época de sua edição, o que é ratificado pela
opção do legislador em fazer remissão à Lei nº 8.177/91. Ademais, o

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entendimento não viola a cláusula de reserva de plenário, pois não se está


reconhecendo a inconstitucionalidade do art. 879, § 7º, da CLT, mas o seu
esvaziamento normativo diante da remissão a dispositivo já declarado
inconstitucional pelo Tribunal Pleno.

No mesmo sentido:

(...)

AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. FASE DE EXECUÇÃO. TAXA REFERENCIAL - TR.
INCIDÊNCIA RETROATIVA DO DISPOSTO NO ART. 879, § 7º, DA CLT,
INTRODUZIDO PELA LEI Nº 13.467/2017. APLICABILIDADE. A parte agravante não
consegue viabilizar o acesso à via recursal de natureza extraordinária, à míngua
de comprovação de inequívoca violação de dispositivo da Constituição da
República, nos moldes da Súmula nº 266 do TST. Na hipótese, o disposto no
art. 879, § 7º, da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017, única questão
articulada no presente agravo, em nada altera a decisão do Plenário do TST que
declarou a inconstitucionalidade da Taxa Referencial como fator de correção
monetária dos débitos trabalhistas, com respaldo em decisão vinculante do STF.
Agravo a que se nega provimento. (Ag-AIRR- 71300-30.2005.5.02.0078, Relator
Ministro Walmir Oliveira da Costa, 1ª Turma, DEJT 20/4/2018)

Logo, o Reclamante requer que seja deferida a correção dos créditos


trabalhistas na presente demanda, através da aplicação do IPCA-E a partir de 25/03/2015.

11. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Os recolhimentos previdenciários incidentes sobre o crédito judicialmente


deferidos deverão ser integralmente suportados pelo Réu, tendo em vista a condição de mora a
que o empregado não deu causa, com fundamento legal disciplinado no artigo 33, parágrafo 5º
da Lei 8.212/91.

Quanto ao Imposto de Renda, deve ser aplicado o artigo 12 – A da Lei


7.713/88, bem como a incidência de juros de mora na forma da OJ 400 da SDI-1 do C. TST.

12. DOS REQUERIMENTOS E DOS PEDIDOS

Pelo exposto, amparado em todos os fatos e fundamentos já mencionados,


vem o Reclamante, respeitosamente a presença de V. Exa. requerer:

1) Requer seja reconhecida a tramitação da presente Reclamação Trabalhista em SEGREDO


DE JUSTIÇA, nos termos do art. 189, III do CPC c/c art. 5º, X da CF/88. R$ 0,00 (requerimento
processual);

2) A concessão do benefício da gratuidade de justiça, ante os esclarecimentos da parte autora


no sentido de não dispor de condições de arcar com as custas processuais, sem sacrifício
do sustento próprio e de seus familiares, conforme item 3 da fundamentação; R$ 0,00

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(requerimento processual);

3) A citação do Reclamado para, querendo, contestar a presente exordial sob pena de revelia;
R$ 0,00 (requerimento processual);

4) Em relação à sucumbência, requer não seja aplicada à parte Reclamante, conforme


fundamentação do item 9; R$ 0,00 (requerimento processual);

5) Subsidiariamente, caso não seja afastada a sucumbência em desfavor da parte Reclamante,


constante no requerimento anterior, requer que seja observado: R$ 0,00 (requerimento
processual)

5.1) que só há sucumbência da parte Autora quando a reclamação trabalhista for julgada
totalmente improcedente;

5.2) que não há sucumbência parcial da parte Autora quando esta for vencedora no
pedido, ainda que a expressão econômica deste seja deferida em patamar inferior ao
postulado;

5.3) que os honorários de sucumbência, devidos pela parte Autora, sejam em patamares
mínimos (5%), observando-se a ausência de paridade entre as partes, especialmente no
que se refere à sua capacidade econômica;

5.4) que seja aplicado o disposto no § 4º do artigo 791-A, ou seja, a suspensão de


exigibilidade dos honorários, eis que a parte Autora é beneficiária da Justiça gratuita.

6) Requer seja aplicado sobre as verbas devidas, juros e correção monetária na forma da lei
vigente, conforme item 10 da fundamentação; desnecessária a estimativa individual de
valor de alçada, pois esta seguirá a atribuída ao pedido principal, na forma do art. 292, VIII
do CPC;

7) Requer seja observado o §1º da art. 12-A da Lei 7.713/88, conforme disciplinado na IN RFB
1.127 de 07/02/2011, quando da retenção do imposto de renda mês a mês, bem como
aplicação da OJ400 SDI I do TST à cota fiscal e Contribuição previdenciária nos termos do
artigo 33, parágrafo 5º da Lei 8.212/91, conforme item 11 da fundamentação;
desnecessária a estimativa individual de valor de alçada, pois esta seguirá a atribuída ao
pedido principal, na forma do art. 292, VIII do CPC;

8) A procedência dos pedidos com a consequente condenação do Reclamado ao que se


segue:

a) Seja revertida a dispensa por justa causa, conforme o item 6 da fundamentação. R$ 0,00

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(pedido com natureza declaratória);

b) Requer o pagamento das verbas rescisórias, decorrentes da rescisão de contrato sem


justa causa, com o pagamento das verbas rescisórias: aviso prévio proporcional
acrescido do aviso prévio conforme cláusula 48ª das CCT’s da categoria, férias
proporcionais +1/3, FGTS 8% sobre as verbas rescisórias, multa do FGTS 40%, liberação
das guias para saque do FGTS e habilitação do seguro-desemprego ou sua indenização
substitutiva, no caso de impossibilidade deste, conforme item 6.1 da fundamentação.
Como uma estimativa dos valores, indica a alçada mínima de R$ 30.000,000;

c) A declaração da projeção do aviso prévio para todos os efeitos legais e integração e


reflexos das verbas pleiteadas neste período, destacando-se que o aviso prévio do
Reclamante é de 45 dias, acrescidos dos trinta dias legais, prorrogando-se por tal motivo
o contrato de trabalho para 29/08/2023, conforme item 6.1 da fundamentação; R$ 0,00
(pedido com natureza declaratória);

d) Requer seja condenado o Reclamado a manter o Reclamante e seus dependentes no


plano de saúde empresarial pelo prazo de 180 dias, como ocorre na dispensa sem justa
causa, observadas as garantias previstas na Lei nº 9.656/98, na RN nº 279 da ANS e na
cláusula 42 da CCT 2022/2024, devendo manter as mesmas condições de cobertura e
rede do plano de saúde que o Reclamante detinha quando estava ativo, bem como
que seja garantido o direito de optar pela continuidade do mesmo, e , no caso de
impossibilidade de se efetivar a referida manutenção, que seja tal direito convertido
em indenização equivalente, conforme item 6.1 da fundamentação; R$ 0,00 (pedido
com natureza declaratória);

e) Indenização por Dano Extrapatrimonial decorrente do ilícito cometido, considerando


a NATUREZA GRAVE da lesão sofrida, utilizando os parâmetros insculpidos no Art. 223
- G, § 1º, inciso III da CLT, ou outro valor a ser arbitrado pelo juízo, conforme item 7 da
fundamentação. Como uma estimativa dos valores, indica a alçada mínima de R$
200.000,00;

f) A condenação do Reclamado ao pagamento dos honorários sucumbenciais, na forma


do art. 791-A da CLT, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de
15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa, conforme item 8 da fundamentação. Como uma estimativa dos
valores, indica a alçada de R$ 11.500,00.

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Por fim, e diante da procedência dos pedidos, estes serão liquidados por
cálculos, acrescidos de correção monetária e juros, apresentando nesta ocasião indicação de
valores.

Protesta pela produção de todo gênero de provas em direito admitidos,


especialmente depoimento pessoal do representante legal do reclamado, sob pena de
confissão, oitiva de testemunha, juntada de documento e perícia técnica.

Dá-se à presente o valor provisório de R$ 241.500,00.

Pede deferimento.

Niterói, 28 de julho de 2023.

Simone Faustino Torres Vieira

OAB/RJ 224.125

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https://pje.trt1.jus.br/pjekz/validacao/23072817201860100000180922175?instancia=1
Número do documento: 23072817201860100000180922175

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