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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CIVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE TERESINA – PI.

ANTONIO MARTINS DAMASCENO NETO, brasileiro, solteiro,


autônomo, inscrito no RG sob o nº 3.219.816 e o CPF nº 058.158.113-00, residente
e domiciliado na Rua Deputado João Carvalho, nº 05197, bairro Santa Isabel, CEP
nº 64.053.130, Teresina - PI, por seu advogado com procuração em anexo, com o
devido respeito, vem a presença de Vossa Excelência, ajuizar AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO c/c DANO MORAL E PEDIDO
DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA em face de SKY BRASIL
SERVIÇOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ de nº
72820822002769, estabelecida na Av. Marcos Penteado Ulhoa Rodrigues, nº 1000,
Residencial três Tambore, na cidade de Santana de Parnaíba - SP, pelos motivos
de fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS

O requerente contratou a requerida e após passar uns meses usufruindo o serviço


prestado pela mesma, recebeu uma visita dos colaboradores da prestadora de
serviço NET, ocasião que foi realizada uma portabilidade.

É salutar falar que um dos requisitos exigido na época (11 de julho de 2013) para
tal procedimento, era o requerente está com o pagamento em dias com a
requerida, haja vista que ali se encerraria o contrato com a mesma.

Vale frisar, que o requerente encontrava se com todos os boletos pagos sem
nenhum atraso e foi realizada a portabilidade para empresa NET para a prestação
de serviço de internet.

É importante ainda falar, que dias após ser realizada a portabilidade, a empresa
requerida compareceu a residência do requerente e recolheu todo o material de
prestação de serviço que funcionava mediante comodato.

Após passar meses, iniciou se diversas cobranças da parte requerida, alegando


que havia valores a serem pagos referente a alguns meses, ocasião que a mesma
negativou o nome do requerente junto ao SERASA, ocasionando um enorme
constrangimento, prejuízo e aborrecimento.
Vale frisar que somente nesta presente data, após ter ido financiar um apartamento
junto a construtora Rivello o requerente veio tomar conhecimento que seu nome
esta negativado junto ao órgão de serviço de proteção ao crédito, situação que
ocasionou um enorme desconforto ao mesmo.

Acontece Excelência, que depois de diversas tentativas para resolver a lide junto a
requerida, a até o presente momento não obteve êxito, motivo este que
impossibilita o requerente fazer compras em locais que esteja consulta aos órgãos
de restrição ao credito. Decidindo então o requerente ajuizar a ação em face da
requerida.

DO DIREITO

1 - DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

À luz do disposto no § 2º. do art. 3º. da Lei n. 8.078/90, entendesse por


fornecedor toda pessoa física ou jurídica que fornece produtos ou presta serviços
mediante remuneração do consumidor.

O consumidor, por seu turno, conforme se pode observar o art. 2º do mesmo


Diploma Legal, pode ser definido como aquele que adquire ou utiliza produtos ou
serviços na qualidade de destinatário final. Daí que, em sendo a empresa
demandada pessoa jurídica de direito privado, que presta atividade de natureza
comercial, resta indubitável o seu enquadramento no conceito legal de fornecedor,
com a consequente submissão às normas consumeristas e de ordem pública
insertas na Lei n. 8.078/90.

Portanto, não podem pairar quaisquer dúvidas acerca da aplicação das


normas públicas de defesa do consumidor trazidas pela Lei n. 8.078/90, haja vista
a caracterização da Requerente como destinatária final dos serviços de telefonia e
da Demandada como fornecedora de tais serviços, nos termos dos arts. 2º e 3º,
§2º da aludida norma.

2 - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Como forma de facilitar a defesa dos direitos do consumidor, parte mais


vulnerável da relação consumerista, o legislador pátrio estabeleceu, no inciso VIII,
do art. 6º, da Lei n. 8.078/90, a possibilidade de inversão do ônus da prova, desde
que configurada a verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência do
consumidor.

O teor do que preceitua a Legislação Consumerista, as regras do ônus da


prova, estabelecidas no art. 333 do Código de Processo Civil brasileiro, devem ser
mitigadas diante das peculiaridades das situações concretas postas em juízo, como
forma de se buscar a verdade real e, também, superar os obstáculos existentes
para uma das partes no atinente à produção de prova sobre alegações de fatos
relevantes para o deslinde da causa.
Saliente-se que, na hipótese vertente, clarividentes se mostram os dois
pressupostos de aplicação da aludida regra, já que o Requerente, além de não
reunir condições técnicas suficientes para comprovar que não adquiriu e tão pouco
deixou de pagar qualquer linha telefônica junta com a empresa requerida, não
detém qualquer documento que comprove isso, visto que estas estão sob o poder
do Demandado, tendo, ainda, colacionado à exordial documentos hábeis a fazer
prova da plausibilidade do direito ora invocado.

Destarte, imperiosa a aplicação da regra de inversão do ônus da prova em


favor do suplicante, sob pena de criação de obstáculos à defesa dos seus direitos,
impondo-se ao suplicado o ônus de comprovar em juízo a sua não
responsabilidade pelo prejuízo suportado pelo autor.

3 - DA DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DO DÉBITO

No caso em tela, resta clara a legitimidade do interesse autoral em ver


judicialmente declarada a inexistência da dívida que motivou a inscrição do seu
nome indevidamente no SERASA, vez que o contrato foi totalmente cumprido,
havendo uma portabilidade para outra empresa que presta o mesmo serviço, bem
como todo o material foi recolhido pelos colaboradores da empresa ré.

4 - DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL

Necessário a antecipação dos efeitos da tutela vez que, o autor necessita


imediatamente de empréstimos, pois se encontra em dificuldades financeiras,
ocasionando um abalo imenso em sua vida e de sua família, que depende deste
empréstimo para seu sustento.

Dispõe o artigo 273 do Código de Processo Civil, que:

“O juiz poderá, a requerimento das partes, antecipar,


total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida
no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação”.(grifo nosso)

Completam os incisos I, e II, respectivamente:

“I – haja fundado receio de dano irreparável ou de


difícil reparação;
II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa
ou o manifesto propósito protelatório do réu”.(grifo
nosso)

Enfim, para a concessão da tutela antecipada exige a Lei uma das situações
alternativas:

a) ou a exigência do periculum in mora;


b) ou a existência do abuso de direito de defesa do réu, independente da
existência do periculum in mora.

No caso, está presente o periculum in mora, visto que há restrição irreparável


de direitos intrínsecos à pessoa do autor. Outrossim, no caso em tela, há mais do
que a possibilidade do pleito; há sim, a certeza da sua procedência e a ineficiência
do provimento final quanto ao constrangimento a
que o autor tem passado.

Assim, requer o autor, como institui o artigo 273, e seus incisos do CPC, c/c
artigo 84, parágrafo 3º da Lei 8.078/90, seja concedida a tutela antecipada, no
sentido de que seja imediatamente retirado seu nome junto a qualquer órgão de
recuperação de crédito.

5- DO DANO MORAL

O Código de Defesa do Consumidor é extremamente claro ao prever o


direito do consumidor de ter seu dano moral reparado, quando atingido. É o que
reza o art. 6º, VI, ipsis litteris:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos.

Segundo o ilustre doutrinador Luiz Antonio Riizzatto Nunes “se por qualquer
motivo o consumidor sofrer dano material (por exemplo, teve de contratar
advogado e pagar honorários e despesas) e/ou dano moral em função da cobrança
indevida, tem direito a pleitear indenização, por força das regras constitucionais e
legais aplicáveis (CF, art. 5º, X; CDC, art. 6º, VI).” ((In. Comentários ao Código de
Defesa do Consumidor, Saraiva: São Paulo: 2005, p. 500).

No presente caso, a conduta da Demandada ocasionou danos morais ao


Requerente, pois o mesma teve que suportar o vexame ao ser informado que
estava com o nome no SPC/SERASA, isto é, no cadastro de maus pagadores
tido como inadimplente.

O reconhecimento do dano moral como uma realidade a ser regulamentada


pelo direito positivo pátrio (CF, 1988), foi fruto de um longo processo de
amadurecimento doutrinário e jurisprudencial. Hoje, no entanto, os juristas
brasileiros são unânimes em reconhecer a relevância do dano moral como instituto
jurídico. Sem dúvida não é tarefa fácil estipular um valor para a dor e humilhação
sentidas pela parte autora, quando se vê injustamente submetida a contratempos e
constrangimentos desnecessários. No entanto, como Rui Stoco ensina o dano
moral tem o duplo objetivo de punir o réu e compensar a vítima, como se segue.

“Segundo nosso entendimento na indenização da dor moral há de buscar


duplo objetivo: condenar o agente causador do dano ao pagamento de certa
importância em dinheiro, de modo a puní-lo, desestimulando-o da prática
futura de atos semelhantes, e, com relação à vítima, compensá-la com uma
importância mais ou menos aleatória, pela perda que se mostra irreparável,
pela dor e humilhação impostas.”

DO PEDIDO

Diante do exposto, REQUER a Vossa Excelência:

1. A CITAÇÃO da parte adversa, na pessoa do seu representante legal, para,


querendo, apresentar defesa no prazo legal, sob pena de decretação da revelia e
aplicação da pena de confesso;

2. A determinação de INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA em favor do requerente,


consoante autoriza o inciso VIII, do art. 6º, do CDC, ante a verossimilhança das
suas alegações, bem assim a sua hipossuficiência técnica e financeira;

3. Que seja designada a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional;

4. A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO em todos os seus termos para:

a) Declarar inexistente qualquer dívida referente à operadora de canais;

b) Condenar a Requerida ao pagamento de indenização por dano moral, no


valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais);

Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


notadamente prova documental, ficando tudo de logo requerido.

Dá-se a presente causa o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais);

Termos em que,
Pede deferimento.

Teresina, 13 de dezembro de 2022.

Ricardo Wolney Cardoso Holanda


OAB/PI nº 8893

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