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I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A autora não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem
prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa, com
fundamento no Artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e Art. 98 do Código de
Processo Civil. Desse modo, a autora faz jus à concessão da gratuidade de Justiça.
Tendo notado, após alguns dias, que este depósito não teria sido compensado
como esperado, uma vez que não houve compensação dos referidos cheques, procurou a
instituição Requerida, para que pudessem de comum acordo, solucionar este impasse,
tendo a Requerente em mãos o comprovante de depósito impresso, confirmando a
veracidade de suas afirmações.
Ato contínuo foi informada que, em casos como este, a depositante não pode
atribuir a responsabilidade à instituição, alegando que o horário do depósito foi após o
expediente do banco. Todavia, há um comunicado de atendimento da agência, o qual
funcionará das 10h às 14h e resta claro nos comprovantes que no horário de realização
dos depósitos estaria o banco em horário de atendimento: envelope nº 2.913.855.850 –
às 13h48min33seg; envelope nº 2.913.855.868 – às 13h49min14seg.
Sabe-se que os depósitos realizados durante o expediente bancário são
conferidos e processados até às 23h59min do dia de realização do depósito, o que não
aconteceu com a Requerente, sendo constrangida e prejudicada por restar seus cheques
sem fundos, inclusive sendo cobrada de taxas e tarifas indevidas, o qual consta no
extrato bancário no valor total de R$144,70.
Indignada com a situação, resta a Requerente apenas recorrer-se às vias
judiciais.
Logo, aplicável o CDC ao presente caso, o qual preceitua, em seu artigo 6º, VIII,
que:
"Art. 6º - São direitos básicos do consumidor: (...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;”
Ao ser aplicado o CDC, fato é que estamos diante da situação disposta em seu
artigo 14, que menciona, in verbis:
"Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido
Ou seja, trata-se aqui de uma responsabilidade civil objetiva, que independe de culpa
para sua caracterização. Não bastasse isto, conforme entendimento do STJ, a Ré na
qualidade de instituição financeira, deve submeter-se aos ditames do Código de Defesa
do Consumidor:
b) DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO
O que prevalece in casu é a impossibilidade de apropriação de dinheiro alheio e
do consequente enriquecimento ilícito do réu nessa situação, bem como o fato que a
devolução é devida uma vez que não existiu causa para a segunda cobrança de taxas +
tarifas no total de R$ 144,70 (cento e quarenta e quatro reais e setenta centavos).
A falha do serviço do réu em não compensar os depósitos bancários causou
efetivo dano a autora, ocasionando as referidas cobranças. Destarte, tanto o comunicado
posto na instituição bancária, quanto o comprovante de depósito demonstram que o
horário de realização do depósito foi dentro de expediente, e a compensação deveria ter
ocorrido no mesmo dia.
A responsabilidade objetiva, nessa situação é de rigor aplicação, haja vista a
determinação contida no artigo 14 do Código de defesa do consumidor. Assim, para
efeito do artigo citado, em tendo ocorrido dano consistente na cobrança indevida, não se
discute culpa, tão somente fica o dever objetivo de indenizar.
Ressalta-se ainda, que a cobrança, realizada de forma indevida e sem chance de
defesa por parte do autor, deve ser ressarcida em dobro, conforme determina o
parágrafo único do artigo 42 do Código de defesa do consumidor, senão vejamos:
“Art.42. [...]
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem
direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.”.
Diante disto, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona Filho, assim definem os danos
não materiais:
O dano moral consiste na lesão de direitos, cujo conteúdo não é
pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro. Em outras
palavras, podemos afirmar que o dano moral é aquele que lesiona a
esfera personalíssima da pessoa (seus direitos da personalidade),
violando, por exemplo, sua intimidade, vida privada, honra e
imagem, bens jurídicos tutelados constitucionalmente
(GAGLIANO e FILHO, 2020, p.1401).
d) DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
f) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, inciso VIII, do CDC;
Dá-se a causa o valor de R$ 7.889,40 (sete mil e oitocentos e oitenta e nove reais e
quarenta centavos).
Termos em que,
Pede deferimento.
Advogado
OAB/PE