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EXCELENTISSIMA SRA. DRA.

JUIZA DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA


COMARCA DE ITAÚNA/MG

PROCESSO Nº: 5004197-94.2021.8.13.0338


AUTOR: WANDERSON PATRICIO CARVALHO
RÉU: COOPERATIVA DE CREDITO DE LIVRE ADMISSAO DA REGIAO DE
ITAUNA LTDA. - SICOOB CREDIUNA e outros

WANDERSON PATRICIO CARVALHO, já devidamente qualificado nos autos em


epígrafe, AÇÃO DE DANOS MORAIS C/C AÇÃO DE FAZER, movida em desfavor de
COOPERATIVA DE CREDITO DE LIVRE ADMISSAO DA REGIAO DE ITAUNA
LTDA. - SICOOB CREDIUNA e outros, igualmente qualificada, vem com o mais
elevado respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de suas advogadas in
fine assinadas apresentar:
CONTRARRAZÕES C/C PEDIDO CONTRAPOSTO
à apelação interposta, requerendo, desde logo, na forma das razões em anexo e ultimados
os trâmites procedimentais de estilo, a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça
e, ao cabo, o não provimento do recurso.
Nestes termos,
Espera deferimento.

Itaúna, 22 de maio de 2023.

Júlia Quádrio Raposo Branco Nunes


OAB//MG 176.774
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PROCESSO Nº: 5004197-94.2021.8.13.0338
AUTOR: WANDERSON PATRICIO CARVALHO
RÉU: COOPERATIVA DE CREDITO DE LIVRE ADMISSAO DA REGIAO DE
ITAUNA LTDA. - SICOOB CREDIUNA e outros
VARA DE ORIGEM: 1ª VARA CIVÉL DA COMARCA DE ITAÚNA/MG
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara:
1. DA SÍNTESE DA DEMANDA:
O apelado no ano de 2019 para sua surpresa ao tentar realizar empréstimo na empresa ré
descobriu que estava negativado em virtude de cheques que sequer chegaram a seu poder.
Ali iniciava uma longa batalha para tentar tirar seu nome do registro de devedores.
Ao verificar o que havia ocorrido o Apelado descobriu que o banco réu teve um carro
forte roubado e entre os valores e bens roubados estavam folhas de cheque em seu nome.
Assim foi verificado que o cadastramento no cadastro de devedores do Apelado ocorreu
justamente por causa das folhas de cheque roubadas do banco réu, o Apelado tentou
resolver de forma administrativa, porém o Apelante lhe informou que nada poderia fazer,
assim alternativas não restou ao Apelado senão a propositura da presente.
Assim no curso dos autos foi determinado ao apelante na forma de antecipação de tutela
que este realizasse a retirada do nome do Apelado do cadastro de inadimplentes, porém
até o momento tal determinação judicial não foi cumprida. Ainda em relação a demanda
ficou amplamente demonstrado que o cadastro do Apelado se deu em função das folhas
de cheque que estavam em guarda do banco réu e que nunca chegaram a posse do
Apelado.
Diante das robustas provas contidas nos autos o d. Juízo de primeiro grau julgou
procedente os pedidos do Apelado e condenou a parte ré ao pagamento de danos morais
no importe de R$ 6.000,00 ao Autor da demanda, insatisfeitos com o resultado a empresa
ré protocolou recurso de apelação que em síntese alega que não tem responsabilidade pelo
roubo das folhas de cheque e consequente cadastramento do Apelado no cadastro de
inadimplentes.
Porém razão não assiste ao Apelante, conforme será novamente demonstrado a seguir.
Ademais, aproveita a oportunidade para requerer majoração dos danos morais arbitrados,
bem como determinar a retirada do nome do Apelado do cadastro de inadimplentes e
ainda se não houver o cumprimento da retirada do nome do Autor do SPC e SERASA,
que seja arbitrada multa por cada dia que não seja cumprida a determinação judicial.
2. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA APELANTE
Em tese a empresa Apelante alega que o protesto dos cheques roubados não é de sua
responsabilidade e que a mesma não teria culpa do fato ocorrido, alega que agiu
realizando o cancelamento dos cheques roubados, sendo que seus protestos ou a utilização
dos cheques de forma indevida nada tem a ver com a responsabilidade do banco, porém
tal tese de defesa não deve prosperar.
Conforme se verifica dos fatos narrados e confirmados em sede de defesa da empresa
requerida, os cheques do Requerente foram alvo de roubo do carro forte que fazia o
transporte do banco Apelante, assim o talão de cheque roubado foi indevidamente
utilizado o que fez com que o nome do Apelado fosse parar no cadastro de inadimplentes.
Nota-se que os cheques jamais chegaram ao Requerente sendo roubados quando estavam
sob a posse da empresa, a empresa aqui tinha responsabilidade sobre os cheques em sua
posse e desta forma sobre o que ocorreu com os cheques após o seu roubo.
Ainda quando do ocorrido mesmo o Apelado procurando auxilio do Banco para resolver
a questão, o Banco não ofereceu qualquer tipo de suporte, apenas afirmando que o
requerente encontrava-se no cadastro de inadimplentes o que impediria o Apelado a ter
acesso a crédito no banco réu.
Apesar das alegações de não ser responsável pelos cheques, a responsabilidade objetiva
do Banco não pode ser esquecida, o banco era guardião dos cheques do Apelado, deveria
desta forma apresentar meios seguros de transporte e de confecção dos talões de cheques
de seus clientes, ademais, a empresa deveria ter comunicado o fato ao Apelado e o auxilio
a resolver a questão.
A instituição financeira responsável pela guarda dos talonários, considerando que se trata
de hipótese de responsabilidade objetiva, nota-se que houve grave falta na prestação de
serviço por parte do banco, é de se exigir maiores cuidados com os documentos de seus
clientes, certificando-se, sempre, e de forma diligente das informações repassadas aos
seus consumidores.
O art. 14 c.c. o art. 3º, ambos da Lei nº 8.078, de 11-9-1990 (Código de Defesa do
Consumidor), dispõe que o fornecedor do serviço responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços.
Por todo o exposto, diante da falta na prestação de serviços ao Apelado, bem como, diante
do nexo causal entre a falta de segurança na guarda e no transporte dos talões de cheque
do Apelado e o dano gerado a este deve ser mantida a sentença proferida.
3. DO PEDIDO CONTRAPOSTO- MAJORAÇÃO DO DANO MORAL
Conforme se verifica o Apelado teve seu nome negativado em 2019 e até o momento
permanesse no cadastro de inadimplentes, assim resta incontroverso os danos a honra e
imagem do deste.
O banco apelante esta a 4 anos se esquivando de sua responsabilidade e causando danos
ao Apelado, sendo que este se encontra impossibilitado de realizar emprestimos e obter
credito em instituições financeiras. Ressalta-se que o Apelado só veio a descobrir o roubo
dos cheques e seu cadastramento no rol de inadimplentes devido a um pedido de credito
junto a Apelante.
A Apelante vem constantemente promovendo seu crescimento e recentemente anunciou
ativos no importe de R$ 696.666.149,69 (balanço em anexo) , assim o valor de R$
6.000,00 se torna irrisório e não atinge seu objetivo de coibir a prática de conduta ilícita
pelo causador do dano, nota-se que diante da condição financeira da Apelante, bem como,
os danos sofridos pelo Apelado, para atingir o bem social da indenização o quantum
indenizatório deve ser majorado.
Por todo o exposto requer a majoração do valor da indenização por dano moral em valor
a ser estabelecido por este Colendo Tribunal.

4. CONCLUSÃO
Pelo exposto, requer a essa E. Câmara se digne a negar provimento ao apelo da autora,
mantendo a r. Sentença, devendo esta ser alterada somente no que se refere ao majoração
dos danos morais estabelecidos, negando provimento ao recurso interposto pela parte ré,
como de direito, bem como requer a majoração dos honorários de sucumbência
arbitrados.

Nestes termos,
Espera deferimento.

Itaúna, 22 de maio de 2023.

Júlia Quádrio Raposo Branco Nunes


OAB/MG 176.774

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