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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª

VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARAIOSES/MA.

“É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso” (Art.4º, §


1º, da Lei 10.741/2003 – ESTATUTO DO IDOSO).

PROCESSO Nº: 0800349-98.2023.8.10.0069

JOSÉ ALMIR PEREIRA DA ROCHA, já qualificada(o) nos autos do


processo em epígrafe, proposto em desfavor de BANCO PAN S/A,
vem, mui respeitosamente, à presença do Meritíssimo(a), inconformado com a r.
sentença, interpor sua APELAÇÃO, nos termos das disposições correlatas do CPC,
pelos fundamentos expostos, esperando, após exercido o juízo de admissibilidade, sejam
os autos remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça.

Termos em que,

Espera deferimento.

Araioses – MA, 10 de janeiro de 2024.

KLAYTON OLIVEIRA DA MATA

OAB – MA 24841-A
RAZÕES DO RECURSO

ORIGEM: 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARAIOSES - MA

RECORRENTE: JOSÉ ALMIR PEREIRA DA ROCHA

RECORRIDO: BANCO PAN S/A

PROCESSO Nº: 0800349-98.2023.8.10.0069

EGRÉGIA TURMA, EMÉRITOS JULGADORES.

Em que pese a cultura jurídica do MM. Juiz prolator da sentença de primeiro


grau, a demandante, ora recorrente, não pode se conformar com os termos da decisão
recorrida, vez que, não foi acertada como comumente ocorre, porquanto não houve a
fixação do DANO MORAL, data vênia, considerando as peculiaridades do caso em
tela, deixando de atingir suas finalidades: PUNITIVA, COMPENSATÓRIA e
PEDAGÓGICA, ainda mais em se tratando de VERBA ALIMENTAR DE
PESSOA IDOSA; GRAVIDADE DO ILICITO PERPETRADO; CONDIÇÃO
SOCIAL DA VÍTIMA; PATRIMÔNIO ECONÔMICO DO DEMANDADO E
REITERAÇÃO DE ILÍCITOS DESSA NATUREZA, DE MODO QUE A
CONTUMÁCIA NÃO TORNEM ENDÊMICAS AS FRAUDES DESSA
NATUREZA EM NOSSO PAÍS, GERANDO UMA VERDADEIRA INVERSÃO
DA ORDEM, FATO ESTE QUE VEM SENDO COMBATIDO PELO STJ COM
FIRMEZA, assim sendo, esta merece ser reformada TOTALMENTE, pelos motivos de
fato e de direito que o recorrente passa a aduzir:

I-DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

O presente apelo deve ser conhecido, uma vez que é adequado, interposto
pela parte legítima, processualmente interessada e regularmente representada. O
Recurso é tempestivo, uma vez que fora interposto no prazo legal, previsto pelo
CPC.

No que pertine ao preparo este não deve será levado a rigor, uma vez que o(a)
demandante, ora recorrente é pobre nos termos da Lei 1.060/50, conforme consta na
própria exordial, precisamente trata-se de um(a) aposentada(o), pelo que requer os
benefícios da Justiça Gratuita.
Neste contexto, impõe-se o conhecimento do presente recurso inominado, por
restarem comprovados todos os pressupostos de admissibilidade recursal.

II- DA SINTESE DA LIDE

Colendo Tribunal, o(a) autor(a)/recorrente alegou fraude em seu


benefício previdenciário de um desconto ilícito, decorrente de empréstimo, e em sua
contestação o banco sustentou que a contratação foi legítima e regular e que os
descontos foram devidos, PORÉM APRESENTOU CONTRATOS DIGITAIS SEM
A CERTIFICAÇÃO DA ASSINATURA DA AUTORA, BEM COMO NÃO
JUNTOU COMPROVANTE DE REPASSE DOS VALORES DISCUTIDOS NO
CONTRATO Nº 333707742-8, CONSIDERADO VÁLIDO E LEGÍTIMO DAS
SUPOSTAS CONTRATAÇÕES. NO ENTANTO O PRESENTE RECURSO VEM
DEMONSTRAR E REQUERER A REFORMA DA DECISÃO INICIAL,
DEVIDO A PARTE RECORRIDA NÃO TER APRESENTADO OS
CONTRATOS LEGÍTIMOS COM AS CERTIFICAÇÕES DA ASSINATURA DO
CONTRATANTE. SENDO ASSIM, O BANCO RÉU NÃO APRESENTOU OS
CONTRATOS QUE COMPROVEM A EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA
ENTRE AS PARTES. OUTROSSIM, O JUIZ DE 1ª INSTÂNCIA JULGOU
IMPROCEDENTE A AÇÃO, PELO QUE EXTINGUIU O PROCESSO COM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. Dessa forma, fica demonstrada a total ilegalidade da
parte recorrida no negócio jurídico realizado entre as partes, pois a recorrente jamais
realizou o empréstimo em questão e nunca recebeu o valor que mensalmente fora
descontado em seu benefício, à luz das disposições correlatas do CDC e do NCC.

Com efeito, o juízo a quo julgou IMPROCEDENTE o feito, extinguindo


o processo com resolução do mérito, com fundamento no art. 487, I, do CPC.

III- DAS RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

DA FRAUDE NO CONTRATO JUNTADO – AUSÊNCIA DE


CERTIFICAÇÃO DIGITAL

Nas hipóteses em que o consumidor/autor impugnar a autenticidade da


assinatura aposta no instrumento de contrato acostado no processo, cabe à instituição
financeira o ônus de provar essa autenticidade (CPC, art. 429 II), por meio de perícia
grafotécnica ou mediante os meios de prova.

Em contrapartida, o requerido assegurou a lisura dos contratos questionados


firmados mediante apresentação de documentos pessoais da autora, seguido de
fotografias, e contrato digital, denotando tratar-se de contrato firmado no ambiente
digital.
A controvérsia no caso em análise está centrada na autenticidade dos
contratos apresentados pelo requerido – id: 89350654; 89350655; 89350658.

Há sinais de contratação fraudulenta no contrato apresentado pelo


requerido. Com efeito, a cédula de crédito bancário apresentada, não
contém informações essenciais ao negócio, como valor contratado, valor das
parcelas, data da contratação.

Por sua vez, os contratos inseridos pelo requerido, denotam que


o negócio teria sido formalizado em ambiente virtual, mas ausente
assinatura digital emitida por autoridade certificada, elemento que
permitiria constatar a ciência inequívoca do signatário do documento.

O contrato assinado em ambiente digital deve apresentar, ainda,


o número de série do certificado, bem como a data e a hora do
lançamento da firma digital, presumindo-se verdadeiro o conteúdo em
relação ao signatário, na forma do art. 10, da Medida Provisória nº
2.00-2, de 2001.

Ausente a certificação digital, não há a identificação inequívoca


do signatário.

Ainda, competia ao requerido a produção de prova positiva no


sentido da existência da exclusiva responsabilidade de terceiro na
contratação ora questionada, ônus do qual não se desincumbiu (artigo 373,
inciso II, do Código de Processo Civil).

Deste modo, o reconhecimento da nulidade do suposto contrato


alegado pela parte ré se impõe. Em consequência, a ausência de contrato
referente ao empréstimo chancela a fraude na operação, cujo ilícito é apto a
produzir, além de danos materiais, danos morais, indenizáveis ambos,
como previsto no art. 5º, X, da Constituição Federal, arts. 186 e 927, do
Código Civil e arts. 6º, VI, e 42, parágrafo único, do CDC.
Nesse sentido, seguem alguns julgados:

“AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO


JURÍDICA C.C. REPETIÇÃO DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO
POR DANO MORAL. Empréstimo consignado não reconhecido pelo
autor. Contrato celebrado por meio eletrônico. Alegação de fraude
no fornecimento da biometria facial. Vício de consentimento. Não
demonstrada a anuência do requerente aos termos do negócio
jurídico questionado. Regularidade da contratação do empréstimo
não comprovada. Responsabilidade objetiva da instituição
financeira. Débito inexigível. Devido o ressarcimento dos valores
descontados do benefício previdenciário do autor, autorizado o
levantamento do depósito judicial correspondente ao numerário
disponibilizado pelo réu na conta do requerente. DANO MORAL.
Dano moral caracterizado diante das peculiaridades do caso
concreto. Quantum indenizatório fixado em R$ 10.000,00 que não
comporta a redução pretendida. FIXAÇÃO DE MULTA.
(Astreintes). A determinação judicial deve ser cumprida de imediato.
Incidência de multa que se mostra necessária para manter a eficácia
da decisão. Multa diária fixada para o caso de descumprimento em
R$ 500,00 e limitada a R$ 10.000,00 que se mostra razoável e
suficiente para preservar a autoridade da determinação emanada
judicialmente. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-SP – AC:
xxxx20228260451. Piracicaba, Relator: Afonso Bráz, Data de
Julgamento: 03/07/2023, 6ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 03/07/2023).”

APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. INSTITUIÇÃO


FINANCEIRA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C
DECLARATÓRIA E INDENIZATÓRIA. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. CONTRATAÇÃO DO EMPRÉSTIMO POR
MEIO DE RECONHECIMENTO FACIAL (BIOMETRIA).
REFINANCIAMENTO DE EMPRÉSTIMO ANTERIOR NÃO
RECONHECIDO PELA PARTE AUTORA. FALHA DA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONFIGURADA. "BIOMETRIA
FACIAL" QUE NÃO PERMITE VERIFICAR A
REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO PELO DEMANDANTE.
INEXISTÊNCIA DE PROVA SUFICIENTE SOBRE OS TERMOS
DO CONTRATO DE REFINANCIAMENTO DE EMPRÉSTIMO,
POIS, EM QUE PESE A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
DEFENDER A VALIDADE DA ASSINATURA DIGITAL POR
MEIO DE BIOMETRIA FACIAL, NÃO SE VERIFICA OS
PARÂMETROS USADOS PARA AFERIÇÃO DA SUPOSTA
CONTRATAÇÃO PELO CONSUMIDOR. ÔNUS DA PROVA DO
BANCO RÉU - ART. 373, II, DO CPC. CERTIFICAÇÃO DIGITAL
QUE FOI APRESENTADA PELO BANCO APELANTE DE
FORMA UNILATERAL, SENDO QUE A INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA TÃO SOMENTE FORNECEU UMA FOTO DO
CLIENTE COMO SE FOSSE A SUA ASSINATURA.
INOBSERVÂNCIA NA CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIA
ACOSTADA AOS AUTOS SEQUER O TERMO "ASSINADO
DIGITALMENTE" PARA QUE PUDESSE CONFIRMAR A
ANUÊNCIA DA PARTE AUTORA. CONTRATAÇÃO NA FORMA
DIGITAL QUE DEVE SER COMPROVADA PELA
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA MEDIANTE A APRESENTAÇÃO
DE DADOS CRIPTOGRAFADOS, O QUE NÃO SE
DESINCUMBIU O BANCO RECORRENTE. ADEMAIS, SEQUER
REQUEREU PROVA PERICIAL PARA ATESTAR A
REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO DIGITAL, COM A
ASSINATURA ELETRÔNICA - BIOMETRIA FACIAL, NA
FORMA DO ARTIGO 373, II, DO CPC. DESCONTO INDEVIDO
QUE RESTOU INCONTROVERSO. DANO MORAL
CONFIGURADO. TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO NO VALOR DE R$5.000,00
(CINCO MIL REAIS) QUE NÃO MERECE REDUÇÃO, DADAS
AS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO E OS
PRINCÍPIOS DE PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE,
SOBRETUDO SE CONSIDERADO QUE O AUTOR É IDOSO E
QUE OS DESCONTOS FORAM EFETUADOS SOBRE PENSÃO
PREVIDENCIÁRIA. SÚMULA Nº 343 DO TJRJ. DEVOLUÇÃO
EM DOBRO. SENTENÇA QUE SE MANTÉM.
DESPROVIMENTO DO RECURSO. (TJ-RJ - APL:
XXXXX20208190014, Relator: Des(a). ANDRE LUIZ CIDRA, Data
de Julgamento: 03/02/2022, DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 09/02/2022).

Dessa forma, tendo em vista a inequívoca irregularidade constante nos contratos


apresentados pelo recorrido, requer a total reforma da sentença vergastada, por ser
medida de justiça.

DA INEXISTÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DO REPASSE DE VALOR


SUPOSTAMENTE PACTUADO/PACTA SUNT SERVANDA

Não obstante, o Recorrido não juntou aos autos o repasse dos valores
supostamente contratados que justifiquem os descontos ilegais realizados pelo recorrido
no benefício previdenciário da recorrente referente ao contrato nº 333707742-8.
Em se tratando de empréstimo consignado, a Súmula nº 18 do TJPI
disciplina:

“A ausência de comprovação pela instituição financeira da


transferência do valor do contrato para a conta bancária do
consumidor/mutuário, garantidos o contraditório e a ampla defesa,
ensejará a declaração de nulidade da avença, com os consectários
legais."

O Tribunal de Justiça do Estado do Piauí já vem decidindo em casos


como o atual, adotando a aplicação da SÚMULA 18 TJPI:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE RESSARCIMENTO C/C


REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS. APLICABILIDADE DO CDC.
EMPRÉSTIMO BANCÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA. CONTRATO JUNTADO AOS AUTOS. AUSÊNCIA
DE COMPROVANTE DE RECEBIMENTO DOS VALORES
CONTRATADOS PELA PARTE AUTORA. APLICAÇÃO DA
SÚMULA Nº 18 DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
PIAUÍ. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO PROPORCIONAL E RAZOÁVEL.
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. (Relatora Dra. MARIA ZILNAR COUTINHO LEAL,
Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do
PI., julgado em 12/08/2021). Grifos nossos;

No caso em análise, a parte recorrida não comprovou a disponibilização em


favor da parte autora, dos valores objetos do suposto contrato. A ausência de
comprovação da existência da disponibilização em favor da parte demandante, do valor
objeto do contrato, caracterizada se encontra a fraude na contratação, a qual, ainda que
praticada por terceiro, não pode ser considerada ato isolado e exclusivo do infrator
(CDC, artigo 14, § 3º, inciso II), para o fim de exculpar a responsabilidade da empresa.

Sendo assim, mesmo que o banco recorrido tenha juntado aos autos suposto
contrato, deverá comprovar a transferência do valor do mesmo para a conta
bancária do contratante, sob pena de nulidade da suposta contratação.

No seu sentido mais comum, o princípio pacta sunt servanda refere-se aos
contratos privados, enfatizando que as cláusulas e pactos e ali contidos são um direito
entre as partes, e o não-cumprimento das respectivas obrigações implica a quebra do
que foi pactuado. Esse princípio geral no procedimento adequado da práxis comercial
— e que implica o princípio da boa-fé — é um requisito para a eficácia de todo o
sistema, de modo que uma eventual desordem seja às vezes punida pelo direito de
alguns sistemas jurídicos mesmo sem quaisquer danos diretos causados por qualquer
das partes.

No caso em questão, a recorrente foi obrigada a pagar várias parcelas de


empréstimo sem que tenha sequer solicitado e tão pouco se beneficiado de tais
valores, o que comprova que mesmo que o suposto contrato tenha existido
legalmente não teria sido cumprido e muito menos respeitado pela parte recorrida
pois em momento algum comprova o repasse de tais valores a Recorrente.

DO DANO MORAL

A MM. Juíza de 1º Grau, não concedeu o pedido de indenização por danos


morais pois argumenta que não houve ato ilícito, e sim exercício regular de direito.
Todavia, o banco não juntou nenhum documento que comprove suas alegações.

A parte autora é idosa, aposentada com 1 salário mínimo, e jamais solicitou o


empréstimo ora questionado. Tal situação é agravada ainda mais, na medida em que a
autora depende de seu benefício previdenciário para sobreviver.

Os atos realizados pela recorrida além de acarretarem prejuízo de ordem


material, acarretam abalo moral para a Autora, pois o valor em que a Re locupletou-se e
vem se locupletando indevidamente pode não representar grande cifra para a mesma,
pois acostumada a trabalhar com cifras milionárias, a referida importância apenas
representa um lucro fácil e indevido.

Soma-se a isso, o fato de o desconto ter se estendido por longo período em


benefício de caráter alimentar. Desse modo, o dano moral no presente caso mostra-se
“in re ipsa”, tendo em vista que ocasionados por débitos contraídos mediante
fraude.

Dessa forma, a indenização pecuniária em razão de dano moral e à imagem,


apresenta-se como um lenitivo que atenua, em parte, as consequências do prejuízo
sofrido, superando o déficit acarretado pelo dano.

DO DANO MATERIAL E REPETIÇÃO INDÉBITA

O banco não juntou nenhum documento que comprove sua alegação. Outro
ponto que deve ser observado é a informação repassada pelo banco de que repassou um
valor bem menor do que o supostamente contratado.
A Segunda Seção do Colendo Superior Tribunal de Justiça publicou recente
súmula (479) com os seguintes dizeres: “As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.

Os bancos foram inseridos no círculo da responsabilidade objetiva e diversas


razões conspiram para aceitabilidade do entendimento. Primeiro, o disposto no art. 14
da lei 8.078/90 (CDC) que dispensa a prova da culpa para proteger o consumidor vítima
das operações bancárias e, depois, pela própria gestão administrativa das agências, pois
mirando atender bem para conquistar ou manter a clientela, finaliza providências
planejadas com esse desiderato sem executá-las com o cuidado exigido para a segurança
dos envolvidos, direta ou indiretamente.

Desse modo, não tendo o banco réu se cercado dos cuidados necessários, agindo
com negligência, imperícia e imprudência, causando também danos materiais a autora,
deve o banco ser condenado ao pagamento em dobro pelas quantias descontadas
de seu benefício de forma indevida, não havendo que se falar em compensação, por se
tratar de contrato fraudulento.

Nesse sentido:

3ª TESE (POR UNANIMIDADE, APRESENTADA PELO


DESEMBARGADOR RELATOR): "Nos casos de empréstimos
consignados, quando restar configurada a inexistência ou invalidade
do contrato celebrado entre a instituição financeira e a parte autora,
bem como demonstrada a má-fé da instituição bancária, será cabível
a repetição de indébito em dobro, resguardadas as hipóteses de
enganos justificáveis". (redação após o julgamento de Embargos de
Declarações).

IV – DOS PEDIDOS

Por tudo considerado, será, além de um ato de justiça, um relevante serviço


à cidadania e à defesa do consumidor, já que qualquer um que pratique qualquer ato do
qual resulte prejuízo a outrem, deve suportar as conseqüências de sua conduta. É regra
elementar do equilíbrio social. A justa reparação é obrigação que a lei impõe a quem
causa algum dano a outrem.

Por todo o exposto, REQUER a recorrente:


1) seja conhecido e provido o presente recurso, a fim de que
seja reformada a sentença a quo, totalmente, que julgará totalmente
procedente os pedidos do(a) recorrente, visto que a ora recorrida não
juntou os contratos digitais considerados válidos, visto que
ausente a certificação digital, documentos comprobatórios do
negócio realizado entre as partes, bem como não apresentou
o comprovante de repasse dos valores referentes ao contrato
nº 333707742-8, de modo que este COLENDO
TRIBUNAL ARBITRE O DANO MORAL, PELOS SEUS
PRÓPRIOS CRITÉRIOS ANALÍTICIOS E JURÍDICOS,
CONSIDERANDO A JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO, E AINDA
CONDENE O RECORRIDO A DEVOLVER EM DOBRO À
RECORRENTE OS VALORES DESCONTADOS DE SEU
BENEFÍCIO, VEZ QUE OCORRERAM DESCONTOS
ILICITOS NA VERBA ALIMENTAR DO RECORRENTE.

2) sendo julgado procedente o recurso de apelação ora interposto pelo(a)


recorrente, seja fixada a condenação nos ônus da sucumbência, no percentual de 20%,
nos termos legais.

3) Requer, ainda lhe seja deferida a assistência judiciária, nos termos do art. 4º,
da Lei 1.060/50, por não ter condições, no momento, de arcar com as custas do
preparo e eventual sucumbência;

Nestes Termos,

Pede deferimento.

Araioses – MA, 10 de janeiro de 2024.

KLAYTON OLIVEIRA DA MATA

OAB – MA 24841-A

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