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INTENSIVO I

Direito Civil
Mônica Queiroz
Aula 08

ROTEIRO DE AULA

Continuação (vícios sociais):

2) Simulação (art. 167, CC)


A simulação recebeu um novo regime jurídico no CC/2002 em relação ao Código antigo.

Conceito: a simulação é o intencional desacordo entre a vontade manifestada e o resultado.

Exemplo: imagine que haja um homem casado que, não podendo doar bens à amante, simula uma compra e venda,
pois artigo 550 do CC1 proíbe tal doação.

CC, art. 167: “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na
forma.”

No exemplo acima, há dois atos: ato real ou dissimulado e o ato simulado:

a) Ato real ou dissimulado: é aquilo que o sujeito esconde.


No exemplo acima, o ato dissimulado é a doação feita à amante, que não deve subsistir em razão da proibição prevista
no artigo 550 do CC, conforme preceitua a segunda metade do artigo 167 do CC.

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CC, art. 550. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus
herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

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b) Ato simulado: é aquilo que o sujeito apresenta para a sociedade.
No exemplo citado, o ato simulado é a compra e venda, que será nula em razão do disposto na primeira metade do
artigo 167.

Obs.01: No exemplo acima, a compra e venda será nula e a doação não subsistirá.

Obs. 02: O negócio só subsistirá se válido na sua substância e na sua forma:


Exemplo: “A” vende o imóvel a “B” por R$ 1.000.000,00, mas, na escritura pública, consta o valor de R$ 500.000,00
com fins ao menor pagamento de ITBI. Neste caso, o ato simulado é a declaração de que a venda do imóvel foi de R$
500.000,00. Esta declaração será nula, mas a compra e venda, por ser válida, subsistirá.

Atenção: O negócio jurídico simulado é nulo. O que pode subsistir ou não é o ato dissimulado.

Hipóteses: artigo 167 do CC - rol meramente exemplificativo.

CC, art. 167, § 1º: “Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem; (ex.: o laranja; o tutor que, por não poder adquirir bens do tutelado, vende um bem a alguém que possua
confiança)
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; (exemplo citado anteriormente, em que
se altera o valor da venda para pagar menos ITBI)
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. (ex.: contrato com data anterior ou posterior à
data de sua assinatura)”

Classificação da Simulação: realizada pela doutrina.

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a) Absoluta: é aquela em que não são buscados os efeitos naturais do ato praticado, pois o agente apenas finge
praticar o ato.

Ex.: imagine um homem casado que, antevendo o fim de seu casamento, emita notas promissórias a um amigo para
que este seja o seu credor e, dessa forma, consiga ficar com os bens.

b) Relativa: é aquela em que são buscados os efeitos do ato praticado, que poderá ser objetiva ou subjetiva.

- Objetiva: há a prática de um negócio para encobrir outro.


No exemplo do homem casado e da amante, há a prática da compra e venda para encobrir a doação.

- Subjetiva: ocorre por interposição (ex.: o tutor que, por não poder adquirir bens do tutelado, chama alguém de sua
confiança para adquiri-los).

Obs.: Proteção do terceiro de boa-fé - artigo 167, §2º, do CC.

CC, art. 167, § 2º, CC: “Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico
simulado.”

Ex.: Imagine uma amante que recebeu o imóvel por meio de simulação, mas o vende a um terceiro de boa-fé.
Caso a esposa ingresse com pedido de decretação de nulidade, o bem não poderá ser retirado do terceiro. Neste caso,
a esposa poderá requerer o valor do bem (indenização).

Reserva mental
É a manifestação de vontade intencionalmente não querida pelo agente.

Ex.: imagine que um estrangeiro, querendo unicamente regularizar sua situação no Brasil, case-se com alguém que
por ele está apaixonado. Este casamento não possui problemas, pois o estrangeiro não manifestou a sua real intenção
(reserva mental). Contudo, se o estrangeiro informa a pessoa com quem está se casando que assim o fará apenas para
regularizar sua situação, há simulação e o casamento é nulo.

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CC, art. 110: “A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o
que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.”

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO


O negócio inválido será submetido a uma sanção, que será a nulidade ou a anulabilidade.

1) Nulidade (Nulidade Absoluta)

- Conceito: nulidade ou nulidade absoluta é a sanção que se impõe ao negócio jurídico por conter um defeito grave.

- Interesse público: a nulidade atinge a interesse público.

- Hipóteses: arts. 166/167, CC

CC, art. 166: “É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; (desde a pessoa não tenha sido representada).
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; (ex.: contrato de compra e venda de cocaína ou de lotes na
lua)
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; (ex.: sequestro com contrato de locação de veículo
em que o locador tem ciência do crime - o contrato será nulo em razão do motivo determinante de sua celebração)
✓ Obs.: Se o motivo determinante for ilícito, mas não for comum a ambas as partes, não será caso de nulidade.
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; (a doutrina afirma que não seria
necessária esta previsão por ser a solenidade uma forma - já prevista no inciso IV)
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; (a doutrina também afirma que não seria necessária esta previsão por já
estar prevista no inciso II)
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
✓ Obs.1: Nulidade expressa (primeira metade do inciso) – ocorre quando a lei diz expressamente ser o negócio
nulo - Ex.: doação universal de todos os bens.
✓ Obs. 2: Nulidade virtual (segunda metade do inciso) – ocorre nos casos em que a lei não diz expressamente
ser nulo o negócio e não impõe sanção, utilizando geralmente as palavras defeso, vedado, proibido. Ex.: é
proibida a herança de pessoa viva - embora o art. 426 do CC2 assim não mencione expressamente, caso ocorra,
o negócio será nulo.

2 CC, art. 426: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”

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Efeitos:
O negócio nulo não produz efeitos, pois a sentença que declara a nulidade possui efeitos ex tunc, ou seja, a partir de
sua prolação, e retroage no tempo destruindo tudo o que ficou para trás.

- Poderão alegar a nulidade (art. 168): o Interessado, o MP e o juiz (de ofício).

CC, art. 168: “As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério
Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus
efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.”

- Possibilidade de confirmação (art. 169, 1ª met.): o negócio nulo não é suscetível de confirmação.

CC, art. 169: “O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.”

- Prazo: não há prazo (art. 169, 2ª met.)


A segunda metade do art. 169 do CC afirma que o negócio nulo não convalesce pelo decurso do tempo.
✓ Convalescer é se curar.

2) Anulabilidade (Nulidade Relativa)

- Conceito: Anulabilidade é a sanção que se impõe ao negócio jurídico por conter um defeito leve ou menos grave.

- Interesse particular: Neste caso, ocorre uma ofensa a um interesse particular e não ao interesse público.

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- Hipóteses: art. 171, I e II, CC - Trata-se de rol meramente exemplificativo.

CC, art. 171: “Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.”

- Efeitos:

Corrente Tradicional: o negócio anulável produz efeitos desde a sua celebração até a sentença que decrete a sua
anulação. Esta sentença possui efeitos ex nunc, ou seja, não retroage.

Corrente contemporânea: a sentença que decreta a anulação possui efeitos ex tunc (art. 182), de forma que o negócio
nulo ou anulável não produz efeitos.
Esta corrente fundamenta o posicionamento na redação do artigo 182 do CC, que propõe o retorno ao status quo
ante:

CC, art. 182: “Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não
sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.”

- Quem poderá (art. 177): apenas o interessado pode alegar a anulabilidade. Desta forma, o MP não pode requerer
nem o juiz (de ofício) pode declarar a anulabilidade do negócio jurídico.

CC, art. 177: “A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os
interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade.”

- Possibilidade de confirmação (art. 172):


O negócio jurídico anulável é suscetível de confirmação.

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CC, art. 172: “O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.”

- Prazo: art. 178, CC = 4 anos para as hipóteses dos incs. I e II, art. 171
O prazo de 4 anos é específico para as hipóteses do art. 171, I e II do CC3

CC, art. 178: “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.”

Obs.1: No caso de coação, o prazo de quatro anos não começa a correr na data de celebração do negócio jurídico, mas
apenas a partir da data quando ela cessar.

✓ Atenção: Em relação ao inciso III do art. 178 do CC, é necessário ter atenção, pois ele se refere tão somente
ao relativamente incapaz. Lembrando que os atos de absolutamente incapazes não são anuláveis, mas sim
nulos (e não há prazo).

Para as demais hipóteses: 2 anos (art. 179, CC)


Atenção: O art. 171 do CC é exemplificativo, ou seja, podem existir outras possibilidades de anulabilidade.
Ex.: o art. 496 do CC trata da anulação de compra e venda realizada por pai ao filho sem as autorizações dos demais
descendentes e de seu cônjuge.

CC, art. 496: “É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do
alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação
obrigatória.”

CC, art. 179: “Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a
anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

O artigo 179 do CC se aplica aos casos em que o legislador menciona a anulabilidade sem fixar prazo.

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CC, art. 171: “Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.”

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Atenção: O prazo de dois anos, de acordo com o artigo 179 do CC, começa a correr da celebração do contrato.
Contudo, há orientação doutrinária no sentido de que o prazo deve ter início após o conhecimento dos interessados.
Veja o enunciado a seguir.

Enunciado nº 538, CJF: “No que diz respeito a terceiros eventualmente prejudicados, o prazo decadencial de que trata
o art. 179 do Código Civil não se conta da celebração do negócio jurídico, mas da ciência que dele tiverem.”

Obs.: o regime jurídico da nulidade é o oposto do regime jurídico da anulabilidade (exceto em relação aos efeitos).
✓ O negócio nulo atinge o interesse público. O negócio anulável atinge interesse particular.

Conversão Substancial do Nulo


A conversão substancial do nulo se traduz no aproveitamento de elementos de um negócio nulo em outro que seja
considerado válido.

Ex.: um contrato de compra e venda de imóvel com valor superior a trinta vezes o salário-mínimo deve ser celebrado
por escritura pública, sob pena de nulidade (negócio nulo não admite confirmação). Contudo, a promessa de compra
e venda, prevista no artigo 462 do CC4, pode ser realizada por instrumento particular, admitindo-se, portanto, que os
elementos do negócio nulo sejam transportados à promessa de compra e venda e, assim, o negócio jurídico será
considerado válido.

Obs.: O artigo 170 do CC prevê a possibilidade de conversão do negócio nulo e não do negócio anulável, vez que este
último pode ser confirmado pelas partes (artigo 172 do CC).

CC, art. 170: “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que
visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.”

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CC, art. 462: O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a
ser celebrado.

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Atenção: Os princípios que inspiram a conversão substancial do nulo são o princípio da conservação ou preservação
do negócio jurídico e o princípio da função social.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Estes institutos existem em razão da tranquilidade social e da segurança jurídica. Pautado no vetor da operabilidade
(facilitação dos institutos, organização), o CC/2002 se baseia em um texto científico de Agnelo Amorim Filho, que traz
a distinção científica do instituto da prescrição e do instituto da decadência.

A prescrição e a decadência existem em razão da segurança jurídica e da tranquilidade social. O CC/02 traz
cientificamente uma distinção em relação aos institutos, conforme texto publicado por Agnelo Amorim Filho.

Espécies de Direitos:

a) Direitos a uma prestação: são os diretos a um bem da vida.


Ex.: direito de receber determinada quantia em dinheiro; direito de receber um carro etc.

b) Direitos potestativos: eles se traduzem na possibilidade que tem uma das partes de invadir a esfera jurídica alheia
impondo um estado de sujeição.
Ex.1: o direito que a pessoa casada tem de colocar fim ao casamento.
Ex.2: o direito à anulação de contrato assinado por meio de coação (Obs.: caso, além da anulação, a parte pretenda
obter uma indenização em razão do contrato viciado, esta estará no campo do direito a uma prestação).
Ex. 3: o direito de negar a paternidade.

Classificação das Ações (Chiovenda):

a) Ações condenatórias: ação condenatória é o meio de proteção dos direitos a uma prestação.
Assim sendo, quando a parte tem direito a uma prestação e tal direito é violado, a ação a ser intentada é condenatória.

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b) Ações constitutivas: também pode ser chamada de ação desconstitutiva.
A ação constitutiva é o meio de exercício de um direito potestativo. Assim, quando a parte tem um direito potestativo
e quer exercitá-lo, ela se vale da ação constitutiva.

c) Ações declaratórias: a ação declaratória é o meio de obtenção de uma certeza jurídica.


Ex.: quando se busca a declaração, pelo juiz, de que determinado documento é verdadeiro ou falso, utiliza-se a ação
declaratória.

✓ A ação declaratória não causa insegurança jurídica ou intranquilidade social, motivo pelo qual não se sujeita a
nenhum tipo de prazo prescricional ou decadencial.
✓ Os institutos da prescrição e da decadência somente existem porque é necessário preservar dois valores:
segurança jurídica e tranquilidade social. Assim sendo, se a ação declaratória não causa insegurança jurídica
ou intranquilidade social, ela não está sujeita a prazos decadenciais ou prescricionais.

Quanto à possibilidade de coação

PRESCRIÇÃO

Exemplo: João deve a Maria o valor de R$ 1.000,00. Como Maria tem o direito de receber referido valor na data
acordada, trata-se de um direito a uma prestação. Se João não realizar o pagamento na data de vencimento, violará o
direito de Maria (credora), nascendo para ela, na qualidade de credora, uma pretensão.

✓ Pretensão é a exigibilidade.

Para receber o valor que lhe é de direito, Maria terá que ingressar com uma ação condenatória (meio para proteger
seu direito a uma prestação). Entretanto, deverá observar o prazo previsto pelo legislador para ajuizá-la.

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Caso a ação condenatória não seja ajuizada no prazo previsto pelo legislador, a prescrição colocará fim à pretensão.

O artigo 189 do CC prescreve que:

CC, art. 189: “Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que
aludem os arts. 205 e 206.”

Desta forma, nos termos do artigo 189 do CC/02, a prescrição extingue a pretensão e não a ação, por ser esta última
um direito subjetivo público que não pode ser extinto.
A professora observa que, na vigência do CC/16, existia o entendimento de que a pretensão extinguia a ação, motivo
pelo qual ela pede a atenção do aluno para não confundir o entendimento trazido pelo CC/02 com o do código anterior.

Questão: Um direito potestativo admite a noção de violação?


Não. A violação se refere ao direito a uma prestação.
✓ O direito potestativo, por sua vez, simplesmente nasce e, a partir disso, a parte pode ajuizar uma ação
constitutiva/desconstitutiva.

DECADÊNCIA/CADUCIDADE

Exemplo: “A” assina um determinado contrato mediante coação moral, sendo, portanto, anulável no prazo de 04 anos
(artigo 178 do CC5). Ao ser coagido moralmente, surge para “A” um direito potestativo de anular o contrato, devendo,
para tanto, manejar uma ação constitutiva ou desconstitutiva para o exercício de seu direito (a ação anulatória nada
mais é do que um exemplo de ação desconstitutiva).
Se “A” não buscar a anulação do contrato no prazo de 04 anos estabelecido pelo legislador, o instituto da decadência
ou caducidade colocará fim ao seu direito.
Desta forma, a decadência extingue o direito potestativo.

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CC, art. 178: “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;”

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✓ Exemplos de ação constitutiva: ação anulatória, ação negatória de paternidade, ação de divórcio.

Conclusões:

1) Estão sujeitas à prescrição: ações condenatórias;

2) Estão sujeitas à decadência: ações constitutivas com prazo;

Obs.: As ações constitutivas se subdividem em ações constitutivas com prazo e sem prazo.
Ação constitutiva com prazo é aquela em que o legislador apresenta um prazo (ex.: ação anulatória que possui prazo
de quatro anos); ao passo que, na ação constitutiva sem prazo, o legislador assim não faz (ex.: ação de divórcio).

Desta forma, apenas as ações constitutivas com prazo estão sujeitas à decadência.

3) São perpétuas (ou imprescritíveis): são as ações que não estão sujeitas a nenhum prazo (decadencial ou
prescricional).
- As ações constitutivas sem prazo (exemplo: ação de divórcio).
- As ações declaratórias.

Obs.: A professora ressalta que não gosta que os termos “perpétuas” e “imprescritíveis” sejam usados como
sinônimos, pois o último termo traz a impressão de que, se a ação estiver sujeita a um prazo, ele seria um prazo
prescricional (e isso não está correto).
Exemplo: a professora cita que, no CC/1916, a possibilidade de o pai ingressar com uma ação negatória de paternidade
era bastante curto, sob pena de decadência do direito. No CC/2002, não há prazo para o pai manejar uma ação
negatória de paternidade. Assim sendo, atualmente, a ação negatória de paternidade é uma ação

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constitutiva/desconstitutiva sem prazo. Entretanto, se ela ainda estivesse sujeita a um prazo, ele seria de natureza
decadencial (e não prescricional).

A professora ressalta que o próprio legislador faz confusão, pois, no artigo a seguir, o correto seria constar “perpétua”
no local de imprescritível.

CC, art. 1601: “Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação
imprescritível.”

Regras sobre a prescrição

1) Renúncia à prescrição (art. 191, CC):


CC, art. 191: “A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis
com a prescrição.”

Exemplo: João deve a Maria o valor de R$ 1.000,00. Como Maria tem o direito de receber referido valor na data
acordada, trata-se de um direito a uma prestação. Se João não realizar o pagamento na data de vencimento, violará o
direito de Maria (credora), nascendo para ela, na qualidade de credora, uma pretensão.

✓ A pretensão do credor, como visto, nasce com a violação de seu direito a uma prestação por parte do devedor.
Caso o credor não ingresse com ação condenatória no prazo legal, ocorrerá a prescrição.

✓ A consumação do prazo prescricional beneficia o devedor. Contudo, nada impede que o devedor, mesmo com
a consumação do prazo prescricional, realize o pagamento da dívida do credor, ocasião em que renunciará a
prescrição.

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Desta forma, é possível a renúncia à prescrição.
Contudo, para ser válida, há a necessidade de cumprimento de dois requisitos previstos no artigo 191 do CC.

Requisitos para que a renúncia seja válida:


a) Que o prazo prescricional já esteja consumado:
✓ Obs.: Nosso ordenamento jurídico não admite a renúncia prévia à prescrição, de forma que não é possível
uma cláusula contratual que preveja a renúncia à prescrição.

b) Que não prejudique terceiro:


Ex.: João, possui uma dívida prescrita com sua credora Mônica e uma dívida não prescrita para com seu credor Pedro.
Neste caso, o pagamento deve ser realizado a Pedro, pois, se efetuado à credora Mônica, ele estará prejudicando um
terceiro (Pedro). Desta forma, se realizar o pagamento a Mônica, a renúncia à prescrição não será válida.

A renúncia à prescrição pode ser expressa ou tácita:


A renúncia expressa ocorre quando o devedor assina determinado documento neste sentido, ao passo que, na
renúncia tácita, o devedor pratica um ato incompatível com a prescrição, como o pagamento por exemplo.

CC, art. 191: “A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis
com a prescrição.”

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