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TEORIA GERAL DOS

NEGOCIOS
JURÍDICOS
PROFESSORA: BRENDA LEAL AIRES DOS
SANTOS
Teoria geral do negócio jurídico (CC,
arts. 104 a 185)
■ Conceitos iniciais: fato, ato e negócio jurídico
II – Conceitos:
■ a) Fato jurídico: fato + Direito.
É um fato que interessa ao Direito, podendo ser natural ou humano. O fato humano é o fato jurígeno. O
fato natural é o fato jurídico "stricto sensu". Exemplos: chuva, decurso do tempo, prescrição.
■ b) Ato jurídico: fato + Direito + vontade + licitude.
Trata-se de um fato jurídico, com elemento volitivo e conteúdo lícito. Observação: há uma polêmica
doutrinária em torno do “conteúdo lícito”: o ato ilícito também é ato jurídico? Duas correntes:
• Não, ele é antijurídico (Vicente Rao, Orosimbo Norato, Zeno Veloso, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona).
• Sim, pois gera efeitos para o Direito (Pontes de Miranda, Silvio Venosa e Moreira Alves)
■ c) Negócio jurídico: fato + Direito + vontade + licitude + composição de interesse(s) com finalidade
específica
É um fato jurídico com elemento volitivo e conteúdo lícito. Nesse ato jurídico, há uma composição de
interesse ou interesses com finalidade específica
Segundo Antônio Junqueira de Azevedo, o negócio jurídico é a principal forma de expressão da autonomia
privada. O autor conceituava negócio jurídico como todo fato jurídico consistente em declaração de
vontade, a que todo o ordenamento jurídico atribui os efeitos designados como queridos pelas partes, desde
que preenchidos os seus elementos de existência, validade e eficácia.
Exemplos de negócios jurídicos: casamento, contrato e testamento.
■ d) Ato jurídico “stricto sensu”: fato + Direito + vontade + licitude + efeitos legais
Trata-se de um ato jurídico em que os efeitos são meramente legais (Marcos Bernardes de Mello).
Não há a busca de uma finalidade específica, que é uma característica própria dos negócios jurídicos.
Exemplos de atos jurídicos “stricto sensu”: ocupação de um imóvel, reconhecimento de um filho e
pagamento direto de uma obrigação.
■ CC, art. 185: “Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-
se, no que couber, as disposições do Título anterior”.
Pelo teor do dispositivo acima, aplicam-se aos atos jurídicos em sentido estrito, no que couber, as mesmas
regras do negócio jurídico.
Exemplo: os vícios do negócio jurídico são aplicáveis aos atos jurídicos em sentido estrito. É possível, por
exemplo, anular o reconhecimento de filho por erro
■ e) Ato-fato jurídico ou ato real (Pontes de Miranda): trata-se de um fato jurídico qualificado por
uma vontade não relevante juridicamente em um primeiro momento, mas que se revela relevante por
seus efeitos.
Exemplos:
• Criança de 10 anos que compra o lanche na escola (Enunciado 138, III Jornada de Direito Civil ).
• Achado de um tesouro sem querer.
• Pouso de emergência de um avião (relação contratual de fato).
• União estável
Elementos constitutivos do negócio jurídico
(“Escada Ponteana” ou ”Pontiana”)
■ Pontes de Miranda dividiu o negócio jurídico em três planos:
• Plano da existência.
• Plano da validade.
• Plano da eficácia.
Esquema:
■ O esquema é perfeitamente lógico, pois, para que o negócio jurídico seja válido, ele deve existir.
■ Para que o negócio jurídico gere efeitos, ele deve existir e ser válido, em regra.
■ Porém, como exceção, o negócio jurídico pode existir, ser inválido e estar gerando efeitos.
■ Exemplo: contrato acometido pelo vício da lesão (art. 157, CC ), antes da ação anulatória. Aliás, se a
ação anulatória não for proposta no prazo decadencial de quatro anos (art. 178 do CC ), o negócio
jurídico convalida.
■ CC, art. 157, caput: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.”
■ CC, art. 178: “É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio
jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.”
■ Observação: pela convalidação, o negócio jurídico inválido passa a ser válido.
A convalidação pode ocorrer pela:
• Confirmação das partes (expressa ou tácita).
• Cura pelo tempo”
•Conversão.
a) Plano da existência
Elementos mínimos do negócio jurídico que formam o seu suporte fático (pressupostos de existência):
• Partes.
• Vontade.
• Objeto.
• Forma
Se o negócio jurídico não apresentar tais pressupostos, será inexistente, ou seja, “um nada para o Direito”
Observação: A teoria da inexistência foi criada na Alemanha, em 1808, por
Zacarias, com a finalidade de explicar o casamento entre pessoas do mesmo
sexo.
No Brasil, essa teoria não foi adotada pelo Código de 1916 nem pelo Código
de 2002, os quais procuraram resolver os problemas do negócio jurídico no
plano da validade.
■ b) Plano da validade
Aqui os substantivos recebem adjetivos, surgindo os requisitos de validade previstos
no art. 104 do CC/20024 :
• Partes capazes.
• Vontade livre.
• Objeto lícito, possível e determinado (determinável).
• Forma prescrita ou não defesa em lei
Se o negócio jurídico apresentar problema ou vício quanto a esses elementos, será
inválido, o que é resolvido pela teoria das nulidades.
Classificações das invalidades:
• Quanto ao grau:
✓ Nulidade absoluta ou nulidade: gera negócio jurídico nulo. Envolve ordem pública e é
mais grave.
✓ Nulidade relativa ou anulabilidade: gera negócio jurídico anulável. Envolve ordem
privada (interesse particular) e é menos grave.

■ CC, art. 104: “A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito,
possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei
■ Quanto à extensão:
✓ Invalidade total: todo o negócio jurídico é nulo ou anulável.
✓ Invalidade parcial: parte do negócio jurídico é nulo ou anulável.
O art. 184 do Código Civil dispõe que a parte inválida do negócio jurídico não o
prejudica na parte válida se ela for separável - Princípio da conservação do
negócio jurídico.
A parte inútil do negócio jurídico não o prejudica na parte útil.
CC, art. 184: “Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um
negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a
invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a
destas não induz a da obrigação principal”
Questão 1: Existe nulidade absoluta parcial? Exemplo: só uma cláusula do
contrato é nula.
Questão 2: Existe nulidade relativa total? Exemplo: todo o contrato está
acometido por lesão.
■ c) Plano da eficácia
Aqui estão as consequências do negócio jurídico relacionadas à modificação
ou à extinção de direitos.
Exemplos:
• Resolução (inadimplemento).
• Juros, cláusula penal, perdas e danos.
• Regime de bens de casamento.
• Registro imobiliário.
• Elementos acidentais do negócio jurídico (CC, arts. 121 a 137): condição,
termo e encargo ou modo.
•Quanto aos efeitos (CC, arts. 125, 127 e 128):
✓ Condições suspensivas (“se”): são aquelas que, se não verificadas,
suspendem a aquisição e o exercício do direito.
✓ Condições resolutivas (“enquanto”): enquanto não verificadas, vigorará o
negócio jurídico, cabendo o exercício de direitos (há direito adquirido).
Sobrevindo essa condição, o negócio jurídico é extinto para todos os efeitos
■ Vícios ou defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165, CC)
Defeitos do negócio jurídico:
.Vícios ou defeitos do negócio jurídico
a) Erro/ignorância (CC, arts. 138 a 144)
O erro é a falsa noção e a ignorância é o desconhecimento total quanto a elemento do
negócio.
Erro e ignorância são equiparados pela lei.
✓ Nos dois casos há um “engano solitário”, ou seja, a pessoa se equivoca sozinha
O erro que gera a anulação deve ser substancial ou essencial.
✓ O negócio jurídico acometido de erro ou ignorância é anulável (nulidade relativa ou
anulabilidade). ✓ O erro que gera a anulação é aquele que poderia ser percebido por
pessoa de diligência normal (art. 138,CC)
CC, art. 138: “São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal,
em face das circunstâncias do negócio.”
■ Questão: o erro deve ser ainda escusável (justificável)? Não, pois o art.
138 do Código Civil de 2002 adotou o princípio da confiança (boa-fé) –
Nesse sentido, há o Enunciado n. 12 – I Jornada de Direito Civil

Enunciado n. 12, I JDC: “Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não
escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança”
■ O erro substancial, nos termos do art. 139, CC , pode se dar em três
hipóteses (“error”):
• Relacionado à natureza do negócio, ao objeto da declaração ou a alguma de
suas qualidades essenciais (“error in corpore” e “error in substantia”).
Exemplo: “comprar gato por lebre”.
• Relacionado à identidade ou qualidade essencial da pessoa (“error in
persona”).
Exemplo: erro no casamento. Casou-se com uma pessoa viciada em jogos, o
que tornou insuportável a vida em comum.
• Relacionado a um direito que, não implicando recusa à lei, for motivo único
ou principal do negócio (“error in iuris”).
Exemplo: locatário que celebra contrato mais oneroso pensando que perdeu o
prazo da ação renovatória.
b) Dolo (CC, arts. 145 a 150) (“dolus”)
■ Dolo é o artifício malicioso utilizado pelo negociante ou por terceiro em face do outro
negociante. É a “arma do estelionatário”.
■ O dolo gera a nulidade relativa (anulabilidade) do negócio jurídico se for a sua causa
(dolo essencial ou “dolus causam”).
■ O dolo essencial não se confunde com o dolo acidental (distinções)
■ CC, art. 143: “O erro de cálculo apenas autoriza a retificação
da declaração de vontade”.
■ CC, art. 144: “O erro não prejudica a validade do negócio
jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se
dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade
real do manifestante”. 7
■ CC, art. 141: “A transmissão errônea da vontade por meios
interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a
declaração direta”.
■ CC, art. 146: “O dolo acidental só obriga à satisfação das
perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio
seria realizado, embora por outro modo”
■ Classificações:
1. Quanto ao seu conteúdo:
• “Dolos bonus” (dolo bom): não prejudica e até beneficia (Exemplo: espelho que
emagrece). Nas relações civis, não anula nem gera perdas e danos; nas relações de
consumo, não se admite sequer o dolo bom.
• “Dolos malus” (dolo mau): traz prejuízos. Gera anulação ou perdas e danos.
2. Quanto à conduta das partes:
• Dolo positivo: decorre de ação ou comissão. Exemplo: publicidade enganosa por ação.
• Dolo negativo: decorre de omissão (silêncio intencional ou omissão dolosa – art. 147,
CC ). Exemplo: publicidade enganosa por omissão.
• Dolo bilateral ou recíproco: é o dolo de ambas as partes. Nesse caso, nenhuma das partes
poderá alegá-lo (CC, art. 15010). Há uma espécie de “compensação dos dolos” (boa-fé).
✓ Dolo de terceiro também pode anular o negócio jurídico (CC, art. 148).
c) Coação (CC, arts. 151 a 155)
■ Trata-se da pressão física ou psicológica exercida pelo negociante ou por terceiro em
face do outro negociante.
■ Partes envolvidas:
• Coator: aquele que exerce a coação.
• Coato, coagido ou paciente.
■ Modalidades de coação (2)
1. Coação física (“vis absoluta”): retira totalmente a vontade do coato. Ela não está
tratada no Código Civil (“vontade zero”). Exemplo: contrato celebrado por pessoa sedada
ou hipnotizada.
Correntes:
✓ Negócio é inexistente (Renan Lotufo, casal Nery).
✓ Negócio é nulo (Maria Helena Diniz).
■ • Coação moral ou psicológica (“vis compulsiva”): gera no
paciente fundado temor de mal considerável e iminente à sua
pessoa, à pessoa de sua família, à pessoa próxima ou aos seus
bens. A coação moral está tratada no Código Civil de 2002 e gera
a anulação do negócio jurídico.
■ CC, art. 151: “A coação, para viciar a declaração da vontade, há
de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente
e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à
família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá
se houve coação.”
■ Não constituem coação (CC, art. 15312):
• Exercício regular de um direito. Exemplo: se a pessoa deve, é possível
informá-la que irá inscrever o seu nome em cadastro negativo (CDC, art.
4313).
• Mero temor reverencial. Exemplo: receio de desapontar pessoa
querida.
d) Estado de perigo (CC, art. 156)
■ Frase símbolo: “Meu reino por um cavalo”
No estado de perigo, há:
• Situação de perigo que atinge o próprio negociante, pessoa de sua família ou pessoa
próxima. Essa situação é conhecida pela outra parte; e
• Onerosidade excessiva (desproporção negocial).
O negócio é anulável (nulidade relativa ou anulabilidade) (CC, art. 171).
Tem-se entendido pela possibilidade de revisão do negócio jurídico, aplicando-se, por
analogia, o art. 157, §2º, CC. Nesse sentido, há o Enunciado 148, III Jornada de Direito
Civil (princípio da conservação do negócio jurídico).
e) Lesão (CC, art. 15721) – “laesio”
■ Na lesão há:
• Premente necessidade ou inexperiência; e • Onerosidade excessiva (desproporção
negocial). Deve-se levar em conta o momento da celebração (art. 157, § 1º,CC).
Frase símbolo: “negócio da China” ou “golpe de mestre”
Conforme o art. 171, CC, o negócio jurídico é anulável, mas o art. 157, § 2º,CC, prevê a
possibilidade de revisão por oferecimento do lesionador.
Enunciados:
• A regra é a revisão e não a anulação (princípio da conservação do negócio jurídico)
(Enunciado n. 149 – III Jornada de Direito Civil).
• O lesionado pode ingressar diretamente com a ação de revisão contra o lesionador
(Enunciado n. 291 – IV Jornada de Direito Civil).
CC, art. 157: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1º: Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2º: Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução
do proveito”.
f) Simulação (CC, art. 167)
■ É um vício social do negócio jurídico (Maria Helena Diniz, Venosa, Rodolfo
Pamplona, Pablo Stolze).
✓ Ocorre quando há uma discrepância entre a vontade interna e a vontade manifestada: a
aparência discrepa da essência
Frase símbolo: “parece, mas não é” / “mentira deslavada”
Atenção: a simulação é o único defeito tratado no Código Civil gerador de nulidade
absoluta do negócio jurídico (CC, art. 16728). Envolve ordem pública
Modalidades de simulação:
I - Simulação absoluta:
• Na aparência, há um determinado negócio jurídico; na essência, não há negócio jurídico
algum. O negócio é nulo. Exemplo: um pai transmite sua empresa ao filho, mas continua
exercendo plenamente a administração.
• Há quem entenda que o caso é de negócio inexistente (casal Nery).
■ II - Simulação relativa (art. 167, CC):
• Na aparência, há um determinado negócio jurídico (simulado); na essência, há um outro
negócio jurídico (dissimulado).
• De acordo com a lei:
✓ Negócio jurídico simulado: nulo.
✓ Negócio jurídico dissimulado: será válido se apresentar os requisitos mínimos de
validade (art. 104, CC29).
• Exemplo: contrato de comodato de imóvel celebrado para encobrir locação:
✓ Negócio jurídico simulado: comodato (nulo).
✓ Negócio jurídico dissimulado: locação (válida).
Teoria das nulidades do negócio jurídico
(Teoria das Invalidades – art. 166 a 184 do CC)
■ Quanto ao grau, existem duas modalidades de nulidades:
• Nulidade absoluta ou nulidade (negócio jurídico nulo).
• Nulidade relativa ou anulabilidade (negócio jurídico anulável).
■ Negócio jurídico nulo
a) Hipóteses (CC, art. 16611)
a.1) Negócio jurídico celebrado por absolutamente incapaz sem a devida representação.
a.2) Quando o objeto do negócio jurídico for ilícito, impossível, indeterminado ou
indeterminável.
Cuidado: a impossibilidade ou indeterminação inicial do objeto não invalida o negócio
jurídico (CC, art. 10612). Fundamento: princípio da conservação do negócio jurídico.
CC, art. 106: “A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for
relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado
■ a.3) Quando o motivo comum a ambas as partes for ilícito
O objeto de um negócio jurídico pode ser lícito, mas o motivo ilícito. Exemplo: contrato
de prestação de serviços com conteúdo lícito, mas celebrado com intuito de "quebrar"
um concorrente.
✓ Classificação do ato ilícito civil (Pontes de Miranda):
• Nulificante: gera a nulidade do negócio jurídico (art. 166, II e III, CC)
• Indenizante: gera a responsabilidade civil (art. 186 e 187, CC).
• Caducificante: gera perda de direito ou atributo (art. 1.638, CC – perda do poder
familiar)
CC, art. 166: “É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
■ “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
■ Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
■ 4CC, art. 1.638: “Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.”
b) Efeitos e procedimentos da nulidade
absoluta
• Nome da ação: ação declaratória de nulidade absoluta.
Prazo (correntes):
• 1ª Corrente: a ação é imprescritível. A nulidade não é curada pelo tempo (CC, art. 169).
• 2ª Corrente: prazo geral de 10 anos - Fundamento: segurança jurídica (CC, art. 205).
A nulidade absoluta envolve ordem pública. Por isso, pode ser arguida por qualquer
interessado ou pelo Ministério Público (CC, art. 16822). Além disso, cabe conhecimento de
ofício pelo juiz (“ex officio”)
Ressalvas:
• CPC, art. 10: antes de conhecer de ofício, o juiz deve ouvir as partes (vedação da decisão
surpresa).
• Súmula 381 STJ: nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer de ofício da
abusividade das cláusulas
■ A nulidade absoluta, em regra, não admite convalidação. Conforme Serpa Lopes, há um
“efeito fatal”. Portanto, não cabem:
• Cura pelo tempo.
• Confirmação pelas partes.
CC, art. 169: “O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce
pelo decurso do tempo.”
Como exceção, o art. 170 do CC admite a conversão substancial do negócio jurídico nulo.
CC, art. 170: “Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá
este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade”.

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