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Disciplina: Fatos e
Negócios Jurídicos
2023 Das invalidades
Teoria Geral da Invalidade
A invalidade do Negócio Jurídico é empregada para designar o negócio que não produz
os efeitos desejados pelas partes.
Ex: Negócio eivado de coação física (vis absoluta) – alguns entendem por negócio
inexistente e outros por negócio nulo, pela ausência de vontade. Dessa forma, as
hipóteses para as quais tais autores apontam a inexistência são, de forma indireta,
casos de nulidade absoluta.
A invalidade do negócio jurídico abrange(pela doutrina):
O negócio inexistente é aquele que não gera efeitos no âmbito jurídico, pois não
preencheu os seus requisitos mínimos, constantes do seu plano de existência.
São inexistentes os negócios jurídicos que não apresentam os elementos que formam o
suporte fático (falta alguma elemento estrutural): partes(agentes), vontade, objeto e
forma.
Ex: Se não houve qualquer manifestação de vontade, o negócio não chegou a se formar.
FUNDAMENTOS LEGAIS
As bases da nulidade absoluta do negócio jurídico estão nos artigos 166 e 167 do
Código Civil:
Lembrete:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
(...)
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável
Caso:
Antonio e Pedro realizaram um contrato de prestação de serviços de venda de armas
proibidas. Antonio vendeu as armas, mas não recebeu a comissão. Antonio poderá
cobrar o valor da comissão judicialmente?
Art. 166, CC - É nulo o negócio jurídico quando:
Objeto impossível: não tem como se realizar, ou seja é irrealizável; inexequível; inviável
etc.
Pode ser: objeto fisicamente impossível ou juridicamente impossível
Caso:
Se o objeto for determinado (certo) ou determinável (incerto) = NJ válido (regra do art. 104)
Ex: 10 sacas de café do tipo 1 (determinado)
10 sacas de café (determinável)
Motivo: é a razão psicológica que levou uma pessoa a realizar o negócio jurídico (Por
que a pessoa realizou o NJ?) O motivo não é elemento essencial para a validade do NJ
(art. 104,CC). A pessoa não precisa declarar o motivo quando realiza um NJ.
Ex:
vende-se um automóvel para que seja utilizado num sequestro;
empresta-se uma arma para matar alguém;
aluga-se uma casa para a exploração da prostituição.
A venda, o comodato e o aluguel acima estão fulminados de nulidade.
Obs: se apenas uma das partes se mover pelo escopo acima, não há que se falar
em nulidade.
Lembrete: Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante
Art. 166, CC - É nulo o negócio jurídico quando:
Regra: Forma Livre - Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de
forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Ex: Contrato Particular de Compra e Venda
Se a lei exigir Forma Especial : Essa forma especial deverá ser observada para que o NJ
tenha validade. Será nulo (art. 166, IV).
Ex: Cheque; Certidão de Casamento; Certificado de Registro de Veículos etc.
Art. 166, CC - É nulo o negócio jurídico quando:
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
A solenidade faz parte da validade do NJ e se ela não for observada (for preterida) o NJ
será nulo.
Obs: Quando se diz que determinado NJ deve ser instrumentalizado por escrito ou por
meio de escritura pública, estamos falando de forma.
Se se exige que o ato seja lido diante de determinado número de testemunhas,
falamos de solenidade.
Art. 166, CC - É nulo o negócio jurídico quando:
Lei imperativa (absoluta)= são as normas que obrigam as pessoas a fazer ou deixar de
fazer algo (ex: art. 5º “caput”- maioridade e capacidade civil aos 18 anos – não é uma
escolha da pessoa)
Caso:
Antonio contratou José para trabalhar em sua empresa, 8h por dia de segunda a sexta.
No contrato de trabalho, acertaram que José não teria direito ao descanso para o
almoço, para que José pudesse sair mais cedo do trabalho.
Pela CLT: Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a
concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo
acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. (É uma norma
que visa assegurar a saúde do trab.)
Art. 166, CC - É nulo o negócio jurídico quando:
Outro ex:
Art. 1.641, CC – É obrigatório o regime da separação de bens no
casamento:
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos
Ex:
Art. 548. É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente
para a subsistência do doador.
Diversas vezes a norma jurídica proíbe a prática de um ato, mas não impõe uma sanção
caso o ato seja praticado ( a sanção deverá ser a própria nulidade do ato).
Ex:
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem
pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
(Não impõe sanção, no entanto se uma pessoa que não tiver discernimento* fizer um
testamento, esse testamento será nulo)
*Acometida por uma alteração da razão, da consciência, que vicie a sua manifestação
de vontade.
Art. 167, CC - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se
dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido
supri-las, ainda que a requerimento das partes.
A nulidade absoluta, por ser grave, poderá ser ARGUIDA POR QUALQUER PESSOA, pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO (quando tiver intervenção no processo), ou até mesmo ser
reconhecida DE OFÍCIO PELO JUIZ (art. 168, CC).
Art. 169, CC - O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem
convalesce pelo decurso do tempo.
É um vício que não pode ser superado, curado. Significa dizer que, por mais
tempo que transcorra, o nulo continua nulo.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este
quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem
previsto a nulidade.
Ex:
Compra e venda de imóvel de valor superior a trinta salários mínimos, ausente escritura
pública, seria ele nulo. O intérprete haverá de tomá-lo como sendo um NJ de outra
categoria, p.ex,, promessa de compra e venda (na medida em que são verificados os
elementos do NJ). O mesmo suporte fático pode embasar diferentes negócios.
CC, Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente
no País.
Proferida a sentença declaratória de nulidade absoluta, ela produzirá
EFEITOS EX TUNC (retroativos).
Art. 167, CC - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.
O negócio jurídico foi realizado na verdade com uma pessoa, mas no contrato
consta outra pessoa como favorecida ( o que se simula é o sujeito a quem a
declaração se refere – chamado de “testa-de-ferro” ou “laranja”).
Caso:
Antonio comprou um automóvel de Pedro. No entanto, como Antonio possuia
muitas dívidas, Pedro concordou em transferir o automóvel para a mãe de
Antonio (Josefina), para evitar que os credores penhorassem o veículo.
(O NJ aparentou transmitir um direito para Josefina, mas na verdade o
verdadeiro proprietário do veículo era Antonio)
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
O NJ contém informações que não são verdadeiras, que não ocorreram. Essas
informações não verdadeiras pode ocorrer por meio de uma declaração, uma confissão,
uma condição ou uma cláusula.
Casos:
Um atestado médico para abonar faltas no trabalho, sendo que a pessoa não está
doente (declaração);
João firma uma confissão de dívidas no valor de R$ 100mil em favor de Antonio, para
resguardar o seu patrimônio e evitar pagar os seus credores (confissão);
Antonio (gerente) e Pedro (vendedor) simulam que implementaram um condição (venda
de 10 veículos em um mês) para receber uma comissão (condição);
No contrato social da empresa consta uma cláusula em que Antonio vendeu sua cotas
para Pedro, mas na verdade a empresa ainda pertence a Antonio que possuia muitas
dívidas e não queria correr o risco de perder o seu patrimônio (cláusula).
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
Nesse caso a simulação está na data do NJ, que não representa a data
verdadeira em que ele foi realizado.
Caso:
Antonio e Maria convivem em União Estável desde o ano de 2012. Ainda em
2012, adquiriram um terreno de Pedro, primo de Antonio.
Antonio pretende dissolver a União que mantém com Maria. Para não dividir
o imóvel com Maria, Antonio e Pedro simularam um contrato de compra e
venda em favor de Antonio com data de 2010, quando Antonio ainda não
convivia com Maria.
(regra do “caput”) - Art. 167, CC - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que
se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Casos:
a) João pretendia doar um imóvel para a filha, no entanto descobriu que se realizasse um
contrato de compra e venda pagaria menos impostos do que um contrato de doação.
Assim, João transferiu o imóvel para a filha mediante uma escritura de compra e venda,
mas na realidade houve uma doação.
Houve uma dissimulação – João pretendia ocultar a doação. A compra e venda é nula,
pois é simulada, mas subsistirá a doação (que foi o NJ que se dissimulou – ele realmente
existiu).
b) João celebra um contrato de prestação de serviços regido pelo CC (arts. 593 a 609),
mas este, na verdade, revela a presença de todos os requisitos da relação de emprego
previstos na CLT (Será nulo o contrato de serviço. Será válido o contrato de trabalho)
Art. 167, CC - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Quando o NJ é declarado nulo por ter sido simulado, ele contamina os demais atos
posteriores que também não terão validade.
“A” simulou NJ c/ “B”. “B”, posteriormente, celebrou NJ c/ “C”.
Mas apesar de os atos posteriores não terem validade, o terceiro de boa-fé terá direito
de cobrar, daqueles que realizaram o ato simulado, os prejuízos que sofreu.
Ex: João e Maria convivem em União Estável desde o ano de 2015, quando adquiriram
um carro 0Km. João pretende dissolver a União que mantém com Maria. Para não dividir
o veículo c/ Maria, João simulou a venda em favor de seu irmão José.
Posteriormente, José vendeu o veículo p/ Pedro (terceiro de boa-fé). Maria pediu a
nulidade do NJ. A declaração de nulidade também contamina a venda posterior, realizada
p/ Pedro. Nesse caso, Pedro poderá requerer os prejuízos que sofreu em face dos
contraentes do NJ simulado (João e José).
NULIDADE RELATIVA/ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (ATO ANULÁVEL)
É sanção imposta pela lei aos atos e NJ celebrados por pessoa relativamente incapaz ou
eivados de vício do consentimento ou vício social (especificamente, no último caso, de
fraude contra credores).
Art. 171, CC - Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
Obs: Coação física e a simulação são vícios do NJ que geram a sua nulidade absoluta.
A) Casos especificados de anulabilidade
Art. 171, CC - Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio
jurídico:
Quando o NJ for celebrado por relativamente incapaz, sem a devida assistência, ele será anulável.
Obs:
A incapacidade relativa gera nulidade relativa.
A Incapacidade absoluta gera nulidade absoluta.
C) Diante da existência de vício a acometer o NJ, como o erro, o dolo, a coação (moral
ou psicológica), a lesão, o estado de perigo ou a fraude contra credores.
Art. 171, CC - Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
Art. 172, CC. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de
terceiro.
Ex: Menor com 16 anos que, sem assistência, aliena bem a “A” e depois, já aos 18 anos, plenamente capaz,
aliena o mesmo bem a “B”. Assim, não se cogita de ratificação da primeira venda realizada, pois acarretará
prejuízo a “B”, terceiro que tem seu direito protegido.
Ex: Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648 , nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
(...)
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária ( art. 1.647 ),
tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até
dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
No caso acima, a falta de autorização do cônjuge para que o outro pratique determinado
NJ, tornará o NJ anulável. Se houver posterior autorização, o negócio ficará validado.
Art. 177, CC - A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença,
nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita
exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade.
O negócio anulável gerará todos os seus efeitos até que, eventualmente, seja
reconhecida judicialmente a invalidade.
Pela visão clássica, prevalece o entendimento quanto aos efeitos “ex nunc” da ação
anulatória do NJ. (art. 177, primeira parte).
O negócio anulável somente pode ser IMPUGNADO POR QUEM TENHA LEGÍTIMO
INTERESSE JURÍDICO não podendo o Juiz fazê-lo de ofício (art. 177, CC).
Art. 177, CC - A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos
que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Aproveita aquele que não alegou a anulabilidade quando o objeto for indivisível ou
estiver presente a solidariedade (Não teria como anular o NJ p/ um e não anular p/ o
outro).
Ex: João vendeu um veículo p/ Pedro e Maria. Somente Maria ajuizou uma ação alegando
Dolo e o Juiz anulou o contrato. O contrato também será anulado p/ Pedro, pois não terá
como dividir o veículo ao meio.
Prazo para propor a ação anulatória
A anulabilidade deve ser impugnada dentro de prazos decadenciais declarados por lei
(artigos 178, CC com a regra específica de 4 anos e art. 179, CC para a regra geral de 2
anos).
Art. 178, CC –É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179, CC - Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Não é a contagem feita da data em que a parte toma a ciência da anulabilidade do contrato, mas sim, do
dia da conclusão efetiva do ato.
Ex: Art. 496, CC - É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. (não estipula o prazo decadencial para anulá-lo
– aplica-se a regra do art. 179)
Princípio de que ninguém pode tirar proveito da sua própria torpeza
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se
de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando
inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
A norma busca proteger aquele que, agindo com boa-fé, realizou negócio
com menor que, dolosamente, maliciosamente, tenha se feito passar por
maior.
Quando o art. 182 determina que as partes retornem ao “status quo ante”, ele
está se referindo ao objeto do negócio e não aos efeitos que já foram gerados pelo
negócio.
Ex: João permutou o seu carro com José por uma motocicleta. João realizou o
negócio agindo com dolo, pois omitiu que seu carro tinha chassi adulterado. O juiz
decretou a anulabilidade do NJ por dolo omissivo, determinando que as partes
retornassem ao “estado anterior” (João devolve a motocicleta p. José e José
devolve o carro p/ João). Ocorre que João não tem como devolver a motocicleta,
pois a mesma foi furtada logo após a permuta. Dessa forma, como não existe a
possibilidade de “restituir as partes ao estado anterior”, João deverá indenizar
José.
Princípio da conservação do negócio (manutenção do ato volitivo)
Ex: Um contrato preliminar não pode ser anulado, se puder ser provado por
testemunhas (a forma é dispensada para o pré-contrato – “art. 462. O
contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado.”)
Princípio da conservação do negócio (manutenção do ato volitivo)
Redução do negócio jurídico
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o
prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das
obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
Ex1: Negócio jurídico cuja multa ou cláusula penal tenha sido celebrada com lesão (art. 157,CC).
Nesse caso, somente a multa é anulável, permanecendo o restante do negócio como válido.
Ocorre a redução do negócio, pois se retira a parte viciada.
Ex2: Testador, ao mesmo tempo em que dispôs de seus bens para depois da morte, aproveitou a
cédula testamentária para reconhecer filho havido fora do casamento, invalidada esta por
inobservância das formalidades legais, não será prejudicado o referido reconhecimento, que
pode ser feito até por instrumento particular, sem formalidades (art. 1609, II, do CC).
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se
pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos
que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes
dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
Ato anulável = efeitos “ex nunc” = a invalidade somente surtirá efeitos após julgada por
sentença, no entanto se respeitam os efeitos anteriores à sentença.
Ato nulo = efeitos “ex tunc” = a invalidade retroage à data da realização do NJ = atinge o
NJ desde a sua realização.
Efeitos da invalidade do NJ
Ato anulável = efeitos “ex nunc” = a invalidade somente surtirá efeitos após julgada por sentença, no entanto se respeitam os efeitos anteriores à
sentença.
Ato nulo = efeitos “ex tunc” = a invalidade retroage à data da realização do NJ = atinge o NJ desde a sua realização.
Exemplo de ato anulável: Antonia vendeu sua casa para seu filho Pedro, sem a concordância dos demais
filhos. Pedro estava morando há 2 anos na casa quando a venda foi judicialmente anulada (art. 496,CC),
em virtude da ausência de anuência dos demais filhos. Em razão dos efeitos “ex nunc” da anulabilidade do
NJ, devem ser preservados os efeitos produzidos da data da realização do contrato até a sentença.
Consequências: O imóvel voltará a ser de propriedade de Antonia (quanto ao objeto – as partes devem
retornar ao “status quo ante”); pelo uso da casa (período que residiu no imóvel), Pedro não precisará
pagar aluguel para sua mãe.
Exemplo de ato nulo: Pedro falsificou de sua mãe Antonia em um contrato de compra e venda de imóvel
em seu favor. Pedro já estava morando há 2 anos no imóvel quando a venda foi judicialmente declarada
nula. Em razão dos efeitos “ex tunc” da sentença, não será preservado nenhum efeito do NJ nulo desde a
sua celebração, nem antes e nem depois da sentença. Consequências: O imóvel voltará a ser propriedade
de Antonia (quanto ao objeto – as partes devem retornar ao “status quo ante”); pelo uso da casa (período
que residiu no imóvel), Pedro deverá pagar aluguel para sua mãe.