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Teoria Geral do Direito

Privado
Curso de Direito
1º semestre 2019
Professora Andresa Tatiana da Silva
Código Civil Brasileiro
LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.
CAPÍTULO IV
Dos Defeitos do Negócio Jurídico
SEÇÃO I – Do Erro ou Ignorância

A livre manifestação de vontade é essencial para o negócio jurídico.


Assim, caso a declaração de vontade sofra algum abalo, o negócio
restará defeituoso/viciado. São defeitos:
• Erro ou Ignorância
• Dolo
• Coação
• Estado de Perigo
• Lesão
• Fraude contra Credores
• Simulação
CAPÍTULO IV
Dos Defeitos do Negócio Jurídico
SEÇÃO I – Do Erro ou Ignorância

DEFLECS
Dolo
Erro ou Ignorância
Fraude contra Credores
Lesão Estado de Perigo
Coação
Simulação
1. FATO E ATO JURÍDICO
Ordinário

Fato Natural
(FJ Stricto Sensu)

Extraordinário

Fato Jurídico AJ Stricto Sensu


(Lato Sensu) (meramente lícito)

Ato Jurídico Lícito


Fato Humano
(Ato Jurídico Lato Negócio Jurídico
Sensu)
Ato Ilícito
2. NEGÓCIO JURÍDICO
Os negócios jurídicos são analisados a partir
dos seus planos (escada ponteana):

PLANO DA

PLANO DA EFICÁCIA

PLANO DA VALIDADE

EXISTÊNCIA
2. NEGÓCIO JURÍDICO
→ Plano da Existência:
Os pressupostos de existência são elementos fundamentais do negócio
jurídico. São eles (VOAF): a) vontade; b) objeto; c) agente; d) forma.

→ Plano da Validade:
Os pressupostos de validade são (CC, art. 104):

a) agente capaz;
b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
c) forma prescrita ou não defesa em lei;
d) vontade livre e desimpedida.
2. NEGÓCIO JURÍDICO
→ Plano da Eficácia:
Preenchido os pressupostos de existência e validade dos negócios
jurídicos, geralmente eles produzem efeitos de imediato.
Excepcionalmente, pode existir algum elemento acidental.

a) Condição: Evento futuro e incerto que, por vontade das partes,


subordina a produção de efeitos do negócio jurídico (voluntariedade,
futuridade e incerteza). Ela pode ser suspensiva OU resolutiva.
2. NEGÓCIO JURÍDICO
→ Plano da Eficácia:
b) Termo: Evento futuro e certo que, por vontade das partes, subordina a
produção de efeitos do negócio jurídico. O grande exemplo de termo, sem
dúvidas, é uma data.

c) Encargo (modo): Trata-se de um ônus imposto ao credor para que


possa exigir o cumprimento da prestação assumida pelo devedor. Na
maioria das vezes, o encargo é um elemento acidental que figura em
negócios jurídicos gratuitos.
2. NEGÓCIO JURÍDICO
CONDIÇÃO TERMO ENCARGO
- Subordina o efeito do - Subordina o efeito - Impõe um ônus ao
beneficiário do
negócio jurídico a do negócio jurídico a
negócio jurídico.
evento futuro INCERTO. evento futuro CERTO. Cláusula acessória à
liberalidade.
- Suspensiva - Inicial (dies a quo) ----------------------------
- Resolutiva - Final (dies ad quem) ----------------------------
- Quando suspensiva, - Não impede a - Não impede a
impede a aquisição e o aquisição do direito, aquisição e nem o
exercício do direito. mas apenas o seu exercício do direito.
exercício.
Acerca de ato e negócio jurídicos e de obrigações e contratos,
julgue o item que se segue.

O ato jurídico em sentido estrito tem consectários previstos em lei


e afasta, em regra, a autonomia de vontade.

CERTO
Acerca de ato e negócio jurídicos e de obrigações e
contratos, julgue o item que se segue.

Não constitui condição a cláusula que subordina os efeitos de um


negócio jurídico à aquisição da maioridade da outra parte.

CERTO
Acerca de negócio jurídico e de ato jurídico lícito e ilícito,
julgue os itens seguintes

A cláusula que deriva da vontade das partes e subordina o


negócio jurídico a evento futuro e certo é denominada condição.

ERRADO
A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, das pessoas, dos negócios jurídicos, da
prescrição e da prova do fato jurídico, julgue o item seguinte.

Ainda que o negócio jurídico seja celebrado com termo inicial,


este não suspende a aquisição do direito.

CERTO
Com relação aos contratos e da responsabilidade civil,
julgue os itens que se seguem.

Sem que haja manifestação de vontade por parte dos


contratantes, o negócio jurídico contratual é considerado
existente, mas perde sua validade.

ERRADO
3. TEORIA DA INVALIDADE
Se faltar alguns dos pressupostos de existência (VOAF) o ato jurídico
será INEXISTENTE, mas se faltar alguns dos requisitos de validade o
ato jurídico será INVÁLIDO, o que pode ocorrer em dois graus diferentes:

(a) Nulidade absoluta (nulidade);

(b) Nulidade relativa (anulabilidade).


3. TEORIA DA INVALIDADE
(a) NULIDADE ABSOLUTA (NULIDADE)

- Agride preceito de ordem pública;

- Pode ser alegado por qualquer interessado ou pelo Ministério


Público;

- Pode ser alegado a qualquer momento e em qualquer grau de


jurisdição;

- Pode ser reconhecido de ofício pelo juiz;


3. TEORIA DA INVALIDADE
(a) NULIDADE ABSOLUTA (NULIDADE)

- O negócio jurídico nulo não é passível de confirmação ou


convalidação;

- Pode ser convertido substancialmente;

- Não se submete a prazo prescricional ou decadencial.


3. TEORIA DA INVALIDADE
CC, Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser
alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando
lhe couber intervir.

Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz,


quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar
provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das
partes.
3. TEORIA DA INVALIDADE
CC, Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.

CC, Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos
de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir
supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
3. TEORIA DA INVALIDADE
CAUSAS DE NULIDADE (Art. 166)

I - Celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

II - For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

III - O motivo determinante, comum a ambas as partes, for


ilícito;

IV - Não revestir a forma prescrita em lei;

V - For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial


para a sua validade
3. TEORIA DA INVALIDADE
CAUSAS DE NULIDADE (Art. 166)

VI - Tiver por objetivo fraudar lei imperativa;

VII - A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática,


sem cominar sanção.

VIII - Negócio jurídico simulado (art. 167).


3. TEORIA DA INVALIDADE
(b) NULIDADE RELATIVA (ANULABILIDADE)

- Agride preceito de ordem privada;

- Só pode ser alegada pela pessoa prejudicada em razão do vício


(legitimidade restrita);

- NÃO pode ser reconhecido de ofício pelo juiz;

- O negócio anulável pode ser saneado, convalidado ou confirmado.

- Submete-se a prazo decadencial.


3. TEORIA DA INVALIDADE
CC, Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes,
salvo direito de terceiro.

CC, Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por
sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem
alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de
solidariedade ou indivisibilidade.
3. TEORIA DA INVALIDADE
CAUSAS DE ANULABILIDADE (Art. 171)
I - Por incapacidade relativa do agente
II - Vício resultante de erro
III - Vício resultante de dolo
IV - Vício resultante de coação
V - Vício resultante de estado de perigo

VI - Vício resultante de lesão

VII - Vício resultante de fraude contra credores


3. TEORIA DA INVALIDADE

Vícios de Consentimento
Erro (art. 138)

Vícios Sociais
Dolo (art. 145) Fraude contra
credores (art. 158)
Coação (art. 151) Simulação
(art. 167)
Estado de Perigo
(art. 156) Causa de
Nulidade
Lesão (art. 157)
3. TEORIA DA INVALIDADE
PRAZOS PARA ANULAR NEGÓCIO JURÍDICO (Art. 178)
→ 4 (quatro) anos contados do dia em
I – Incapacidade Relativa
que cessar a incapacidade.

→ 4 (quatro) anos contados do dia em


II – Coação
que cessar a coação.
III – Erro; Dolo; Estado de
→ 4 (quatro) anos contados do dia em
Perigo; Lesão; e Fraude
que o negócio jurídico foi celebrado.
Contra Credores.
IV- Quando a lei não → 2 (dois) anos contados da conclusão
estipular expressamente. do ato (CC, art. 179).
Assinale a assertiva correta sobre negócio jurídico.

a) É anulável o negócio jurídico quando não revestir a forma


prescrita em lei.

b) O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, mas


convalesce pelo decurso do tempo.

c) O negócio jurídico anulável pode ser confirmado pelas partes,


salvo direito de terceiro.

d) O termo inicial suspende a aquisição do direito.


Responda a asserção CORRETA, relativa à
nulidade do negócio jurídico.

a) As obrigações decorrentes de negócio jurídico nulo


podem ser objeto de novação.

b) As nulidades do negócio jurídico devem ser


pronunciadas pelo Juiz, que também as pode sanar.

c) O decurso de tempo faz desaparecer o vício.

d) O decurso do tempo não opera a confirmação, nem


convalesce o negócio jurídico nulo.
Bernardo, nascido e criado no interior da Bahia, decide mudar-se
para o Rio de Janeiro. Ao chegar ao Rio, procurou um local para
morar. José, percebendo o desconhecimento de Bernardo sobre o
valor dos aluguéis no Rio de Janeiro, lhe oferece um quarto por R$
500,00 (quinhentos reais).

Pagando com dificuldade o aluguel do quarto, ao conversar com


vizinhos, Bernardo descobre que ninguém paga mais do que R$
200,00 (duzentos reais) por um quarto naquela região. Sentindo-se
injustiçado, procura um advogado.

Sobre o caso narrado, com base no Código Civil, assinale a


afirmativa correta.
a) O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão, se
José não concordar com a redução do proveito ou com
a oferta de suplemento suficiente.

b) O negócio jurídico será nulo em virtude da ilicitude


do objeto.

c) O negócio jurídico poderá ser anulado por coação


em razão da indução de Bernardo a erro.

d) O negócio jurídico poderá ser anulado por erro, eis


que este foi causa determinante do negócio.
Durante uma viagem aérea, Eliseu foi acometido de
um mal súbito, que demandava atendimento
imediato. O piloto dirigiu o avião para o aeroporto
mais próximo, mas a aterrissagem não ocorreria a
tempo de salvar Eliseu. Um passageiro ofereceu
seus conhecimentos médicos para atender Eliseu,
mas demandou pagamento bastante superior ao
valor de mercado, sob a alegação de que se
encontrava de férias.
Os termos do passageiro foram prontamente
aceitos por Eliseu. Recuperado do mal que o
atingiu, para evitar a cobrança dos valores
avençados, Eliseu pode pretender a anulação do
acordo firmado com o outro passageiro, alegando:
a) erro.
b) dolo.
c) coação.
d) estado de perigo.
Juliana foi avisada que seu filho Marcos sofreu um
terrível acidente de carro em uma cidade com
poucos recursos no interior do Ceará e que ele
está correndo risco de morte devido a um grave
traumatismo craniano. Diante dessa notícia,
Juliana celebra um contrato de prestação de
serviços médicos em valores exorbitantes, muito
superiores aos praticados habitualmente, para que
a única equipe de médicos especializados da
cidade assuma o tratamento de seu filho.
a) O negócio jurídico pode ser anulado por vício de
consentimento denominado estado de perigo, no prazo
prescricional de quatro anos, a contar da data da
celebração do contrato.
b) O negócio jurídico celebrado por Juliana é nulo, por vício
resultante de dolo, tendo em vista o fato de que a equipe
médica tinha ciência da situação de Marcos e se valeu de
tal condição para fixar honorários em valores excessivos.
c) O contrato de prestação de serviços médicos é anulável
por vício resultante de estado de perigo, no prazo
decadencial de quatro anos, contados da data da
celebração do contrato.
d) O contrato celebrado por Juliana é nulo, por vício
resultante de lesão, e por tal razão não será suscetível de
confirmação e nem convalescerá pelo decurso do tempo.
Maria Clara, então com dezoito anos, animada com a conquista
da carteira de habilitação, decide retirar suas economias da
poupança para adquirir um automóvel. Por saber que estava no
início da sua carreira de motorista, resolveu comprar um carro
usado e pesquisou nos jornais até encontrar um modelo
adequado. Durante a visita de Maria Clara para verificar o estado
de conservação do carro, o proprietário, ao perceber que Maria
Clara não era conhecedora de automóveis, (...)
(...) informou que o preço que constava no jornal não era o que
ele estava pedindo, pois o carro havia sofrido manutenção
recentemente, além de melhorias que faziam com que o preço
fosse aumentado em setenta por cento. Com esse aumento, o
valor do carro passou a ser maior do que um modelo novo, zero
quilômetro. Contudo, após as explicações do proprietário, Maria
Clara fechou o negócio. Sobre a situação apresentada no
enunciado, assinale a opção correta.
a) Maria Clara sofreu coação para fechar o negócio, diante
da insistência do antigo proprietário e, por isso, pode ser
proposta a anulação do negócio jurídico no prazo máximo
de três anos.
b) O negócio efetuado por Maria Clara não poderá ser
anulado porque decorreu de manifestação de vontade por
parte da adquirente. Dessa forma, como não se trata de
relação de consumo, Maria Clara não possui essa garantia.
c) O pai de Maria Clara, inconformado com a situação,
pretende anular o negócio efetuado pela filha, porém, como
já se passaram três anos, isso não será mais possível, pois
já decaiu seu direito.
d) O negócio jurídico efetuado por Maria Clara pode ser
anulado; porém, se o antigo proprietário concordar com a
diminuição no preço, o vício no contrato estará sanado.
4. PRESCRIÇÃO arts 189 ao 206
PRESCRIÇÃO é a perda da PRETENSÃO de exigir de alguém um
determinado comportamento, relativo a direito patrimonial e disponível,
em razão da inércia do seu titular durante todo prazo previsto em lei.

Considera-se PRETENSÃO como o poder de exigir coercitivamente o


cumprimento de um dever jurídico. Consequência da inadimplência de
uma PRESTAÇÃO patrimonial (dar, fazer ou não fazer).
4. PRESCRIÇÃO
4. PRESCRIÇÃO

CC, Artigo 189. Violado o direito, nasce para o titular a


pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
prazos a que aludem os artigos 205 e 206.

PRESCRIÇÃO
➔ATINGE apenas a PRETENSÃO;
➔NÃO ATINGE o direito de AÇÃO;
➔NÃO ATINGE a obrigação em si, que permanecerá
existindo, apesar da falta de pretensão.
4. PRESCRIÇÃO
➢ Causas de Impedimento e Suspensão:

I - Entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;

II - Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;

III - Entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a


tutela ou curatela;

IV - Contra os incapazes de que trata o art. 3º;


4. PRESCRIÇÃO
➢ Causas de Impedimento e Suspensão:

V - Contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou


dos Municípios;

VI - Contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de


guerra.

VII - Pendendo condição suspensiva;

VIII - Não estando vencido o prazo;

IX - Pendendo ação de evicção.


5. DECADÊNCIA arts. 207 ao 211

DECADÊNCIA (ou caducidade) é a perda do direito material propriamente


dito.

É a extinção da relação jurídica material.

Conforme a melhor doutrina, trata-se da perda de um DIREITO POTESTATIVO


que não foi exercido no tempo previsto na norma jurídica.
5. DECADÊNCIA

• É a perda do direito pelo decurso de tempo.


• Legal:
• O juiz deve reconhecer de ofício;
• Convencional;
• Pode ser alegada em qualquer tempo ou grau;
• O juiz não pode reconhecer de ofício.
• Não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou
interrompem a prescrição.
• Não corre contra incapazes.
• É irrenunciável o prazo legal.
Exemplos
Se você não pagou o IPTU de determinado ano, a receita municipal tem o direito sobre esse valor,
certo? Pra que ela receba esse valor de você, ela não pode ir na sua casa e, à força, tirar dinheiro da
sua carteira, ela tem que recorrer ao judiciário pra isso.

Muito bem, ela tem um prazo decadencial de 5 anos (de acordo com o CTN) pra entrar na justiça contra
você, sob pena de ter seu direito caducado por decadência, ok?

Agora, suponhamos que ela entrou na justiça e o juiz disse que você deve mesmo. Diante disso a
receita municipal tem um prazo de 5 anos pra executar você (de acordo com o CTN), ou seja, pedir ao
juiz que bloqueie sua conta, ou leiloe alguns de seus bens, ou coisa parecida pra efetivmente receber o
dinheiro. Perceba que nesse caso o juiz já declarou que a receita municipal tem o direito, só falta a
execução. Esse é um prazo prescricional.
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
I – Extinção do direito
I - Extinção de uma pretensão.
propriamente dito.
II – Direitos potestativos com
II – Direitos subjetivos,
prazo previsto para o seu
patrimoniais e relativos.
exercício.
III – Impossibilidade de renúncia
III – Possibilidade de renúncia.
quando for decadência legal.
IV – Em se tratando de
decadência legal, prazos
IV – Prazos insuscetíveis de insuscetíveis de alteração
alteração pelas partes (ordem (ordem pública). Em se tratando
pública). de decadência convencional, as
partes podem modificar prazos
(ordem privada)
V – Pode ser alegado pelo V – Pode ser alegado pelo
interessado a qualquer tempo e interessado a qualquer tempo e
grau de jurisdição. grau de jurisdição.
VI – Não admite impedimento,
VI – Admite impedimento,
suspensão e interrupção do
suspensão e interrupção do
prazo (exceto quando se tratar
prazo.
de absolutamente incapazes).
VII – Quando se tratar de
decadência legal, poderá ser
VII – Possibilidade de
reconhecida de ofício pelo juiz.
conhecimento ex officio pelo
Quando se tratar de decadência
juiz.
convencional, não poderá ser
reconhecida de ofício pelo juiz.
VIII – Alegada em ação VIII – Alegada em ação
condenatória. constitutiva ou desconstitutiva.
O decurso do tempo exerce efeitos sobre as
relações jurídicas. Com o propósito de suprir uma
deficiência apontada pela doutrina em relação ao
Código velho, o novo Código Civil, a exemplo do
Código Civil italiano e português, define o que é
prescrição e institui disciplina específica para a
decadência. Tendo em vista os preceitos do
Código Civil a respeito da matéria, assinale a
alternativa CORRETA.
a) Se um dos credores solidários constituir judicialmente o devedor
em mora, tal iniciativa não aproveitará aos demais quanto à
interrupção da prescrição, nem a interrupção produzida em face do
principal devedor prejudica o fiador dele.
b) O novo Código Civil optou por conceituar o instituto da prescrição
como a extinção da pretensão e estabelece que a prescrição, em
razão da sua relevância, pode ser arguida, mesmo entre os cônjuges
enquanto casados pelo regime de separação obrigatória de bens.
c) Quando uma ação se originar de fato que deva ser apurado no
juízo criminal, não correrá a prescrição até o despacho do juiz que
tenha recebido ou rejeitado a denúncia ou a queixa-crime.
d) Se a decadência resultar de convenção entre as partes, o
interessado poderá alegá-la, em qualquer grau de jurisdição, mas o
juiz não poderá suprir a alegação de quem a aproveite.
A respeito das diferenças e semelhanças entre prescrição e
decadência, no Código Civil, é correto afirmar que:

a) A prescrição acarreta a extinção do direito potestativo, enquanto a


decadência gera a extinção do direito subjetivo.
b) Não se pode renunciar à decadência legal nem à prescrição, mesmo
após consumadas.
c) Os prazos prescricionais podem ser suspensos e interrompidos,
enquanto os prazos decadenciais legais não se suspendem ou
interrompem, com exceção da hipótese de titular de direito
absolutamente incapaz, contra o qual não corre nem prazo
prescricional nem prazo decadencial.
d) A prescrição é exceção que deve ser alegada pela parte a quem
beneficia, enquanto a decadência pode ser declarada de ofício pelo
juiz.
TÍTULO V - Da Prova

Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico
pode ser provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
Considerações Gerais

A palavra “prova” vem de “probatio” que significa verificação,


exame ou inspeção e de “próbus” que significa o que é bom, de
boa qualidade.

Na medida em que o juiz não conhece os fatos da causa, devem


as partes não só alegar fatos como efetivamente comprovar sua
ocorrência.

Provar é formar a convicção do juiz sobre a existência ou não


dos fatos relevantes ao processo.
Direito Constitucional à Prova
Direito à prova “é o conjunto de oportunidades oferecidas à parte
pela Constituição e pela lei para que possa demonstrar no processo
a veracidade do que afirma em relação aos fatos relevantes para o
julgamento” (DINAMARCO).

Esse direito não está afirmado diretamente na CF/88, mas decorre


dos princípios do acesso ao Judiciário, devido processo legal e
contraditório e ampla defesa.

Isso significa que o legislador não pode inserir regras de exclusão


probatória a não ser com base em motivo específico e racional, ou
seja, a exclusão de uma prova somente se justifica para preservar
um outro bem mais relevante. (EDUARDO CAMBI).
Direito Constitucional à Prova
• Por esse motivo, o NCPC deu uma guinada no novo art. 369 ao afirmar que:
“AS PARTES TÊM DIREITO” de empregar todos os meios legais e moralmente
legítimos para provar a verdade dos fatos (que fundem o pedido ou a defesa)
“e INFLUIR EFICAZMENTE NA CONVICÇÃO DO JUIZ”.

• Antes dizia apenas que TODOS OS MEIOS SÃO ADMISSÍVEIS…

• Por isso já se afirma que o juiz não é mais o titular da prova.


CC x CPC
O CC em 2002 trouxe um capítulo específico sobre meios de prova
do negócio jurídico (arts. 212 a 232).
Esse capítulo foi muito criticado pelos processualistas por não
haver distinção entre prova e forma dos atos jurídicos (o que o
CC de 1916 fazia). Os requisitos formais de uma escritura
pública (art. 215) dizem respeito a forma do ato e não à sua
prova (opinião de WILLIAM S. FERREIRA, FREDIE DIDIER e
ERGAS M. ARAGÃO). Ademais, o CPC seria a sede adequada
para tratar do direito probatório e não o CC.
CC x CPC

Já os civilistas entendiam que a crítica era desnecessária uma vez que a forma e
o conteúdo de um ato jurídico estão muito ligados a sua prova em juízo.
Ademais, a prova também está atrelada ao direito material, de modo que o
tratamento da matéria pelo CC deve ser visto como uma espécie de norma
geral, restando o CPC, em função da especialidade da matéria, ser usado
para dirimir eventuais dúvidas existentes.
CC x CPC
O art. 212, CC estabelece o fato jurídico pode ser provado mediante:
(i) confissão;
(ii) Documento;
(iii) Testemunhas;
(iv) Presunções; e
(v) Perícias.
Aqui outra crítica merece ser feita, o CC traz um rol com institutos de naturezas
diversas: testemunhos e documentos são fontes de prova, confissões e perícias
meios de prova e as presunções são meras conclusões...
CC x CPC

Como visto, o art. 369, NCPC, trata o tema de forma mais abrangente
de modo que todos os meios legais – bem como moralmente
legítimos – especificados ou não no CPC – podem ser usados para
demonstrar a verdade dos fatos (princípio da atipicidade das
provas).
Assim, esse rol do CC deve ser entendido como meramente
exemplificativo.
Confissão
Confissão é a declaração feita pela parte em que se admite a
verdade de fato contrário a seu próprio interesse e favorável a de
seu adversário (art. 389, NCPC). A confissão pode ser:

(i) judicial ou extrajudicial.


(ii) espontânea ou provocada (art. 390, NCPC).
(iii) expressa ou tácita (art. 341, NCPC) por falha da contestação ao
ônus da impugnação específica.
Confissão
A confissão extrajudicial pode ser feita de forma oral (filmada,
gravada etc.) ou por escrito.

Mas, se feita oralmente, somente terá eficácia se a lei não exigir


prova literal (art. 394), como por exemplo a escritura pública em
pacto antenupcial (art. 1653, CC).
Confissão
A confissão pode ser o resultado do depoimento pessoal.

O NCPC mantém o sistema que o depoimento pessoal poderá ser


requerido pela parte contrária para obtenção da confissão,
ocorrendo uma única vez na audiência de instrução e julgamento
ou determinado pelo juiz quantas vezes necessário para
conhecimento dos fatos da causa por meio do interrogatório livre
(art. 385, NCPC)
Confissão
A novidade é que isso poderá ser feito por vídeo conferencia:

§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção


ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo
poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o
que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de
instrução e julgamento.
Confissão
Os arts. 213, CC e 392, caput e §1º, NCPC estabelecem em sintonia
que a confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de
dispor do direito relativo aos fatos confessados.

Aqui deve ser entendido que não se admite confissão:


(i) Do absolutamente incapaz;
(ii) Com relação a direitos indisponíveis.
Confissão
O art. 213, § único, CC estabelece que a confissão somente é eficaz quando
realizada por representante, nos limites em que este pode vincular o
representado. Nesta mesma linha o art. 392, §2º, NCPC.

É ato irrevogável e irretratável não se admitindo o arrependimento para evitar


o venire contra facutm proprium, evitando comportamento contraditório que
violaria a boa-fé objetiva (art. 214, CC e 393, NCPC).

O art. 352, CPC/73 admitia a revogação da confissão por erro, dolo e coação. E
o CC apenas por erro de fato (não de direito) e coação. O art. 393, NCPC
adequou-se à regra do CC neste tocante, falando em anulabilidade (e a
rescisória?).
Prova documental

Aqui o CC estabelece várias regras relativas à forma do ato mais do que com
relação à sua prova (ver arts. 215-226).

Forma = plano da validade do ato


Prova = plano da eficácia do ato
Prova documental
Escritura pública é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena (art.
215).

Equivocado o uso da expressão prova plena que nos remete à antiga prova
tarifada completamente contrária ao convencimento motivado atual, o que
fora alertado pelos processualistas. Os civilistas já reconheciam isto no
Enunciado 158 da III Jornada de Direito Civil falando em presunção iuris
tantum.

Ademais, haveria inversão do ônus da prova diante da escritura (Resp


1438432)
Prova documental
O art. 405, NCPC estabelece que a escritura pública faz prova:

(i) Da sua formação; e


(ii) Dos fatos que o tabelião declarar que ocorreram em sua presença.

O art. 215, §1º do CC ajuda a esclarecer o artigo em questão porque presume


verdadeiros os elementos da escritura pública como: sua data e local,
identidade das partes, manifestação da vontade clara, cumprimento de
exigências legais e assinatura das partes.
Ata Notarial

Exatamente por conta disso, surge “ata notarial” (ver art. 7º. da Lei
8935) passa a ser prevista como meio de prova pelo NCPC:

Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser


atestados ou documentados, a requerimento do interessado,
mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som
gravados em arquivos eletrônicos poderão constar da ata notarial.
Prova documental

Questão importante diz respeito ao art. 221 do CC. Este estabelece que o instrumento
particular – feito e assinado ou só assinado – prova obrigações convencionais de qualquer valor.
Muito se debateu se este artigo revogava o art. 585, II do CPC/73 que exigia 2 testemunhas
para que o título fosse executivo extrajudicial (mantido pelo NCPC, art. 784, III).

Não havia relação: o CC tratava apenas da prova do negócio jurídico. O CPC estabelecia se o
negócio jurídico poderia ou não ensejar a execução...

Art. 222, CC trata do telegrama – faz prova mediante a conferencia do original assinado – se for
contestado.

O art. 413, NCPC fala em telegrama, radiograma ou qualquer outro meio e conferencia com
original constante da estação expedidora. E o art. 414 ainda diz que se de acordo faz prova da
data de expedição e recebimento.
Este artigos aplicam-se ao fac-simile e ao e-mail...
Prova documental
Importante é o novo art. 422, CPC ao estabelecer que qualquer cópia mecânica,
fotográfica, cinematográfica fonográfica ou de qualquer espécie fazem prova do
fato (na mesma linha o art. 225, CC exceto com relação a menção à prova
plena).

Inovação é não se falar mais em negativo para prova das fotografias e


mencionar-se expressamente as fotografias digitais e extraídas da internet em
seu §1º - se impugnadas – será apresentada autenticação eletrônica ou não
sendo perícia.

Aplicando-se do disposto as mensagens eletrônicas (§3º).

Exemplo: uso de informações oriundas das redes sociais.


Documentos Eletrônicos

Neste sentido, o NCPC cria uma seção exclusiva para isso:

(i) a utilização de documentos eletrônicos no processo físico/convencional


depende de sua conversão à forma impressa (art. 439);

(ii) o juiz apreciará o valor probante do documento eletrônico não convertido


(art. 440); e

(iii) serão admitidos documentos eletrônicos produzidos e conservados com a


observância da legislação específica (art. 441).
Prova testemunhal

O art. 227, CC estabelecia que a prova testemunhal exclusiva somente seria


admissível se o negócio jurídico não tivesse valor superior a 10 salários mínimos.

Esta era a regra do art. 401, CPC/73

Agora o NCPC revoga o art. 227, CC e afirma, em seu art. 442, que a prova
testemunhal exclusiva admite-se em negócios de qualquer valor.
Prova testemunhal

O art. 228, CC e o art. 447 do CPC tem algumas diferenças e o NCPC é mais completo
ao separar quem são as testemunhas:

(i) Impedidas (cônjuge, companheiro, ascendente, descendente e colateral até 3º.


Grau, parte, tutor);
(ii) Suspeitas (inimigo, amigo íntimo e quem tem interesse no litígio); e
(iii) Incapazes (interdito, acometido por enfermidade ou doença mental, menor de
16 anos, cego e surdo com relação a sua incapacidade)
Prova testemunhal

Os parágrafos 4º e 5º do NCPC estabelecem que os menores, impedidos e


suspeitos podem ser ouvidos se necessário e que serão prestados sem
compromisso de dizer a verdade (informantes) dando-lhes o juiz o valor que
merecerem.

Outra mudança importante: foram retiradas a menção a serem suspeitos o


condenado por crime de falso testemunho em outro feito e àquele que, por seus
costumes, não for digno de fé...
Prova testemunhal

O NCPC admite ainda:

(i) a inversão na ordem da oitiva, havendo acordo entre as partes (art. 456, par.
único);
(ii) cabe ao advogado da parte (art. 455) intimar a testemunha por carta com
AR 3 dias antes da audiência (somente será feita pela judicial se frustrada); e
(iii) a realização de perguntas diretas pelos advogados das partes, podendo o juiz
inquiri-la depois das partes se entender necessário (art. 459, caput e par.
primeiro).
Prova testemunhal

O art. 229 do CC estabelece que ninguém é obrigado a depor sobre fatos:

(i) a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo;


(ii) acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge,
de parente em grau sucessível ou amigo intimo;
(iii) que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas acima
ou a dano patrimonial imediato.
Este artigo foi revogado pelo NCPC. Vale o disposto no seu art. 448.
Presunções

O artigo 230, CC foi revogado pelo NCPC.

Presunções são deduções feitas a partir de uma prova indireta (sobre um indicio) por
meio de raciocínio mental.

Presunções: legais ou simples (hominis).

O CC limitava o uso das presunções hominis.

Agora, com o NCPC elas podem ser utilizadas de forma ampla pelo juiz da causa sem
as restrições.
Mas de se notar que o art. 374, IV, NCPC trata apenas das presunções legais quando
diz que não dependem de provas em cuja favor milita presunção de existência e
veracidade) .
Presunções

O artigo 231, CC tem importante presunção não tratada pelo NCPC: aquele que se
nega a fazer exame médico não pode se aproveitar da recusa (não podendo se
beneficiar da própria torpeza). Em sendo determinada pelo juiz, a recusa a perícia
médica supre a prova que se pretendia com o exame (presunção iuris tantum). Ver
também a lei 12.004/2009 sobre a recusa ao exame de DNA no mesmo sentido.

E, ainda:

“Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA


induz presunção juris tantum de paternidade.”

(Súmula 301, STJ).


Poderes Instrutórios do Juiz
A mudança é sutil mas importante.

A regra, com o novo art. 370 é a sua admissão (caput do artigo) onde se lê que
“caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento d aparte, determinar as provas
necessárias ao JULGAMENTO DO MÉRITO” (e não mais à instrução do processo).

Como exceção, no parágrafo único, fica a hipótese de indeferimento, ou seja, “o


juiz indeferirá, EM DECISÃO FUNDAMENTADA, as diligencias inúteis ou
meramente protelatórias”.

Esse artigo deve ser lido em conjunto com o novo art. 6º. Que trata do princípio
da cooperação.
Ônus da Prova

Não existe um dever jurídico de provar.


Há sim o ônus da prova (prerrogativa do próprio interesse).
A parte a quem a lei incumbe um ônus tem o interesse de se desincumbir dele
(carga), mas a parte, acima de tudo, tem interesse em produzir a prova para
obter julgamento favorável.
Isso está também ligado ao principio da cooperação.
O ônus da prova tem sido visto como regra de julgamento já que evita o non
liquet* instrutório.

*non liquet (do latim non liquere: "não está claro") é uma expressão advinda do
Direito Romano que se aplicava nos casos em que o juiz não encontrava nítida
resposta jurídica para fazer o julgamento e, por isso, deixava de julgar.
Ônus da Prova Estático
•O artigo 333 do CPC (art. 380, NCPC) reserva:

(i)ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito (fato da vida
que serve de fundamento ao pedido do autor como, por exemplo, locação e
mora – fatos constitutivos na ação de despejo por falta de pagamento); e

(ii) ao réu os fatos impeditivos (obsta-se as consequências jurídicas do fato -


incapacidade civil, por exemplo), modificativos (altera a relação jurídica -
novação, transação etc) e extintivos (acarreta o fim da relação jurídica –
como, por exemplo, o pagamento) do direito do autor.
Ônus da Prova
Exemplo: o Autor alega que cedeu o imóvel ao réu a título de locação; o
réu, por sua vez, alega que se trata de comodato.
Não há prova nos autos produzida por nenhuma das partes. O que fazer?

“actore nom, probante, reus absolvitur”(Chiovenda)

Para Malatesta, porém, ao alegar comodato o réu admitiu a ocupação.


A ocupação gratuita é excepcional o normal é a onerosa (o ordinário se
presume, o extraordinário se prova).
A prova, então, seria do réu.
Distribuição dinâmica
• Origem: doutrina argentina das cargas probatorias dinamicas de Jorge W.
Peyrano.

• o STJ já admitia a aplicação dessa teoria em outros casos concretos, com base
numa interpretação sistemática e constitucionalizada da legislação processual
em vigor (cf. STJ, REsp 1.286.704/SP; REsp 1.084.371/RJ; REsp 1.189.679/RS; e
RMS 27.358/RJ).
Distribuição dinâmica
• Art. 373, § 1o ”Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da
causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o
encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do
fato contrário, PODERÁ o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde
que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.”
Distribuição dinâmica

O juiz deve, no saneador, avisar que irá distribuir o ônus da prova


de forma dinâmica (art. 357, III, NCPC) e essa decisão é agravável
(art. 1.015, XI, NCPC).
Agora é regra de atuação e não mais de julgamento?

No projeto a distribuição dinâmica não inverteria os ônus


financeiros mas a redação final é silente. Entendemos que não se
deve usar o instituto para suprir deficiências econômicas porque há
Justiça Gratuita.
Valoração da Prova
• Outro ponto fundamental relativo à prova
encontra-se no art. 131 do CPC e que estabelece o
princípio do livre convencimento motivado do juiz
acerca das provas, ou seja, ao juiz pode apreciar
livremente a prova produzida ante a ausência de
regras legais atribuidoras de eficácia às mesmas (o
valor das provas não é predeterminada pela lei e
não há hierarquia entre elas).
• Exceção é a regra da prova legal. Agora, se a prova
legal for impossível ou excessivamente onerosa,
ela deve ser afastada e admitidos outros meios de
prova, sob pena de violação do direito
constitucional à prova das alegações.
Valoração da Prova
A questão agora com o NCPC é saber se o principio do livre
convencimento motivado deixou ou não de existir já que o art.
371 removeu a expressão livremente.

• Para GAJARDONI não deixou de existir: “O fato de não mais haver


no sistema uma norma expressa indicativa de ser livre o juiz para,
mediante fundamentação idônea, apreciar a prova, não significa
que o princípio secular do direito brasileiro deixou de existir. E não
deixou por uma razão absolutamente simples: o princípio do livre
convencimento motivado jamais foi concebido como método de
(não) aplicação da lei; como alforria para o juiz julgar o
processo como bem entendesse; como se o ordenamento jurídico
não fosse o limite. Foi concebido, sim, como antídoto eficaz e
necessário para combater os sistemas da prova legal e do livre
convencimento puro, suprimidos do ordenamento jurídico
brasileiro, como regra geral, desde os tempos coloniais”.
Valoração da Prova
Por outro lado, LENIO STRECK, afirmando sua contrariedade a
discricionariedade e ao abuso do juiz afirma:

“O Projeto, até então, adotava um modelo solipsista stricto


sensu: veja-se que o artigo 378 falava que “O juiz apreciará
livremente a prova...”. Já o artigo 401 dizia que “A confissão
extrajudicial será livremente apreciada...”. E no artigo 490 lia-se
que “A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz
apreciar livremente o valor de uma e outra”.
Portanto, todas as expressões que tratavam do livre
convencimento foram expungidas do NCPC. O livre
convencimento passou a ser um apátrida gnosiológico.”, ou seja,
voltamos ao primado da legalidade? Tudo isso reforçado pela
ideia de motivação plena e a necessidade de se seguir
precedentes.
Prova emprestada
A prova emprestada é expressamente aceita pelo CPC 2015,
desde que observado o contraditório. Agora o grande exemplo
de prova atípica, mas agora foi tipificada pelo art. 372:

Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova


produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que
considerar adequado, observado o contraditório.

Ver REsp1.084.371/RJ; REsp 1.189.679/RS; e RMS 27.358/RJ.


Prova emprestada
O que se entende por “observado o contraditório”?
(i) Ter havido contraditório no processo exportador e no
importador;
(ii) A juntada da prova emprestada não ser tratada como mera
juntada de documentos já que terá a mesma valoração da
prova originária de modo que o contraditório deve ser não
só sobre a juntada mas também sobre seu conteúdo;
(iii) E ter a parte contra quem será produzida a prova
emprestada ter participado do feito no processo
exportador.
Prova emprestada
• É possível a prova emprestada do processo penal para o
processo civil, no que diz respeito à interceptação
telefônica? Temos duas correntes: (i) a primeira que
admite a prova emprestada no processo penal para o
processo civil, em razão da unidade da jurisdição e a
teoria geral da prova, desde que existam publicidade,
contraditório, garantias de veracidade; e (ii) a segunda
que não admite a prova emprestada, devido ao disposto
no artigo 5º artigo inciso XII da Constituição de 1988 da
Lei 9296/96 por entenderem que a interpretação é
restritiva aos casos nela mencionados (processo penal).
Prova atípica
• Ainda é possível falar-se em provas atípicas? Sim.
Por exemplo, a expert witness do direito norte-
americano.
• BARBOSA MOREIRA sempre alertou, porém, que
para ser admissível devem ser respondidas 3
questões: (i) sua legalidade; (ii) se o contraditório
foi observado; e (iii) forma de sua valoração…
Produção antecipada
A produção antecipada da prova (direito autônomo e não mais mera
cautelar) será admitida nos casos em que (art. 381):
(i) haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito
difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;
(ii) a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar tentativa de
autocomposição ou de outro meio adequado de solução de conflito;
(iii) o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o
ajuizamento de ação.
(iv) arrolamento de bens seguirá o aqui disposto se sua finalidade for
apenas de documentação e não de apreensão (§1º); e
(v) Justificar a existência de fatos ou relação jurídica sem fim
contencioso – para simples documentação (§2º). Único caso em que
não há participação dos demais interessados (art. 382, §1º).
Produção antecipada
Os parágrafos segundo a quarto deste art. 381 estabelecem que: (i) a
prova será antecipada perante o foro onde deva ser produzida OU do
domicilio do réu (foro concorrente); (ii) não havendo vara federal,
poderá se dar perante a justiça estadual mesmo para produzir prova
frente a União; e (iii) mas NÃO PREVINE a competência do juízo para a
propositura da ação futura.
Não há defesa (?!) ou recurso (salvo contra o indeferimento total da
produção requerida) e o juiz não se pronuncia se o fato ocorreu ou não
e/ou quais suas consequências jurídicas (art. 382, §§ 2º e 4º). Quis
tratar com procedimento de jurisdição voluntária quando não é?
Por fim, os interessados poderão também pedir produção de outras
prova, no mesmo procedimento, sobre os mesmos fatos (caráter dúplice
- art. 382, §3º)
Admite poderes instrutórios? Entendemos que não...
Produção antecipada
Questão importante. O NCPC, CPC/- não prevê mais a cautelar de
exibição de documentos dos arts. 844-845, CPC/73).

Pergunta, deve a parte usar a tutela provisória do art. 294 ou a


produção antecipada?
Prova técnica simplificada
Art. 464.
§ 2º De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá,
em substituição à perícia, determinar a produção de prova
técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de
menor complexidade.
§ 3º A prova técnica simplificada consistirá apenas na
inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto
controvertido da causa que demande especial conhecimento
científico ou técnico.
§ 4º Durante a arguição, o especialista, que deverá ter
formação acadêmica específica na área objeto de seu
depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de
esclarecer os pontos controvertidos da causa.

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