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AULA 15

DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

1) INTRODUÇÃO

A expressão invalidade abrange a NULIDADE ABSOLUTA e a NULIDADE


RELATIVA (anulabilidade) do negócio jurídico.

Trata-se de uma sanção gradativa pelo descumprimento dos requisitos de


validade do negócio jurídico, que objetiva privar de efeitos jurídicos o
negócio viciado.

2) ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO INEXISTENTE

Não se deve confundir o negócio jurídico inexistente com o negócio


jurídico nulo. Será inexistente o negócio quando lhe faltar algum dos seus
requisitos estruturais (requisitos de existência), como a vontade do
agente, por exemplo. Seria o caso da coação física absoluta, com ação
direta no corpo da vítima, ou da hipnose, que neutraliza a capacidade
volitiva do paciente.

3) NULIDADE ABSOLUTA

O negócio será nulo quando ofende preceitos de ordem pública, de


natureza cogente, sendo o vício de natureza grave.

Falta ao negócio um requisito essencial, isto é, um dos seus requisitos de


validade.

3.1) HIPÓTESES – art. 166 e 167 do CC

OBS1: ART. 166, III DO CC – Ex: venda de um veículo para o transporte de


drogas, onde ambas as partes tenham consciência do motivo.

OBS2: ART. 166, VI DO CC – não confundir com fraude contra credores


(gera anulação). Aqui, trata-se de manobra engendrada pelo fraudador
para violar dispositivo expresso em lei, objetivando esquivar-se de
obrigação legal ou obter proveito ilícito.

Ex:
1) compra de notas fiscais para se pagar menos imposto de renda, ou até
mesmo, receber restituição – fraude tributária.
2) bater o próprio carro para receber o dinheiro do seguro. O sinistro é
nulo.
3) pagar o salário do empregado “por fora” para pagar menos encargos
trabalhistas.

4) NULIDADE RELATIVA OU ANULABILIDADE


É o ato contaminado por vício menos grave, que decorre da infringência
de norma jurídica protetora de interesses eminentemente privados,
sendo, contudo, passível de convalidação.

Aqui existe um elemento que irá macular a manifestação de vontade,


impedindo que a mesma seja manifestada de forma LIVRE e de BOA-FÉ
(vícios de consentimento ou vício social)

4.1) HIPÓTESES – art. 171

5) DIFERENÇAS ENTRE NULIDADE ABSOLUTA E RELATIVA - QUADRO


COMPRARATIVO

NULIDADE ABSOLUTA – ART. 166 NULIDADE RELATIVA – ART. 171


E 167 DO CC DO CC
Torna o ato nulo Torna o ato anulável
A norma violada é de interesse A norma violada é de interesse
público privado
Gera efeito: ex tunc. Retroativo. * Gera efeito ex nunc. Não
Retroage****
Opera-se de pleno direito. Pode ser Não se opera de pleno direito. Não
conhecido de oficio pelo juiz, a pode ser conhecida de ofício pelo
requerimento de qualquer juiz. Só cabe a alegação pela parte
interessado ou do MP (quando lhe interessada/prejudicada e só
couber intervir no processo) – art. aproveita a quem alega. Art. 177 do
168 do CC CC
Não admite confirmação pelas Admite confirmação/ratificação
partes - art. 169 do CC pela parte (salvo direito de terceiro)
– art. 172 do CC
Não pode ser suprida pelo juiz – Pode ser suprida pelo juiz – art.
art. 168, parágrafo único – a 168, parágrafo único – a contrario
contrario sensu sensu
Em regra, é imprescritível.** Ele Existem prazos decadências. Arts.
não convalesce, logo poderá ser 178 e 179 do CC***
reconhecida a qualquer tempo –
art. 169 do CC, final.

* Segundo Pablo Stolze, o ato nulo produz sim efeitos, embora limitados à seara das relações
fáticas.
** Ainda segundo o autor, existiria sim a prescrição da pretensão condenatória de perdas e
danos ou restituição do que indevidamente se pagou.
*** Ex: da segunda hipótese. Art. 496 do CC. Venda de ascendente a descendente, sem o
consentimento dos demais herdeiros.
**** Art. 182 do CC. Efeito ex tunc segundo Pablo Stolze e Humberto Teodoro Jr.

6) CONFIRMAÇÃO OU RATIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO ANULÁVEL


– art. 172 do CC

Trata-se da medida sanatória voluntária, própria dos atos anuláveis, que


consiste na declaração de vontade que tem por objetivo validar um
negócio jurídico defeituoso por erro, dolo, coação, lesão, estado de
perigo ou fraude contra credores, desde que já se encontre livre do vício
de que padecia.

Ex:
1) compra e venda feita por um relativamente incapaz depois assinada por
seu assistente.
2) compra e venda de um bem imóvel realizada em razão de uma coação
que sofre uma grande valorização imobiliária.

6.1) MODALIDADES

A confirmação poderá ser:

a) EXPRESSA – art. 173 do CC


b) TÁCITA – art. 174 do CC

Obs: a falta de autorização deverá ser suprida de forma expressa – art.


176 do CC

6.2) EFEITOS

Seus efeitos retroagem à data do negócio que se pretende confirmar.

Extinguem-se todas as ações ou defesas de que dispunha a vítima do


defeito negocial contra a outra parte – art. 175 do CC

Contudo a confirmação não poderá prejudicar terceiro de boa-fé – art. 172

Ex: um incapaz vende um imóvel para uma pessoa e depois, após a


maioridade, vende-o novamente para outra. Não poderá ser invocada a
nulidade do primeiro ato se o comprador estava de boa-fé.

7) CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO – art. 170 do CC

7.1) CONCEITO

É o instituto por meio do qual o negócio originário é convertido em outro,


cujos elementos essenciais se encontravam desde logo presentes.

Trata-se de uma medida sanatória, por meio do qual aproveitam-se os


elementos materiais de um negócio jurídico nulo ou anulável,
convertendo-o, juridicamente, e de acordo com a vontade das partes, em
outro negócio válido e de fins lícitos.

Para a conversão ter validade, é necessário que as partes tivessem por


fim a sua realização, caso tivessem previsto a nulidade do negócio
originário.
Não se trata de convalidação ou confirmação de negócio anulável e sim
de verdadeira substituição de um negócio por outro.

Ex:
Contrato de compra e venda de bem imóvel valioso, firmado em
instrumento particular, nulo de pelo direito por vício de forma, converte-
se em promessa irretratável de compra e venda, para a qual não se exige
a forma pública.

Nota promissória nula por inobservância dos requisitos legais de validade


é aproveitada como confissão de dívida.

Uma venda simulada, que poderia conter os requisitos de uma doação.

8) DIPOSIÇÕES ESPECIAIS

Arts. 180 ao 184 do CC

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