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Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).

Aluno Carlos Jose Lopés


DIREITO CIVIL - PARTE GERAL CPF - 93518064487
PROF. FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS

EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DOS ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS

A teoria dos atos inexistentes surgiu na França, na obra de Zachariae, para explicar a
ineficácia de certos casamentos não declarados expressamente nulos pela lei. De fato, em matéria
matrimonial, a nulidade é sempre textual, isto é, o casamento só é nulo ou anulável nos casos em
que a lei o declara expressamente. Percebeu-se, porém, que em certos casos a lei não declara
expressamente a nulidade, mas , ao mesmo tempo, seria um absurdo considerá-lo válido diante da
falta de um elemento substancial à perfeição do ato.
Surgiu, então, a teoria dos atos inexistentes para negar eficácia a esses casamentos não
declarados nulos pela lei.
Assim, o negócio jurídico inexistente é o que não reúne os elementos essenciais à sua
formação.
Na doutrina, discute-se quais seriam esses elementos essenciais. De acordo com Orlando
Gomes, os pressupostos de existência são apenas a vontade e o objeto.
De fato, todo negócio jurídico é uma declaração de vontade. Sem a vontade o ato não existe.
Exemplos: vontade extorquida pela coação física ou declarada por erro obstativo. Igualmente, se
faltar o objeto, o negócio é também inexistente, como, por exemplo, a compra e venda sem coisa
ou sem preço.
Outra corrente considera que são três os requisitos de existência:
a) Declaração de vontade;
b) Objeto;
c) Forma.

Por outro lado, o negócio jurídico nulo é o constituído em desacordo com a lei. O art. 104 do
CC preceitua que a validade do negócio jurídico requer:
I. agente capaz;
II. objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III. forma prescrita ou não defesa em lei.
Vê-se, assim, que os requisitos de validade complementam os de existência. Com efeito, a
declaração de vontade deve emanar de agente capaz, o objeto deve ser lícito, possível,
determinado ou determinável e a forma deve ser a prescrita ou a não defesa em lei.
O ato inexistente não produz qualquer consequência jurídica, além disso, nunca poderá
convalidar-se.
Em regra, a inexistência, para ser reconhecida, independe de ação judicial, devendo o negócio
ser simplesmente ignorado, a não ser em casos excepcionais onde a inexistência depender da
produção de prova testemunhal, como, por exemplo, a arguição de ausência de consentimento no
casamento.
O ato nulo, ao contrário do inexistente, pode ter eficácia como putativo, em homenagem à
boa-fé de um dos contratantes.
O Código Civil não cuida dos atos inexistentes.
Justifica-se a omissão pelo fato de que ao legislar, como salienta Renan Lotufo, já se está no
plano da validade, e, portanto, só se deve operar com os planos da validade e da eficácia.
O negócio jurídico eficaz é o que está apto a produzir efeitos.
Saliente-se, ainda, que o ato ou negócio jurídico pode ser:
a) válido e eficaz.
b) válido e ineficaz. Por exemplo, na pendência de condição suspensiva.
c) inválido, mas eficaz. Tal ocorre, por exemplo, com os casos de nulidade relativa, enquanto
esta não for pronunciada judicialmente.

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REQUISITOS DE VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

De acordo com o art. 104 do CC, os requisitos de validade são:

I. agente capaz;
II. objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III. forma prescrita ou não defesa em lei.

AGENTE CAPAZ

As pessoas absolutamente incapazes são representadas pelos representantes legais, ao passo


que os relativamente incapazes são apenas assistidos. A falta da representação gera a nulidade
absoluta do negócio jurídico (art.166, I); a falta de assistência produz uma nulidade relativa
(art.171, I).
Saliente-se, ainda, como já vimos, que alguns atos, além da capacidade, ainda exigem
legitimação e autorização.
A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício
próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do
direito, ou da obrigação comum (art.105 do CC).
Vê-se assim que, em regra, a nulidade relativa só pode ser arguida pelo próprio incapaz ou
pelo seu representante legal. Tratando-se, porém, de obrigação indivisível, o capaz poderá invocar
a incapacidade relativa da outra parte.

OBJETO LÍCITO

O objeto lícito é o que está de acordo com a lei, moral, ordem pública e bons costumes. É
vedado, por exemplo, o contrato de herança de pessoa viva. Igualmente, é nulo o contrato pelo
qual alguém se compromete a realizar cenas de sexo explícito.
Em sendo ilícito o objeto, a nulidade é absoluta (art. 166, II, do CC). Portanto, o
descumprimento do avençado não enseja qualquer indenização por perdas e danos.

OBJETO POSSÍVEL

A impossibilidade física do objeto pode ser:

a) absoluta: quando a prestação for irrealizável por qualquer pessoa. Exemplos: volta ao
mundo a pé em meia hora; viagem para Júpiter. Nesse caso, a nulidade é absoluta, de modo que a
parte não poderá pleitear indenização por perdas e danos.
b) relativa: quando a prestação for passível de realização, embora de difícil concretização.
Exemplos: construção de uma casa em uma semana; escrever um livro em cinco dias, etc. Em tal
situação não se invalida o negócio, de modo que a inadimplência poderá ensejar uma indenização
por perdas e danos.
Com efeito, dispõe o art.106 do CC:
“A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar
antes de realizada a condição a que ele estiver subordinada”.
Denota-se que se a impossibilidade absoluta cessar antes de realizada a condição a que
estava subordinado o negócio, este também será tido como válido, consoante se depreende da
análise da 2ª parte do citado art. 106 do CC. Assim, é inválida a estipulação de objeto que não

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exista na natureza. Se, porém, o agente conseguir criar esse objeto antes da realização da condição
a que se subordinar o negócio, este se convalidará. Trata-se, como se vê, da convalidação de um
ato inicialmente nulo. O dispositivo em apreço refere-se a condição, mas, por analogia, também
deve ser aplicado aos negócios jurídicos sob termo em que a impossibilidade absoluta do objeto
cessa antes do advento deste.

OBJETO DETERMINADO OU DETERMINÁVEL

O objeto deve ser determinado ou ao menos determinável.


É determinado quando a prestação é individualizada desde o início do negócio jurídico.
É determinável quando a individualização da prestação é futura, por algum critério a ser
observado. Por exemplo, contrato de compra e venda dos peixes que caírem na rede do pescador.
Desde que seja identificado ao menos pelo gênero e quantidade, como no citado exemplo, o
negócio é válido.
Anote-se, porém, que se o objeto for absolutamente indeterminado, como, por exemplo, a
compra e venda de um animal, sem especificar sequer a espécie, haverá nulidade absoluta.

FORMA

A forma é um meio de exteriorização de vontade.


Dispõe o art. 107 do CC, que:
“A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir”.
Vê-se, portanto, que o legislador adotou como regra, o princípio da liberdade das formas.
Assim, o negócio jurídico, no silêncio da lei, é de forma livre, podendo ser celebrado por escrito,
verbalmente ou por gestos. Exemplos: compra e venda de bem móvel, comodato, locação, etc.
Anote-se, contudo, que o silêncio não importa em manifestação de vontade, salvo quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração expressa (art.111).
Assim, em regra, quem cala não consente.
Imagine, por exemplo, que uma certa editora envie a uma pessoa os exemplares de uma
revista fazendo consignar que a não devolução implicará em aceitação. Nesse caso, o silêncio,
caracterizado pela não devolução, em nada vinculará a pessoa que recebeu as ditas revistas. De
fato, o consentimento tácito deve ser inferido de atos positivos, como, por exemplo, o pagamento
da primeira prestação atinente ao recebimento das revistas, e não do silêncio, que, por si só, é
insuficiente para a celebração do negócio jurídico, a não ser quando a própria lei ou os costumes
atribuir-lhe esse efeito.
Por outro lado, os atos ou negócios jurídicos solenes são aqueles em que a lei prevê uma
forma especial. Alguns destes negócios solenes podem celebrar-se por escrito particular, como a
fiança, a doação de bens móveis, o seguro, o penhor, etc., mas outros exigem escritura pública,
como os negócios envolvendo a alienação de bens imóveis, como a venda, a doação, etc.
A propósito, dispõe o art. 108 do CC: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 (trinta) vezes o maior salário mínimo
vigente no País”.
A contrario sensu, os negócios relativos a imóveis, cujo valor seja igual ou inferior a 30 (trinta)
salários mínimos, admitirão a escritura particular, através da qual poderão alcançar o registro.
Inúmeros negócios relativos a imóveis, como observa Renan Lotufo, admitem escrituras
particulares para sua celebração, qualquer que seja o valor do imóvel:

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a) contratos de que forem partes o Banco Nacional de Habitação ou entidades que integram o
Sistema Financeiro de Habitação (art. 60, §5º, da lei 4.380/64);
b) os compromissos de compra e venda e promessa de cessão relativos a imóveis (decreto-lei
58/37 e lei 6.676/79);
c) todos os atos relativos a cédula hipotecária (art. 26 do decreto-lei 70/66);
d) contratos de venda e compra de imóvel com alienação fiduciária em garantia (art.38 da lei
9.514/97).

A inobservância da forma acarreta a nulidade absoluta do negócio jurídico, mas em alguns


casos, o negócio nulo pode ser convertido noutro válido, se preencher os requisitos desse último e
essa for a real intenção do declarante. Tal ocorre, por exemplo, com a compra e venda de imóvel
superior a 30 (trinta) salários mínimos celebrada por instrumento particular. Conquanto nula, pode
ser convertida em compromisso de compra e venda, uma vez que esse contrato admite o
instrumento particular. Igualmente, o testamento feito sem testemunhas é nulo, todavia, na parte
referente ao reconhecimento de filho pode ser transformado em escritura particular.
Acrescente-se, ainda, que os atos ou negócios jurídicos de forma livre podem ser
transformados em solenes, pelas partes. Com efeito, dispõe art. 109 do CC: “No negócio jurídico
celebrado com cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato”.

CAUSA

Sobre o conceito de causa, destacam-se duas teorias, a subjetiva e a objetiva.


A teoria subjetiva define a causa como sendo o fim próximo ou imediato visado pela parte
que pratica o ato ou negócio jurídico. Na compra e venda, por exemplo, a causa seria o desejo de o
vendedor receber o preço, bem como o desejo de o comprador receber a coisa.
A teoria objetiva, por sua vez, considera que causa é a função econômico-social atribuída pela
norma jurídica a cada ato ou negócio jurídico. É, pois, o fim econômico e social que o direito atribui
a cada ato ou negócio jurídico. Noutras palavras, é a razão de ser de cada ato ou negócio jurídico.
A teoria subjetiva, através de outras palavras, acaba dizendo a mesma coisa que a teoria
objetiva, posto que o fim próximo confunde-se com a finalidade que a norma atribui a cada ato ou
negócio jurídico.
Mais coerente, entretanto, a teoria objetiva, pois a causa é a finalidade própria de cada ato
ou negócio jurídico, e não a finalidade visada pela parte. Com efeito, o fim visado pela parte que
pratica o ato ou negócio jurídico classifica-se como sendo o motivo.
O conceito de causa é objetivo. Trata-se da finalidade ou função que o direito atribui a cada
ato ou negócio jurídico. Nos contratos onerosos, por exemplo, como a compra e venda e a
permuta, a causa, isto é, a função objetiva do negócio é a troca de um bem por outro. No mútuo, a
causa, vale dizer, a sua finalidade é a concessão de um crédito. O contrato de seguro, por sua vez,
tem por causa a transferência de um risco. A causa da hipoteca, ou seja, a sua função é a de
conceder uma garantia. Nos contratos gratuitos, a causa é o espírito de liberalidade.
Vê-se assim que a análise da causa envolve a busca da razão de ser de cada ato ou negócio
jurídico, da sua finalidade ou função social e econômica visada pelo ordenamento jurídico ao
instituí-lo.
Sobre a natureza jurídica da causa, destacam-se duas teorias.
A primeira é a teoria causalista, que coloca a causa como requisito de validade do ato ou
negócio jurídico.
A segunda é a teoria anticausalista, que retira a autonomia da causa, classificando-a como

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elemento integrante da declaração de vontade, sendo que alguns anticausalistas consideram que a
causa, nos negócios onerosos, acaba se confundindo com o próprio objeto.
O Código Civil Brasileiro é anticausalista, posto que a causa não figura entre os requisitos de
validade do negócio jurídico mencionados pelo art. 104.
A causa é um instituto que integra a própria declaração da vontade. Não se trata, a meu ver,
de um instituto autônomo

MOTIVO

Causa é a finalidade econômica e social que a parte tem em mira ao celebrar o negócio
jurídico. Se, por exemplo, alguém compra uma casa para nela instalar um restaurante, esta
finalidade constitui a causa.
A causa distingue-se do objeto. No exemplo, a casa é o objeto; a finalidade de montar um
restaurante é a causa.
Motivo, por outro lado, é o antecedente psíquico da ação. É o móvel psicológico que
impulsiona o agente a celebrar o negócio jurídico. A causa é apenas uma espécie de motivo, pois
este, pode abranger uma infinidade de situações.
O Código de 1916 era anticausalista, porque deixou de incluir a causa entre os requisitos de
validade do negócio jurídico.
O Código atual assumiu uma postura intermediária, pois demonstra uma tendência causalista,
dispondo no art. 166, III, que é nulo o negócio jurídico quando o motivo determinante, comum a
ambas as partes, for ilícito.
Assim, o motivo ilícito, e não apenas a causa, vicia o negócio jurídico quando for comum a
ambas as partes. Basta, para que a nulidade seja decretada, que uma das partes tenha ciência da
má-fé da outra. Se, por exemplo, o locador aluga o imóvel ciente de que a finalidade do locatário é
utilizá-lo como cativeiro de um sequestro, não poderá mover-lhe a ação de cobrança dos aluguéis,
diante da nulidade do contrato. Se, ao revés, o locador estava de boa-fé, o contrato será válido,
viabilizando-se, destarte, a cobrança dos aluguéis. Anote-se que, no exemplo ministrado, o objeto
do negócio, qual seja, a casa alugada, é lícito, recaindo a ilicitude sobre a causa consubstanciada na
finalidade criminosa.
Na compra e venda de maconha, por exemplo, o objeto do negócio é ilícito. Nesse caso, para
a decretação da nulidade, pouco importa a boa-fé de um dos contratantes. Na causa ilícita, ao
revés, a boa-fé de uma das partes impede a nulidade do ato.
Força convir, portanto, que o Código atual não é totalmente causalista nem anticausalista,
tendo assumido uma posição intermediária, atento à boa-fé e à má-fé das partes.

INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Dispõe o art. 112 do CC:


“Nas declarações da vontade se atenderá mais a intenção nela consubstanciadas do que ao
sentido literal da linguagem”.
De acordo com a teoria subjetiva ou voluntarística, o intérprete deve investigar a real vontade
dos declarantes, de modo que a intenção prevalece sobre a vontade externada nas cláusulas do
negócio.

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Em contrapartida, a teoria objetiva ou da declaração preconiza a prevalência das palavras


consignadas no negócio jurídico, desprezando a vontade interna dos declarantes. Assim, a
interpretação deve ser fiel ao texto da declaração, não podendo basear-se em elementos exteriores
a ela.
O Código atual adotou uma posição intermediária. Com efeito, o intérprete não pode
simplesmente abandonar a declaração contida no negócio para buscar livremente a vontade
interna dos declarantes, como sustenta a teoria subjetiva. Igualmente, não pode desprezar a
vontade interna, procurando desvendar apenas o sentido frio das palavras como quer a teoria
objetiva.
O intérprete deve partir de dados objetivos consubstanciados no negócio jurídico, buscando-
se, a partir daí, a real intenção dos declarantes, atento para a confiança que o conteúdo material do
ato despertou no destinatário e na responsabilidade do declarante, outrossim, ao que reza o
art.113 do CC: “Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
de sua celebração”.
Atente-se, porém, como salienta Silvio Venosa, que apesar do Código aconselhar preferência
pela vontade interna, tal não é de ser utilizado se as palavras são claras e não dão margem a
dúvidas. De fato, o Código não adotou, na pureza, a teoria subjetiva, de modo que o negócio
jurídico não pode colidir contra o seu conteúdo.
Finalmente, dispõe o art. 114 do CC: “Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia
interpretam-se estritamente”.

REPRESENTAÇÃO

CONCEITO

Representação é o poder de realização de atos ou negócios jurídicos em nome e no interesse


de outra pessoa.
Distingue-se da substituição processual. Com efeito, o substituto processual defende em
nome próprio interesse alheio, ao passo que o representante age em nome do representado na
defesa dos interesses deste.

DISTINÇÃO ENTRE REPRESENTANTE E PRESENTANTE

Tratando-se de pessoa jurídica, como observa Pontes de Miranda, os seus diretores e


administradores devem ser designados de presentantes legais, pois, ao invés de representá-la,
fazem presente a vontade dela. Maria Helena Diniz denomina o fenômeno de representação
imprópria.
De fato, os diretores e administradores são membros da pessoa jurídica, através da qual ela
expressa a sua vontade.

REPRESENTAÇÃO LEGAL, VOLUNTÁRIA E JUDICIAL

Dispõe o art. 115 do CC que: “Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo
interessado”.
A representação legal é atribuída por lei em razão da incapacidade do representado. É o caso
dos pais em relação aos filhos menores e do tutor ou curador, em relação ao pupilo ou curatelado.
Quanto ao curatelado, que são os maiores incapazes, a lei os classifica como relativamente
incapazes, nos termos do art. 4º, II a IV, do CC, de modo que, a rigor, devem ser assistidos e não

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propriamente representados.
A representação voluntária ou convencional, por sua vez, é a derivada do mandato expresso
ou tácito, verbal ou escrito.
Nada obsta, por outro lado, que o representante legal constitua representante voluntário
para representar o incapaz em certos atos.
Por fim, o representante judicial é o nomeado pelo juiz. Exemplos: curador da herança
jacente, inventariante, administrador judicial da massa falida, etc.

OS PODERES DE REPRESENTAÇÃO

A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos
em relação ao representado (art. 116 do CC). De fato, o representante encontra-se investido de
poderes para atuar em nome do representado, de modo que com a realização do negócio, os
direitos e deveres são atribuídos ao representado, incorporando-se em seu patrimônio. À exceção
dos atos personalíssimos, via de regra, qualquer ato pode ser praticado por meio da representação.
Na representação legal, os atos e negócios jurídicos devem ser celebrados pelo próprio
representante, em nome do incapaz, estando este impedido de praticar o ato diretamente, ao
contrário da representação convencional, em que, não obstante os poderes outorgados ao
representante, o representado continua com o direito de realizar diretamente o negócio para o
qual havia delegado os poderes de representação.
O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem contratar em nome do
representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo,
responder pelos atos que a estes excederem (art. 118 do CC). Assim, o representado não se obriga
pelos atos praticados pelo representante, que extrapolarem os limites de seus poderes. Nada
obsta, contudo, que o representado ratifique o ato.

LIMITAÇÕES AOS PODERES DO REPRESENTANTE. PROCURAÇÃO EM CAUSA PRÓPRIA E


PROCURAÇÃO PARA CONTRATO CONSIGO MESMO

Dispõe o art. 117 do CC:


“Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo”.
Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele
em quem os poderes houverem sido substabelecidos (parágrafo único do art.117 do CC). Assim, o
representante realiza contrato consigo mesmo quer quando ele atua sozinho declarando as duas
vontades, quer quando celebra o negócio com a pessoa para quem ele substabeleceu os poderes
concedidos pelo representado. Na representação legal, entretanto, é vedado o substabelecimento.
Nada obsta a aquisição do bem pelo próprio procurador, desde que o mandante o tenha
autorizado expressamente. Urge, porém, uma autorização específica, delimitando-se previamente
o conteúdo do negócio a ser realizado e o respectivo preço. Se a autorização foi genérica, isto é,
sem a fixação do preço, mas o mandatário pagou o preço justo, igual ou superior ao que terceiro
pagaria, o negócio deve se tido como válido. Acrescente-se, porém, que se o preço foi injusto, o
negócio não é nulo, mas apenas anulável, admitindo-se, portanto, a ratificação posterior.
A rigor, na procuração em causa própria, o mandatário não está realizando contrato consigo
mesmo, mas com a pessoa com quem representa.
Cumpre salientar que a procuração em causa própria, quando elaborada por instrumento
público, reunindo ainda em seu bojo a descrição da coisa, do preço e do consentimento, passa a ser
um negócio translativo de propriedade.
Como salienta Orlando Gomes:

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“Intuitivamente, a procuração em causa própria é irrevogável, não porque constitui exceção a


revogabilidade do mandato, mas porque implica transferência de direitos”.
A Excelsa Corte, a propósito, já decidiu que o mandato em causa própria, quando constante
de instrumento público equivale à escritura de compra e venda, mas somente transfere a
propriedade imobiliária quando transcrito no registro próprio.
Como salienta Ademar Fioranelli, “malgrado não esteja elencado no art. 221 da lei n.
6.015/73 de forma expressa, mas genericamente compreendido em tal dispositivo, indiscutível
cuidar-se de título registável, encaixando-se na enumeração do art. 167, I, n. 29, já que pelo
registro se opera a transferência do domínio, consoante regra contida no art. 172 da mesma LRP.
Da admissibilidade do registro da procuração “in rem propriam”, decorre sejam observados todos
os requisitos legais exigíveis de qualquer título de compra e venda, quer quanto à forma, quer com
relação aos demais princípios que regem a atividade registral”.
Do exposto dessume-se que a procuração em causa própria lavrada por escritura pública,
contendo os requisitos da res, pretium e do consensus, tem o mesmo efeito que a escritura pública
de compra e venda, prescindindo-se da elaboração desta por ocasião do registro, isto é, a própria
procuração pode ser diretamente transcrita no Registro de Imóveis.
Atualmente, uma parcela da doutrina tem feito a distinção entre procuração em causa
própria e procuração para contrato consigo mesmo, enquanto outros civilistas consideram que se
trata do mesmo instituto. Os que fazem a distinção salientam que o art. 117 do CC consagra a
procuração para contrato consigo mesmo, reputando-a válida desde que haja autorização legal ou
do representado. Nesse mandato, o procurador tem a opção de adquirir o bem, tal qual ocorre na
procuração em causa própria (“in rem suam”), também admitida no art. 685 do CC. Todavia, a
procuração para contrato consigo mesmo pode ser revogada pelo mandante, ao passo que a
procuração em causa própria é irrevogável, nem mesmo a morte de qualquer das partes tem o
condão de extingui-la. A rigor, a procuração em causa própria não é procuração e sim alienação,
tanto é que os Cartórios de Notas, para lavrarem esta procuração, cobram ITBI, e a Excelsa Corte
considera esta procuração, desde que seja por escritura pública e contenha a descrição do preço e
da coisa, como sendo título registrável no Registro de Imóveis, gerando o mesmo efeito da escritura
pública de compra e venda. Em contrapartida, a procuração para contrato consigo mesmo é lavrada
sem cobrança de ITBI e não é passível de registro no Registro de Imóveis, nesse caso, é preciso
lavrar uma escritura pública de compra e venda, enquanto que a procuração em causa própria já se
revela como sendo a própria escritura pública de compra e venda.
Por outro lado, ainda sobre o autocontrato, a lei veda que o tutor ou curador de comprarem,
ainda que em hasta pública, os bens confiados à sua guarda e administração (art. 497, I, do CC).
Assim, na representação legal, em regra, a lei não permite a autocontratação. Saliente-se, porém,
que não há proibição de os pais comprarem os bens dos filhos; nada obsta essa venda, mediante
ordem judicial, desde que haja uma vantagem ou benefício ao menor.

BENEFÍCIO DE RESTITUIÇÃO (“RESTITUTIO IN INTEGRUM”). CONFLITO DE INTERESSES

Benefício de restituição é o instituto jurídico que permite a anulação dos negócios jurídicos
válidos celebrados pelo representante, que sejam prejudiciais aos interesses do incapaz.
O instituto da “restitutio in integrum”, que vigorou ao tempo das Ordenações, acabou sendo
abolido pelo art. 8º do Código Civil de 1916. Como adverte Sílvio Venosa, a instituição nem sempre
beneficiava o menor, já que atemorizava aqueles que pretendiam com ele contratar. Desse modo,
os negócios feitos com menores, desde que representados ou assistidos, são plenamente válidos e
eficazes.
O Código atual, porém, prevê um instituto similar ao benefício de restituição, dispondo no
seu art. 119, que: “É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses

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com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou”. É
de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio e da cessação da incapacidade, o prazo
de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo (parágrafo único do art. 119 do CC).
Não se trata propriamente do benefício de restituição, pois este instituto permitia a anulação
de todo e qualquer ato prejudicial ao incapaz, pouco importando se a outra parte tinha ou não
conhecimento de que o ato poderia prejudicá-lo.
No citado art. 119 do CC, não é propriamente o prejuízo acarretado ao incapaz a causa da
anulação do negócio, mas o fato de este ter sido concluído pelo representante em conflito de
interesses com o representado. Ocorre esse conflito quando o interesse do representado for
antagônico ao do representante.
Da mesma forma que é anulável o negócio jurídico celebrado pelo representante consigo
mesmo, haverá também a anulabilidade quando for celebrado com outrem, visando, no entanto,
um benefício próprio ou alheio, e não o interesse do incapaz. Todavia, nesse caso, de ato praticado
pelo representante em benefício próprio ou alheio, a anulação só se caracterizará se tal fato era ou
devia ser do conhecimento de quem com aquele contratou. Se o contratante estava de boa-fé, isto
é, desconhecia o real propósito do representante, nem tinha possibilidade de conhecer (erro
escusável), o negócio não poderá ser anulado.
Se, porém, o outro contratante sabia ou devia saber do conflito de interesses, o ato poderá
ser anulado, no prazo de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da
incapacidade. Trata-se de prazo decadencial, conforme preceitua o parágrafo único do art. 119 do
CC.
Saliente-se, por fim, que o dispositivo em análise é aplicável tanto à representação legal
quanto à convencional. Tratando-se de representação legal, o prazo decadencial só começa a fluir
com a cessação da incapacidade, pois a decadência não corre contra os absolutamente incapazes
(art. 208 do CC). Na representação convencional, porém, o prazo para ação anulatória começa a
fluir a contar da conclusão do negócio.

NÚNCIO OU MENSAGEIRO

Núncio é o porta-voz, isto é, a pessoa encarregada de transmitir um recado ou entregar um


documento a outrem.
Não se trata de um representante legal, de modo que não se lhe exige sequer a capacidade
civil, podendo até ser incapaz.

DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

INEXISTÊNCIA, NULIDADE E ANULABILIDADE

Negócio jurídico inexistente é o que não reúne os elementos necessários à sua formação. O
negócio inexistente não produz qualquer consequência jurídica; nunca se convalida e jamais poderá
ter eficácia como negócio putativo.
Os pressupostos de existência do negócio, para uma corrente, são a vontade e o objeto.
Outra corrente considera a vontade, o objeto e a forma como requisitos de existência.
Com efeito, se todo negócio jurídico é uma declaração de vontade, força convir, portanto,
que, no caso de ausência completa de vontade, o ato não existe. Exemplos: vontade extorquida
pela coação física ou declarada por erro obstativo; casamento celebrado sem o consentimento de
um dos nubentes, etc.

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Igualmente, se faltar o objeto, o negócio jurídico também é inexistente. Exemplo: compra e


venda sem coisa ou sem preço.
A presença de uma forma também é necessária para o negócio existir, mas os atributos dessa
forma são requisitos de validade.
O nosso Código referiu-se expressamente à inexistência apenas em relação à reserva mental
conhecida pelo destinatário (art. 110 do CC). Não obstante esse silêncio, a doutrina e a
jurisprudência admitem essa tríplice gradação da imperfeição em: negócios inexistentes, negócios
nulos e negócios anuláveis.
Por outro lado, o negócio jurídico nulo é o que, embora reunindo os elementos necessários à
sua existência, foi praticado com violação da lei, à ordem pública, aos bons costumes ou com
inobservância da forma legal. Conforme ensina Orlando Gomes, a nulidade vem a ser a sanção
imposta pela norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado
em desobediência ao que prescreve.
Assim, enquanto a inexistência não precisa ser declarada judicialmente, dispensando-se,
portanto, a ação judicial para a retirada de seu efeito, o ato nulo ou anulável, a rigor, carece de
decisão judicial para a retirada de sua eficácia. Como salienta Washington de Barros Monteiro, o
ato inexistente é o nada. A lei não o regula, porque não há necessidade de se disciplinar o nada.
Acrescente-se ainda que o ato inexistente não pode ser putativo, isto é, surtir efeitos válidos
em razão da boa-fé de uma ou ambas as partes, ao passo que no ato nulo, a boa-fé das partes é
respeitada, atribuindo-se efeito válido ao ato putativo.
Finalmente, a anulabilidade é a imperfeição de menor gravidade. Além dos casos
expressamente declarados em lei, é anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do agente
e por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores (art.
171). Na fraude contra credores, há discussão se o ato é anulável ou apenas ineficaz.

CAUSAS DE NULIDADE ABSOLUTA

As causas de nulidade ou anulabilidade são sempre contemporâneas ao nascimento do


negócio jurídico. O negócio jurídico não se torna nulo ou anulável por fato superveniente à sua
formação, pois a nulidade ou anulabilidade são vícios de origem.
O art. 166 do CC enumera as causas de nulidade absoluta do negócio jurídico. Com efeito,
dispõe que é nulo o negócio jurídico quando:

I. celebrado por pessoa absolutamente incapaz. Tratando-se, porém, de casamento contraído


por menores de 16 (dezesseis) anos, a nulidade é apenas relativa (art. 1550, I, do CC).
II. for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto. Exemplos: fornecimento de escravos,
dar a volta ao mundo a pé em três dias, etc. Vimos que apenas a impossibilidade física absoluta é
causa de nulidade; na relativa, o ato é válido.
III. o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito. Exemplo: locação de uma
casa para o fim de exploração do lenocínio. Se o locador tiver ciência do motivo do locatário, o
contrato é nulo. Se, contudo, estiver de boa-fé, o negócio é válido.
IV. não revestir a forma prescrita em lei. Assim, nos negócios jurídicos solenes, a violação da
forma é causa de nulidade absoluta. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de
outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido se
houvessem previsto a nulidade (art. 170 do CC). Assim, o negócio nulo pode ser convertido noutro
válido, desde que: a) contenha os requisitos do negócio válido; b) a vontade de as partes

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celebrarem esse outro negócio. Trata-se de uma pressuposição da vontade hipotética de ambas as
partes. A compra e venda de imóvel, por exemplo, é nula, se for celebrada por instrumento
particular, todavia, poderá ser convertida em compromisso de compra e venda, pois este último
contrato não exige escritura pública. Outro exemplo: a nota promissória nula por falta de requisito
essencial pode ser convertida em confissão de dívida. A conversão não pode ser determinada ex
officio, urge que seja arguida pelas partes ou por terceiro juridicamente interessado.
V. for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade. Assim, a
falta de legitimação, nos casos exigidos pela lei, pode ser causa de nulidade absoluta ou relativa,
conforme seja ou não essencial essa formalidade. Se o interesse tutelado for público, haverá
nulidade absoluta; se for privado, a nulidade será relativa. Quando, porém, a lei exigir autorização,
a nulidade é relativa, podendo o ato ser validado pela posterior ratificação desse terceiro (art.176
do CC).
VI. tiver por objetivo fraudar lei imperativa. O ato com fraude à lei, vale dizer, para subtrair-se
à sua aplicação, reveste-se de nulidade absoluta. Entende-se por imperativa a lei de ordem pública,
cogente, que ordena um determinado comportamento.
VII. a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Quando
a lei usa a expressão “é nulo” ou outra equivalente, a nulidade é absoluta. Em contrapartida, a
nulidade é relativa quando a lei usa a expressão “é anulável”. Às vezes, porém, a lei proíbe a prática
do negócio, mas permanece silente sobre o ato ser nulo ou apenas anulável. Em tal situação, o
negócio jurídico, em princípio, será nulo. Todavia, como observa Sílvio Venosa, “poderão existir
situações nas quais o negócio se apresenta aparentemente como nulo, mas a interpretação
sistemática o faz entender como anulável. Devemos ter em mente que a nulidade repousa sempre
em causa de ordem pública, enquanto a anulabilidade tem vista mais acentuadamente o interesse
privado”.
Finalmente, a última causa de nulidade absoluta é a simulação. Com efeito, dispõe o art. 167
do CC que: “É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma”.

CAUSAS DE NULIDADES RELATIVAS

O negócio jurídico é anulável, conforme preceitua o art. 171 do CC, nas seguintes hipóteses:

I. por incapacidade relativa do agente;


II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores.

O negócio ainda será anulável nos casos expressamente declarados na lei.


Dispõe, por exemplo, o art. 496 do CC que:
“É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o
cônjuge do alienante expressamente houverem consentido”.
É também anulável o negócio por falta de autorização nos casos que a lei exige (art.176 do
CC).

NULIDADES TEXTUAIS E VIRTUAIS

Nulidade textual é a cominada expressamente na lei, através das expressões “é nulo”, “é


anulável”, “é inválido”, etc. Estas nulidades podem ser absolutas ou relativas, conforme o tipo de
expressão utilizada e a natureza do interesse resguardado.

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Nulidade virtual ou tácita é a decorrente da simples violação de algumas formalidades legais.


Verifica-se quando a lei veda a prática do negócio, silenciando, contudo, sobre as consequências dessa
violação. Nesse caso, a nulidade encontra-se subentendida, pois, de acordo com o art. 166, VII, do CC é
nulo o negócio jurídico quando a lei proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Em regra, as nulidades podem ser textuais ou virtuais.
Tratando-se, porém, de casamento a nulidade só pode ser textual, isto é, o casamento só é
nulo ou anulável nos casos expressos em lei.
Finalmente, as nulidades virtuais, em princípio, são absolutas, por força do art. 166, VII, do
CC. Esta norma, porém, deve ser interpretada restritivamente, pois se o interesse tutelado for
privado, a nulidade virtual será relativa.

DISTINÇÃO ENTRE A NULIDADE ABSOLUTA E NULIDADE RELATIVA

A nulidade absoluta é imediata, absoluta, incurável e perpétua.


Imediata, porque invalida o ato desde a sua formação. De fato, a nulidade ocorre de pleno
direito, pois é a própria lei que se recusa a validar o negócio. A sentença que a decreta é
meramente declaratória com eficácia “ex tunc”, isto é, retroativa, salvo quanto ao casamento
putativo, cujo efeito da nulidade é ex nunc em relação ao cônjuge de boa-fé.
Absoluta, porque pode ser alegada por qualquer interessado, inclusive, pelo Ministério
Público, quando lhe couber intervir, devendo ainda ser decretada de ofício pelo Juiz.
Incurável, porque as partes ou juiz não podem sanar o vício, visando a validação do negócio
jurídico.
Perpétua, porque é imprescritível. Com efeito, dispõe o art. 169 do CC que: “O negócio
jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo”. Não
obstante a imprescritibilidade da ação declaratória de nulidade, às vezes opera-se a convalidação
indireta do negócio, através da aquisição do direito pela via de usucapião.
A nulidade relativa ou anulabilidade, por sua vez, é diferida, relativa, curável e provisória.
Diferida, porque o negócio produz efeitos enquanto não for anulado. A sentença que decreta
a anulabilidade é desconstitutiva com eficácia “ex nunc”, salvo quanto aos vícios de consentimento
(erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo e fraude contra credores), em que a sentença tem
efeito retroativo (“ex tunc”), desfazendo o negócio desde o seu nascimento. Enquanto a nulidade
relativa deve ser sempre pleiteada através de ação judicial, a nulidade absoluta, quase sempre,
como observa Washington de Barros Monteiro, opera de pleno jure, ressalvada a hipótese em que
se suscita dúvida sobre a existência da própria nulidade, caso em que se tornará imprescindível a
propositura de ação para o reconhecimento de sua ocorrência, pois a ninguém é lícito fazer justiça
pelas próprias mãos.
É relativa, porque só os interessados a podem alegar, sendo vedado ao juiz pronunciar-se de
ofício. Assim, uma locação celebrada por absolutamente incapaz, é nula, logo o juiz deve decretar
de ofício a nulidade do contrato. Se, ao revés, for celebrada por relativamente incapaz sem
assistência, a nulidade é relativa, de modo que a sua decretação depende a arguição do
interessado. No caso de incapacidade relativa, a nulidade relativa só pode ser arguida pelo incapaz
ou pelo seu representante legal, vedando-se a arguição pela outra parte a não ser quando se tratar
de obrigação indivisível (art.105 do CC).
Curável ou sanável, porque o negócio anulável pode ser confirmado ou ratificado pela parte a
quem a lei protege. A ratificação torna o negócio válido.
Finalmente, a nulidade relativa é ainda provisória, porque está sujeita à decadência,
convalidando-se pelo decurso do tempo. No caso de anulabilidade por erro, dolo, coação, lesão,
estado de perigo, fraude contra credores e incapacidade relativa de uma ou ambas as partes, o

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prazo decadencial para a anulação do negócio jurídico é de 4 (quatro) anos, a contar do dia em que
se realizou o negócio jurídico, no caso de coação, conta-se do dia em ela cessar; e no caso de atos
de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Quando a lei dispuser que determinado ato é
anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da
data da conclusão do ato (art.179 do CC). Assim, no silêncio da lei, é de dois anos o prazo para a
ação anulatória. Tratando-se de ação anulatória movida por terceiro, o prazo deve ser contado do
dia em que o terceiro tomou conhecimento do negócio, presumindo-se essa ciência se o ato estiver
registrado no Registro Público, por força do princípio da publicidade dos registros. No Código de
1916, discutia-se na nulidade relativa se o prazo era prescricional ou decadencial. O Código atual
acertadamente fez menção à decadência, dirimindo essa antiga controvérsia.

RATIFICAÇÃO DO ATO ANULÁVEL

A ratificação ou confirmação purifica o negócio, que, por consequência, torna-se válido.


Com efeito, preceitua o art. 172 do CC que:
“O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro”.
A ratificação, como se vê, não pode prejudicar direitos de terceiros. Se, por exemplo, um
menor relativamente incapaz aliena um imóvel sem a assistência de seu representante legal, a
venda será anulável, de modo que, ao completar 18 anos, poderá ratificá-la, sanando o vício. Se, no
entanto, ao completar a maioridade civil, ao invés de ratificar a venda, alienou o mesmo imóvel a
um terceiro de boa-fé, não poderá ratificar a primeira venda, porque a ratificação prejudicará os
direitos deste terceiro. Portanto, o negócio anulável não pode ser ratificado quando se efetuou um
segundo negócio válido com terceiro de boa-fé.
A ratificação pode ser expressa e tácita.
A ratificação expressa deve fazer menção às cláusulas mais importantes do negócio, todavia,
não se exige que se mencione expressamente o defeito a ser sanado. Com efeito, dispõe o art.173
do CC: “O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa
de mantê-lo”. Registre ainda que essa ratificação deve ter a mesma forma prescrita para o negócio
primitivo. Assim, a ratificação de uma venda de imóvel superior a 30 (trinta) salários mínimos, por
exemplo, deve ser feita por escritura pública.
A ratificação tácita, por sua vez, consiste na execução completa ou parcial da obrigação, não
obstante a ciência do vício que o inquinava. Exige-se, portanto, dois requisitos:
a) cumprimento total ou parcial, da obrigação;
b) conhecimento do vício que maculava o negócio. Assim, a compra de um bem efetuado por
relativamente incapaz sem assistência, por exemplo, é passível de ratificação tácita, se o
representante legal efetuar o pagamento da primeira prestação. Igualmente, se contribuir para a
realização de benfeitorias no bem. Vê-se, portanto, que a ratificação pode ser unilateral.

A ratificação, expressa ou tácita, importa em renúncia aos meios de invalidar o negócio,


extingue todas as ações e exceções referentes a esse fato (art.175 do CC). A anulabilidade deste
não pode mais ser pleiteada, em ação ou defesa.
Após a ratificação, a eventual propositura da ação anulatória será extinta sem resolução do
mérito, por falta de interesse de agir.
A ratificação purifica o ato desde a sua formação, tendo, pois, efeito retroativo. O Código de
1916 dizia expressamente: “A ratificação retroage à data do ato” (art. 148). O Código atual é
omisso, mas como o negócio anulável produz efeitos até que haja sentença em sentido contrário,
força convir que, diante da ratificação, a purificação opera-se desde a formação do negócio, como
se este tivesse nascido perfeito.

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EFEITOS DA DECRETAÇÃO DA NULIDADE

Decretada a nulidade, seja ela absoluta ou relativa, o negócio é desfeito, como se nunca
tivesse existido, reconduzindo-se as partes ao estado anterior à sua celebração. Assim, anulado o
testamento, por exemplo, o herdeiro deve restituir os bens herdados. Anulada a compra e venda, o
vendedor restitui o preço e o comprador a coisa.
Com efeito, reza o art. 182 do CC: “Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao
estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o
equivalente”.
Assim, se não for possível a restituição ao “status quo ante” pelo fato, por exemplo, do
perecimento da coisa ou alienação a terceiro de boa-fé, as partes serão indenizadas com o
equivalente ao seu valor.
Esta regra de que a decretação da nulidade reconduz os interessados ao status quo ante,
mediante a devolução das prestações recebidas, comporta duas atenuações.
A primeira encontra-se no art. 181 do CC: “Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação
anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga”.
Aludido dispositivo é complementado pelo disposto no art. 310 do CC: “Não vale o pagamento
cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele
efetivamente reverteu”. Se, por exemplo, o devedor efetua o pagamento a um incapaz, seja a
incapacidade absoluta ou relativa, ciente da incapacidade, o negócio é anulado, mas o incapaz não
terá que restituir a importância recebida, a não ser que tenha revertido em proveito dele mesmo.
Entende-se por proveitoso o pagamento quando o incapaz lhe deu o destino razoável e útil, agindo
como agiria o accipiens capaz e diligente. Portanto, a restituição do pagamento só se efetuará se
demonstrar que o pagamento reverteu em proveito do incapaz. Ignorando-se a incapacidade, é
válido o pagamento se o erro for escusável, aplicando-se por analogia o art. 309 do CC, que cuida
do pagamento feito ao credor putativo.
A segunda atenuação encontra-se prevista no art. 1.214 do CC: “O possuidor de boa-fé tem
direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos”. Assim, a restituição das partes ao status quo
ante não é aplicável aos frutos percebidos durante a boa-fé.
Por outro lado, tem sido afirmado que a declaração de nulidade absoluta aproveita a todos os
interessados e não somente aos que a postularam, tendo, pois, efeito erga omnes, ao passo que a
anulabilidade aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou
indivisibilidade, conforme preceitua o art. 177 do CC.
Assim, na nulidade relativa, quando a obrigação for divisível, a sentença que a reconhece só
aproveita às partes. Tratando-se, porém, de solidariedade ou indivisibilidade, a sentença
aproveitará também aos demais interessados, conforme ressalva o citado art. 177 do CC. Anote-se,
porém, que a sentença não poderá prejudicar os interessados que não figuraram no processo como
partes, por força dos limites subjetivos da coisa julgada.
Na nulidade absoluta, o Código é omisso quanto ao fato de a sentença aproveitar ou não a
todos os interessados. Por raciocínio lógico, tendo em vista a restituição do bem ao patrimônio do
devedor, não resta dúvida de que a sentença beneficia os interessados que não participaram do
processo. Se, porém, o bem houver sido alienado a terceiro, urge que este figure também como réu
na ação de declaração de nulidade, sob pena de não ser atingido pela sentença. Entendimento
diverso violaria os limites subjetivos da coisa julgada. Assim, para que a ação seja procedente em face
desse terceiro, é preciso demonstrar a sua má-fé, consistente na ciência ou na possibilidade de
conhecer o vício que inquinava a aquisição do bem por parte de seu antecessor. Se houver adquirido

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o bem de boa-fé e mediante erro escusável, o negócio por ele realizado não poderá ser invalidado,
aplicando-se, por analogia, o disposto no parágrafo único do art. 1.827 do CC, que, consagrando a
teoria do herdeiro aparente, preceitua: “São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo
herdeiro aparente a terceiro de boa-fé”.
Por outro lado, na nulidade absoluta, a sentença, que é meramente declaratória, produz
efeitos retroativos, volvendo-se os interessados ao status quo ante, respeitados os direitos dos
terceiros de boa-fé. Na nulidade relativa, cuja sentença é desconstitutiva, alguns civilistas, como
Washington de Barros Monteiro, preconizam que o efeito da sentença também é retroativo,
outros, ao revés, acertadamente, sustentam o efeito “ex nunc” da sentença, desfazendo-se o
negócio somente a partir da sua prolação.
Tratando-se, porém, de nulidade relativa em razão de erro, dolo, coação, lesão, estado de
perigo e fraude contra credores, não paira dúvida sobre o efeito “ex tunc” da sentença,
desfazendo-se o ato retroativamente, desde o momento de sua celebração.
É inexata a afirmação categórica de que na nulidade absoluta o negócio não produz nenhum
efeito. Como salienta Orlando Gomes, o ato nulo enquanto não for declarado nulo produz efeitos,
pois se não se declarar a nulidade, o negócio vive, perdura. Nesse aspecto, pode-se afirmar que
nenhuma nulidade é imediata ou instantânea. Diz-se que os negócios nulos são insanáveis.
Realmente, não se permite que as partes os confirmem, nem o juiz os valide. Embora se afirme que
não prescrevem, a verdade é que pelo decurso do tempo o ato nulo vem afinal a convalescer, ainda
que pela via oblíqua da usucapião.
Acrescente-se, por outro, que a regra “pas de nullite sans grief”, não há nulidade sem
prejuízo, vigora apenas no âmbito processual. No Direito Civil, a nulidade é decretada,
independentemente da arguição ou comprovação do prejuízo.

PRINCÍPIO DA INCOMUNICABILIDADE DAS NULIDADES

A nulidade pode ser total e parcial. A primeira afeta o negócio jurídico inteiramente; a
segunda destrói apenas uma ou algumas cláusulas.
Em regra, vigora o princípio da incomunicabilidade das nulidades, segundo o qual a nulidade
parcial de um negócio não o prejudica na parte válida se esta for da outra separável (art.184 do CC).
Assim, anulado o testamento pelo fato de ter invadido a legítima dos herdeiros necessários,
subsiste a validade na parte de reconhecimento de filho. Outro exemplo: anulada a cláusula do
divórcio, que versa sobre a herança de pessoa viva, o restante do acordo permanece válido.
O princípio da incomunicabilidade das nulidades comporta duas exceções.
A primeira é quando não for possível a separação da parte não atingida pela nulidade.
Anulada uma das cláusulas de transação, por exemplo, toda a transação será nula, por força do
princípio da indivisibilidade da transação.
A segunda é a invalidade da obrigação principal, que implica a das obrigações acessórias, mas
a destas não induz a da obrigação principal. Assim, anulada a compra e venda, anulam-se também
as obrigações acessórias, como a hipoteca, o penhor, a cláusula penal, etc. Todavia, a nulidade da
obrigação acessória não atinge a obrigação principal, exceto na hipótese de condição ilícita, em que
a nulidade da condição atinge a obrigação principal (art. 123, II, do CC).
Finalmente, a invalidade do instrumento, isto é, da forma escrita, não contamina o negócio
jurídico, sempre que este puder provar-se por outro meio (art.183 do CC). Assim, nos negócios
solenes, a nulidade do instrumento invalida também o negócio jurídico, mas nos negócios de forma
livre, que foram celebrados por escrito, a nulidade do instrumento não anula o negócio jurídico,
pois este poderá provar-se por outros meios.

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OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS POR MENORES

Dispõe o art. 180 do CC que: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para
eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela
outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior”.
Vê-se, portanto, que o menor, ao agir com dolo quanto à sua idade, ocultando-a ao ser
interrogado pela outra parte, ou, então, declarando-se espontaneamente maior, fica inibido de
mover a ação anulatória do negócio jurídico, equiparando-se, destarte, ao maior, apesar de o ato
ter sido celebrado sem a assistência de seu representante legal.
De acordo com Sílvio Rodrigues, a regra do art. 180 do CC, para ser aplicada, não basta que o
menor tenha agido com dolo, urge ainda o erro escusável da outra parte. Tratando-se, por
exemplo, de menor com aparência infantil, a outra parte deve desconfiar. Nesse caso, o erro é
inescusável, fruto da negligência, viabilizando-se a anulação do negócio.
Finalmente, o aludido dispositivo legal é inaplicável ao menor de dezesseis anos, cujo negócio
praticado sem a representação de seu representante legal reveste-se de nulidade absoluta.

A INVALIDADE DO INSTRUMENTO

Dispõe o art. 183 do CC que: “A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico
sempre que este puder provar-se por outro meio”.
Instrumento é a forma escrita do negócio.
Nos negócios solenes, para os quais a lei exige forma especial, o instrumento funciona como
requisito de validade, de modo que a sua nulidade contamina também o conteúdo do ato.
Exemplo: a nulidade da escritura pública de venda de imóveis provoca a nulidade da própria
compra e venda.
Nos negócios jurídicos informais, não solenes, o instrumento é apenas um meio de prova, ao
invés de atuar como requisito de validade. Esses negócios “ad probationem tantum” são aqueles de
forma livre, mas que as partes deliberam realizar por escrito. Exemplo: compra e venda de bens
móveis celebrada por escritura pública. Em tal situação, a nulidade do instrumento não contamina
a compra e venda, pois esta pode ser comprovada por outro meio.

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PERGUNTAS:

1) Quais os requisitos de validade do negócio jurídico?


2) Qual o efeito de o agente ser incapaz?
3) O que é objeto lícito?
4) Qual o efeito do objeto ser ilícito?
5) Qual a distinção e o efeito da impossibilidade física e relativa do objeto?
6) A impossibilidade física absoluta do objeto pode se convalidar?
7) Qual a distinção entre objeto determinado e determinável?
8) O que é o princípio da liberdade das formas?
9) O silêncio importa em manifestação de vontade?
10) O que é negócio solene?
11) Os negócios referentes a imóveis podem ser celebrados por escritura particular?
12) O negócio nulo por vício de forma pode ser convertido noutro válido?
13) Qual a distinção entre causa e motivo?
14) O motivo vicia o negócio jurídico?
15) Qual a distinção entre representação e substituição processual?
16) Qual a distinção entre representante e presentante?
17) Qual a distinção entre representação legal e convencional?
18) É possível a coexistência entre a representação legal e a convencional?
19) Na representação, o representado tem o direito de realizar diretamente o negócio jurídico?
20) O representado se obriga por todos os atos do representante?
21) Qual a consequência do representante celebrar o negócio jurídico consigo mesmo?
22) O procurador pode adquirir validamente um bem do mandante?
23) A procuração em causa própria tem valor de escritura pública de compra e venda?
24) Qual a diferença entre procuração em causa própria e procuração para contrato consigo
mesmo?
25) Na representação legal é possível a autocontratação?
26) O que é benefício de restituição?
27) Qual a distinção entre o benefício de restituição e o disposto no art.119 do Código Civil?
28) O ato praticado entre o representante e um terceiro, prejudicial ao interesse do representado, é
sempre anulável?
29) O que é núncio?
30) Qual a distinção entre negócio jurídico inexistente, nulo e anulável?
31) Quais as causas de nulidade absoluta do negócio jurídico?
32) Quais as causas de nulidade relativa do negócio jurídico?
33) Qual a distinção entre nulidades textuais e virtuais?
34) Qual a distinção entre nulidade absoluta e relativa?
35) Quais os efeitos da decretação da nulidade?
36) É possível nulidade sem prejuízo?
37) O que é o princípio da incomunicabilidade das nulidades?
38) O menor que age com dolo quanto à idade pode arguir a invalidade do negócio?
39) A nulidade do instrumento anula o negócio jurídico?

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